Orlando Ruben Ritter
Introdução
Construir visões é bem próprio do ser humano,
entendendo-se por visões modos de ver as cousas.
Bem cedo na vida, na infância, no lar, na rua e em
outras partes começam a ser construídas visões. Geralmente simples, limitadas,
podendo contudo ser até bem coloridas.
Com a escolarização, com o ajustamento existencial
com a interação humana, com a reflexão que pode acompanhar o correr dos anos,
as visões vão sendo alargadas, aprofundadas e complicadas.
O ver, o contemplar, o imaginar, vão sendo
permeados e completados pelo enxergar, ou seja, a percepção passa a ser
permeada ou mesmo dirigida pela razão.
Nesse estágio, uma visão seria um modo de ver e
pensar o mundo. Nessa fase, visões podem vir a ser marcadas por pressuposições
pessoais que atuam como molduras, influenciando assim os fatos considerados
dentro da visão construída. Assim, pessoas diferentes podem olhar o mesmo mundo
e construir visões diferentes.
Na construção de visões do mundo, uma preocupação
que pode surgir diz respeito ao problema das origens. Como tudo começou?
Logo surgem pressuposições, algumas colocando o
acaso na origem de tudo, outras colocando um Criador, marcando assim as visões
construídas.
O criacionismo também se apoia em evidências,
muitas delas de caráter científico, que sugerem fortemente que o acaso não pode
estar atrás da origem das cousas e dos seres.
Segundo a visão criacionista, os seres e as cousas
foram criadas por Deus em atos criativos especiais e no caso do planeta Terra,
esta criação teve lugar numa semana literal de sete dias.
Os seres foram criados perfeitos de acordo com o
plano original do Criador, segundo formas ou tipos básicos de vida (min, em
Hebraico, na Bíblia) e tais que mudanças, sejam mutações ou respostas a ações
ambientais desde então ocorridas, não ultrapassem seus limites originais. Cada
ser se multiplicando “conforme sua espécie” (min), de acordo com a linguagem
bíblica.
O fato do homem deliberadamente ter-se separado do
Criador, resultou num processo geral de desordenamento e decadência que atinge
as cousas e os seres criados e que só poderá definitivamente ser sustado e
revertido por nova ação direta do Criador.
Evidências
de Desígnio
A existência ou não de desígnio no mundo é uma
questão relevante quando se tenta construir uma cosmovisão. Obviamente a visão
criacionista é fortemente suportada por evidências de desígnio.
Contudo, o fato da visão criacionista admitir a
existência de planejamento ou propósito no mundo, não quer necessariamente
dizer que a esta altura sejam conhecidos todos os propósitos do Criador. Não
será, por exemplo, tarefa fácil inferir quais os propósitos na criação de
nuvens de poeira cósmica, quasares, novas e supernovas, estrelas pulsantes,
cometas, meteoros, planetas em degradação, planetóides, trilobitas, dinossauros
ou pernilongos. Contudo, captando propósito, desígnio e sabedoria em tantas
obras criadas, o criacionista confia e crê no acerto dos planos do Criador e
Deus Onipotente e Onisciente.
Já a visão evolucionista do universo e do mundo
assenta sobre a ocorrência do improvável e sobre processos de variação ao
acaso, produzindo, após longuíssimos períodos de seleção natural, uma cadeia
evolutiva contínua e terminando no momento em populações de seres vivos,
inclusive de pessoas, com todos os seus hipotéticos ancestrais e ostentando
seus cérebros reconhecidos como os mais ordenados e complexos arranjos de
matéria no universo.
Conclusão
Muito mais poderia ser considerado tendo em vista
construir uma visão criacionista do mundo. Contudo, os elementos mencionados
permitem reflexão e levam a concluir, que o criacionismo é uma opção séria e
digna de crédito para quem quer construir visões.
A visão naturalista, em voga nos meios intelectuais
e nas universidades, também assenta sobre uma trindade criadora: acaso, tempo e
seleção natural.
O problema está em mostrar como sua atuação
permitiu a origem do mundo, das cousas e dos seres.
O acaso é
cego e marcado pela improbabilidade.
O tempo, especialmente o correr de muito tempo, é
tido como sendo capaz de tornar provável o improvável. É verdade que o correr
do tempo aumenta as probabilidades, mas ainda assim, no caso de probabilidades
praticamente nulas, as leis estatísticas conspiram fortemente contra esses
deuses milagreiros. Isso sem esquecer que o tempo marca tudo com decrepitude.
Quanto à seleção natural, sabe-se muito bem do que
ela é capaz e seria bom perguntar quando, numa presumível história de evolução
desde partículas, moléculas até seres e gentes, ela teria começado a operar e
por que.
A visão naturalista, tanto quanto a visão
criacionista, são emolduradas por pressuposições e atos de crença. A opção
dependeria muito da formação, do contexto vivencial e da estrutura mental de
cada um. É só pensar e escolher!
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