(Arthur V. Chadwick, PhD., é Professor de Geologia
e Biologia na Southwestern Adventist University, em Keene, Texas, 76059,
U.S.A.)
Este artigo foi o tema da palestra efetuada pelo
Dr. Chadwick no III Encontro Nacional de Criacionistas e I Encontro
Internacional, realizado em janeiro de 1999 no Instituto Adventista de Ensino,
em S.Paulo. Apresentam-se a seguir alguns tópicos selecionados que podem
ilustrar o assunto abordado:
Introdução
O mundo atual está na crista da onda do aumento de
informações na área de Biologia Molecular. As informações estão sendo geradas
tão rapidamente que é impossível que os pesquisadores da área se mantenham
atualizados com o fluxo de dados; assim, a interpretação fica atrasada em
relação ao surgimento dos dados. Nossa compreensão das complexidades de
estrutura e função dentro da célula é revolucionada mais e mais quando
descobrimos novos detalhes dos processos celulares. Neste contexto, é uma
tragédia particular que nós continuemos, cegamente, dogmatizando uma teoria
fundamental da biologia que tem mais de 150 anos: a teoria da evolução.
É compreensível que Darwin e outros dos primeiros
protagonistas da teoria da evolução não levassem em conta as dificuldades
envolvidas na evolução de formas de vida complexas, quando quase nada se
conhecia sobre elas. Este era o caso quando Darwin começou a formalizar sua
versão de uma teoria para a evolução espontânea e não dirigida de formas de
vida, na primeira metade do século 19. O mesmo aconteceu no século subseqüente.
Mas, durante os últimos 30 anos, o quadro tem sido mudado pelas ferramentas da
sistemática molecular moderna, juntamente com os avanços em nossa compreensão
dos processos celulares e moleculares em uma ampla variedade de organismos.
Agora é possível fazer comparações detalhadas dos aspectos moleculares de uma
grande variedade de organismos e construir ligações filogenéticas entre estes
organismos, baseando-se nestas comparações. Com estas poderosas ferramentas à
disposição, não é mais necessário supor que tipos de processos operavam nos
organismos extintos, que não estão mais à disposição para serem estudados.
Muito da arquitetura molecular de tais formas pode ser reconstruído a partir de
dados facilmente disponíveis para nós atualmente. As conclusões de tal trabalho
são muito surpreendentes e compreendem o assunto desta apresentação.
Os trilobitas são membros extintos do filo
Arthropoda, ao qual pertencem os insetos modernos. Estas criaturas deixaram um
registro fóssil longo e detalhado nas rochas, começando no início do Cambriano
e terminando no Permiano. Os trilobitas eram formas requintadas, que possuíam
corpos segmentados elaborados, com sistema nervoso cefalizado, apêndices
torácicos e abdominais articulados, antenas e olhos compostos. Devido ao fato
de os trilobitas serem formas extintas, sabemos muito pouco sobre seus hábitos
de vida, exceto pelo que podemos deduzir pela sua associação com outras formas que
têm representantes vivos, e a partir também de reconstruções cuidadosas dos
ambientes deposicionais nos quais eles são encontrados. Entretanto, a teoria da
evolução fornece-nos um mecanismo para reconstruir, em detalhes inimagináveis,
a fisiologia e a biologia molecular destes primeiros tipos de metazoários,
amplamente distribuídos.
Esta reconstrução tem um grande significado por nos
fornecer um quadro da riqueza e complexidade das primeiras criaturas
metazoárias. Esta reconstrução também contribuirá substancialmente para nossa
compreensão dos processos que teriam que ter precedido o aparecimento destas
surpreendentes criaturas que, em quase todos os lugares, marcam os limites
entre rochas essencialmente desprovidas de vida metazoária e aquelas rochas que
contêm evidência abundante de vida metazoária. Antes de começarmos a explorar a
natureza dos trilobitas, lancemos algumas bases fundamentais para as premissas
que exploraremos em nossa reconstrução.
Assim, neste artigo eu pretendo:
1. Demonstrar, usando a suposição fundamental da
teoria da evolução, que podemos conhecer, em detalhes requintados, a biologia
molecular do trilobita;
2. Mostrar que os trilobitas são tão complexos, a
nível molecular, como qualquer forma moderna e, na ausência de qualquer evidência
física da evolução de sistemas complexos, ou do aumento no conteúdo
informacional dos sistemas complexos existentes, a crença na teoria da evolução
é uma questão de pura fé, já que não há evidência física para o aumento no
conteúdo informacional de qualquer sistema complexo. Outra teoria que explica
as origens – a Criação Especial – tem precedentes científicos, porque ela
realmente oferece uma explicação para as origens que se harmoniza com os dados
disponíveis.
Origem das
células
Todos os seres vivos, incluindo os trilobitas, são
compostos por células. A teoria da evolução propõe que estas células surgiram
num passado distante, a partir de um ou mais sistemas vivos complexos,
derivados por processos naturais de materiais presentes na "terra pré-biótica".
Estas proto-células primitivas teriam se estabelecido e, durante vastos
períodos de tempo, desenvolvido sistemas complexos capazes de duplicação
eficiente dos componentes necessários para a vida. Durante este período, os
detalhes do código genético teriam sido trabalhados, os sistemas de enzimas
necessários para a duplicação do DNA aperfeiçoados, as enzimas necessárias para
produzir RNA–mensageiros funcionais desenvolvidas, e a maquinaria para produzir
proteínas a partir da informação contida no RNA–mensageiro teria sido
estabelecida. Uma área de especulação atual é se este sistema moderno foi o
primeiro a se desenvolver, ou se um sistema mais simples, envolvendo apenas
moléculas de RNA capazes de auto-duplicação e atividade catalítica, o precedeu.
Esta última sugestão apareceu, em primeiro lugar, para oferecer uma solução
para o dilema criado pela necessidade do aparecimento simultâneo de proteínas e
DNA para a codificação para aquelas mesmas proteínas. Mas atualmente existe
pouca evidência de que estas moléculas de RNA catalíticas ou
"ribozimas" tenham um papel altamente significativo nas células
modernas, e permanece enigmático o problema da mudança de um sistema de
ribozimas para um sistema de proteínas governadas por DNA. Apesar de a origem
da vida não ser o assunto deste trabalho, vale a pena observar que este
cenário, ou qualquer outro que explique a origem espontânea de uma célula viva,
pertence ao campo da ficção científica. De qualquer forma, é muito evidente
que, antes do início do Cambriano, os detalhes das células eucarióticas
modernas, das quais os trilobitas eram compostos, estavam totalmente
concluídos, como veremos.
Revelando o
passado
O que podemos saber sobre a biologia molecular e
celular, e a fisiologia do trilobita? A premissa fundamental desta apresentação
é que podemos determinar, em detalhes precisos e requintados, os mecanismos que
operavam nas células e tecidos dos trilobitas. Esta premissa está baseada em
uma síntese fundamental da teoria da evolução: a de que características compartilhadas
em comum por organismos distintos, a nível molecular ou celular, são devidos a
ambos terem uma ancestralidade evolutiva comum. Esta suposição é amplamente
aceita sob o prisma evolucionista, e envolve toda a teoria da evolução, sendo a
base de toda a taxonomia evolutiva moderna. Apesar de algumas similaridades
anatômicas serem consideradas exemplos de evolução convergente (derivadas
independentemente e não relacionadas geneticamente), tais como as asas de
insetos, répteis, aves e mamíferos, tais casos são facilmente identificáveis, e
as similaridades que existem a nível celular e molecular são geralmente
consideradas como indicadores de ancestralidade comum. Assim, as
características moleculares compartilhadas pelas ervilhas e pelo homem requerem
que tenha havido, em um passado longínquo, um ancestral comum a ambos, que
possuísse estas características comuns. (árvore filogenética, segundo Wray et
al.). Qualquer outra conclusão requereria que eventos altamente improváveis
tivessem acontecido repetidamente, com exata precisão, e isto falsificaria a
suposição fundamental da sistemática molecular e tributaria a credulidade além
dos limites. Conseqüentemente, qualquer característica complexa compartilhada
pelos artrópodes modernos e pelo homem, ou pelos artrópodes e pela ervilha,
deveria ter estado presente no ancestral comum a ambas as formas.
Assim, a presença de características de biologia
celular ou molecular em comum, entre os artrópodes modernos e o homem ou outras
formas, requer que estas características sejam compartilhadas pelo ancestral
comum de artrópodes e do homem. Como os trilobitas eram artrópodes, eles também
devem ter apresentado estas características e então podemos, confiantemente,
atribuir estas características complexas aos primeiros metazoários.
Dentre um grande número possível, vamos analisar
alguns sistemas biológicos moleculares complexos. Será necessário,
naturalmente, incluir algum material de natureza bastante técnica, a fim de
demonstrar o nível de complexidade presente nas células. Isto é inevitável,
pois esta base é necessária para desenvolver os pontos importantes. Estes
detalhes são bem conhecidos pelos biólogos moleculares, mas não é necessário
ser um biólogo molecular, nem entender os detalhes da complexidade, para
entender o significado dos argumentos. Vou começar com a consideração de alguns
dos processos básicos compartilhados pelas células dos metazoários. Então
iremos examinar algumas das complexas características dos organismos
metazoários, incluindo os trilobitas.
A biologia
do desenvolvimento dos trilobitas
O que podemos dizer sobre as vias metabólicas
complicadas pelas quais um simples óvulo, no ovário de uma mãe trilobita, se
transforma num descendente viável? Muito mais do que você poderia imaginar,
graças aos avanços recentes em nossa compreensão da biologia molecular do
desenvolvimento. Aqui eu só poderei dar um esboço dos detalhes. Deixe-me
rapidamente contar um pouco sobre como um inseto é formado. Aqui nós vamos
discutir sobre a mosca das frutas, Drosophila, que é um inseto que sofre
metamorfose. Como estes insetos são bastante pequenos, não seria prática a
eclosão de um descendente com asas, completamente funcionais, a partir de um
óvulo fertilizado. A estratégia de muitos insetos é colocar um ovo, o qual
"eclode" originando um ovo maior, chamado de larva. A larva é apenas
um saco para acumular material alimentar, na preparação para a produção da
forma adulta. Entretanto, nos recônditos mais profundos de cada larva, estão as
sementes embrionárias de um organismo adulto. Denominados "discos
imaginários", estes tecidos especializados permanecem dormentes até a
formação da pupa. Neste momento a larva se dissolve e os discos imaginários se
transformam nas várias partes do adulto. Este é um processo surpreendente por
si só, mas a seqüência de eventos que levam à formação dos discos imaginários
oferece uma visão sem precedentes do processo de desenvolvimento, que nos será
de grande interesse em nossa consideração sobre o trilobita.
Enquanto o ovo ainda está dentro do ovário, são
estabelecidos gradientes específicos de produtos gênicos reguladores dentro do
ovo. Estes m-RNAs ou proteínas se originam do próprio núcleo do ovo ou de
células maternas acessórias que rodeiam o ovo no ovário. Após a fertilização,
são ativadas séries adicionais de genes, produzindo proteínas reguladoras
adicionais, em regiões específicas do ovo fertilizado. Esta distribuição
assimétrica de proteínas reguladoras resulta em cada célula ter uma combinação
única de reguladores. O balanço desses genes reguladores determina quais genes
são ativados e quais são suprimidos em cada célula, e esta assimetria, por sua
vez, determina cabeça e cauda, e diferenciação ao longo dos eixos do corpo
resultantes.
Este sistema de desenvolvimento é fantasticamente
complexo. Estudos genéticos em Drosophila revelaram uma classe de genes do
desenvolvimento que, quando sofriam mutação, resultavam não apenas em uma única
alteração, tal como a cor do olho, mas produziam efeitos em massa que eram
letais, ou resultavam em mudanças monstruosas na forma do corpo. Por exemplo,
uma única mutação gênica em um dos genes reguladores resultou no crescimento de
pernas no local onde se encontram normalmente as antenas, ou na formação de um
segmento extra no corpo, com um par extra de asas. Vastas redes reguladoras
ligam cada um desses genes do desenvolvimento a centenas de outros genes. Para
seu assombro, investigadores descobriram que os genes que estavam controlando o
desenvolvimento das moscas das frutas e os genes que controlam o
desenvolvimento dos vertebrados, incluindo camundongos e homens, tinham
estrutura muito semelhante e freqüentemente controlavam partes análogas dos
embriões das moscas e do homem. E assim, estas seqüências de genes do desenvolvimento,
presentes nas moscas e no homem, também estavam presentes nos trilobitas.
Estudos subseqüentes revelaram a localização de
alguns destes genes no cromossomo. Quando se identificou e mapeou a série
principal de genes reguladores que determina a polaridade do embrião de
Drosophila (genes HOM-C), os investigadores descobriram um fato surpreendente,
um fato que eles não esperavam e com o qual não estavam preparados para lidar,
quando o encontraram: os genes que controlavam o desenvolvimento do eixo do
embrião, da cabeça à cauda, estavam localizados no cromossomo na mesma ordem
que a das porções da anatomia do organismo cujo desenvolvimento eles
controlavam (colinearidade). Isto é inesperado por muitas razões, sendo uma
delas a improbabilidade de tal arranjo ocorrer na ausência de um projetista.
Alguns anos atrás, Murry Eden, um matemático do M.I.T., demonstrou a
improbabilidade de se obterem genes com uma seqüência específica no cromossomo.
Parece não haver nenhuma razão funcional para estes genes estarem tão
organizados, apesar de que este quadro pode mudar. Mas este não era o fato mais
assombroso. Estudos subseqüentes em vertebrados (principalmente nos
camundongos, mas também no homem) mostraram que tipos semelhantes de proteínas
reguladoras eram responsáveis pelo ordenamento da organização da cabeça até a
cauda do corpo dos vertebrados, incluindo o homem. E estes genes (chamados de
genes Hox), que eram muito semelhantes aos genes equivalentes na Drosophila (em
alguns genes homeóticos, a similaridade entre Drosophila e o homem é de 98%)
estão localizados no cromossomo na mesma ordem que a das moscas das frutas!
Eles devem ter tido uma origem comum! E eles deviam estar presentes no
trilobita, a primeira forma metazoária do Cambriano. Assim, nas primeiras formas,
não só estavam presentes todas as complexidades da célula eucariota, mas também
estava operando toda a complexidade insondável do sistema de desenvolvimento,
envolvendo a interação de milhares de genes que todas as formas cefalizadas
parecem ter em comum.
O olho do
trilobita
O olho tem sido objeto de assombro durante toda a
história registrada, devido às suas funções críticas. Certamente a existência
de olhos compostos e completamente funcionais nos primeiros metazoários tem
feito com que, de quando em quando, evolucionistas pensantes questionem
seriamente sobre a base de sua origem. No caso dos trilobitas, não só as
primeiras formas a aparecerem estavam equipadas com órgãos visuais altamente
organizados, mas algumas das propriedades recentemente descobertas dos olhos
dos trilobitas representam uma "proeza em otimização de função". Os
olhos dos trilobitas, a partir do que podemos concluir pelo estudo das formas
fósseis, têm muito em comum com os olhos dos insetos modernos. Certos trilobitas
de meados do Paleozóico têm um sistema ótico único, desconhecido em qualquer
outra criatura. O físico nuclear Levi-Setti (Diretor do Fermilab, da
Universidade de Chicago), que é aficcionado por trilobitas, afirma com
franqueza impertubável:
"E uma descoberta final – a de que a interface
refratora entre os dois elementos das lentes do olho do trilobita foi projetada
[ênfase adicionada] de acordo com as construções óticas elaboradas por
Descartes e Huygens em meados do século dezessete – toca as raias da pura
ficção científica".
Os eixos dos omatídeos individuais foram
construídos a partir de cristais únicos de calcita, sendo o eixo ótico do
cristal coincidente com o eixo ótico do elemento do olho. Isso representa um
problema extraordinário para o trilobita, já que uma simples lente esférica e
grossa de calcita não poderia decompor a luz em uma imagem. O elemento ótico do
trilobita é uma lente composta, constituída por duas lentes com diferentes
índices de refração, unidas em uma superfície de Huygens. Para que tal olho focalize
a luz corretamente nos receptores, ele teria que ter exatamente esta forma de
lente. Os princípios óticos requeridos foram elaborados pela primeira vez por
Huygens no século dezessete, mas as lentes dos trilobitas funcionavam
perfeitamente, usando estes princípios óticos, muito antes desse matemático
holandês entender como. Os primeiros trilobitas não tinham estas lentes
sofisticadas, mas os seus olhos eram, aparentemente, mais semelhantes aos dos
insetos modernos. Porém, não se conhecem formas intermediárias no registro
fóssil. Quando a lente de Huygens apareceu pela primeira vez, ela era
completamente funcional.
O mecanismo regulador do desenvolvimento do olho
deve realmente ser complexo. Estima-se que 2.500 a 5.000 genes estão envolvidos
no processo de desenvolvimento. Alguns dos detalhes do desenvolvimento estão
sendo solucionados em Drosophila, onde alguns dos genes de ligação mestres são
conhecidos. Cada faceta individual ou omatídeo de um olho composto, tal como o
da Drosophila, consiste de um grupo de oito células, sete das quais se
desenvolverão em receptores de luz. Descobriu-se que uma dessas células
retinais, chamada R7, era responsável pela detecção da luz ultra-violeta. A via
do desenvolvimento da R7 tem sido assunto de uma intensa investigação por
muitos anos. Ela revelou uma cascata de interações que parece representar a
maioria das vias de ligação externa das células. A membrana da célula R7 contém
uma proteína especial, o receptor da tirosina quinase (RTK). Esta proteína
possui um sítio receptor extracelular, uma região transmembrana e uma região
enzimática intracelular. Quando algum ligante externo se liga ao receptor
(neste caso é o ligante de membrana da oitava célula), a molécula se une com
outro RTK, formando um dímero. As duas moléculas então se empenham na
fosforilação recíproca de três resíduos específicos de tirosina, cada um na
outra molécula. Assim fosforilada, a região citosólica pode se ligar a uma
proteína citoplasmática específica (GRB2) que reconhece o RTK fosforilado. Quando
a GRB2 se liga ao RTK, este pode então se ligar a uma terceira proteína, Sos. O
complexo Sos faz com que a proteína associada à membrana, Ras, perca GDP, que é
então substituído por GTP. Nesta condição, a proteína Ras se liga à proteína
chamada Raf, uma quinase da treonina/serina. Quando ligada ao Ras ativado, Raf
é capaz de ligar e fosforilar outra quinase específica da tirosina/treonina, a
MEK, ativando-a. MEK por sua vez ativa uma enzima citoplasmática, a MAP
quinase, através da fosforilação dos resíduos de tirosina e treonina nesta
enzima.
A MAP quinase está aparentemente envolvida na
fosforilação das proteínas de ligação ao DNA e outras proteínas celulares
chave, que resultam na mudança da direção da diferenciação celular, de tal modo
que a célula agora se transformará numa R7 normal. O que é especialmente digno
de nota nesta cascata, é que ela é encontrada em todas as células de organismos
eucariotas multicelulares e, com pequenas alterações, também nos eucariotas
unicelulares (leveduras e protozoários).
Recentemente, como resultado da manipulação de um
gene mestre do desenvolvimento, o "eyeless", produziram-se moscas com
olhos em várias partes do corpo, incluindo as asas, pernas e extremidades das
antenas, como resultado da ativação do gene em posições anormais. Um gene
mestre semelhante foi encontrado nos vertebrados, que possuem olhos
completamente diferentes dos insetos. O gene do homem, camundongo e outros
animais é quase idêntico ao da Drosophila. Quando o gene apropriado de um
cromossomo do camundongo (e possivelmente também de um ser humano) foi inserido
em uma mosca, ele produziu olhos de mosca em todos os lugares do corpo em que
foi ativado. Os dois genes são suficientemente semelhantes, de modo que o gene
de mamífero leva à formação de um olho de mosca. Nossa linha de raciocínio nos
leva a concluir que o sistema de genes que leva ao desenvolvimento do olho
estava presente e funcionando nos primeiros trilobitas. Há um número cada vez
maior de vias metabólicas do desenvolvimento que são "conservadas
evolutivamente", um eufemismo para "embaraçosamente
semelhantes", em um largo espectro de organismos, e a maioria delas
estaria presente nos trilobitas. Por exemplo, os genes responsáveis pela
organização da dorso-ventralidade no homem foram descobertos, utilizando os
genes de Drosophila como sonda molecular. Os genes responsáveis pela
organização do cérebro humano na embriogênese foram descobertos utilizando os
genes de Drosophila como sonda.
O olho, a parte posterior do cérebro e a medula
espinhal, o "pathing" dos axônios, a diferenciação dos músculos do
esqueleto e do coração, a resposta fotoperiódica, a escultura dos tecidos
envolvendo a morte de células selecionadas (apoptose), a modelagem embrionária,
a sinalização celular e milhares de outros exemplos de processos
"conservados evolutivamente" poderiam ser citados. Até a formação dos
membros é dirigida, nas moscas das frutas, por um gene (Hedgehog), cujo gene
homólogo nos vertebrados (Hedgehog Sônico) comanda a formação dos membros em
todos os vertebrados conhecidos, incluindo o homem, camundongo, galinha e até o
peixe! O elaborado mecanismo responsável precede claramente qualquer organismo
com membros conhecido. De onde veio toda essa informação?
O problema
da complexidade dos primeiros metazoários
Onde e quando ocorreu a evolução???
CONCLUSÃO
Fizemos uma consideração cuidadosa de uma pequena
amostragem dos milhares de exemplos de complexidades compartilhadas pelas
formas modernas, que poderiam ter sido utilizados. Vimos que, a partir de uma
cuidadosa consideração das evidências, a teoria da evolução não explica a
origem dos sistemas ricos em informação dos organismos biológicos.
Vimos que os trilobitas, os primeiros fósseis
abundantes e bem representados de metazoários, apresentavam uma complexidade
inimaginável em cada detalhe, com olhos compostos, com apêndices abdominais e
brânquias, com pernas e antenas e com formas esculturais intrincadas e
complexas. Eles possuíam sistemas musculares e nervosos totalmente funcionais.
Os seus olhos se desenvolviam por processos não só semelhantes aos dos outros
artrópodes, mas semelhantes aos dos vertebrados, incluindo o homem. O sistema
complexo de desenvolvimento das formas cefalizadas já estava presente e
funcionando. Milhares de outras complexidades de biologia molecular,
compartilhadas pelas formas modernas, já estavam operando. De onde vieram estas
complexidades? Não há evidência da existência de forma anterior alguma da qual
elas poderiam ter derivado. Além disso, não há evidência da existência de algum
mecanismo, nos sistemas biológicos, que adicione informações a sistemas
complexos (Spetnar, 1998). Argumentar que eles vieram de formas pré-cambrianas,
que não se preservaram porque não tinham partes duras, é argumentar novamente
com base na AUSÊNCIA DE EVIDÊNCIA. A ausência de evidência, em ciência, deve
ser interpretada como evidência de ausência. Não existe seqüência evolutiva
pré-cambriana porque não houve evolução pré-cambriana. A evolução como uma
explicação para a existência de sistemas viventes complexos é um ponto de vista
de natureza religiosa, sustentado por aqueles que desejam que o mundo não tenha
nenhum Originador. Os trilobitas e todas as outras formas apareceram em cena
como organismos completamente formados e completamente competentes. Já passou
da hora de substituir a teoria da evolução orgânica por uma teoria que possa
explicar os dados. A única teoria que pode explicar a origem da informação é a
teoria da Criação Especial.
Eu não peço desculpas por escolher colocar a minha
fé na existência de um Mestre Projetista, uma posição que é consistente com a
mais clara interpretação da evidência disponível no registro fóssil,
consistente com a mais clara leitura do livro de Gênesis e uma fé que é
positiva, enaltecedora e cheia de esperança para o futuro.
Resumo
Meu objetivo nesta apresentação foi explorar o
impacto que as descobertas da biologia molecular moderna estão tendo em nossa
compreensão da história da vida na Terra. Procurei demonstrar, usando uma
suposição fundamental da teoria da evolução, que podemos conhecer, em detalhes
requintados, a biologia molecular das primeiras formas de vida metazoárias, das
quais temos um registro consistente – o trilobita. Reconstruimos a biologia
molecular do trilobita, para construirmos um exemplo da existência, no primeiro
metazoário fóssil, de todas as principais inovações representadas pelo espectro
da vida na Terra atual. Na ausência de evidência física da evolução de sistemas
complexos e na ausência de evidência de qualquer aumento no conteúdo informacional
dos sistemas complexos existentes, a crença na teoria da evolução orgânica
permanece como uma questão de pura fé. Na falta de evidência física para o
aumento em conteúdo informacional de qualquer sistema complexo, outra teoria
que explica as origens – Criação Especial – tem precedência científica, pois
ela realmente oferece uma explicação para as origens que se adequa aos dados.
A tradução deste artigo foi feita pela Professora
Dra. Márcia Oliveira de Paula
Nenhum comentário:
Postar um comentário