quinta-feira, 31 de outubro de 2013
quarta-feira, 30 de outubro de 2013
Símios datilografando
Tempo necessário para um bilhão de símios
escreverem a frase "solução pela evolução".
Para colaborar com os símios, vamos usar máquinas
de escrever só com 20 teclas, correspondentes a 19 letras minúsculas, incluindo
as que integram a frase, e mais a tecla de espaçamento.
Sendo 20 as teclas, a primeira letra da frase (a
letra s) será tocada em média uma vez em cada 20. Para escrever a letra s.
serão necessários 20x20 toques, ou seja, 400 toques (400 correspondem às
possíveis combinações das 20 teclas duas a duas).
As três primeiras letras da frase (isto é,
"s", "o" e "l") serão escritas uma vez em cada
20x20x20 toques. Esse números pode ser descrito da seguinte forma:
20 à 21 = (2 x 10) à 21 = 2 à 21 x 10 à 21 = (2 x 2
à 10) x 10 à 21 = 2 x 1024 x 1024 x 10 à 21 = 2 x 10 à 3 x 10 à 3 = 10 à 21 ou
seja 20 à 21 = 2x 10 à 27.
Considerando a possibilidade de 5 toques por
segundo, em um ano de datilografia ininterrupta um bilhão de símios
simultaneamente executariam 2 x 10 à 17 toques. Para executar 2 x 10 à 27
toques seriam necessários 10 x 10 x10 x10 x10 x10 x10 x10 x10 x10 anos, ou
seja, 10 bilhões de anos!
Fonte:
Fernando de Angelis; "A Origem da vida por
evolução: Um obstáculo ao desenvolvimento da Ciência"; ed. SCB; pg.75.
terça-feira, 29 de outubro de 2013
segunda-feira, 28 de outubro de 2013
Origem de Deus é questão absurda
John Lennox:
matemático da Universidade de Oxford
Por Herton
Escobar
Se Deus
criou o universo, quem criou Deus?
A pergunta é "absurda", diz o matemático
John Lennox, da Universidade de Oxford, na Inglaterra. "Deus é eterno; ele
não foi criado, sempre existiu", afirma o professor, enfático. "A
única razão pela qual alguém pode perguntar isso é para dizer que não há realidade
definitiva. Quem criou o Deus, que criou o Deus, que criou o Deus? Vamos
retroceder no tempo para sempre."
Lennox é um dos notáveis defensores do "design
inteligente", teoria que combina conceitos científicos e teológicos para
explicar a origem do universo e a evolução da vida na Terra. Ele foi o
convidado de honra do simpósio Darwinismo Hoje, organizado neste mês pela
Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo - cujo colégio ensina o
design nas aulas de ciência.
O professor, cristão, de origem irlandesa, faz
questão de dizer que o design inteligente não é só um "criacionismo
disfarçado". Segundo ele, suas opiniões são baseadas em lógicas
científicas que demonstram a existência de Deus. Ele é um forte crítico do
biólogo Richard Dawkins, seu "colega" de Oxford e autor de Deus, uma
Ilusão, para quem a evolução darwiniana é suficiente para explicar a vida na
Terra.
"Dawkins acha que ele foi criado pelo
universo. Então eu pergunto: Quem criou o criador dele?", rebate Lennox.
"Viu só? A pergunta funciona para os dois lados." A seguir, os
principais trechos da entrevista concedida ao Estado.
Como o
senhor contaria a história do universo, com base no design inteligente?
Bem, no início, Deus criou o mundo. Quando isso
aconteceu, eu não sei. A Bíblia não diz. A melhor estimativa hoje é em torno de
13 bilhões de anos atrás. Não vejo problema com isso. A descrição científica do
universo se expandindo a partir de um ponto inicial é fascinante, porque foi só
a partir dos anos 60 que os físicos começaram a falar nisso. Por séculos, eles
aceitaram a versão de Aristóteles, de que o universo sempre existiu. Mas a
Bíblia sempre disse que houve um início. É o que eu chamo de convergência.
Ciência e teologia buscam respostas para perguntas muito diferentes, mas não
totalmente diferentes.
Então o
senhor não vê conflito entre a ciência do Big Bang e a teologia da Criação?
Não. O que o Big Bang nos diz é que houve um
início, representado por uma singularidade (um ponto de massa e densidade
infinitas). O que os cientistas fazem é apontar para trás e dizer sinto muito,
não posso ir além desse ponto, porque aqui as leis da física deixam de
funcionar. A pergunta lógica que se faz é: qual é a causa dessa singularidade?
Aí entram as Escrituras e dizem: Deus é responsável. Isso não é anticiência, é
algo que faz sentido.
Mas a mesma
pergunta pode ser feita sobre Deus: Se ele criou o universo, quem criou Deus?
Se você me pergunta isso, significa que você pensa
em Deus como algo que foi criado. A maioria de nós (cristãos) nunca acreditou
nisso. A pergunta que não quer calar é outra, muito mais profunda: existe algo
eterno, que nunca foi criado? Deus é eterno, segundo a fé cristã; ele não foi
criado, sempre existiu. Perguntar quem o criou é absurdo. E o que dizer sobre a
matéria e a energia? Os materialistas acreditam que elas são eternas. De ambos
os lados do debate há uma realidade definitiva. Para mim, essa realidade é
Deus. Para o materialista, é matéria e energia. Então, não venha discutir
comigo sobre quem criou Deus. A verdadeira pergunta que devemos fazer é: Para
que lado apontam as evidências?
O que diz o
design inteligente?
É importante contextualizar isso, porque estou
cansado das interpretações equivocadas que são feitas. A pergunta que está na
base do assim chamado "movimento do design inteligente" é esta: há
evidências científicas de que o universo não é um sistema fechado; de que houve
um input de inteligência na sua criação? O que buscamos fazer com isso é
separar a questão científica da questão teológica. Imagine o seguinte: você e
eu voamos para Marte e encontramos lá várias pilhas de cubos de titânio. A
primeira pilha tem 2 cubos, a segunda 3, depois 5, 7, 11, 13 e assim por
diante, seguindo a ordem de números primos. O que você acharia disso?
Certamente alguém esteve lá antes de nós, mas quem? Podemos concluir que aquilo
é um arranjo inteligente, mesmo sem saber a identidade da inteligência que o
criou. Agora, você acha que o fato do universo ser inteligível é evidência do
quê? De uma inteligência superior que o criou, ou de um processo aleatório e
despropositado?
Como é que a
evolução se encaixa nesse modelo?
Temos de ter cuidado aqui, pois a palavra evolução
é como a palavra criacionismo; ela pode ter várias definições, e não vejo
problema com algumas delas. Não vejo problema com o que Darwin observou. Ele
foi um gênio! A seleção natural faz algumas coisas, como mudar bicos de
pássaros e coisas assim. O erro está em acreditar que a evolução faz tudo. A
evolução pressupõe a existência de um organismo replicador mutante. Ela não
pode explicar a existência daquilo que é mutado, não pode explicar a origem da
vida. Não estou dizendo que processos naturais não estão envolvidos; estou
dizendo que a inteligência tem de estar envolvida desde o início. Se você
define a natureza como aquilo que a física e a química podem fazer, a vida
parece ser algo sobrenatural. Processos naturais são ótimos para transmitir
informação, mas não para criar informação.
O senhor
acredita que Deus criou uma única forma de vida primordial, da qual todos os
seres vivos evoluíram, ou que todas as espécies foram criadas por Deus da
maneira como existem hoje?
Não quero ser dogmático sobre isso. Nós já
conversamos sobre a singularidade que existia na origem do universo. Os físicos
concordam que houve um início, então eles estão em acordo com a Bíblia nesse
aspecto. No primeiro capítulo da Bíblia está escrito: "E Deus disse:
faça-se a luz." Então eu imagino que Deus falou e criou o universo. Depois
ele falou de novo, e houve outras singularidades. Talvez uma delas tenha sido a
criação da vida.
Mas o que
foi criado exatamente? Vou colocar a pergunta de outra forma: O senhor acredita
na ancestralidade comum de todos os seres vivos, como propõe Darwin?
Ora, isso está sendo disputado profundamente pelos
cientistas nesse momento. Não sou geneticista, mas estou muito impressionado
com as novas argumentações que estão surgindo nessa área. Elas mostram que a
árvore da vida está morta. O que eu acredito é que houve pontos específicos na
história em que Deus introduziu coisas novas, que não podem ser explicadas
apenas pelos processos naturais que já estavam em curso. Os momentos mais
importantes foram a criação do universo, da vida biológica e da vida humana.
Não acredito que os seres humanos evoluíram de alguma forma animal, puramente
por processos naturais.
O ser
humano, então, seria uma singularidade criada por Deus, como o universo? Ele
foi criado da forma como existe hoje?
Isso é o que eu acredito. O que você teria visto se
estivesse lá no momento da criação, eu não sei dizer. O que sei é que os seres
humanos são seres únicos em toda a Criação. A Bíblia diz que eles foram feitos
à imagem de Deus. Em resumo, minha atitude é muito simples: sem Deus, não se
pode chegar do nada a alguma coisa. Sem Deus, não se pode chegar do material ao
vivo. Sem Deus, não se pode chegar do animal ao humano. Acredito nisso não por
uma questão de fé, mas porque é o que as evidências me levam a crer.
É justo que
um materialista, como o senhor diz, exija provas de que Deus existe para
acreditar nele?
Sem dúvida, desde que você me explique o que quer
dizer por "provas". Eu trabalho numa área - a matemática - em que
"prova" tem um significado muito específico. É claro que eu não posso
provar matematicamente que Deus existe. Mas eu posso dar evidências e fazer uma
argumentação com base na ciência e em outras disciplinas. Assim como não posso
provar que minha mulher me ama, mas tenho muitas evidências disso. Richard
Dawkins diz que ter fé é acreditar em algo sobre o qual não há provas. Mas isso
é a definição dele. Isso é fé cega. Eu sou um cristão, e a fé cristã é o oposto
da cegueira. Ela é baseada em evidências, como a ressurreição de Cristo, sobre
a qual há evidências históricas, diretas e indiretas.
domingo, 27 de outubro de 2013
sábado, 26 de outubro de 2013
Por que a vida surgiu no Universo?
A revista Superinteressante especial "29 Coisas que Não Fazem Sentido", publicada em junho do ano passado, traz uma série de mais de 60 matérias sobre temas que, sob as lentes naturalistas, não fazem sentido. Exemplo: Por que as baleias têm cérebro tão grande? Por que temos câncer? Se os ETs existem, por que não fazemos contato? Por que o homem é o primata com o maior pênis? Por que temos fé? Por que morremos? Por que somos o único bicho [sic] com linguagem? Para que serve o sexo? Por que os humanos têm consciência? Se somos primatas, por que temos tão pouco pêlo no corpo?
Entre explicações risíveis e outras até bem fundamentadas, o texto que mais me chamou a atenção foi o que tratou da pergunta "Por que a vida surgiu no Universo?" A matéria começa lamentando: "Pena que essa historinha [a do big bang e do surgimento e evolução da vida] ainda esteja longe de realmente explicar a coisa toda. Isso porque todo mundo entende o que aconteceu para que o Universo acabasse produzindo vida, mas ninguém entende por que o Universo nasceu ‘configurado' para permitir todas essas maravilhas. Parece uma sortetremendamente grande."
O texto prossegue: "Aparentemente, nós só estamos aqui porque algumas regulagens específicas das leis da física - a intensidade da gravidade, ou o nível de atração entre elétrons e prótons, partículas que compõem os átomos - vieram ‘certinhas' para permitir a nossa existência. Quer exemplos? Se a gravidade fosse um pouco mais forte, as estrelas teriam vida muito curta e nunca haveria tempo hábil para a evolução das espécies; se fosse mais fraca, não seria capaz de agregar a massa em estrelas. E a atração mútua entre elétrons e prótons? Se fosse diferente do que é, não existiriam átomos estáveis. São parâmetros que, devidamente ajustados, tornaram o Universo em lugar habitável. A pergunta que não quer calar: Quem ou o que fez essa ‘tunagem', ou ‘regulagem' do Cosmos, lá no começo de todas as coisas?"
Como se trata de uma revista com pretensão de ser científica e como o naturalismo filosófico não admite que a Teologia se atreva a sugerir uma resposta (sim, porque assumem a priori que o sobrenatural não existe), e como insistir no fator sorte para tanta organização pega mal, eles se saem com a "resposta": "Aplicar a teoria da seleção natural de Darwin ao Universo poderia resolver de vez o mistério da existência. Tal como ocorre com os seres vivos na Terra, os universos que mais se ‘reproduzem' seriam os mais bem-sucedidos."
Claro! Por que não pensaram nisso antes? A teoria-explica-tudo está aí pra isso mesmo. Nada de sorte, nada de Deus. Seleção natural cósmica!
Segundo Superinteressante, há cientistas que defendem a existência de infinitos universos, cada um com sua afinação diferente. "O nosso não teria nada de especial, seria apenas mais um de uma gama de universos totalmente desligados uns dos outros, componentes de um Multiverso."
E antes que a gente pergunte, eles respondem: a ideia é completamente metafísica, "outro tipo de roubalheira intelectual, em que se usa de hipóteses não verificáveis para solucionar (entre aspas) um problema apresentado pela configuração do Universo".
Constrangedor, não? Dão um chega-pra-lá no criacionismo para defender a metafísica pura. Pra não ficar no campo da especulação pura e simples, apelam para Darwin e a teoria-explica-tudo. E fica mais ou menos assim: surgiram muitos universos diferentes a partir de buracos negros. Por "seleção cosmológica natural" (é assim que o físico Lee Smolin chama o processo, em seu livro A Vida do Cosmos) os universos menos aptos a produzir vida ou mais aptos a produzir outros universos estariam em número maior que os que têm poucos "filhos". "Resultado: torna-se, de súbito, muito mais provável que estejamos em um Universo como o nosso, em vez de em qualquer outro menos prolífico, digamos." Simples, não?
Detalhe: a matéria seguinte trata da pergunta "Por que sabemos tão pouco sobre a existência de Jesus?" A reportagem não aceita que os evangelhos sejam documentos confiáveis sobre Jesus Cristo, embora admita que autores não cristãos do século 1 e começo do século 2 (como Flávio Josefo, Tácito e Suetônio) O tenham mencionado. Um pequeno quadro na página 35 afirma que o ossuário de Tiago (urna funerária com uma inscrição em aramaico que menciona Jesus) é falso. Pena que o autor do texto não leu o convincente livro de Hershel Shanks (editor da Biblical Archaeology Review), O Irmão de Jesus (Editora Hagnos).
Resumindo: quando o assunto é religião, crença, criacionismo, Deus, etc., levanta-se todo tipo de questionamento, ainda que se possa contar com evidências históricas e arqueológicas a favor. Mas quando se trata de explicar do ponto de vista naturalista a origem do Universo e da vida, os mais mirabolantes argumentos podem ser usados - mesmo que não haja evidências empíricas para eles. Viva a coerência!
Michelson Borges
Entre explicações risíveis e outras até bem fundamentadas, o texto que mais me chamou a atenção foi o que tratou da pergunta "Por que a vida surgiu no Universo?" A matéria começa lamentando: "Pena que essa historinha [a do big bang e do surgimento e evolução da vida] ainda esteja longe de realmente explicar a coisa toda. Isso porque todo mundo entende o que aconteceu para que o Universo acabasse produzindo vida, mas ninguém entende por que o Universo nasceu ‘configurado' para permitir todas essas maravilhas. Parece uma sortetremendamente grande."
O texto prossegue: "Aparentemente, nós só estamos aqui porque algumas regulagens específicas das leis da física - a intensidade da gravidade, ou o nível de atração entre elétrons e prótons, partículas que compõem os átomos - vieram ‘certinhas' para permitir a nossa existência. Quer exemplos? Se a gravidade fosse um pouco mais forte, as estrelas teriam vida muito curta e nunca haveria tempo hábil para a evolução das espécies; se fosse mais fraca, não seria capaz de agregar a massa em estrelas. E a atração mútua entre elétrons e prótons? Se fosse diferente do que é, não existiriam átomos estáveis. São parâmetros que, devidamente ajustados, tornaram o Universo em lugar habitável. A pergunta que não quer calar: Quem ou o que fez essa ‘tunagem', ou ‘regulagem' do Cosmos, lá no começo de todas as coisas?"
Como se trata de uma revista com pretensão de ser científica e como o naturalismo filosófico não admite que a Teologia se atreva a sugerir uma resposta (sim, porque assumem a priori que o sobrenatural não existe), e como insistir no fator sorte para tanta organização pega mal, eles se saem com a "resposta": "Aplicar a teoria da seleção natural de Darwin ao Universo poderia resolver de vez o mistério da existência. Tal como ocorre com os seres vivos na Terra, os universos que mais se ‘reproduzem' seriam os mais bem-sucedidos."
Claro! Por que não pensaram nisso antes? A teoria-explica-tudo está aí pra isso mesmo. Nada de sorte, nada de Deus. Seleção natural cósmica!
Segundo Superinteressante, há cientistas que defendem a existência de infinitos universos, cada um com sua afinação diferente. "O nosso não teria nada de especial, seria apenas mais um de uma gama de universos totalmente desligados uns dos outros, componentes de um Multiverso."
E antes que a gente pergunte, eles respondem: a ideia é completamente metafísica, "outro tipo de roubalheira intelectual, em que se usa de hipóteses não verificáveis para solucionar (entre aspas) um problema apresentado pela configuração do Universo".
Constrangedor, não? Dão um chega-pra-lá no criacionismo para defender a metafísica pura. Pra não ficar no campo da especulação pura e simples, apelam para Darwin e a teoria-explica-tudo. E fica mais ou menos assim: surgiram muitos universos diferentes a partir de buracos negros. Por "seleção cosmológica natural" (é assim que o físico Lee Smolin chama o processo, em seu livro A Vida do Cosmos) os universos menos aptos a produzir vida ou mais aptos a produzir outros universos estariam em número maior que os que têm poucos "filhos". "Resultado: torna-se, de súbito, muito mais provável que estejamos em um Universo como o nosso, em vez de em qualquer outro menos prolífico, digamos." Simples, não?
Detalhe: a matéria seguinte trata da pergunta "Por que sabemos tão pouco sobre a existência de Jesus?" A reportagem não aceita que os evangelhos sejam documentos confiáveis sobre Jesus Cristo, embora admita que autores não cristãos do século 1 e começo do século 2 (como Flávio Josefo, Tácito e Suetônio) O tenham mencionado. Um pequeno quadro na página 35 afirma que o ossuário de Tiago (urna funerária com uma inscrição em aramaico que menciona Jesus) é falso. Pena que o autor do texto não leu o convincente livro de Hershel Shanks (editor da Biblical Archaeology Review), O Irmão de Jesus (Editora Hagnos).
Resumindo: quando o assunto é religião, crença, criacionismo, Deus, etc., levanta-se todo tipo de questionamento, ainda que se possa contar com evidências históricas e arqueológicas a favor. Mas quando se trata de explicar do ponto de vista naturalista a origem do Universo e da vida, os mais mirabolantes argumentos podem ser usados - mesmo que não haja evidências empíricas para eles. Viva a coerência!
Michelson Borges
sexta-feira, 25 de outubro de 2013
quinta-feira, 24 de outubro de 2013
Entropia e a Ressurreição
Por Henry M. Morris
Os dois maiores milagres em toda história têm sido
a criação do mundo e a ressurreição do seu Criador da morte física. Sem o
primeiro, nós não existiríamos, e sem o segundo, nós não teríamos esperança de
vida após a morte. Entretanto, o fato maravilhoso é que nós temos vida e que
através de uma fé pessoal nesse Criador e Sua ressurreição corpórea, podemos
ter certeza de uma vida eterna com Ele nos anos por vir.
Por outro lado, os cientistas modernos – pelo menos
os líderes das instituições científicas – não acreditam nem na criação nem na
ressurreição. A premissa deles é totalmente naturalista, tendo eles a
necessidade de tentar explicar todos os eventos do passado, presente, ou futuro
em termos das presentes leis e processos naturais. Milagres de qualquer espécie
tem a necessidade de ser explicados de longe como não científicos –
especialmente milagres que tem escopo e conseqüência mundial. Eles dizem que a
criação contradiz as mais básicas leis de toda a ciência – isto é, a lei da
conservação da massa e energia, ou a primeira lei da termodinâmica. O princípio
da conservação diz, em efeito, que nada pode ser verdadeiramente criado (apesar
de que “coisas” podem ser mudadas em forma).
Similarmente, a idéia de que a pessoa poderia ser
restaurada a vida após ter estado morta por três dias contradiria a segunda lei
da termodinâmica, ou a lei da crescente entropia – isto é, a lei que descreve a
tendência de todos os sistemas decrescerem em complexidade organizada. Uma vez
que a morte alcança um organismo, todas as suas funções cessam, e em pouco
tempo retorna ao pó – a última desintegração.
Assim, ambos criação e ressurreição são
impossíveis, como o interesse da ciência naturalística desejava. Nunca foi
encontrada qualquer exceção as duas leis da termodinâmica. Para ocorrer uma
exceção a uma das duas leis, um enorme milagre poderia ser requerido, e esses
cientistas, contam-nos que milagres não podem acontecer.
Contudo eles
estão errados!
Jesus Cristo levantou-se dos mortos! Esse evento é
um fato histórico, capaz de ser investigado pelos mesmos critérios que são
utilizados para testar outros supostos eventos históricos. Quando isso é feito
– e isso tem sido feito por muitos historiadores totalmente qualificados e
especialistas em evidências – Cristo ressuscitou passando por todos os testes
de historicidade com “folgas”.
* Os muitos contatos com seus seguidores após a Sua
ressurreição (pelo menos dez aparições, sujeito a muitas circunstâncias e a
muitas pessoas diferentes),
* o óbvio testemunho de Seu túmulo vazio (junto com
a total incapacidade de seus adversários de mostrarem Seu corpo),
* e as mudanças drásticas nos discípulos (de
temerosos fugitivos para destemidos proclamadores de Sua ressurreição) estão
entre as “muitas infalíveis provas” (Atos 1:3) que nos asseguram que “Ele
ressuscitou, como havia dito” (Mateus 28:6). Não é muito dizer que a
ressurreição corpórea de Jesus Cristo, após Ele morrer e ser enterrado por três
dias em um túmulo selado, é o melhor fato provado de toda história antiga.
Sendo esse o acontecimento, considere as
implicações. Isso prova principalmente que Jesus Cristo é Deus. Somente Deus
poderia vencer a morte, pois Ele, em primeiro lugar, impôs a lei da morte
quando o primeiro homem pecou no domínio confiado à ele pelo seu Criador
(Romanos 5:12).
Isso portanto significa que o Salvador Jesus Cristo
foi o Criador dos céus e da terra. Somente o Criador poderia criar nova
matéria, como Ele fez quando multiplicou os pães e peixes, ou nova energia,
como Ele fez quando caminhou sobre a água e quando acalmou as ondas
tempestuosas com uma palavra. A Bíblia claramente confirma o fato que Ele foi o
Criador “Todas as coisas foram feitas por ele” e “o mundo foi feito por ele”
(João 1:3, 10). “Porque nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na
terra, ... tudo foi criado por ele e para ele” (Colossenses 1:16).
Esse grande fato nos assegura que tudo o que Ele
faz está certo e tudo o que Ele diz é verdadeiro. Quando Ele diz, por exemplo,
se referindo a Gênesis 1:27, que “desde o princípio da criação, Deus os fez
macho e fêmea” (Marcos 10:6), nós sabemos com toda a certeza que a terra e o
universo não tem milhões ou bilhões de anos, sem levar em conta o uso impróprio
dos dados (não uniformes) astronômicos e geológicos dos evolucionistas. Cristo
foi aquele que disse as palavras criadoras, e Ele nos tem dito que a raça
humana data do começo da criação, e não de 15 bilhões de anos depois do começo.
Poderia Ele mentir, ou talvez deliberadamente nos iludir? Será que Ele
acreditou que nós não poderíamos entender ou avaliar a idéia de bilhões de anos
de sofrimento, com a criação suspirando (gemendo) antes de Ele resolver criar o
homem para se relacionar com Ele? O último pensamento se mostra absurdo e
improvável.
Além disso, gostando ou não da idéia de Deus ter criado
um inferno eterno para aqueles que o rejeitam como Senhor e Salvador, devemos
estar cientes de que foi Ele que mais abertamente falou sobre esse assunto na
Bíblia (note em Mateus 5:30; 25:41; etc.). Ele portanto aceitou a Bíblia como
inerrante e confiável (Mateus 5:18; João 10:35). No final de Seu livro, Ele
adverte contra aqueles que se ocupam com Suas palavras, dizendo: “E, se alguém
tirar quaisquer palavras do livro desta profecia, Deus tirará a sua parte do
livro da vida...” (Apocalipse 22:19).
Há, certamente, uma conseqüência ainda mais
gloriosa do fato de Sua ressurreição física. Ele venceu a morte, não somente
para Ele, mas também para todos aqueles que confiam a Ele seus próprios
pecados. Ele prometeu que “porque eu vivo, vós vivereis” (João 14:19). “Porque,
assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em
Cristo” (I Coríntios 15:22).
Nossa ressurreição, assim como a de Cristo, será
uma ressurreição física, não somente espiritual. Quando Deus pronunciou o
julgamento da morte a Adão e todo o seu domínio, foi uma morte física, e não
somente espiritual. Por isso que o Senhor Jesus, quando morreu pelos nossos
pecados, teve que morrer fisicamente.
Similarmente, nossa ressurreição futura será
física, como a de Cristo. Isso, entretanto, não incluirá as dores e defeitos
que caracterizam os nossos corpos físicos presentes. Nossos corpos serão corpos
glorificados, igual o de Cristo quando Ele ressuscitou dos mortos – não mais
com dores e morte, mas com perfeição eterna. Quando João viu a Deus em sua
grande visão na ilha de Patmos, Cristo disse: “mas eis aqui vivo para todo o
sempre” (Apocalipse 1:18).
E nós também viveremos para todo o sempre! “Amados,
agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifestado o que havemos de ser. Mas
sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele...” (I João
3:2).
“Num momento, num abrir e fechar de olhos, ...
porque a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós
seremos transformados” (I Coríntios 15:52).
O Senhor Jesus Cristo “transformará o nosso corpo
abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso, segundo o seu eficaz poder de
sujeitar também a si todas as coisas” (Filipenses 3:21).
“Porque, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou,
assim também aos que em Jesus dormem, Deus os tornará a trazer com ele...
porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a
trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois
nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens,
a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor” (I
Tessalonicenses 4:14,16,17).
A lei da entropia em nossos corpos será eternamente
revogada, e “não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor” (Apocalipse
21:4).
Mas não será somente isso que acompanhará a
ressurreição de Cristo. A maldição de Deus não foi somente aplicada a Adão e
sua descendência mas também sobre todo o seu domínio – que será novamente
criado inteiramente!
“E ali nunca mais haverá maldição...” (Apocalipse
22:3).
“Na esperança de que também a mesma criatura será
libertada da servidão da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de
Deus” (Romanos 8:21).
Sempre, desde que o pecado entrou no mundo e Deus
pronunciou a sua grande maldição sobre “a terra” (Gênesis 3:17) – isto é, aos
elementos básicos, o pó do qual são feitos todas as coisas – o mundo inteiro
tem estado em um estado de decaimento, ou crescente entropia, sentindo as dores
do trabalho (parto).
”... a terra se envelhecerá como roupa” (Isaías
51:6).
“O céu e a terra (estão passando) passarão...”
(Mateus 24:35).
“... e como um manto os enrolarás, e serão mudados”
(Hebreus 1:12).
Finalmente, “... no qual os céus passarão com
grande estrondo, e os elementos, ardendo, se desfarão, e a terra, e as obras
que nela há, se queimarão. Havendo, pois, de perecer todas estas coisas...” (II
Pedro 3:10,11).
Mas quando Cristo, o Criador, se tornou o Salvador,
Ele não somente morreu pelos pecados “de todo o mundo” (I João 2:2), mas também
se tornou “o Salvador do mundo (kosmos, em grego)” (I João 4:14). “... o mundo
(kosmos) foi feito por ele...” (João 1:10), e Ele sofreu o terrível preço para
redimir o mundo da “escravidão da corrupção para a gloriosa liberdade dos
filhos de Deus.”
Finalmente, depois do último julgamento, e depois
da presente terra – destruída no decorrer dos anos pelas cicatrizes do
sofrimento e morte – que se “queimará”, e então “nós, segundo a sua promessa,
aguardamos novos céus e nova terra, em que habita a justiça” (II Pedro 3:10,
13).
E lá nós viveremos para sempre. “Porque, como os
novos céus, e a nova terra, que hei de fazer, estarão diante da minha face, diz
o Senhor, assim também há de estar a vossa posteridade e o vosso nome” (Isaías
66:22).
A velha lei da entropia, junto com “a lei do pecado
e da morte” (Romanos 8:2), ficará destruída na antiguidade e para todo sempre –
tudo isso porque Cristo vive!
Fonte:
Tradutor: Johannes Gérson Janzen
quarta-feira, 23 de outubro de 2013
terça-feira, 22 de outubro de 2013
Resposta à Revista Veja
A revista Veja desta semana trouxe um artigo sobre
o ensino do Criacionismo nas aulas de ciências em escolas confessionais. Quando
tiverem oportunidade, leiam o artigo, está na página 74 da revista Veja desta
semana (01/02/09), e o autor é André Petry. Eis a matéria:
"Lembra-te de Darwin"
É assustador que, às vésperas do bicentenário do
nascimento de Charles Darwin, pai da teoria da evolução, escolas brasileiras
estejam ensinando criacionismo nas aulas de ciências. Já se sabia que as
escolas adventistas fazem isso. A novidade é que o negócio está se propagando.
Em instituições tradicionais de São Paulo, como o Mackenzie, inventou-se até um
método próprio para o ensino. "Antes, usávamos o material que havia
disponível no mercado", explica um dos diretores da escola, Francisco
Solano Portela Neto. O criacionismo é ensinado como ciência da pré-escola à 4ª
série.
Não há problema em que o criacionismo seja dado nas
aulas de religião, mas ensiná-lo em aulas de ciências é deseducador.
Criacionismo é a explicação bíblica para a origem da vida. Diz que Deus criou
tudo: o homem, a mulher, os animais, as plantas, há 6 000 anos. Quem estuda
religião precisa saber disso. É uma fábula encantadora, mas não é ciência. É
inaceitável que o criacionismo seja ensinado em biologia para explicar a origem
das espécies. Em biologia, vale o evolucionismo de Darwin, segundo o qual todos
viemos de um ancestral comum, há bilhões de anos, e chegamos até aqui porque
passamos no teste da seleção natural. É a melhor (e por acaso a mais bela) explicação
que a ciência encontrou sobre a aventura humana na Terra.
Quem contrabandeia o criacionismo para as aulas de
biologia diz que, em respeito à "liberdade de pensamento", está
"mostrando os dois lados" aos alunos. Afinal, são escolas religiosas,
confessionais, e os pais podem ter escolhido matricular seus filhos ali
exatamente porque o criacionismo é visto como ciência. Pode ser, errar é livre,
mas que embrutece não há dúvida. Embrutece porque ensina o aluno, desde cedo, a
confundir crença e superstição com razão e ciência. É desnecessário. Que
cientistas saem de escolas que embrulham o racional com o místico? Também é
cascata, porque, fosse verdade, a turma estaria ensinando numerologia em
matemática. Ensinaria alquimia em química, dizendo, em nome da "liberdade
de pensamento", que é possível transformar zinco em ouro e encontrar o
elixir da longa vida...
Há pouco, na Inglaterra, um reverendo anglicano
defendeu o estudo do criacionismo na educação básica. Era diretor de educação
da Royal Society. Queria colocar Deus no laboratório da escola. Cortaram-lhe o
pescoço. A Suprema Corte americana já examinou o assunto. Mandou o criacionismo
de volta às aulas de religião. No Brasil, terra do paradoxo, o atraso avança.
Darwin foi um gênio. Em seu tempo, não se sabia
como as características hereditárias eram transmitidas de pai para filho. Nem
que a Terra tem 4,5 bilhões de anos e que os continentes flutuam sobre o magma.
No entanto, a teoria da evolução se encaixa à perfeição nas descobertas da
genética, da datação radioativa, da geologia moderna. Só um cérebro
poderosamente equipado, conjugado com muito estudo, pode ir tão longe.
Confundido com criacionismo, Darwin parece um macaco tolo. É assustador".
------------------------------------------------
Resposta à
revista Veja:
São Paulo, 02 de fevereiro de 2009
Senhores:
Fui citado na coluna do Sr. André Petry (“Lembra-te
de Darwin” – No. 2098) por ter a educação de atendê-lo em um telefonema na
sexta, 30.01.2008. O Sr. Petry é conhecido por sua aversão aos evangélicos
(vide VEJA No. 2083, de 22.10.2008) e não perde a oportunidade de atacar mais
uma vez a liberdade de expressão, distorcendo fatos nesse artigo. Mesmo sabendo
da possibilidade que nada de objetivo e veraz iria vir de seus escritos,
esclareci que o os Colégios Mackenzie ensinavam, sim, criacionismo, em paralelo
ao evolucionismo e não acreditam em sonegar quaisquer ângulos do conhecimento
aos seus alunos. Como instituições confessionais, estão abrigadas na Lei de
Diretrizes e Bases e reforçam a pluralidade educacional brasileira, objetivada
pela lei. Nada disso é novidade, o Mackenzie faz isso desde 1870, com um ensino
pautado pelos princípios e valores das Escrituras Sagradas, contabilizando uma
imensa contribuição à sociedade desde os tempos do império. Essa avidez pela
excelência de ensino está sendo ampliada, nos últimos anos, com a produção de
materiais didáticos próprios.
O Sr. Petry, que na ligação se dizia tão
interessado na apuração dos fatos, preferiu me citar seletivamente, omitindo a
cobertura global da questão das origens realizada pela Instituição. Além disso,
revela sua deficiente pesquisa, não apontando que no próximo mês de abril o
Mackenzie apresenta o 2º Simpósio Internacional sobre Darwinismo, ao qual
estarão presentes, além de expoentes internacionais da séria escola do Design
Inteligente, renomados evolucionistas. Com isso demonstra o acato à pluralidade
de idéias e o estímulo ao debate construtivo e saudável, e não a caricatura mal
feita que o articulista esboçou em sua coluna. O artigo está muito longe de ser
jornalismo saudável e esclarecedor.
Prefere, o Sr. Petry, ridicularizar, classificando
em irônica ilação como “macacos tolos” aos que procuram enxergar um pouco mais
além e dar continuidade ao ímpeto investigativo. Nunca chamaríamos Darwin de
tal, pois foi um ser humano com inteligência, criado à imagem e semelhança de
Deus. Petry prefere que a comunidade acadêmica e científica permaneça
acorrentada a postulados anacrônicos de 150 anos atrás. Quer o conforto da
ignorância de uma era na qual ainda não existiam quaisquer pesquisas possíveis
na área de microbiologia, as quais têm exposto um número nada desprezível de
fragilidades na teoria da evolução. Demonstra sua ignorância dos diferentes
pontos de vista que existem no campo criacionista, com sua definição simplista
e monolítica, gerada por ele próprio, e que não foi obtida através desta fonte.
Ridicularizar pessoas e instituições é o seu estilo. Pena que uma revista tão
séria, como VEJA, que tantas informações valiosas nos fornece a cada semana, o
acolha impunemente em suas páginas. Ele diz que o criacionismo assusta. Ter fé
em Darwin é o seu direito. Ter carta branca para difamar, isso sim, é
assustador.
Francisco Solano Portela Neto
segunda-feira, 21 de outubro de 2013
Entropia e os Sistemas Abertos
Henry M. Morris, Ph.D.
O argumento mais devastador e mais conclusivo
contra a evolução é o princípio da entropia. Este princípio, também conhecido
como a Segunda Lei da Termodinâmica, implica em que, na atual ordem das coisas,
a evolução no sentido "vertical" (isto é, no grau de ordem e
complexidade menos elevado para um grau de ordem e complexidade mais elevado) é
completamente impossível.
O modelo evolucionista das origens e do
desenvolvimento exige algum princípio universal que aumente a ordem, levando as
partículas esparsas a se organizarem em sistemas químicos complexos, sem vida,
para se tornarem células vivas e que as populações de vermes evoluam em
sociedades humanas. Contudo o único princípio científico naturalista que se
conhece que realmente efetua mudanças na ordem é a Segunda Lei, que descreve a
situação da ordem universalmente deteriorizada.
"Essa Lei declara que todo processo natural
gera a entropia, uma medida de desordem". (1)
"A entropia, em resumo, é a medida da desordem
molecular. A lei do irreversível aumento na entropia é uma lei de
desorganização progressiva, do desaparecimento completo das leis
iniciais". (2)
Dificilmente se pode que a evolução pelo menos fica
superficialmente contrariada pela entropia. A predição óbvia do modelo
evolucionista do princípio universal que aumentará a ordem é contrariada pelo
fato científico de um princípio universal que diminui a ordem. Não obstante, os
evolucionistas mantém a fé de que, de alguma forma, a evolução e a entropia
podem coexistir, embora não saibam como.
"No complexo curso de sua evolução, a vida
exibe um notável contraste com a tendência expressa na Segunda Lei da
Termodinâmica. Onde a Segunda Lei expressa um irreversível avanço para a
entropia e a desordem cada vez maiores, a vida evolui normalmente para níveis cada
vez mais elevados de ordem. O fato ainda mais notável é que este impulso
evolucionista para maior também é irreversível. A evolução não retrocede".
(3)
"Antes da geração espontânea da vida sob
condições outras que as apresentadas atualmente neste planeta, houve uma
geração espontânea de elementos do tipo que ainda prevalece nas estrelas; e
mais remotamente ainda eu suponho uma geração espontânea de partículas
elementares sob circunstâncias ainda a serem esquadrinhadas, que acabou
dando-lhes as propriedades que só elas tornaram possível o universo que
conhecemos". (4)
"A vida poderia ser descrita como uma força
inesperada que de alguma maneira organiza a matéria inanimada em um sistema
vivo que percebe, e evolui para enfrentar mudanças no ambiente físico que
ameaça destruir a sua organização." (5)
Quando confrontados diretamente com este problema
(por exemplo nos debates criação/evolução), os evolucionistas freqüentemente
ignoram-no completamente. Alguns admitem honestamente que não sabem como
resolver o problema, ou simplesmente dizem que confiam, que deve haver um meio,
considerando que de outra forma teriam de crer na criação sobrenatural. Como
diz Wald: "Neste estranho artigo eu me aventurei a sugerir que a seleção
natural de um tipo qualquer que estendeu-se além dos elementos, para determinar
as propriedades dos prótons e dos elétrons. Por mais curioso que pareça, é uma
possibilidade digna de ser avaliada contra a única alternativa que posso
imaginar, a sugestão de Eddington de que Deus é um físico matemático". (6)
Alguns evolucionistas tentam resolver o problema
sugerindo que a lei da entropia é somente estatística e que as exceções podem
ocorrer, o que permitiria aumentos ocasionais e acidentais na ordem. Esta
posição, porém, não passa de uma questão de fé. Nunca ninguém viu tal exceção -
e a ciência se fundamenta na observação!
"Portanto não há justificativa para o ponto de
vista, freqüentemente repetido com desembaraço de que a Segunda Lei da
Termodinâmica só é estatisticamente verdadeira, no sentido de que violações
microscópicas ocorrem repetidas vezes, mas nunca se presenciou uma evidência de
que a Segunda Lei fosse quebrada sob quaisquer circunstâncias...". (7)
Quase a maioria dos evolucionistas, entretanto,
tenta resolver o argumento da Segunda Lei da Termodinâmica fugindo para o
refúgio do "sistema aberto". Defendem que considerando que a Segunda
Lei se aplica apenas aos sistemas isolados (dos quais as fontes externas de
informação e a ordem são excluídas), o argumento é irrelevante. A terra e a sua
biosfera são sistemas abertos, com amplo suprimento de energia chegando do sol
para fazer funcionar a complexidade de um cristal a partir uma semente ou um
embrião em uma planta ou animal adulto, ou o crescimento de um pequena
população da idade da pedra em uma grande cultura tecnológica complexa - como
prova de que a Segunda Lei não inibe o crescimento de sistemas mais ordenados.
Argumentos e exemplos como esses, entretanto, são
argumentos ilusórios. Seria como defender que a NASA foi capaz de colocar homens
na lua, então seria razoável crer que vacas pulariam para lá! Os criacionistas
têm por mais de uma década enfatizado que a Segunda Lei se aplica a sistemas
abertos, uma vez que não existem verdadeiros sistemas isolados. Emil Borel, o
grande cientista e matemático francês, provou este fato matematicamente,
conforme reconhecido por Layzer: "Borel provou que nenhum sistema físico
finito pode ser considerado fechado".8
Os criacionistas há muito tempo reconheceram, na
verdade enfatizaram que a ordem pode aumentar em determinados tipos especiais
de sistemas abertos, mas isso não constitui prova de que a ordem aumenta em
todos os sistemas abertos! É vazia e sem nenhuma informação específica a
declaração de que a terra é um "sistema aberto", uma vez que todos os
sistemas são abertos.
A Segunda Lei poderia muito bem ser expressa:
"Em qualquer sistema ordenado, aberto ou fechado, existe uma tendência
para a desintegração que só pode ser interrompida ou invertida através de uma
fonte externa de energia dirigida por um conjunto de informações".
É fútil citar casos especiais no que se refere a
evolução (tais como a semente, para o qual o código genético e o mecanismo de
conversão da fotossíntese já estão disponíveis), considerando que não existe um
programa orientador e nem um aparelho que converte a energia disponível para
produzir um crescimento evolucionista imaginário da complexidade da terra e sua
biosfera.
Mais fútil ainda é fazer referências a processos
inorgânicos de cristalização como evidências de evolução. Até mesmo Prigogine
reconhece isto:
"A questão é que em um sistema isolado existe
uma possibilidade de formação de estruturas ordenadas de baixa entropia a
temperaturas suficientemente baixas. Este princípio é responsável pelo
aparecimento de estruturas ordenadas tais como cristais e fenômenos das
transições de fases.
Infelizmente este princípio não pode explicar a
formação de estruturas biológicas. É muito pequena a probabilidade de que em
temperaturas comuns um número macroscópico de moléculas se reuniram para dar
surgimento a estruturas altamente ordenadas e às funções coordenadas que
caracterizam os organismos seres vivos. A idéia da gênese espontânea da vida em
sua forma atual é portanto altamente improvável, até mesmo na escala de bilhões
de anos durante os quais a evolução ocorreu." (9)
Assim as condições altamente especiais que
capacitam os cristais a se formarem e as plantas e animais a crescerem não tem
nada a ver com evolução. Essas condições especiais por si mesmas (isto é, o
maravilhoso processo da fotossíntese, os complexos programas de informação na
célula viva, até mesmo as propriedades eletroquímicas das células no cristal,
etc.) não poderiam nunca aparecer ao acaso - sua própria complexidade não
poderia ser produzida dentro das restrições impostas pela Segunda Lei. Mas sem
elas o cristal não se formaria, e a semente não brotaria.
Mas qual é o código de informação que diz às
partículas primevas esparsas como se transformar em estrelas e plantas, e qual
é o mecanismo de conversão que transforma amebas em homens? São perguntas que
não foram respondidas por uma referência especiosa à terra como um sistema
aberto! E até que sejam respondidas, a Segunda Lei faz com que a evolução
pareça totalmente impossível.
"Para seu crédito, alguns cientistas reconhecem
a natureza crítica deste problema e estão tentando resolvê-lo. Prigogine propôs
uma teoria complicada de "ordem através de flutuações" e
"estruturas dissipativas". (10)
Mas seus exemplos são de sistemas inorgânicos e ele
reconhece que há um longo caminho a percorrer para se explicar como estes
tornaram-se sistemas vivos através de sua teoria.
"Mas não tenhamos ilusões, nossas pesquisas
ainda nos deixaram totalmente incapazes de entender a extrema complexidade do
mais simples organismo." (11)
Um outro autor que reconheceu parcialmente a
seriedade deste problema é Charles J. Smith.
"A termodinâmica imediatamente esclarece a
última questão destacando que a Segunda Lei de maneira clássica se refere aos
sistemas isolados que não permutam nem matéria nem energia com o ambiente, os
sistemas biológicos são abertos e permutam tanto energia quanto matéria. - Esta
explicação, entretanto não é completamente satisfatória, porque continua
deixando em aberto o problema como e porque os processos ordenados surgiram (uma
aparente diminuição da entropia), e alguns cientistas tem lutado com esta
questão. Bertalanffy chamou a relação entre a termodinâmica irreversível e a
teoria da formação da informação de um dos problemas não resolvidos mais
fundamentais da biologia. Eu iria mais longe e incluiria o problema do
significado e do valor." (12)
Quer os evolucionistas de um modo geral saibam ou
não, este problema que têm com a entropia é "um dos mais fundamentais não
resolvidos da biologia". É mais do que um problema na verdade, é uma
devastadora negação do próprio modelo evolucionista. Continuará sendo assim até
que eles possam demonstrar que a imensa massa contínua imaginária evolucionista
no espaço e no tempo tem um programa para orienta-la e uma energia para
convertê-la e dar força. Caso contrário a Segunda Lei a impossibilita.
É concebível, embora seja extremamente improvável
que os evolucionistas possam finalmente formular um código e um mecanismo
plausíveis para explicar como ambas, a entropia e a evolução poderiam co-existir
. Contudo, ainda que o façam, o modelo evolucionista não será tão bom quanto o
modelo criacionista. No máximo, tal sugestão constituiria uma modificação
secundária do modelo evolucionista básico. Este último não poderia nunca prever
a Segunda Lei.
O modelo evolucionista não pode explicar a Segunda
Lei, mas o modelo criacionista a previu! O Criacionista não fica embaraçado nem
perplexo com a entropia, uma vez que é exatamente o que espera. O modelo
criacionista apresenta uma criação completa e perfeita de todas as coisas
durante o período de criação especial no princípio. A partir desse modelo, o
criacionista naturalmente prediz alterações horizontais limitadas dentro das
entidades criadas (por exemplo, variações dentro das espécies biológicas,
capacitando-as a se adaptarem às mudanças ambientais). Se mudanças
"verticais" ocorressem de um nível de ordem para outro, teriam que
caminhar para baixo, para uma ordem inferior. O Criador, onisciente e
onipotente fez todas as coisas perfeitas no princípio. Nenhum processo
evolucionista poderiam melhorá-los, mas alterações deteriorativas poderiam
prejudicá-las.
O modelo criacionista prevê o princípio da entropia
e esta aponta diretamente para a criação. Isto é, todas as coisas estão
caminhando agora para a desordem, originalmente deveriam estar posição de
elevada ordem. Uma vez que não há processo naturalista que pudesse produzir
essa condição inicial, sua causa deve ter sido sobrenatural. A única coisa
adequada da ordem e complexidades iniciais do universo deve Ter sido um
programador onisciente, e a causa de sua limitada força, um Energizador
onipotente. A Segunda Lei da Termodinâmica, com seu princípio de entropia
crescente, repudia o modelo evolucionário e confirma fortemente o modelo
criacionista.
Referências
1. David Layzer, "The Arrow of Time",
Sientific American, (Vi 223, dezembro de 1975), pág.56. O Dr. Layzer é
professor de Astronomia em Harvard.
2. Ilya Prigogine, "Can The Thermodynamics
Explain Biological Order?" Impact of Science on Society (vol.XXIII, no
3,1973), pág.162. O Dr. Prigogine é professor na Faculdade de Ciências da
Universidade Livre da Bélgica e é um dos líderes em termodinâmica do mundo.
3. J.H.Rush, The Dawn of Life (New York,
Signet,1962), pág. 35.
4. George Wald, "Fitness in the
Universe", Origins of Life (vol.5,1974), pág. 26.
5. Mars and Earth, National Aeronaltics and Space
Administration (Washington, U.S. Govt.
Printing Office, NF-61, agosto de 1975), pág. 5.
6. George Wald, op. Cit., pág. 26. Wald é um famoso
biólogo humanista em Harvard.
7. A.B. Pippard, Elements of Chemical
Thermodynamics for advanced Studentes of Physics (Cambridge, England, Cambridge
University Pres. 1966), pág. 100. Pippard era professor de Física em Cambridge.
8. Layzer, op cit., pág. 65.
9. Ilya Prigogine, Gregoire Nicolis and Agnes
Babloyants, "Thermodinamics of Evolution", Physics Today (Vol.25,
Novembro de 1972) pág. 23.
10. Ibid, pág.,23-28 -11- Ilya Prigogine, "Can
Thermodynamics Explain Biological Order?" pág. 178.
11. Charles J. Smith, "Problems with Entropy
in Biology" Biosystems (Vol. 1, 1975), pág. 259.
domingo, 20 de outubro de 2013
sábado, 19 de outubro de 2013
Mais de 50% dos britânicos acreditam no criacionismo
Uma pesquisa do instituto ComRes, realizada com 2.060 adultos, indica que 51% dos britânicos acreditam que a teoria da evolução não pode explicar a complexidade da vida na Terra, da qual somente um "design inteligente" daria, contra 40% que opinam o contrário. Além disso, um em cada três crê que Deus criou o mundo nos últimos 10 mil anos. A pesquisa foi publicada no jornal Daily Telegraph. A pesquisa retoma no Reino Unido o debate em torno da evolução e do criacionismo, no ano em que o nascimento do naturalista Charles Darwin completa 200 anos.
O biólogo evolucionista e ateu Richard Dawkins disse que essa pesquisa mostra um nível preocupante de ignorância científica entre os britânicos. [Dawkins me faz rir com seu desespero. Mais da metade dos britânicos é ignorante. Só ele e a turminha dele, os autointitulados "brilhantes", é que são inteligentes.]
Segundo uma recente pesquisa entre professores de ciência, um em cada três acredita que o criacionismo deveria ser ensinado nas aulas de biologia [são burros também?], paralelamente com a teoria da evolução.
Michael Reiss, biólogo e clérigo anglicano, foi obrigado a renunciar no ano passado ao seu posto de diretor de educação da Royal Society após apoiar essa ideia [criacionistas é que são preconceituosos?].
Atacar o oponente e ignorar suas ideias é atitude típica do "devoto de Darwin" e sua turma. Ele prefere acusar metade da população de seu país (de primeiro mundo) de ignorante a entender por que, em pleno século 21, tanta gente ainda defende um modelo tão "anticientífico" quanto o criacionismo. Dawkins usou o mesmo argumento rasteiro para criticar o filósofo Anthony Flew pelo fato de ter abandonado o ateísmo. "Como o maior ateu do século 20 pode ter se tornado teísta? Como metade dos meus conterrâneos pode aceitar o criacionismo? Como um terço dos professores de ciências do meu país pode ser tão tolo?" Dawkins deve estar perdendo muitas noites de sono...
[Michelson Borges]
sexta-feira, 18 de outubro de 2013
Enfrentando a aposta de Darwin
Como o bioquímico Michael Behe usa uma ratoeira
para desafiar a teoria da evolução.
por Tom Woodward
A Caixa Preta de Darwin: O Desafio da Bioquímica à
Teoria da Evolução
por Michael J. Behe
"Se se pudesse demonstrar a existência de
algum órgão complexo que não pudesse de maneira alguma ser formado através de
modificações ligeiras, sucessivas e numerosas, minha teoria ruiria inteiramente
por terra." Charles Darwin, Origem das Espécies, Belo Horizonte: Villa
Rica, 1994, p. 161.
"Para Darwin, a célula era uma 'caixa preta'--
suas operações internas eram completamente misteriosas para ele. Agora, a caixa
preta foi aberta e nós sabemos como ela funciona. Aplicando-se o teste de
Darwin ao mundo ultracomplexo da maquinaria molecular e dos sistemas celulares
que têm sido descobertos nos últimos 40 anos, nós podemos afirmar que a teoria
de Darwin 'ruiu inteiramente por terra'."
Michael Behe, bioquímico e autor de A Caixa Preta
de Darwin.
Durante o inverno de 1996, uma série de terremotos
culturais sacudiram o mundo secular com a publicação do novo e revolucionário
livro por Michael Behe -- A Caixa Preta de Darwin: O Desafio da Bioquímica à
Teoria da Evolução. Um crítico no New York Times Book Review elogiou as hábeis
analogias e o estilo aprazível e caprichoso, tomou conhecimento sóbrio do
desafio radical do livro ao darwinismo. Os jornais e as revistas de Vancouver a
Londres, incluindo a revista Newsweek, o jornal The Wall Street Journal e
diversas outras das principais publicações científicas especializadas do mundo,
relataram estranhos tremores no mundo da biologia evolutiva. O The Chronicle of
Higher Education, um jornal semanal lido em primeiro lugar por professores e
administradores universitários, trouxe um artigo especial sobre o autor dois
meses após o surgimento do livro. A manchete, de chamar a atenção, dizia:
"Um bioquímico insta aos darwinistas o reconhecimento do papel
desempenhado por um 'Designer/Planejador Inteligente'."
Agora os repórteres estão peregrinando a Bethlehem,
Pennsylvania, para entrevistarem o autor no epicentro destes tremores: o
bioquímico Michael J. Behe [pronuncia-se birri] da Universidade Lehigh.
Behe, que tipicamente traja uma camisa de lenhador,
jeans e tênis preto Adidas, labuta longas horas com seus alunos no laboratório
de bioquímica, fazendo pesquisas em DNA e na estrutura de proteínas. Ele é
baixo, ficando calvo e usa óculos de lentes garrafais escuras, aparentando ser
mais um empregado de loja de ferramentas do que um renegado científico.
Sentado numa mesa do laboratório, cercado de vidros
cheios de líquidos cristalinos odoríferos feitos para a reorganização de
seqüências do DNA, ele explica que o avanço em sua própria área -- onde os
cientistas têm furiosamente desemaranhando os mistérios de como a célula
funciona -- já chegou a uma surpreendente descoberta: a maquinaria molecular e
os sistemas complexos na célula são extremamente dependentes de muitas partes
interligadas do que terem sido construídas gradualmente, passo a passo, ao
longo do tempo.
Com o seu livro já na sua oitava edição [em
inglês], Behe tem a sua agenda cheia de compromissos de palestras. Numa recente
viagem à Universidade do Sul da Flórida, em Tampa, ele falou a biólogos,
estudantes e a catedráticos que enfrentaram fortes chuvas de um iminente
furacão, somente para ouvi-lo.
Na sua palestra, Behe passou em revista a teoria da
evolução moderna e então projetou na tela a sua citação favorita de Darwin em
Origem das Espécies [vide p. 161] reconhecendo o tipo de evidência que seria
necessária para refutar a teoria da evolução darwiniana.
Behe aceitou o desafio do teste de Darwin e
perguntou, "Que tipo de sistema biológico não poderia ser formado por
numerosas, sucessivas e pequenas modificações? Bem, para iniciantes, um sistema
que tem uma qualidade que eu chamo de complexidade irredutível."
Encorajando aos leigos na audiência a ficarem
ligados, Behe explicou brevemente o que ele queria dizer com a frase --
"Quando eu digo que algo é irredutivelmente complexo, eu simplesmente
quero dizer que é um sistema composto de diversas partes bem sincronizadas e
interativas que contribuem para a função básica, onde a remoção de qualquer uma
das partes faz com que o sistema efetivamente deixe de funcionar."
Com seu sorriso caracteristicamente largo
aparecendo em sua barba cheia, Behe projetou na tela um diagrama da ratoeira
humilde, sua marca registrada de "complexidade irredutível". Após
destacar as cinco partes necessárias para a funcionalidade de uma ratoeira, ele
acrescentou -- "Você precisa de todas as partes para pegar um rato. Você
não pode pegar alguns ratos com uma plataforma e, a seguir, adicionar a mola e
pegar alguns mais, e depois adicionar o martelo e incrementar a função. Todas
as partes devem estar lá para que haja qualquer [tipo de] funcionalidade. A
ratoeira é [um tipo de] complexidade irredutível."
Behe foi, subitamente, como um guia turístico,
guiando seus ouvintes num passeio de parque temático através da célula e
salientando sistemas que exibem este tipo de complexidade de ratoeira
misteriosa. Usando fotos e diagramas, ele passeou pela reação da corrente
química que dá origem à visão e detalhou a elegante mas complexa estrutura do
cílio e seus muitos tipos de célula com que são equipados. As tirinhas cômicas
[de jornais] Far Side e Calvin e Hobbes pontuaram a palestra, e até a
estrambólica maquineta de Rube Goldberg -- "O Coçador de Picada de
Mosquito" -- foi mostrada como analogia ao sistema complicado pelo qual a
coagulação sangüínea acontece.
"A célula não é mais uma misteriosa caixa
preta como foi para Darwin", continuou Behe, "nós agora sabemos
precisamente como ela funciona a nível molecular. E a célula está abarrotada de
sistemas como estes que são irredutivelmente complexos."
Finalmente ele mostrou uma tirinha cômica do New
Yorker com um professor sendo confrontado no seu escritório pelo chefe do
departamento e por um pistoleiro que estava colocando um silenciador em seu
revólver. A legenda lia: "Certamente, professor, o Sr. sabia quando aceitou
esta posição, é publicar ou perecer!"
Seus ouvintes gostaram do humor, mas o clima na
platéia ficou sério quando Behe concluiu:
"Ao pesquisar a literatura profissional das
últimas décadas, procurando por artigos que foram publicados tentando até mesmo
explicar a origem darwiniana gradual, passo a passo de qualquer destes
sistemas, você só encontrará um estrondoso silêncio. Absolutamente nenhum --
nenhum cientista publicou qualquer proposição ou explicação detalhada da
possível evolução de qualquer sistema bioquímico complexo. Quando a ciência não
publica, deve perecer."
Em suma, Behe disse que a teoria da evolução
moderna, aplicando-se o próprio teste de Darwin, é reprovada espetacularmente a
nível molecular. Antes, em qualquer parte que olharmos dentro da célula, a
evidência está olhando fixamente nos olhos dos cientistas sugerindo que os
sistemas foram diretamente planejados por um agente inteligente.
Michael Behe é pai de seis filhos, três meninos e
três meninas com idades a partir de dois até onze, com um sétimo a caminho.
Nenhum muro de separação fica entre o ser pai e o escrever sobre bioquímica.
Ele põe imagens caseiras em muitos de seus capítulos tiradas do lar da família
Behe no endereço à 2258 Apple Street. Por exemplo, o trabalho alegre de montar
o triciclo de seu filho no dia de Natal ilustra a importância das instruções
detalhadas em sistemas vivos...
Montando as peças [de brinquedos] de conectar e os
Tinkertoys com seus filhos sobre o tapete da sala da casa da família dá um
quadro de como as moléculas são constituídas. O carrinho de boneca de sua filha
mais nova é convocado a ajudar explicar como os anticorpos se unem aos
invasores do corpo. Behe, o mestre, catedrático, dificilmente pode destacar
algo sem trazer algo familiar e concreto, tais como, latas de sardinhas, um
elefante, bolo de chocolate e até mesmo [o vídeogame] "roadkill".
Celeste, a esposa de Behe, também tem uma carreira
de ensino; ela ensina em casa a quatro dos filhos da família Behe. Quando
Michael Behe chega em casa vindo do laboratório de biologia, ele gosta de jogar
Frisbee com seus filhos e ler para eles. Na verdade, a casa dos Behe é como uma
biblioteca -- livros infantis estão esparramados pela casa e empilhados em 16
prateleiras num quarto separado especialmente para a leitura. Desde que os Behe
há sete anos decidiram que não teriam um aparelho de televisão em seu lar, os
filhos dos Behe têm encontrado tempo para a leitura de bons livros, aprendendo
karatê, piano e cantando no coral da igreja.
Os esforços de Michael Behe em criar seus filhos é
equilibrado pela sua nova tarefa de ser "pai" em seu próprio campo
científico. Alguém poderia descrever o livro A Caixa Preta de Darwin como um
"livro de nascimento"; é proposta de Behe dar à luz a uma nova
perspectiva em biologia que pare de ignorar a presença evidente de
"design/planejamento". Ele não está sozinho nesta empreitada. Behe
tem trabalhado rigorosamente com uma equipe interdisciplinar de colegas
cientistas espalhados por faculdades e universidades de Seattle [estado de
Washington] a Princeton, Nova Jersey.
O líder reconhecido do movimento
"design/planejamento inteligente" é Phillip Johnson, um professor de
Direito na Universidade da Califórnia em Berkeley, cujo livro Darwin on Trial
[revisto em 1993] tem provocado interação vigorosa com os mais prestigiados
evolucionistas do mundo, incluindo Stephen Jay Gould da Universidade de Harvard
e Niles Eldredge do Museu Americano de História Natural.
De acordo com Johnson, o livro de Behe inaugurou
uma nova fase da crítica ao darwinismo. Behe não somente devasta o caso a favor
do darwinismo a nível molecular, mas ele também está comandando o caminho na
elaboração de um novo referencial sobre as origens.
O objetivo do movimento do design/planejamento é
liberar a ciência de seus grilhões da filosofia naturalista a fim de que os
cientistas que pesquisam a origem das maravilhas da natureza tenham a liberdade
de considerar todas as [outras] explicações possíveis - incluindo o
design/planejamento por um agente inteligente.
Uma conferência internacional foi realizada em
novembro de 1996 na Universidade Biola em Los Angeles [CT, Jan. 6, 1997, p.
64], que reuniu 180 professores de faculdades e outros pesquisadores a
considerarem a proposta revolucionária para novos princípios científicos e
matemáticos que possam ajudar a determinar como algo surgiu na natureza.
A idéia básica é perguntar, "Quais das três
possíveis explicações condiz melhor em explicar um dado fenômeno X? Pode X ser
explicado por ações do tipo das leis naturais, ou poderia X ser o resultado de
eventos randômicos, ou, falhando estas possibilidades, seria X o resultado da
ação de um agente inteligente?" Este tríplice teste [denominado de
"Filtro Explanador"] tornou-se o enfoque central da conferência
quando Behe e seus colegas revisaram nova evidência indicando
design/planejamento. Alguns observadores dizem que o movimento do
design/planejamento pode estar embarcando na primeira etapa de um processo
transicional em ciência que os filósofos chamam de "mudança paradigmática".
No seu livro Behe argumenta que já chegou o tempo
de a ciência biológica enfrentar as implicações lógicas do que vem sendo
encontrado em bioquímica e se curvar para uma importante tarefa: identificar
quais máquinas na célula trazem claramente as marcas de design/planejamento
inteligente e quais as que poderiam ter se desenvolvido de sistemas anteriores.
O senso de oportunidade para tal reviravolta
revolucionária parece estar certa, conforme sugerido pelo furor provocado pela
edição de junho de 1996 da revista Commentary. O artigo principal daquela
edição foi "The Deniable Darwin - O Darwin que pode ser negado", uma
sofisticada estocada no darwinismo pelo filósofo e lógico treinado em
Princeton, David Berlinski. Sob o título aparecia um subtítulo provocante,
"O registro fóssil está incompleto, o raciocínio está defeituoso, a teoria
da evolução está apta a sobreviver?"
Commentary publicou na sua edição de setembro uma
surpreendente seção de 33 páginas dedicada à onda de reações ao artigo de
Berlinski. Cartas furiosas chegaram às torrentes de exponenciais darwinistas do
mundo, mas outros especialistas louvaram ao autor pela sua rigorosa análise e
aos editores pela coragem intelectual de publicarem o artigo. O autor utilizou
13 páginas para responder, ponto a ponto, a cada carta.
Berlinski, autor do livro recentemente premiado, A
Tour of the Calculus, afirma que o ceticismo em relação à ortodoxia darwiniana
já explodiu além do gueto evangélico protestante e que há revolução no ar. Ele
destaca a obra de Behe como um momento decisivo neste processo: "A Caixa
Preta de Darwin é simplesmente uma obra que será considerada como um dos mais
importantes livros já escrito sobre a teoria darwiniana. Ninguém no campo
evolucionista pode se propor a defender Darwin sem lidar com os desafios que
Behe fez em seu livro - é realmente bem convincente."
Em vez de ignorarem Behe, como muitos tentaram
fazer com Phillip Johnson, tanto a mídia como o establishment científico estão
prestando bem atenção ao bravo bioquímico em Lehigh.
O tratamento dispensado a Behe no New York Times,
"o jornal de registro", é um sinal desta mudança cultural. O primeiro
interesse significante veio em 4 de agosto de 1996, quando o A Caixa Preta foi
honrado com uma resenha no New York Times Book Review. O evolucionista James
Shreeve apreciou o jeito de Behe em explicar as maravilhas naturais. No fim,
Shreeve não concordou com a proposta de design/planejamento inteligente de
Behe, dizendo que não deveríamos nos antecipar e dizer "Deus fez
isto", mas que deveríamos deixar alguns mistérios para nossos netos
trabalharem. Contudo, a resenha exprimiu claramente a tese de Behe:
"Ele argumenta que a origem dos processos
intracelulares subjacentes à base da vida não podem ser explicados pela seleção
natural ou por qualquer outro mecanismo baseado somente pelo acaso. Quando
examinado com as modernas ferramentas da biologia moderna, mas sem seus
preconceitos modernos, a vida a nível bioquímico pode ser um produto...somente
de design/planejamento inteligente. Vindo de um cientista praticante...esta
proposição está perto de heresia."
Muito mais digno de menção foi a publicação do
artigo de Behe "Darwin ao microscópio" nas páginas de
opinião/editorial do New York Times [29 de outubro de 1996]. Os passos que
levaram a isto começou no meio de setembro quando o editor do Times surpreendeu
a Behe perguntando-lhe se ele consideraria submeter um artigo explicando as
teses principais de seu livro.
Em resposta, Behe imediatamente escreveu um artigo
opinião/editorial, que ficou um mês sobre a mesa do editor. Então, em 25 de
outubro, manchetes de primeira página ao redor do mundo noticiaram a enigmática
declaração do Papa João Paulo II [extremamente incompreendida] sobre a evolução
ser "mais do que uma hipótese" baseada em "recente conhecimento"
que os cientistas deveriam ser livres para investigar, tendo em mente que a
alma é uma criação direta de Deus.
Vez que Behe é um cientista católico lecionando no
departamento de biologia de uma importante universidade, tanto o Times e Behe
se sentiram atados. Dentro de um dia seu artigo teve que ser escrito de novo
para lidar com a declaração do papa.
Neste artigo, Behe explicou que a declaração papal
não era nenhuma novidade para ele. Como católico, Behe fora ensinado que a
evolução poderia ser considerada como um método de criação de Deus.
O que forçou Behe a mudar sua opinião sobre a
verdade do darwinismo e a propor o design/planejamento inteligente não fora a
religião, mas descobertas científicas em sua própria área. O papa falara de
"diversas teorias da evolução", Behe salientou, explicando que a
única teoria da evolução válida que ele enxergava emergindo da evidência
biológica se apercebia dos inconfundíveis sinais de "design/planejamento
inteligente" [encontrados].
Inevitavelmente, muitos cientistas acusaram Behe de
"criacionismo levemente disfarçado". Esta estratégia é empregada pelo
biólogo da Universidade de Chicago, Jerry Coyne, cuja resenha sobre [o livro
de] Behe fora publicada em setembro no jornal especializado inglês Nature.
Embora Coyne admita, "não há dúvida que os caminhos descritos por Behe são
extremamente complexos e sua evolução será difícil de desemaranhar" ele
afirma que Behe não ofereceu nenhuma solução: "A alternativa 'científica'
de Behe à evolução [é] um confuso e não testável punhado de idéias
contraditórias."
Duas vezes na resenha a retórica de Coyne associa
Behe aos "criacionistas científicos" de San Diego a quem os
profissionais evolucionistas tendem a desconsiderar. Coyne descreve a obra de
Behe como uma "nova e mais sofisticada" versão do criacionismo
literal de Gênesis.
Na verdade, Behe explicou claramente suas
diferenças com os criacionistas da [idade da] terra jovem. Por exemplo, ele
está disposto a aceitar "como uma hipótese de trabalho" o conceito de
Darwin de ancestral comum. Ele até declarou: "Eu não sou um
criacionista", definindo a palavra de modo mui restrito incluindo a crença
numa criação recente em seis dias [de 24 horas] derivada de uma leitura literal
de Gênesis.
Behe crê ser Deus o Designer/Planejador Inteligente
que suas descobertas bioquímicas estão apontando, mas realça que a ciência
talvez não tenha habilidade em descobrir a identidade do designer assim como os
astrônomos não podem determinar, a partir de seus cálculos, quem/o que causou,
do nada, a origem do universo em expansão. Behe considera a ciência e a
religião como duas linhas de investigação que se conectam ou se sobrepõem na
área das origens, mas nenhuma dessas realizações humanas pode querer usurpar a
função da outra.
Assim, a religião pode criar o espaço conceitual
necessário para a mudança do pensamento de Behe, mas ele relaciona suas dúvidas
sobre [a teoria de] Darwin a uma série de choques intelectuais ou a "rudes
sobressaltos científicos" que recebeu enquanto trabalhava na arena das origens
biológicas na última década. Seu pensamento passou por inesperadas mudanças
através de contatos com colegas bioquímicos, cujo ceticismo contagiante sobre
[a teoria de] Darwin o incentivou a desenvolver suas próprias investigações e,
por sua vez, levou à sua emergência de figura exponente no movimento do
design/planejamento.
Michael Behe, um dos oito filhos de uma família de
classe média, foi criado em Harrisburg, Pennsylvania. Seu pai, aproveitando o
benefício da Lei do Serviço Militar [GI Bill], foi o primeiro de sua família a
chegar à faculdade e se tornou gerente de uma filial da Household Finance
Corporation.
Mesmo desde criança, disse Michael Behe, ele era um
"entusiasta pela ciência". Destacou-se como aluno do ensino médio,
formando-se em quinto lugar numa turma de 200 [alunos] e eleito presidente da
turma do último ano. Relembrando suas aulas de ciência na escola católica de
ensino médio, ele disse, "Fui ensinado que Deus fez as leis do universo e
que algumas dessas leis levaram a processos evolutivos. Assim, Deus não é menos
criador só porque usa as leis que Ele [mesmo] pôs em movimento."
Para Behe, a evolução nunca fora um ponto de
contenda até que chegou à Universidade Drexel na Filadélfia no começo dos anos
70. Ele vividamente se relembra de uma estranha conversa que teve com um colega
estudante que usava a evolução como "ferramenta para lutar [contra] a
religião". Behe discutiu vigorosamente com este cético do campus
[universitário] a favor da posição teísta da evolução; mas quando a poeira da
batalha se assentou nenhum havia convertido o outro. Em 1974, Behe se formou em
Drexel, bacharel em química e uma educação dos usos do darwinismo como
propaganda nas mãos de ateus.
Para seus estudos de doutorado, Behe se mudou para
a Universidade da Pennsylvania no outro lado da cidade. Lá ficou por quatro
anos e após concluir seu doutorado [Ph. D.] em Bioquímica, conseguiu ser
indicado para o Instituto Nacional de Saúde em Bethesda, Maryland.
Uma de suas colegas no laboratório de Genética no
Instituto Nacional de Saúde era uma bioquímica católica, Jo Ann Nichols.
Raramente o trabalho deles lidava com a evolução, mas Behe se lembra um dia em
que o assunto surgiu, como assunto de especulação mútua entre eles durante um
intervalo.
A pergunta foi esta: "Se a primeira vida
surgiu por processos naturais randômicos de uma sopa química, como todos os
livros-textos estão dizendo, o que exatamente, são os sistemas mínimos exigidos
para [que haja] vida?" Juntos marcaram uma lista das exigências mínimas:
uma membrana funcional, um sistema para construir as unidades de DNA, um
sistema para controlar a cópia do DNA, um sistema de processamento de energia.
Subitamente, eles encerraram a especulação deles, se entreolharam, sorriram e
juntamente murmuraram: "De jeito nenhum -- são sistemas demais; não
poderia ter acontecido por acaso."
Em 1982 Behe foi contratado pela Faculdade Queens
na cidade de Nova York para lecionar bioquímica. Ele relembra os três anos em
Queens como um tempo bem agradável em sua vida, primeiramente pelo que
aconteceu fora do laboratório e da sala de aula. Enquanto morava em Queens
conheceu Celeste, sua esposa, uma brilhante e atraente jovem de cabelos negros
lisos que fora criada numa família católica italiana. Após três meses de
namoro, Michael propôs o noivado e eles se casaram no verão seguinte.
Três anos depois, não querendo criar sua família
num ambiente urbano, ele passou a procurar por outro lugar. Quando uma vaga
surgiu na [universidade] Lehigh, uma hora a norte da Filadélfia em Bethlehem,
ele se candidatou e foi instalado na faculdade em 1985, recebendo estabilidade
acadêmica dois anos depois.
Foi logo após a estabilidade acadêmica ter sido
concedida que experimentou o primeiro importante choque intelectual quando
encomendou o livro controverso do geneticista agnóstico Michael Denton:
Evolution: A Theory in Crisis [Nota do tradutor: publicado em 1986, continua
inédito em português.]
Quando Behe abriu o livro, ele foi atraído pela
critica científica radical de Denton que, embora concordando ser a "micro-evolução"
fato estabelecido inegável, desafia a reivindicação realmente significante do
darwinismo - que já explicou a "macro-evolução".
Denton, que pesquisa agora genética humana na
Universidade Otago na Nova Zelândia e não é criacionista, define a
macro-evolução como sendo a emergência total de novos órgãos ou organismos
através de processos unicamente naturais que operam em pequenos aumentos.
Havendo avaliado a evidência da macro-evolução e encontrando-a em falta, Denton
conclui: "A teoria da evolução não é mais nem menos do que o grande mito
cosmogênico do século XX."
Lendo o livro de Denton foi uma "chamada para
o despertar científico" para Behe. O efeito intelectual, disse ele, foi
aproximadamente análogo a um tratamento de eletrochoque convencendo-o que o
poder criativo da seleção natural era, na maior parte, blefe -- uma inferência
em grande parte indevida que não era bem apoiada pela evidência disponível.
Logo ele estava repensando tudo que havia sido ensinado sobre a evolução,
especialmente em sua própria especialidade de sistemas bioquímicos.
Em 1989, o deão da Faculdade das Artes e Ciências
de Lehigh enviou um memorando solicitando aos professores que desenvolvessem
propostas de seminários para novos alunos explorando tópicos interessantes nas
fronteiras do conhecimento que ajudassem aos estudantes o desenvolver de
habilidades de pensamento crítico. Behe viu nisto uma oportunidade de ouro e
submeteu um esboço de curso chamado de "Argumentos Populares sobre a
Evolução". Seu curso utilizou três principais textos: além da crítica de
Denton, ele exigiu que os alunos lessem o [livro] clássico de Thomas Kuhn, A
Estrutura das Revoluções Científicas [São Paulo: Editora Perspectiva, 1994], e
o [então] recente bestseller The Blindwatchmaker, uma defesa do darwinismo pelo
biólogo de Oxford Richard Dawkins. [Nota do tradutor: Há uma edição em
português de Portugal: O relojoeiro cego, Edições 70, Rua Luciano Cordeiro,
123-2 Esq., 1050 Lisboa - Portugal, 1988].
A proposta de Behe foi aceita e ele vem ministrando
o curso quase todos os anos desde 1989.
Durante o curso, ele coloca, lado a lado, as
evidências e os argumentos a favor e contra a teoria da evolução convencional.
Seu objetivo é ensinar de modo que os alunos não fiquem necessariamente sabendo
sua posição pessoal sobre a macro-evolução.
Todavia, ele se acha gratificado pelas respostas de
seus alunos na sua pesquisa sobre a evidência. "Acho gratificante",
disse Behe, "quantos alunos vêm a mim no final do curso a cada ano e
dizem, 'Professor, obrigado pelo curso; antes, eu não fazia idéia que houvesse
qualquer caso científico contra o darwinismo."
Naquele mesmo tempo, na Universidade da Califórnia
em Berkeley, Phillip Johnson estava 'polindo' a sua crítica do darwinismo.
Originalmente apresentado numa palestra coloquial aos seus colegas docentes,
Darwin on Trial finalmente foi lançado como livro em 1991 [Nota do tradutor:
Inédito em português. Editoras contatadas no Brasil não mostraram interesse
neste livro importante. Filtro ideológico???]. Os quatro anos de estudo de
Johnson sobre a base científica da evolução também foi desencadeado pela
leitura de Denton. Agora seu livro fora além de Denton, não somente revendo o
estado frágil da evidência científica da macro-evolução mas também localizando
com precisão os papéis importantes que as suposições filosóficas atuam na
apresentação e defesa do darwinismo.
Em julho de 1991, Mike Behe abriu uma cópia do
jornal Science da Associação Americana para o Avanço da Ciência. Na sua coluna
de notícias "Briefings" [Pequenas Notas], a edição noticiou o [livro]
Darwin on Trial do jeito que os meteorologistas advertem sobre furacões. Na
verdade, a seção de notícias considerou Johnson um advogado que não sabe de
nada e que não entendeu "como a ciência funciona" e avisou aos seus
leitores que o livro dele colocava em perigo o bom pensamento científico.
Eugenie Scott, diretora do Centro Nacional para
Educação em Ciência [National Center for Science Education] entidade
anti-criacionista, ficou aflita quanto a influência potencial de Johnson:
"Eu espero que os cientistas saibam disto. Eles realmente precisam saber
[que o livro] está lá e está confundindo o público."
Behe havia começado a ler Darwin on Trial e ficou
furioso com o que ele chama de atitude "profundamente
anti-intelectual" em relação à obra de Johnson. Behe enviou uma resposta
crítica inteligente para a revista Science que a publicou na edição subseqüente.
Sua carta tornou-se um pequeno clássico na literatura de cépticos do darwinismo
e imediatamente trouxe Behe para a atenção do movimento de design/planejamento
[inteligente].
No final de 1991, a Fundação para o Pensamento e
Ética [Foundation for Thought and Ethics], organização de pensadores, organizou
em março de 1992 um simpósio sobre o livro de Johnson. A idéia foi convidar
cinco darwinistas e cinco proponentes do design/planejamento inteligente para
debaterem a tese central do Darwin on Trial -- isto é, que o darwinismo é
baseado, fundamentalmente, em preconceito filosófico e não em inferência
científica. Behe aceitou o convite da fundação para juntar-se ao lado do [grupo
do] design/planejamento inteligente, mesmo assim ele admite que entrou no salão
de conferência na Universidade Metodista Sulista [Southern Methodist
University] em Dallas com "alguma trepidação". Disse Behe, "Eu
simplesmente não sabia o que esperar, nem tão-pouco os darwinistas. Nada disso
havia sido tentado antes a nível acadêmico superior."
Logo em seguida os receios de Behe e dos demais se
desfizeram e três dias depois todos os 11 participantes deixaram Dallas dizendo
que o simpósio fora um dos melhores que já participaram em suas carreiras
acadêmicas. "Não houve conversões em nenhum dos lados" relembrou
Behe, "mas um espírito genuíno de camaradagem e aceitação mútua cresceu
entre nós. Foi um [dos eventos] importantes de minha vida."
Os anais, publicados sob o título Darwinism:
Science or Philosophy? foram elogiados no renomado jornal Quarterly Review of
Biology como importante marco científico. O volume contém um debate entre
Phillip Johnson e o filósofo de ciência, darwinista, Michael Ruse, além dos dez
trabalhos apresentados na conferência. Cada trabalho é seguido de uma réplica
publicada por um dos participantes do outro lado da questão.
Muitos observadores descreveram o trabalho de Behe,
sobre a natureza isolada das famílias de proteínas como uma "bomba
científica". Usando análise estatística e bioquímica, Behe propôs que a
estrutura de informação das proteínas apontam para um designer/planejador
inteligente, assim como as letras de um livro devem ser dispostas na ordem
correta por um autor a fim de produzir um texto coerente. Mas o que muitos se
lembram como o ponto de destaque de Behe fora a sua cintilante resposta a um
imponente trabalho darwinista lidando com o sistema imunológico. As
contribuições de Behe, educadas, mas de alta octanagem científica, foram pontos
importantes do simpósio.
Um ano mais tarde o grupo de especialistas de Johnson-Behe
se reuniu em Pajero Dunes na costa da Califórnia. Lá, Behe apresentou pela
primeira vez as idéias seminais que ele havia desenvolvido na sua mente por um
ano - a idéia da maquinaria molecular de "complexidade irredutível".
Assim que Behe havia assinado um contrato com a
Free Press, passou a escrever o texto do livro no seu computador. Behe se
deparou com uma grande surpresa durante as etapas finais de sua pesquisa assim
que começou a pesquisar os livros-textos de biologia de faculdade e as publicações
técnicas: previamente, ele não tinha idéia alguma de quantas explicações
darwinianas para os sistemas complexos surgiriam na literatura. Suspeitava que
tais explanações propostas seriam raras, mas o que ele encontrou foi mais do
que eloqüente: uma total e sistemática ausência de quaisquer tentativas.
Seu entusiasmo crescia mês a mês assim que sua
pesquisa confirmava o silêncio universal sobre o tópico.
No fim de julho de 1996, Mike Behe sentado em seu
escritório, ligou seu computador e passou uma vista em seus e-mails. Havia sido
um mês estimulante: seu livro finalmente estava sendo impresso. Estava
entusiasmado por sua coletiva com a imprensa em Washington, D.C., na frente de
diversos intelectuais e pessoas da mídia. Enquanto passava férias com a família
na costa de Maryland, ele recebera um pacote da Free Press contendo uma cópia
de seu primogênito literário. Então, alguns dias mais tarde, surgiu um
comentário que uma resenha [sobre seu livro] apareceria no New York Times Book
Review. Aquela notícia trouxe entusiasmo misturado a temor: queria comemorar,
mas perguntou a si mesmo se deveria se preparar para um ataque [dos críticos].
Passando rapidamente por sua lista de e-mails, Behe
detectou uma mensagem de Phillip Johnson. Ao abrir a mensagem e correr [os
olhos] nela, sorriu pelo linguajar encorajador [de Johnson]: "Não se
preocupe, Mike. Ainda que o Times 'bata' em você na resenha deles, vai
acontecer um terremoto cultural [nos Estados Unidos] no dia 4 de agosto quando
eles a publicarem."
Alguns dias mais tarde, Behe recebeu uma cópia da
resenha e digitou um comunicado via e-mail que surgiu nas telas de computadores
de diversos colegas no movimento do design/planejamento [inteligente]:
"Boas notícias -- acabei de receber a resenha do New York Times. Nada mal.
Nada mal mesmo. Numa escala de um a dez [dez sendo louvor extasiante, um sendo
uma 'surra'], é um oito." Behe podia sentir os tremores distantes.
Ao dar palestras, a primeira das perguntas feita a
Behe é -- "O que os darwinistas dizem de seu livro?" Ele destaca três
ou quatro reações que se repetem. Algumas simplesmente o rotulam de
'criacionista' e desconsideram seus argumentos sem a devida atenção; mas esta
não é a reação típica. Quase todos os críticos admitem que Behe tem os fatos
[científicos] corretos.
O bioquímico James Shapiro disse que A Caixa Preta
de Darwin havia, na verdade, atenuado a complexidade dos sistemas da célula,
enquanto que James Shreeve admitia que "Behe pode estar certo que, dado ao
nosso estado atual de conhecimento, a boa e velha evolução gradualista
darwiniana não pode explicar a origem do ...transporte celular."
Todavia, Shreeve e os demais dizem que o
catedrático de Lehigh desistiu muito cedo [em buscar respostas naturalistas].
Muitos acrescentam que a ciência simplesmente não pode acolher tais noções não
científicas como a do "design/planejamento inteligente". Behe
considera esta objeção como uma tentativa transparente, baseada em preconceitos
filosóficos, de estabelecer limites em ciência.
Alguns críticos têm buscado refúgio nas novas
idéias matematicamente fundamentadas de Stuart Kaufmann, um catedrático na
Universidade da Pennsylvania que utiliza modelos computacionais para simular o
que ele chama de "ordenação espontânea da vida". Behe critica as
idéias de Kaufmann no seu livro [A Caixa Preta de Darwin] destacando que um
artigo recente na [revista] Scientific American descrevia a obra de Kaufmann
"ciência sem fatos". Behe enfatiza que os modelos de Kaufmann nunca
se referiam a dados químicos ou biológicos reais e que não produziu nenhum
experimento em laboratório. Assim, ele conclui, as idéias de Kaufmann não
oferecem nenhuma esperança como uma rota de escape para os darwinianos.
Depois que as reações de biólogos profissionais ao
A Caixa Preta de Darwin começaram a surgir em grande quantidade, Phillip
Johnson destacou: "Até agora toda a crítica ao livro de Behe não desafia a
verdade do que ele diz. Apenas reflete quão infeliz os darwinistas se sentem ao
perceber a evidência científica e a filosofia materialista deles indo em
direções opostas."
Esta infelicidade foi evidente numa palestra
recente na Universidade do Sul da Flórida. O catedrático que leciona o curso de
evolução para bacharelandos [daquela] universidade objetou: "Você está
desistindo muito cedo. A bioquímica está na sua infância. Estes sistemas foram
descobertos há apenas 20 ou 30 anos atrás. Dentro dos próximos anos, nós
poderemos começar a entender como estes sistemas evoluíram.
"Behe respondeu: "Realmente, muitos
destes sistemas já haviam sido entendidos completamente há 40 anos atrás ou
mais e nenhuma explicação foi publicada oferecendo um cenário plausível pelo
qual eles possam ter evoluído. Qualquer ciência que afirma ter explicado algo,
quando na verdade eles não publicaram nenhum explicação a respeito, deve ser
chamada prestar contas."
Michael Behe realmente deseja ser nada mais do que
um contador biológico, iniciando uma longa e devida auditoria dos livros
darwinianos. O mundo está esperando pelos resultados.