No post “Treta da Semana: A Ciência
confirma a Bíblia” do blogue “Que Treta”, o autor diz que em Isaías 40:22 a
Bíblia afirma que a Terra é um círculo plano e achatado. Na verdade, este
versículo não lhe é suficiente para tirar esta conclusão e tem de recorrer a
outros versículos… e vocês já sabem o que acontece, normalmente, quando o ateu
fala de versículos bíblicos.
“Isaías 40:22 usa o termo hebraico «chuwg», literalmente círculo ou
compasso (2). Isto está de acordo com a mitologia hebraica, que imaginava a
Terra como um círculo plano.”
No hebraico, a
palavra “círculo” é chuwg e também significa
“circuito” ou “compasso”, dependendo do contexto. É uma palavra que indica algo
circular, redondo e não algo achatado ou quadrangular, como os ateus sugerem.
O hebraico não tem
uma palavra específica para “esfera”, isto é, um círculo tridimensional. Não
quer isto dizer que os hebreus não estivessem familiarizados com o conceito de
esfericidade (eles comiam romãs, por exemplo (Números 13:23)), mas simplesmente não viram necessidade de criar uma segunda palavra
para isso.
Portanto, dizer que
Isaías 40:22 afirma que a Terra é uma pizza achatada é apenas interpretação do
ateu, na medida em que, quanto muito, o versículo só refere um padrão circular
e não uma forma ou formato.
“Jó 38:12-14 diz «Desde que começaram os teus dias, deste tu ordem à
madrugada, ou mostraste à alva o seu lugar, para que agarrasse nas extremidades
da Terra, e os ímpios fossem sacudidos dela? A Terra se transforma como o barro
sob o selo». Nem a esfera tem extremidades para agarrar nem o barro sob o selo
fica esférico.”
Aqui é outro exemplo
onde a firewall anti-Deus está a funcionar na perfeição. O ateu só considera
aquilo que lhe interessa. Deixem-me perguntar uma coisa: a madrugada pode
agarrar o que quer que seja? Óbvio que não. Então, a linguagem utilizada aqui é
poética. Seria fácil de descortinar, caso a mente do ateu não estivesse tão
programada contra Deus.
“Em Mateus 4 o diabo leva Jesus a uma montanha alta de onde se podem ver
todos os reinos da Terra”
Vamos considerar o
argumento do céptico, para mostrar o ridículo das suas afirmações. Se uma
pessoa do tempo de Jesus pensasse que a Terra era plana… essa pessoa
acreditaria que poderia ver todas as nações colocando-se numa montanha muito
alta? Qual a diferença de a Terra ser plana ou redonda, no relato bíblico de Mateus
4? Plana ou redonda, é impossível ver toda a Terra colocando-se numa montanha
alta, mesmo que não haja obstrução da paisagem, e os antigos sabiam disto muito
bem, uma vez que viajavam a pé e as suas jornadas duravam, por vezes, vários
dias.
Independentemente da
opinião que o ateu tenha sobre a Bíblia e sobre Jesus Cristo, a verdade é que
era impossível o sobrenatural estar ausente deste encontro entre Jesus e o
diabo.
(1) De que maneira o diabo encontraria
Jesus no deserto (Mateus 4:3)? GPS?
(2) Como o diabo levaria Jesus até ao ponto mais elevado do templo (Mateus 4:5)? Escada? Andaime?
(3) Como o diabo colocaria Jesus em um monte muito alto (Mateus 4:8)? Helicóptero? Alpinismo?
(2) Como o diabo levaria Jesus até ao ponto mais elevado do templo (Mateus 4:5)? Escada? Andaime?
(3) Como o diabo colocaria Jesus em um monte muito alto (Mateus 4:8)? Helicóptero? Alpinismo?
A descrição de Mateus
acerca do encontro entre Jesus e o diabo envolve o sobrenatural. Então, como o
diabo mostrou a Jesus “todos os reinos do mundo e a glória deles”? A resposta
parece óbvia: Através do sobrenatural.
“e Daniel 4 relata uma visão de uma árvore tão alta que dela se podia ver
o fim de toda a Terra.”
A passagem de Daniel
4 trata-se de uma afirmação de um rei pagão (babilônico) e não quer dizer que a
Bíblia apoie essa visão. Para além do mais, Nabucodonosor está a descrever um
sonho que teve. Os sonhos não têm que traduzir necessariamente uma imagem da
realidade. O sonho do rei babilônico não é mais do que o sonho das sete vacas
magras e sete vacas gordas do Faraó (Gênesis 41).
Ao dizer “Daniel 4 relatava uma visão de uma árvore tão alta que dela se podia ver
o fim de toda a Terra”, o ateu passa a ideia de que esse relato
foi transmitido como sendo algo histórico, mencionado pelo profeta Daniel. Nem
uma coisa nem outra! E nós sabemos que os cépticos engolem tudo o que se lhes
diga contra a Bíblia, sem irem confirmar nada.
“Por outro lado, séculos antes do cristianismo já os gregos tinham
demonstrado que a Terra era esférica, e a partir daí foram raras as pessoas
cultas que julgavam a Terra plana.”
Calculo que por
“antes do cristianismo” o autor esteja a referir-se aos tempos imediatamente
após a vida de Jesus Cristo na Terra. Se assim for, a afirmação do autor está
correta. Mas o que o autor se esquece de referir é que o livro de Isaías foi
escrito entre 740 e 680 A.C., ou seja, pelo menos 300 anos antes de Aristóteles
ter sugerido, em “Sobre os céus”, que a Terra tinha a forma de uma esfera.
“o Rodrigo diz que a Bíblia e a ciência moderna recomendam que «[q]uando
se lida com doenças, as mãos devem ser lavadas em água a correr». Mas o que a
ciência recomenda é um bactericida eficaz. E a Bíblia diz que as doenças são
castigo divino. Não é a lavar as mãos que alguém se safa disso.”
Uma vez que o autor
já mostrou que não considera os contextos dos versículos bíblicos, ficarei à
espera que ele indique o(s) versículo(s) que afirma(m) isso, bem como a
explicação do porquê (contexto). Só assim se poderá comentar.
“A ciência diz para usarmos bactericida, e isso é conhecimento porque
inclui a explicação que as mãos têm bactérias, que as bactérias se propagam,
que a sua propagação causa doenças e até quais bactérias causam quais doenças.
Essa rede de hipóteses interligadas e justificadas é conhecimento. A Bíblia não
tem nada disso. O Rodrigo refere Levítico 15:13, «Quando, pois, o que tiver o
fluxo e ficar limpo do seu fluxo, contará para si sete dias para a sua
purificação, lavará as suas vestes, banhará o seu corpo em águas vivas, e será
limpo.» Isto não é conhecimento nenhum. É um ritual religioso. Não explica, não
informa, não diz por quê nem para que fim.”
É engraçado notar que
aqui o autor já está preocupado com um contexto. O autor esquece-se que as
ordens foram dadas por Deus, e quem melhor que Ele para conhecer todas as
coisas? De resto, mesmo que fosse um ritual religioso, não invalida o facto de
a prática de lavar as mãos estar referida na Bíblia como uma prática de higiene,
muito antes de as bactérias serem conhecidas pelo ser humano.
Para terminar, a
respeito da terra achatada, há uma declaração de Jesus que os ateus nunca usam
quando abordam o assunto de a Bíblia dizer que a Terra é plana. As palavras de
Jesus a respeito da sua segunda vinda (Lucas 17:34-35 e Mateus
24:40-41) não fazem sentido, se a Terra fosse
plana. Numa Terra plana, o sol nasce para todos ao mesmo tempo. Não esperarias
pessoas a dormir de noite, enquanto outros trabalhavam no campo.
“O norte estende
sobre o vazio; e suspende a terra sobre o nada.” (Jó 26:7)
Adenda às 17h26 de 13
de Outubro de 2008: O leitor Mário Miguel disse que a
minha afirmação de que “o hebraico não tem uma palavra específica para
“esfera”, isto é, um círculo tridimensional” é falsa. Acrescentou:
“As palavras “círculo” existe em hebraico
e “círculo” “esfera” em hebraico são duas inequivocamente distintas:
Círculo: chuwg (חוג)
Esfera: duwr (דור)”
Esfera: duwr (דור)”
No entanto, a palavra duwr não significa esfera,
mas sim “bola” ou, igualmente, “círculo”. O mesmo céptico poderia aqui dizer
que se Isaías quisesse dizer que a Terra é redonda, ele teria utilizado esta
palavra em vez de chuwg. Contudo, esta palavra não significa mais esfericidade do que aquela
que Isaías utilizou em 40:22, uma vez que também é utilizada para se referir a um
círculo ou um circuito:
“Acamparei contra ti
em redor, e te sitiarei com baluartes, e levantarei tranqueiras contra ti.” (Isaías 29:3)
Como era suposto um
exército acampar em forma de esfera à volta de uma cidade? Iam soldados para
debaixo da terra e outros espalhados pelo ar?
Com base nisto, a
palavra duwr refere um padrão circular e não necessariamente uma determinada forma ou
formato.
Fonte:
http://terraeplana1.blogspot.com.br/
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