sábado, 23 de janeiro de 2016

SOBRE A BÍBLIA, FACTOS CIENTÍFICOS E A TERRA PLANA (RESPOSTA A UM ATEU)

No post “Treta da Semana: A Ciência confirma a Bíblia” do blogue “Que Treta”, o autor diz que em Isaías 40:22 a Bíblia afirma que a Terra é um círculo plano e achatado. Na verdade, este versículo não lhe é suficiente para tirar esta conclusão e tem de recorrer a outros versículos… e vocês já sabem o que acontece, normalmente, quando o ateu fala de versículos bíblicos.

Isaías 40:22 usa o termo hebraico «chuwg», literalmente círculo ou compasso (2). Isto está de acordo com a mitologia hebraica, que imaginava a Terra como um círculo plano.

No hebraico, a palavra “círculo” é chuwg e também significa “circuito” ou “compasso”, dependendo do contexto. É uma palavra que indica algo circular, redondo e não algo achatado ou quadrangular, como os ateus sugerem.
O hebraico não tem uma palavra específica para “esfera”, isto é, um círculo tridimensional. Não quer isto dizer que os hebreus não estivessem familiarizados com o conceito de esfericidade (eles comiam romãs, por exemplo (Números 13:23)), mas simplesmente não viram necessidade de criar uma segunda palavra para isso.
Portanto, dizer que Isaías 40:22 afirma que a Terra é uma pizza achatada é apenas interpretação do ateu, na medida em que, quanto muito, o versículo só refere um padrão circular e não uma forma ou formato.

Jó 38:12-14 diz «Desde que começaram os teus dias, deste tu ordem à madrugada, ou mostraste à alva o seu lugar, para que agarrasse nas extremidades da Terra, e os ímpios fossem sacudidos dela? A Terra se transforma como o barro sob o selo». Nem a esfera tem extremidades para agarrar nem o barro sob o selo fica esférico.

Aqui é outro exemplo onde a firewall anti-Deus está a funcionar na perfeição. O ateu só considera aquilo que lhe interessa. Deixem-me perguntar uma coisa: a madrugada pode agarrar o que quer que seja? Óbvio que não. Então, a linguagem utilizada aqui é poética. Seria fácil de descortinar, caso a mente do ateu não estivesse tão programada contra Deus.

Em Mateus 4 o diabo leva Jesus a uma montanha alta de onde se podem ver todos os reinos da Terra

Vamos considerar o argumento do céptico, para mostrar o ridículo das suas afirmações. Se uma pessoa do tempo de Jesus pensasse que a Terra era plana… essa pessoa acreditaria que poderia ver todas as nações colocando-se numa montanha muito alta? Qual a diferença de a Terra ser plana ou redonda, no relato bíblico de Mateus 4? Plana ou redonda, é impossível ver toda a Terra colocando-se numa montanha alta, mesmo que não haja obstrução da paisagem, e os antigos sabiam disto muito bem, uma vez que viajavam a pé e as suas jornadas duravam, por vezes, vários dias.

Independentemente da opinião que o ateu tenha sobre a Bíblia e sobre Jesus Cristo, a verdade é que era impossível o sobrenatural estar ausente deste encontro entre Jesus e o diabo.

(1) De que maneira o diabo encontraria Jesus no deserto (Mateus 4:3)? GPS?
(2) Como o diabo levaria Jesus até ao ponto mais elevado do templo (Mateus 4:5)? Escada? Andaime?
(3) Como o diabo colocaria Jesus em um monte muito alto (Mateus 4:8)? Helicóptero? Alpinismo?

A descrição de Mateus acerca do encontro entre Jesus e o diabo envolve o sobrenatural. Então, como o diabo mostrou a Jesus “todos os reinos do mundo e a glória deles”? A resposta parece óbvia: Através do sobrenatural.

e Daniel 4 relata uma visão de uma árvore tão alta que dela se podia ver o fim de toda a Terra.

A passagem de Daniel 4 trata-se de uma afirmação de um rei pagão (babilônico) e não quer dizer que a Bíblia apoie essa visão. Para além do mais, Nabucodonosor está a descrever um sonho que teve. Os sonhos não têm que traduzir necessariamente uma imagem da realidade. O sonho do rei babilônico não é mais do que o sonho das sete vacas magras e sete vacas gordas do Faraó (Gênesis 41).

Ao dizer “Daniel 4 relatava uma visão de uma árvore tão alta que dela se podia ver o fim de toda a Terra”, o ateu passa a ideia de que esse relato foi transmitido como sendo algo histórico, mencionado pelo profeta Daniel. Nem uma coisa nem outra! E nós sabemos que os cépticos engolem tudo o que se lhes diga contra a Bíblia, sem irem confirmar nada.

Por outro lado, séculos antes do cristianismo já os gregos tinham demonstrado que a Terra era esférica, e a partir daí foram raras as pessoas cultas que julgavam a Terra plana.

Calculo que por “antes do cristianismo” o autor esteja a referir-se aos tempos imediatamente após a vida de Jesus Cristo na Terra. Se assim for, a afirmação do autor está correta. Mas o que o autor se esquece de referir é que o livro de Isaías foi escrito entre 740 e 680 A.C., ou seja, pelo menos 300 anos antes de Aristóteles ter sugerido, em “Sobre os céus”, que a Terra tinha a forma de uma esfera.

o Rodrigo diz que a Bíblia e a ciência moderna recomendam que «[q]uando se lida com doenças, as mãos devem ser lavadas em água a correr». Mas o que a ciência recomenda é um bactericida eficaz. E a Bíblia diz que as doenças são castigo divino. Não é a lavar as mãos que alguém se safa disso.

Uma vez que o autor já mostrou que não considera os contextos dos versículos bíblicos, ficarei à espera que ele indique o(s) versículo(s) que afirma(m) isso, bem como a explicação do porquê (contexto). Só assim se poderá comentar.

A ciência diz para usarmos bactericida, e isso é conhecimento porque inclui a explicação que as mãos têm bactérias, que as bactérias se propagam, que a sua propagação causa doenças e até quais bactérias causam quais doenças. Essa rede de hipóteses interligadas e justificadas é conhecimento. A Bíblia não tem nada disso. O Rodrigo refere Levítico 15:13, «Quando, pois, o que tiver o fluxo e ficar limpo do seu fluxo, contará para si sete dias para a sua purificação, lavará as suas vestes, banhará o seu corpo em águas vivas, e será limpo.» Isto não é conhecimento nenhum. É um ritual religioso. Não explica, não informa, não diz por quê nem para que fim.

É engraçado notar que aqui o autor já está preocupado com um contexto. O autor esquece-se que as ordens foram dadas por Deus, e quem melhor que Ele para conhecer todas as coisas? De resto, mesmo que fosse um ritual religioso, não invalida o facto de a prática de lavar as mãos estar referida na Bíblia como uma prática de higiene, muito antes de as bactérias serem conhecidas pelo ser humano.

Para terminar, a respeito da terra achatada, há uma declaração de Jesus que os ateus nunca usam quando abordam o assunto de a Bíblia dizer que a Terra é plana. As palavras de Jesus a respeito da sua segunda vinda (Lucas 17:34-35 e Mateus 24:40-41) não fazem sentido, se a Terra fosse plana. Numa Terra plana, o sol nasce para todos ao mesmo tempo. Não esperarias pessoas a dormir de noite, enquanto outros trabalhavam no campo.

“O norte estende sobre o vazio; e suspende a terra sobre o nada.” (Jó 26:7)

Adenda às 17h26 de 13 de Outubro de 2008: O leitor Mário Miguel disse que a minha afirmação de que “o hebraico não tem uma palavra específica para “esfera”, isto é, um círculo tridimensional” é falsa. Acrescentou:

As palavras “círculo” existe em hebraico e “círculo” “esfera” em hebraico são duas inequivocamente distintas:
Círculo: chuwg (חוג)
Esfera: duwr (דור)

No entanto, a palavra duwr não significa esfera, mas sim “bola” ou, igualmente, “círculo”. O mesmo céptico poderia aqui dizer que se Isaías quisesse dizer que a Terra é redonda, ele teria utilizado esta palavra em vez de chuwg. Contudo, esta palavra não significa mais esfericidade do que aquela que Isaías utilizou em 40:22, uma vez que também é utilizada para se referir a um círculo ou um circuito:

“Acamparei contra ti em redor, e te sitiarei com baluartes, e levantarei tranqueiras contra ti.” (Isaías 29:3)
Como era suposto um exército acampar em forma de esfera à volta de uma cidade? Iam soldados para debaixo da terra e outros espalhados pelo ar?


Com base nisto, a palavra duwr refere um padrão circular e não necessariamente uma determinada forma ou formato.

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