Este apócrifo trata de uma conversa entre os
apóstolos e o Senhor Jesus ressurreto sete dias antes de sua ascensão (3:3).
Maria, mãe de Jesus, também estava presente.
O livro começa dizendo que Bartolomeu teve uma
visão onde Jesus desapareceu da cruz por um determinado momento. É sobre este
assunto que ele aborda Jesus perguntando onde Ele foi naquele entre-tempo.
Jesus então responde que foi até o Inferno resgatar
Adão e os Patriarcas. Isto parece trazer um pouco de luz em cima do que I Pe 3
trata:
18 Pois também Cristo sofreu pelos pecados uma vez por todas,
o justo pelos injustos, para conduzir-nos a Deus. Ele foi morto no corpo e, mas
vivificado pelo Espírito,
19 no qual também foi e pregou aos espíritos em prisão
20 que há muito tempo desobedeceram, quando Deus esperava
pacientemente nos dias de Noé, enquanto a arca era construída. Nela apenas
algumas pessoas, a saber, oito, foram salvas por meio da água,
Outros apócrifos trarão esta versão disso. Por
exemplo o Ev. de Nicodemos (Descida de Cristo ao Inferno).
Algo interessante neste livro, é que Jesus é
chamado de forma claríssima de Deus. Isto se torna um problema para o cético
que gosta de usar os Evangelhos perdidos como uma espécie de ameaça a
ortodoxia. E neste caso, O Evangelho de Batolomeu é o terceiro apócrifo citado
por mim que apóia o que Nicéia oficializou: Jesus é Deus! O livro está cheio de
afirmações da divindade de Jesus (1:5, 11, 12, 14, 18, 29; 4:9).
Diz também que o nome de Satanás é Belial. Os apóstolos
pediram a Jesus que o mostrasse a eles. E quando Belial foi trazido, 6.064
anjos o trouxeram acorrentado. O tamanho dele era de 1600 côvados e tinha a
aparência de um Dragão. Diz também que antes tinha um título de Satanael
(Mensageiro de Deus), e foi mudado para Satanás (Guardião do Tártaro).
Diz que Belial foi o primeiro anjo criado, depois
Miguel, Gabriel, Rafael, Uriel, Natanel, e mais seis mil anjos. Antes dele,
porém foram criados mais dois anjos diante do Trono. Diz que depois destes
foram criados mais centenas de miríades de anjos que sub-existem nos Sete Céus.
Fala também das potestades que exercem atividade sobre os homens.
Outras curiosidades do livro:
01. 6 mil anos depois de sua ascensão é o tempo que
Enoque voltará a terra. (1:16)
02. Elias descerá no fim do mundo. (1:16)
03. Jesus prende o diabo e leva os patriarcas com
Ele. (1:19)
Em fim, especulando que se trate de um
"episódio verídico", o livro não contém um único ensino que
contradiga necessariamente a ortodoxia. Pelo contrário, se trata de mais um
documento que vem apoiar ainda mais as doutrinas ortodoxas da igreja. Entre
elas, a Divindade de Jesus.
É óbvio, porém, que ele nos traz questões novas
onde os livros canônicos não falam de maneira clara. Uma delas é o texto de I
Pedro onde Jesus foi e pregou aos espíritos em prisão. Não estou com isto
dizendo que se trate de um fato, como já disse, "especulando que se trate
de um episódio verídico". Mas, não encontrei neste livro nada que ameace a
ortodoxia da Igreja.
Pipe
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