Os textos mais importantes e polêmicos da época de
Jesus vão ser disponibilizados na íntegra na internet, informa o jornal
americano New York Times. Trata-se da coleção completa dos chamados Manuscritos
do Mar Morto, textos encontrados em Israel que datam do século 3 a.C. ao século
1 d.C. e traçam um retrato complexo e fascinante do judaísmo na época de
Cristo. O Conselho de Antiguidades de Israel começou nesta semana a digitalizar
os 15 mil fragmentos de texto, e a expectativa é colocá-los de graça na web nos
próximos anos. O trabalho é uma ferramenta essencial para a preservação desse
legado histórico, porque os Manuscritos do Mar Morto só sobreviveram durante
mais de 2.000 anos porque foram armazenados em condições especiais nas cavernas
da região desértica de Qumran, na Cisjordânia. Mesmo com tentativas
laboratoriais de manter os textos em situação semelhante, há exemplos de letras
desaparecendo e outras ameaças à integridade física dos rolos.
O trabalho de digitalização dos manuscritos está
sendo liderado por Greg Bearman, pesquisador aposentado do Laboratório de
Propulsão a Jato da Nasa. Bearman está usando uma câmera especial que consegue
recuperar trechos ilegíveis da antiga escrita hebraica e aramaica. O texto de
todos os manuscritos (alguns equivalentes a livros inteiros, outros
correspondentes a uma frase ou até uma única palavra) já foi publicado, mas a ideia
é que especialistas e leigos do mundo todo possam ter acesso aos originais e
consigam examiná-los virtualmente de vários ângulos.
Aparentemente, os textos de Qumran, como são
conhecidos, eram exclusivamente judaicos. Foram encontrados exemplares
(inteiros ou fragmentados) de quase todos os livros da Bíblia hebraica
(equivalente ao Antigo Testamento protestante), com exceção do livro de Ester e
do Primeiro Livro das Crônicas. Apesar da existência de variantes, os
Manuscritos do Mar Morto têm bom grau de concordância com o texto bíblico que
chegou até nós, o que mostra a existência de uma tradição textual contínua
entre as Escrituras que podemos ler hoje e as que existiam cerca de 200 anos
antes do nascimento de Jesus.
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