quarta-feira, 31 de dezembro de 2014
terça-feira, 30 de dezembro de 2014
segunda-feira, 29 de dezembro de 2014
domingo, 28 de dezembro de 2014
sábado, 27 de dezembro de 2014
Jesus: A Sabedoria de Deus
Por: James Patrick Holding
AVISO IMPORTANTE:
De acordo com o autor do artigo: Apesar de os
apócrifos não serem inspirados, eles fazem parte do contexto informacional do
Novo Testamento, e podem, algumas vezes, ser úteis no entendimento dele, assim
como outros trabalhos, como os de Josefo, historiador Judeu.
Note que, quando se faz alusão a algo que também
está presente em um apócrifo, isso não significa que Jesus ou os outros autores
do Novo Testamento estão citando os apócrifos como sendo escrituras inspiradas.
A fim de apoiar a visão Cristã tradicional da
relação de Jesus com o Pai, devemos entender o contexto para certas afirmações
sobre a natureza e identidade de Jesus no Novo Testamento. Nosso argumento
geral pode ser delineado da seguinte forma:
Jesus, como a Palavra e Sabedoria de Deus, foi e é
um atributo eterno do Deus Pai.
Da mesma forma que as nossas palavras e pensamentos
vêm até nós e não podem ser separadas de nós, Jesus não pode ser completamente
separado do Pai.
Mas há mais a explicar, em relação à distinção
entre subordinação funcional e igualdade ontológica.
Falamos de Cristo como a “Palavra” de Deus, A
“fala” de Deus em forma viva. No pensamento dos antigos Hebreus e do Antigo
Oriente Médio – AOM, as palavras não eram meros sons ou letras em uma página;
as palavras eram entidades que “tinham uma existência independente e que, na
verdade, faziam coisas”.
Por todo o Velho Testamento e na literatura
intertestamental Judaica da Sabedoria, enfatiza-se o poder da palavra falada
por Deus (Salmos 33:6 e 107:20; Isaías 55:11; Jeremias 23:29; 2 Esdras 6:38;
Sabedoria 9:1.
“O Judaísmo entendia a Palavra de Deus, depois de
pronunciada, como quase tendo poderes e substância autônomos; Como sendo, na
verdade, ‘uma realidade concreta, uma causa real”. [Richard N. Longenecker, The
Christology of Early Jewish Christianity. p. 145.].
Porém uma palavra não precisava ser pronunciada ou
escrita para ser viva. Uma palavra era definida como “uma unidade articulada de
pensamento, capaz de expressão inteligível” [C.H. Dodd, Interpretation of the
Fourth Gospel. p. 263]
(Portanto, não se pode argumentar que Cristo passou
a existir como a Palavra somente “após” ser “pronunciado” por Deus.
Alguns dos apologistas da Igreja do Século II
seguiram uma linha de pensamento semelhante, supondo que Cristo, a Palavra,
seria um potencial não realizado dentro da mente do Pai antes da Criação). Isto
está de acordo com a identidade de Cristo como a Palavra viva de Deus, e aponta
para sua subordinação funcional (assim como as nossas palavras e discursos são
subordinados a nós) e sua igualdade ontológica com o Pai (assim como as nossas
palavras representam nossa autoridade e nossa natureza essencial).
Uma subordinação em papéis é aceitável dentro dos
parâmetros Bíblicos e dos credos, mas uma subordinação em posição ou essência
(o aspecto “ontológico”) é uma visão herética chamada subordinacionismo.
Contexto: O contexto da Cristologia da Sabedoria é
encontrado no conceito de hipóstase. E o que é hipóstase? De um modo geral, é
uma quase-personificação dos atributos apropriados de uma divindade, ocupando
uma posição intermediária entre as personalidades e os seres abstratos. Aqui
estão alguns exemplos do AOM:
• Hu e Sia, na Tradição Egípcia, a palavra criativa
e o entendimento de Re-Atum.
• Ma’at, também egípcio, uma personificação da
ordem correta na natureza e na sociedade, uma criação de Re.
• Mesaru e Kettu, ou Retidão e Justiça, hipóstases
Acadianas concebidas como qualidades do deus-sol, ou como presentes concedidos
por ele, ou algumas vezes como seres pessoais ou divindades independentes.
• A palavra divina, que procede através da natureza
do fôlego e do vento, na literatura suméria e acadiana.
Sabedoria em Provérbios 8, em Siraque
[Eclesiástico] e Sabedoria de Salomão, e no Logos de Philo: Todos se encaixam
como uma luva nesses exemplos. Vejamos algumas citações, começando com
Provérbios 8:
Provérbios 8:22-31 – O Senhor Deus me criou antes de tudo, antes das suas obras mais
antigas. Eu fui formada há muito tempo, no começo, antes do princípio do mundo.
Nasci antes dos oceanos quando ainda não havia fontes de água. Nasci antes das
montanhas, antes de os morros serem colocados nos seus lugares, antes de Deus
ter feito a terra e os seus campos ou mesmo o primeiro punhado de terra. Eu
estava lá quando ele colocou o céu no seu lugar e estendeu o horizonte sobre o
oceano. Estava lá quando ele pôs as nuvens no céu e abriu as fontes do mar, e
quando ordenou às águas que não subissem além do que ele havia permitido. Eu
estava lá quando ele colocou os alicerces da Terra. Estava ao seu lado como
arquiteto e era a sua fonte diária de alegria, sempre feliz na sua presença –
feliz com o mundo e contente com a raça humana.
Esta é uma das várias passagens do Velho Testamento
(ver Salmos 58:10, 107:42 e Jó 11:14) nas quais as qualidades abstratas são
personificadas seguindo uma tradição de personificação do AOM [Dered Kidner,
The Wisdom of Proverbs, Job and Ecclesiastes. p. 44.]. Aqui e em outras partes
do livro de Provérbios, a Sabedoria “faz reivindicações para si, que em outros
locais são feitas apenas por Deus, ou para Deus”. O verbo usado pela Sabedoria
para chamar atenção para as suas mensagens é o mesmo usado pelos profetas para
chamar as pessoas a se arrependerem e retornarem para Deus [R.N. Whybray,
Proverbs. p. 44.].
O discurso feito pela Sabedoria neste capítulo é
“uma auto-recomendação prolongada na qual (a Sabedoria) ostenta seu poder,
autoridade e os dons que ela é capaz de conceder”, seguindo um gênero literário
do AOM no qual uma divindade se vangloria.
“Pretende-se que a Sabedoria seja entendida como um
atributo ou servo celestial de Jeová, o Deus único, para quem ele delegou
certos poderes em relação às suas relações com a humanidade”.
Finalmente, para completar o quadro, Provérbios 2:6
nos diz: É o Senhor quem dá sabedoria; a sabedoria e o entendimento vêm dele.
Deus é a fonte da Sabedoria; A Sabedoria é uma das características e atributos
de Deus.
Bruce Vawter argumenta que Provérbios 8 descreve a
sabedoria como uma divindade separada que Jeová “adquiriu” [Proverbs 8:22:
Wisdom and Creation, Journal of Biblical Literature 99/2 (1980): 205-216.].
Eu respondo como Hurtado “que essa linguagem de
personificação [utilizada no Judaísmo de forma geral] não necessariamente
reflete uma visão destes atributos divinos como entidades independentes juntas
de Deus”.
Estas personificações “devem ser entendidas dentro
do contexto da preocupação Judaica sobre a unicidade de Deus, a idéia religiosa
mais dominante do Judaísmo antigo”.
Sendo assim, ele considera alegações como as de
Vawter, de que a Sabedoria aqui é descrita como uma “divindade independente”,
como algo “simplesmente sem comprovação e que traz para essas passagens,
significados nunca pretendidos pelos escritores” [Larry W. Hurtado, One God,
One Lord: Early Christian Devotion and Ancient Jewish Monotheism. pp. 46-47].
Agora examinaremos algumas especulações Judaicas
que estão de acordo com o status quase pessoal da “Sabedoria de Deus”. Então
seremos capazes de ver uma continuidade entre a literatura intertestamental e o
Novo Testamento que define a natureza da relação entre Deus Pai e Jesus Cristo.
Dunn propõe de forma sucinta: “Aquilo que o Judaísmo pré-Cristianismo dizia da
Sabedoria e Philo dizia sobre o Logos, Paulo e os outros diziam de Jesus. O
papel que Provérbios, Siraque, etc. atribuem à Sabedoria, esses primeiros
Cristãos atribuíam a Jesus” [James D. G. Dunn, Christology in the Making. p.
167.].
Essa concepção da Sabedoria se compara à uma
explicação menos comum e geral do Judaísmo sobre como um Deus transcendente
poderia fazer parte de uma Criação temporal. O Targum Aramaico resolveu este
problema ao equacionar Deus com sua Palavra: Assim, no Targum, em Êxodo 19:17,
ao invés de dizer que as pessoas saíram para se encontrar com Deus, o texto diz
que as pessoas saíram para se encontrar com a Palavra de Deus, ou Memra. Esse
termo tornou-se uma perífrase para Deus; mas se poderia ter sido como uma
pessoa separada, como no Trinitarianismo Cristão, é questão de debate. O risco
envolvido em se fazer da Sabedoria/Palavra uma divindade independente era
grande demais para os rabinos especularem mais, mas os Cristãos encontraram na
tradição da Sabedoria uma concepção categórica ideal para posicionar a pessoa
de Jesus.
N. T. Wright observa [em Who was Jesus? (pp 48-49)]
que o monoteísmo Judeu “nunca foi, na literatura do período Judaico crucial,
uma análise da essência interna de Deus, um tipo de relato numérico sobre como
Deus seria por dentro, por assim dizer”. Ao invés disso, foi “sempre afirmações
polêmicas direcionadas para as nações pagãs”.
Os rabinos do tempo de Jesus não tinham
dificuldades em separar os aspectos da personalidade de Deus – Sua Sabedoria,
sua Lei (Torá), sua presença (Shekinah) e sua palavra (Memra), por exemplo.
Essa divisão tinha o propósito filosófico de “contornar o problema de como
falar apropriadamente sobre o único Deus verdadeiro, que está acima do mundo
criado mas também ativo dentro dele”.
De forma similar, Brad Young escreve:
Dentro do Judaísmo, a “hipostatização” da Sabedoria
ou da Tora não parecia minar o monoteísmo, visto que, no fim das contas ela era
apenas um tipo de perífrase utilizada para driblar a implicação de um contato
direto entre o Deus transcendente e a criação.
Esse conceito, Young continua, não desafiava a
“máxima originalidade e soberania” de Deus de forma alguma. Daí a idéia do
Cristianismo identificar uma pessoa real de tal forma que não criasse um
problema para o monoteísmo. E o conceito de trindade não era inteiramente
estranho para o Judaísmo. O’Neill [J. C. O'Neill, Who Did Jesus Think He Was?
p. 94] relata as palavras de Philo, historiador Judeu contemporâneo de Jesus,
expondo sobre os três homens que vieram visitar Abraão em Gênesis 18:2, os
quais presumia-se que eram figuras divinas:
...o do meio é o Pai do Universo, que nas
Escrituras Sagradas é chamado pelo seu nome apropriado, Eu sou quem sou; e os
seres ao lado são os poderes mais antigos que estão sempre próximos ao Deus
vivo, um é chamado poder criativo, e o outro, seu poder de rei.
Ninguém questionaria que Philo era um monoteísta
Judeu; contudo, aqui temos uma exposição perfeitamente compatível com a Trindade:
O Pai, o Poder Criador (o Filho, ou a Palavra), e o Poder de Rei (o Espírito
Santo). De forma similar, lemos no apócrifo Baruque 4:22:
Do Eterno
espero a vossa libertação, espero que do Santo me venha a alegria, pela
misericórdia que breve vos será concedida pelo Eterno, vosso Salvador.
Agora veremos passagens lidando diretamente com a
Sabedoria.
Siraque 1:1-4 – Toda
a sabedoria vem do Senhor Deus, ela sempre esteve com ele. Ela existe antes de
todos os séculos. Quem pode contar os grãos de areia do mar, as gotas de chuva,
os dias do tempo? Quem pode medir a altura do céu, a extensão da terra, a
profundidade do abismo? Quem pode penetrar a sabedoria divina, anterior a tudo?
A sabedoria foi criada antes de todas as coisas, a inteligência prudente existe
antes dos séculos! [Nota do tradutor: Caso você também discorde da opinião
do autor, não se preocupe, os apócrifos, como já ressaltado, não são
inspirados, inerrantes e canônicos.]
O livro de Siraque foi escrito por Jesus filho de
Siraque cerca de 100 a.C. Ele descreve a Sabedoria como tendo sido “criada
antes de todas as coisas”, como sendo “proveniente do eterno” e como comparável
aos “dias da eternidade”. Nisto estamos em harmonia com a visão Trinitária de
Jesus, como criado ou gerado pelo Pai de forma eterna, quer dizer, que encontra
sua fonte no Pai e não possui existência separado dele, e também tendo existido
eternamente assim como Deus. Siraque escreve também:
Siraque 24:1-5 – A sabedoria faz o seu próprio
elogio, honra-se em Deus, gloria-se no meio do seu povo. Ela abre a boca na
assembléia do Altíssimo, gloria-se diante dos exércitos do Senhor, é exaltada
no meio do seu povo, e admirada na assembléia santa. Entre a multidão dos
eleitos, recebe louvores, e bênçãos entre os abençoados de Deus. Ela diz: Saí
da boca do Altíssimo; nasci antes de toda criatura.
Este é outro discurso de auto-glorificação, do tipo
encontrado em Provérbios, só que desta vez, o discurso acontece em uma corte
celestial – um local onde somente Deus ofereceria auto-glorificação. Sabedoria
diz de si: “Eu vim da boca do altíssimo” (a “Palavra” de Deus) e “meu trono era
no pilar da nuvem” – uma alusão ao sinal da presença divina no Velho Testamento.
Sabedoria também diz que “rodeava o arco do Céu e andava nas profundezas do
abismo ... governava as ondas do mar e sobre toda a terra, e sobre todas as
pessoas e nações”. No livro de Jó (12, 28), essas coisas são o que Deus
pergunta se Jó pode fazer, com a implicação de que somente Deus pode fazê-las.
Finalmente, Siraque diz (42:18-21): Ele [Deus]
sonda o abismo e o coração humano, e penetra os seus pensamentos mais sutis,
pois o Senhor conhece tudo o que se pode saber. Ele vê os sinais dos tempos futuros,
anuncia o passado e o porvir, descobre os vestígios das coisas ocultas. Nenhum
pensamento lhe escapa, nenhum fato se esconde a seus olhos. Ele enalteceu as
maravilhas de sua sabedoria, ele é antes de todos os séculos e será
eternamente.
A Sabedoria é um atributo de Deus e é co-eterna com
Ele – de outra forma, a Sabedoria é uma coisa “adicionada” a Ele, ou alguém o
“instruiu”. Bauckham faz uma observação sobre uma passagem mais recente: “2
Enoque 33:4, ecoando Deutero-Isaías (40:13) diz que Deus não tinha um
conselheiro em seu trabalho criativo, mas que sua Sabedoria era a sua
conselheira. O significado claro é que Deus não tinha ninguém para
aconselhá-lo. Sua Sabedoria, que é intrínseca à sua identidade, e não alguma
outra pessoa, o aconselhou” [Richard Bauckham, God Crucified: Monotheism and
Christology in the New Testament , p. 21].
Sabedoria de Salomão: Neste trabalho
intertestamental escrito como sendo a personalidade de Salomão, a Sabedoria é
descrita como o artífice de todas as coisas (7:21-23), como um sopro do poder
de Deus, uma irradiação límpida da glória do Todo-poderoso (7:25), e como a
“imagem” (eikon – sobre o siginificado deste termo, veja o Capítulo 1 do meu
livro The Mormon Defenders) da bondade de Deus (7:26), capaz de fazer e renovar
todas as coisas. “Sabedoria” também foi antevista como compartilhando o trono
de Deus, tendo estado presente com Deus desde a eternidade, e imaginada como
procedendo de Deus. A Sabedoria e a Palavra de Deus são igualadas em Sabedoria
9:1-4 – Deus de nossos pais, e Senhor de misericórdia, que todas as coisas
criastes pela vossa palavra, e que, por vossa sabedoria, formastes o homem para
ser o senhor de todas as vossas criaturas, governar o mundo na santidade e na
justiça, e proferir seu julgamento na retidão de sua alma, dai-me a Sabedoria
que partilha do vosso trono, e não me rejeiteis como indigno de ser um de
vossos filhos. A Sabedoria também é vista como sendo capaz de realizar
milagres, como a abertura do Mar Vermelho (10:18-19).
Philo. O filósofo Judeu foi um contemporâneo de
Jesus e autor de vários trabalhos históricos e filosóficos. Philo chama a
Sabedoria (a qual ele também se refere como Logos) de “imagem (eikon) de Deus”,
ele se refere à Sabedoria de Deus como aquilo através do qual o Universo veio a
existir; e descreve a Sabedoria como “o filho primogênito” de Deus; nunca
gerado a partir de outra coisa, como Deus, ou gerado como os homens; como a Luz
e como “a sombra de Deus”. Ele considerava o Logos como um dos vários atributos
de Deus, aos quais ele se referia de forma coletiva como “poderes”, sendo o
Logos o poder principal na hierarquia.
Tendo concluído nossa breve pesquisa sobre a
literatura intertestamental Judaica, é necessário fazer algumas observações
antes de procedermos para as evidências do Novo Testamento. Como mostraremos, o
que os escritores acima falavam da Sabedoria, os autores do Novo Testamento
também diziam sobre Cristo. Mas nós não estamos argumentando acerca de uma
dependência direta de Philo ou qualquer outro escritor por parte de Paulo ou
João. Ao invés disso, estamos estabelecendo que havia no Judaísmo certas idéias
sobre a Sabedoria, com as quais os escritores do Novo Testamento trabalharam, e
que, como Hurtado indica, “o Judaísmo antigo fornecia aos primeiros Cristãos
uma categoria conceitual crucial” (44, 46) que era aplicada ao Jesus exaltado e
ressurreto. Agora iremos mostrar que Jesus se identificava com a Sabedoria, e,
portanto, com suas qualidades, incluindo a co-eternidade, subordinação
funcional e igualdade ontológica com Deus.
Mateus 8:20, Lucas 9:58 – As raposas têm suas
covas, e os pássaros, os seus ninhos. Mas o Filho do Homem não tem onde
descansar.
Witherington nota que a imagem deste ditado “havia
sido utilizada antes, com a Sabedoria não tendo lugar para habitar até que Deus
lhe determinasse um (cf. Siraque 24:6-7 e 1 Enoque 42:2), com Enoque falando da
rejeição da Sabedoria (‘mas ela não encontrou lugar para habitar’)”.
Witherington também nota o paralelo em Siraque
36:28 – Quem confia naquele que não tem morada, e naquele que passa a noite
onde quer que a noite o surpreenda? Ou que vagueia de cidade em cidade como um
ladrão sempre prestes a fugir? O uso dessas alusões “sugere que Jesus antevê e
articula sua experiência levando em consideração as tradições sobre a
Sabedoria...” (Jesus Quest. p. 188).
Mateus 11:16-19, Lucas 7:31-32 – Mas com quem posso
comparar as pessoas de hoje? São como crianças sentadas na praça. Um grupo
grita para o outro: "Nós tocamos músicas de casamento, mas vocês não
dançaram! Cantamos músicas de enterro, mas vocês não choraram!" João
Batista jejua e não bebe vinho, e todos dizem: "Ele está dominado por um
demônio." O Filho do Homem come e bebe, e todos dizem: "Vejam! Este
homem é comilão e beberrão! É amigo dos cobradores de impostos e de outras
pessoas de má fama." Porém é pelos seus resultados que a sabedoria de Deus
mostra que é verdadeira.
Provérbios 1:24-28 – Eu chamei e convidei, mas
vocês não me ouviram e não me deram atenção. Vocês rejeitaram todos os meus
conselhos e não quiseram que eu os corrigisse. Assim, quando estiverem em
dificuldades, eu rirei; e, quando o terror chegar, eu caçoarei de vocês.
Zombarei de vocês quando o terror vier como uma tempestade, trazendo fortes
ventos de dificuldades. Eu rirei quando estiverem passando por sofrimentos e
aflições. Então vocês me chamarão, mas eu, a Sabedoria, não responderei. Vão
procurar por toda parte, porém não me encontrarão.
Estes trechos fornecem algumas pistas importantes
quando se tem os dados sociais em mãos, e adicionam o fator das refeições
comunais de Jesus com a “gentalha”. Witherington nota passagens como Provérbios
9:1-6, “que fala de um banquete organizado pela própria Sabedoria, onde ela
convida hóspedes muito incomuns à mesa” a fim de ajudá-los a adquirir
sabedoria. Witherington, portanto, argumenta que Jesus ceou com pecadores e
cobradores de impostos porque estava “representando o papel de Sabedoria”
(187-188).
Mateus 11:29-30 – Sejam meus seguidores e aprendam
comigo porque sou bondoso e tenho um coração humilde; e vocês encontrarão
descanso. Os deveres que eu exijo de vocês são fáceis, e a carga que eu ponho
sobre vocês é leve.
Siraque 6:19-31 – Vai ao encontro dela, como aquele
que lavra e semeia, espera pacientemente seus excelentes frutos, terás alguma
pena em cultivá-la, mas, em breve, comerás os seus frutos. Quanto a sabedoria é
amarga para os ignorantes! O insensato não permanecerá junto a ela. Ela lhes
será como uma pesada pedra de provação, eles não tardarão a desfazer-se dela.
Pois a sabedoria que instrui justifica o seu nome, não se manifesta a muitos;
mas, naqueles que a conhecem, persevera, até (tê-los levado) à presença de
Deus. Escuta, meu filho, recebe um sábio conselho, não rejeites minha
advertência. Mete os teus pés nos seus grilhões, e teu pescoço em suas
correntes. Abaixa teu ombro para carregá-la, não sejas impaciente em suportar
seus liames. Vem a ela com todo o teu coração. Guarda seus caminhos com todas
as tuas forças. Segue-lhe os passos e ela se dará a conhecer; quando a tiveres
abraçado, não a deixes. Pois acharás finalmente nela o teu repouso. E ela
transformar-se-á para ti em um motivo de alegria. Seus grilhões ser-te-ão uma
proteção, um firme apoio; suas correntes te serão um adorno glorioso; pois nela
há uma beleza que dá vida, e seus liames são ligaduras que curam.
Siraque 51:34 – Dobrai a cabeça sob o jugo, receba
vossa alma a instrução, porque perto se pode encontrá-la.
Jesus está claramente fazendo alusões às passagens
no popular livro de Siraque. Seus ouvintes teriam reconhecido que ele estava
associando a si mesmo com a Sabedoria.
Mateus 12:42; Lucas 11:31 – No Dia do Juízo a
Rainha de Sabá vai se levantar e acusar vocês, pois ela veio de muito longe
para ouvir os sábios ensinamentos de Salomão. E eu afirmo que o que está aqui é
mais importante do que Salomão.
Apontando a associação de Salomão com a literatura
da Sabedoria, Witherington escreve (186, 192):
Se é verdade que Jesus reivindicou que algo maior
que Salomão estava presente em seu ministério, devemos nos perguntar o que
poderia ser ... Certamente a resposta mais direta seria que a Sabedoria veio em
pessoa.
Mateus 23:34 – Pois eu lhes mandarei profetas,
homens sábios e mestres. Vocês vão matar alguns, crucificar outros, chicotear
ainda outros nas sinagogas e persegui-los de cidade em cidade.
Lucas 11:49 – Por isso a Sabedoria de Deus disse:
"Mandarei para eles profetas e mensageiros, e eles matarão alguns e
perseguirão outros."
Na versão de Mateus, Jesus diz “eu lhes mandarei
profetas”, mas Lucas especificamente identifica Jesus com a Sabedoria.
O Evangelho de João identifica Jesus com a
Sabedoria de várias formas. Jesus fala em longos discursos característicos da
Sabedoria (Provérbios 8; Siraque 24; Sabedoria de Salomão 1-11). A ênfase de
João nos “sinais” espelha a de Sabedoria de Salomão, e João utiliza a mesma
palavra Grega para eles (semeion). Finalmente, o vasto uso do termo “Pai” (115
vezes) se compara com a ênfase nesse título na recente literatura da Sabedoria.
João 1:1-3 – Antes de ser criado o mundo, aquele
que é a Palavra já existia. Ele estava com Deus e era Deus. Desde o princípio,
a Palavra estava com Deus. Por meio da Palavra, Deus fez todas as coisas, e
nada do que existe foi feito sem ela.
O prólogo do Evangelho de João identifica Jesus de
forma precisa com a Sabedoria, descrevendo o papel Cristológico do Logos (1:3),
seu papel como a base do conhecimento humano (1:9) e como o mediador da
Revelação Especial (1:14) – os três papéis do Logos/Sabedoria pré-existente. Ao
chamar Jesus de Logos, João estava afirmando a eternalidade e a união
ontológica de Jesus com o Pai, ao conectá-lo com a tradição da Sabedoria.
Agora considere estes paralelos com o prólogo de
João e a literatura da Sabedoria:
João 1:1 – Antes de ser criado o mundo, aquele que
é a Palavra já existia. Ele estava com Deus e era Deus.
Sabedoria de Salomão 9:9 – Mas, ao lado de vós está
a Sabedoria que conhece vossas obras; ela estava presente quando fizestes o
mundo, ela sabe o que vos é agradável, e o que se conforma às vossas ordens.
João 1:4 – A Palavra era a fonte da vida, e essa
vida trouxe a luz para todas as pessoas.
Provérbios 8:35 – Pois quem me encontra encontra a
vida, e o SENHOR Deus ficará contente com ele.
João 1:11 – Aquele que é a Palavra veio para o seu
próprio país, mas o seu povo não o recebeu.
1 Enoque 42:2 – A Sabeoria procurou habitar dentre
as crianças dos homens, e não encontrou lugar.
João 1:14 – A Palavra se tornou um ser humano e
morou entre nós, cheia de amor e de verdade. E nós vimos a revelação da sua
natureza divina, natureza que ele recebeu como Filho único do Pai.
Siraque 24:15 – Assim fui firmada em Sião; repousei
na cidade santa, e em Jerusalém está a sede do meu poder.
João 6:27 – Não trabalhem a fim de conseguir a
comida que se estraga, mas a fim de conseguir a comida que dura para a vida
eterna. O Filho do Homem dará essa comida a vocês porque Deus, o Pai, deu
provas de que ele tem autoridade.
Sabedoria de Salomão 16:26 – Para que os filhos que
vós amais, Senhor, aprendessem que não são os frutos da terra que alimentam o
homem, mas é vossa palavra que conserva em vida aqueles que crêem em vós.
João 14:15 – Jesus continuou: - Se vocês me amam,
obedeçam aos meus mandamentos.
Sabedoria de Salomão 6:18 – Mas amá-la é obedecer
às suas leis, e obedecer às suas leis é a garantia da imortalidade.
No princípio era a Palavra (João 1:1).
A Sabedoria estava no princípio (Provérbios
8:22-23, Siraque 1:4, Sabedoria de Salomão 9:9).
A Palavra estava com Deus (João 1:1).
A Sabedoria estava com Deus (Provérbios 8:30, Siraque
1:1, Sabedoria 9:4).
A Palavra foi a co-criadora (João 1:1-3).
A Sabedoria foi a co-criadora (Provérbios 3:19 e
8:25, Isaías 7:21 e 9:1-2).
A Palavra provê luz (João 1:4-9).
A Sabedoria provê luz (Provérbios 8:22, Sabedoria
7:26 e 8:13, Siraque 4:12).
A Palavra como luz em contraste com as trevas (João
1:5).
A Sabedoria como luz em contraste com as trevas
(Sabedoria 7:29-30).
A Palavra estava no mundo (João 1:10).
A Sabedoria estava no mundo (Sabedoria 8:1, Siraque
24:6).
A Palavra foi rejeitada por seu povo (João 1:11)
A Sabedoria foi rejeitada por seu povo (Siraque
(15:7)
A Palavra foi recebida pelos fiéis (João 1:12).
A Sabedoria foi recebida pelos fiéis (Sabedoria
7:27).
Cristo é o pão da vida (João 6:35).
A Sabedoria é o pão ou substância da vida (Provérbios
9:5, Siraque 15:3, 24:21 e 29:21,
Sabedoria 11:4).
Cristo é a luz do mundo (João 8:12).
A Sabedoria é luz (Sabedoria 7:26-30, 18:3-4).
Cristo é a porta por onde as ovelhas passam e o bom
pastor (João 10:7-14).
A Sabedoria é a porta e o bom pastor (Provérbios
8:34-35, Sabedoria 7:25-27, 8:2-16,
Siraque 24:19-22).
Cristo é vida (João 11:25)
A Sabedoria traz vida (Provérbios 3:16, 8:35, 9:11,
Sabedoria 8:13)
Cristo é o caminho para a verdade (João 14:6)
A Sabedoria é o caminho (Provérbios 3:17, 8:32-34;
Siraque 6:26)
As cartas de Paulo continuam a identificação de
Jesus com a Sabedoria de Deus. 1 Coríntios 1:24-30 é o exemplo mais claro:
Cristo é explicitamente identificado como “o poder de Deus e a Sabedoria de Deus”.
Outros trechos relevantes:
Sabedoria 1:4 – A Sabedoria já existia antes de
todas as coisas...
1 Coríntios 2:7 – …a Sabedoria que Deus predestinou
antes das gerações...
Sabedoria 1:6 – Para quem foi revelada a raiz da
sabedoria?
1 Coríntios 2:10 – Deus revelou essas coisas a
nós...
Sabedoria 1:10 – ...ele deu [sabedoria] àqueles que
o amam.
1 Coríntios 2:9 – ...a qual Deus preparou para
aqueles que o amam.
Sabedoria 1:15 – [A Sabedoria] edificou um
fundamento eterno dentre os homens...
1 Coríntios 3:10 – ...como um arquiteto sábio, Eu
estabeleci uma fundação...
Sabedoria 2:5 – O ouro é testado no fogo...
1 Coríntios 3:12-13 – E se alguém constrói sobre a
fundação com ouro, prata, ou pedras preciosas..., isso será revelado pelo fogo.
Colossenses 1:15-18 – Ele, o primeiro Filho, é a
revelação visível do Deus invisível; ele é superior a todas as coisas criadas.
Pois, por meio dele, Deus criou tudo, no céu e na terra, tanto o que se vê como
o que não se vê, inclusive todos os poderes espirituais, as forças, os governos
e as autoridades. Por meio dele e para ele, Deus criou todo o Universo. Antes
de tudo, ele já existia, e, por estarem unidas com ele, todas as coisas são
conservadas em ordem e harmonia. Ele é a cabeça do corpo, que é a Igreja, e é
ele quem dá vida ao corpo. Ele é o primeiro Filho, que foi ressuscitado para
que somente ele tivesse o primeiro lugar em tudo.
Essa passagem é cheia de alusões à literatura da
Sabedoria. Note os seguintes paralelos:
Colossenses 1:15 – ele é a revelação visível do
Deus invisível...
Sabedoria de Salomão 7:26 – [A Sabedoria é] um
espelho perfeito da obra de Deus, e uma imagem da sua bondade.
Colossenses 1:15 – o primeiro Filho.
Philo faz referência à Sabedoria como sendo “o
primeiro Filho” e descendência de Deus.
Colossenses 1:16 – Pois, por meio dele, Deus criou
tudo...
Sabedoria 1:14 – Ele criou tudo para a
existência...
Siraque 1:4 e Philo referem-se à Sabedoria como “a
artesã mestre” da criação.
Colossenses 1:17 – Antes de tudo, ele já existia,
e, por estarem unidas com ele, todas as coisas são conservadas em ordem e
harmonia.
Sabedoria 1:7 – ...aquilo que une todas as coisas.
O livro de Hebreus, embora nunca identifique Jesus
diretamente como Sabedoria, indica uma equivalência. Em Hebreus 1:3, o termo
Grego raro apaygasma é utilizado para descrever Jesus como “brilho da glória de
Deus”, assim como a palavra é utilizada em Sabedoria 7:25-26 para descrever o
resplendor da Sabedoria. Hebreus atribui a Jesus as mesmas funções que a
literatura da Sabedoria Philônica/Alexandrina designavam à Sabedoria: Mediadora
da revelação divina, agente e sustentador da criação, e reconciliador dos
homens perante Deus (Sabedoria de Salomão 7:21-8:1).
Hebreus também fala de Jesus o que Philo diz do
Logos. Philo se referiu à Sabedoria como o “charakter da Palavra eterna”, da
mesma forma que Hebreus utiliza esse termo se referindo a Jesus. Hebreus também
“afirma a superioridade de Jesus sobre um grupo de classes e indivíduos que
serviram às funções de mediadores no pensamento Alexandrino”, incluindo os
anjos, Moisés, Melquisedeque e o sumo sacerdote. Finalmente, em Siraque 24:15,
a Sabedoria, embora universal em escopo, graças a um decreto de Deus, repousa
em Jerusalém e é considerada como tendo o papel sacerdotal: Assim fui firmada
em Sião; repousei na cidade santa, e em Jerusalém está a sede do meu poder.
Compare esta proclamação com a que é encontrada em Hebreus capítulos 3 a 10,
descrevendo Cristo como nosso sumo sacerdote ministrando em um tabernáculo
divino.
Cooperação:
Caetano.
sexta-feira, 26 de dezembro de 2014
Alvin Plantinga: "Evolução versus Naturalismo"
Por que eles são como óleo e água
Tradução: Daniel Brisolara
Como todos sabem, tem havido uma recente enxurrada
de livros atacando a fé cristã e a religião em geral. Alguns desses livros são
um pouco mais do que ladainhas, cheios de insultos, mas curtos em razões,
cheios de afrontas, mas curtos em competência, cheios de justas indignações,
mas curtos em bom senso; na maior parte, eles são dirigidos mais por ódio do
que pela lógica. É claro que existem outros que são intelectualmente mais
respeitáveis – por exemplo, a contribuição de Walter Sinott-Armstrong em
"God? A Debate Between a Christian and an Atheist" [1] [Deus? Um
debate entre um cristão e um ateu] e a contribuição de Michael Tooley em
"Knowledge of God" [2] [Conhecimento de Deus]. Quase todos esses
livros foram escritos por filósofos naturalistas. Eu acredito que é
extremamente importante ver que o naturalismo em si, a despeito do tom
presunçoso e arrogante dos assim chamados Novos Ateus, está numa muito séria
dificuldade filosófica: não se pode sensatamente acreditar nele.
Naturalismo é a idéia de que não há tal pessoa como
Deus ou qualquer coisa como Deus; nós podemos pensar nessa posição como ateísmo
turbinado ou talvez ateísmo plus. É possível ser ateu sem ascender a arrogantes
altitudes (ou descender até as profundezas tenebrosas) do naturalismo.
Aristóteles, os antigos Estóicos, e Hegel (ao menos em alguns estágios)
poderiam apropriadamente ser considerados ateístas, mas eles não poderiam
apropriadamente ser considerados naturalistas: cada um endossa alguma coisa
(Primeiro Motor de Aristóteles, O Nous Estóico, O Absoluto de Hegel) que nenhum
naturalista que se auto-respeite poderia tolerar.
Nos dias de hoje o naturalismo está excessivamente
na moda na academia; alguns dizem que é a ortodoxia acadêmica contemporânea.
Diante da moda de várias formas de anti-realismo e relativismo pós-moderno,
isto pode ser um pouco forte. No entanto, o naturalismo é certamente mais
difundido, e está exposto em alguns recentes livros populares como "O
Relojoeiro Cego" de Richard Dawkins, A Perigosa Idéia de Darwin, de Daniel
Dennett, e em muitos outros. Os naturalistas gostam de se agasalhar (ou de se
envolver) nos mantos da ciência, como se a ciência de alguma maneira apoiasse,
endossasse, subscrevesse, sugerisse, ou fosse de alguma maneira inabitual
amigável ao naturalismo. Particularmente, eles freqüentemente recorrem à
moderna teoria da evolução como uma razão para abraçar o naturalismo; de fato,
o subtítulo do livro de Dawkins, O Relojoeiro Cego é Por que a Evidência da
Evolução Revela um Universo sem Design. Muitos parecem pensar que a evolução é
um dos pilares do templo do naturalismo (e “templo” é a palavra certa: o
naturalismo contemporâneo tem, sem dúvida, assumido um invólucro religioso, com
um sacerdócio secular fervoroso para reprimir visões opostas como qualquer
mullah). Eu me proponho a argumentar que o naturalismo e a evolução estão em
conflito um com o outro.
Eu disse que o naturalismo está numa dificuldade
filosófica; isto é verdade em diversos aspectos, mas aqui eu quero me
concentrar sobre apenas um – aquele conectado com a idéia de que a evolução
apóia ou endossa ou é de algum modo evidência para o naturalismo. Do modo como
eu vejo, isto é um erro colossal: evolução e naturalismo não são apenas
companheiros constrangidos; eles são mais como combatentes beligerantes. Não se
pode racionalmente aceitar ambos: evolução e naturalismo; não se pode ser um
naturalista evolucionista. O problema, como muitos pensadores (C.S. Lewis, por
exemplo) têm visto, é que o naturalismo, ou o naturalismo evolucionista, parece
conduzir a um ceticismo fundo e penetrante.
Ele leva à conclusão de que nossa cognição ou
faculdades produtoras de crenças – memória, percepção, insight lógico, etc. –
são duvidosas e não se pode confiar nelas para produzir uma preponderância de
crenças verdadeiras sobre crenças falsas. O próprio Darwin teve preocupações
com esses assuntos: “Comigo”, diz Darwin, “a dúvida horrível sempre surge se as
convicções da mente do homem, as quais têm sido desenvolvidas da mente de
animais inferiores, são de qualquer valor ou dignas de confiança. Poderia
qualquer um confiar nas convicções da mente de um macaco, se houvesse qualquer
convicção em tal mente?” [3].
Claramente, esta dúvida surge para os naturalistas
ou ateus, mas não para aqueles que acreditam em Deus. Isto porque se Deus nos
criou à sua imagem, então mesmo que ele tenha nos moldado por meios
evolucionários, ele presumivelmente queria que nós parecêssemos com ele na
capacidade de conhecer; mas então a maior parte do que nós acreditamos pode ser
verdade mesmo que nossas mentes tenham se desenvolvido a partir daquelas dos
animais inferiores. Por outro lado, há um problema real aqui para o naturalista
evolucionista. Richard Dawkins certa vez declarou que a evolução tornou
possível ser um ateu intelectualmente realizado. Eu creio que ele está
fatalmente enganado: eu não creio que é possível de alguma maneira ser um ateu
intelectualmente realizado; mas de qualquer modo você não pode racionalmente
aceitar ambos, evolução e naturalismo.
Por que não? Como segue o argumento? [4] A primeira
coisa a se ver é que os naturalistas são também sempre ou quase sempre
materialistas: eles pensam que os seres humanos são objetos materiais, com
nenhuma alma imaterial ou espiritual, ou um eu (self). Nós somos apenas nossos
corpos, ou talvez algumas partes dos nossos corpos, tais como o nosso sistema
nervoso, ou cérebros, ou talvez parte de nossos cérebros (o hemisfério direito
ou esquerdo, por exemplo) ou talvez alguma parte ainda menor.
Então vamos pensar no naturalismo como incluindo o
materialismo [5]. E agora vamos pensar sobre crenças de uma perspectiva
materialista. De acordo com os materialistas, crenças, juntamente com o resto
da vida mental, são causadas ou determinadas pela neurofisiologia, pelo que
acontece no cérebro e no sistema nervoso. A neurofisiologia, além disso, também
causa o comportamento. De acordo com a história habitual, sinais elétricos
seguem via nervos aferentes dos órgãos sensoriais até o cérebro; lá alguns
processos continuam; então impulsos elétricos vão via nervos eferentes do
cérebro para outros órgãos incluindo músculos; em resposta a estes sinais,
certos músculos se contraem, assim causando movimento e comportamento.
Agora, o que a evolução nos diz (supondo que nos
diz a verdade) é que nosso comportamento (talvez mais exatamente o
comportamento de nossos ancestrais) é adaptativo; desde que os membros de nossa
espécie têm sobrevivido e se reproduzido, o comportamento de nossos ancestrais
foi conduzido, no seu meio, à sobrevivência e à reprodução. Portanto, a
neurofisiologia que causou este comportamento era também adaptativa; nós
podemos sensatamente inferir que permanece adaptativa. O que a evolução nos
diz, portanto, é que nosso tipo de neurofisiologia promove ou causa
comportamento adaptativo, o tipo de comportamento que resulta em sobrevivência
e reprodução.
Agora, esta mesma neurofisiologia, de acordo com o
materialista, também causa crenças. Mas enquanto a evolução, a seleção natural
premia o comportamento adaptativo (premia-o com sobrevivência e reprodução) e
penaliza comportamentos mal-adaptativos, ele não se importa nem um pouco a
respeito da crença verdadeira.
Como Francis Crick, o co-descobridor do código
genético, escreve no livro The Astonishing Hypothesis [A Hipótese
Deslumbrante], “Nossos cérebros altamente desenvolvidos, conseqüentemente, não
evoluíram sob a pressão da verdadeira descoberta científica, mas apenas nos
possibilitam a ser sagazes o bastante para sobreviver e deixar descendentes”.
Retomando este tema, a filósofa naturalista Patrícia Churchland declara que a
coisa mais importante sobre o cérebro humano é que ele evoluiu; portanto, ela
diz que a sua principal função é possibilitar ao organismo mover-se apropriadamente:
Resumindo o essencial, o sistema nervoso
possibilita o organismo ter êxito nos quatro aspectos: alimentação, fuga, luta
e reprodução. O cerne principal do sistema nervoso é colocar as partes do corpo
onde elas deveriam estar a fim de que o organismo possa sobreviver… .
Melhoramentos no controle sensório-motor conferem uma vantagem evolucionária:
um estilo imaginativo de representação é vantajoso na medida em que está
engrenado no modo de vida do organismo e aumenta as suas chances de sobrevivência
[ênfase de Churchland]. A verdade, o que quer que seja, definitivamente fica
para trás [6].
O que ela quer dizer é que a seleção natural não se
preocupa acerca da verdade ou da falsidade de suas crenças; preocupa-se apenas
com o comportamento adaptativo. Suas crenças podem todas ser falsas,
ridiculamente falsas; se seu comportamento é adaptativo você sobreviverá e
reproduzirá. Considere um sapo sentado sobre uma vitória régia. Uma mosca o
ignora; o sapo estende sua língua e a captura. Talvez a neurofisiologia que
causa isto dessa maneira, também cause crenças. Até onde a sobrevivência e a
reprodução sejam levadas em conta, isto não importará em absoluto o que essas
crenças são: se a neurofisiologia adaptativa causa uma crença verdadeira (por
exemplo, aquelas coisas pequenas e pretas são boas de comer), ótimo.
Mas se causa uma crença falsa (por exemplo, se eu
capturar a mosca correta, eu me transformarei em um príncipe), isto também está
ótimo. De fato, a neurofisiologia em questão pode causar crenças que não tem
nada a ver com as circunstancias presentes da criatura (como no caso de nossos
sonhos); enquanto a neurofisiologia causar comportamento adaptativo, isto
também está ótimo. Tudo que realmente importa, no que diz respeito à
sobrevivência é à reprodução, é que a neurofisiologia cause o tipo certo de
comportamento; se ela também causa crença verdadeira (em vez de crença falsa) é
irrelevante.
Em seguida, para evitar chauvinismo entre espécies,
não vamos pensar sobre nós mesmos, mas ao invés disso pensemos numa população
hipotética de criaturas muito parecidas conosco, talvez vivendo num planeta
distante. Como nós, essas criaturas desfrutam de percepção, memória, e razão;
elas formam crenças sobre muitos assuntos, eles raciocinam e mudam de crenças,
e assim por diante. Vamos supor, além disso, que a evolução naturalística vale
para eles; isto é, suponha que eles vivam num universo naturalístico e tenham
vindo à existência através dos processos postulados pela teoria evolucionista
contemporânea. O que nós sabemos sobre essas criaturas, então, é que elas têm
sobrevivido; a neurofisiologia delas tem produzido comportamento adaptativo.
Mas e à respeito da verdade das crenças delas? E sobre a confiabilidade de suas
produção de crenças ou faculdade cognitivas?
O que nós aprendemos de Crick e Churchland (e o que
é em todo caso óbvio) é isto: o fato de que nossas criaturas hipotéticas terem
sobrevivido não nos diz nada sobre a verdade de suas crenças ou sobre a
confiabilidade de suas faculdades cognitivas. O que isto nos diz é que a
neurofisiologia que produz essas crenças é adaptativa, assim como é o
comportamento causado por aquela neurofisiologia. Mas simplesmente não importa
se as crenças causadas também por aquela neurofisiologia são verdadeiras ou
não.
Se elas são verdadeiras, excelente; mas se elas são
falsas, isto está bem também, desde que a neurofisiologia produza comportamento
adaptativo.
Então considere qualquer crença particular da uma
parte de uma dessas criaturas: qual é a probabilidade que esta seja verdade?
Bem, o que nós sabemos é que a crença em questão foi produzida pela
neurofisiologia adaptativa, neurofisiologia que produz comportamento
adaptativo. Mas como nós temos visto, isto não nos dá nenhuma razão para pensar
que essa crença seja verdadeira (e nenhuma para pensar que seja falsa). Nós
devemos supor, portanto, que a crença em questão tem tanta probabilidade de ser
falsa quanto de ser verdadeira; a probabilidade de qualquer crença particular
ser verdadeira está perto de 1/2. Mas então é solidamente improvável que as
faculdades cognitivas dessas criaturas produzam preponderantemente crenças
verdadeiras sobre falsas conforme exigido pela confiabilidade. Se eu tenho
1.000 crenças independentes, por exemplo, e a probabilidade de qualquer crença
particular ser verdadeira é 1/2, então a probabilidade de que 3/4 ou mais
dessas crenças são verdadeiras (certamente uma exigência modesta o bastante
para confiabilidade) será pouco menos do que 10(-58). E mesmo se eu estivesse
trabalhando com um modesto sistema epistêmico de apenas 100 crenças, a
probabilidade de que 3/4 delas sejam verdadeiras, dado que a probabilidade de
qualquer um seja verdadeira é de 1/2, é muito baixa, alguma coisa como
0,000001[7]. Então as chances de que as crenças verdadeiras dessas criaturas
substancialmente sobrepujem suas falsas crenças (mesmo numa área particular)
são pequenas. A conclusão retirada é que é extremamente improvável que suas
faculdades cognitivas sejam confiáveis.
Mas é claro que este mesmo argumento poderá também
ser destinado a nós. Se o naturalismo evolucionista é verdadeiro, então a
probabilidade de que nossas faculdades cognitivas sejam confiáveis é também
muito baixa.
E isto significa que alguém que aceite o
naturalismo evolucionista tem um obstáculo para a crença de que as faculdades
cognitivas dela são confiáveis: uma razão para desistir daquela crença, para
rejeitá-la, para não mais sustentá-la. Se não existir um obstáculo para aquele
obstáculo – um obstáculo-obstáculo, poderíamos dizer – ela não poderia
racionalmente acreditar que as faculdades cognitivas dela são confiáveis. Sem
dúvida que ela não poderia deixar de acreditar que elas são; sem dúvida ela de
fato continuaria a acreditar nisso; mas a crença seria irracional. E se ela
possui um obstáculo para a confiabilidade de suas faculdades cognitivas, ela
também tem um obstáculo para qualquer crença que sejam produzidas por estas
faculdades – as quais, é claro, são todas as suas crenças. Se ela não pode
confiar nas suas faculdades cognitivas, ela tem uma razão, à respeito de cada
uma de suas crenças, para desistir delas. Ela está, portanto, enredada num
ceticismo profundo e abismal. Uma de suas crenças, contudo, é a sua crença no
próprio naturalismo evolucionista; de modo que ela também tem um obstáculo para
esta crença. O naturalismo evolucionista, portanto – a crença numa combinação
de naturalismo e evolução – é auto-refutante, auto-destrutivo e atira no seu
próprio pé. Portanto você não pode racionalmente aceita-lo. Por todos estes
argumentos apresentados, ele pode ser verdadeiro; mas é irracional sustentá-lo.
Assim o argumento não é um argumento para a falsidade do naturalismo
evolucionista; ao invés disso, para a conclusão de que não se pode
racionalmente acreditar naquela proposição. A evolução, portanto, longe de
sustentar o naturalismo, é incompatível com ele, nesse sentido que você não
pode racionalmente acreditar em ambos.
Que tipo de aceitação este argumento tem tido? Como
você pode esperar, naturalistas tendem a ser menos do que inteiramente
entusiastas acerca dele, e muitas objeções têm sido trazidas contra ele.
Em minha opinião (a qual é claro algumas pessoas
podem considerar tendenciosa), nenhuma dessas objeções é bem-sucedida[8].
Talvez a objeção mais importante e intuitiva seja como se segue. Retornando à
população hipotética de alguns parágrafos atrás. Considerando, poderia ser que
o comportamento deles fosse adaptativo mesmo que suas crenças fossem falsas;
mas não seria muito mais provável que seus comportamentos fossem adaptativos se
suas crenças fossem verdadeiras? E isto não significa que, desde que seus
comportamentos são de fato adaptativos, suas crenças provavelmente verdadeiras
e suas faculdades cognitivas provavelmente confiáveis?
Isto é na verdade uma objeção natural,
particularmente dado o modo como nós pensamos sobre nossa própria vida mental.
É claro que vocês são melhores candidatos a atingir seus objetivos, e é claro
que vocês são melhores candidatos a sobreviver e a reproduzir se suas crenças
são na sua maioria verdadeiras. Vocês são hominídeos pré-históricos vivendo
sobre as planícies de Serengeti; claramente vocês não durarão muito se vocês
acreditarem que os leões são gatinhos crescidos que gostam nada menos do que
serem acariciados; Assim, se nós supomos que estas criaturas hipotéticas estão
no mesmo tipo de situação cognitiva que nós ordinariamente pensamos que
estamos, então certamente eles teriam muito mais provavelmente sobrevivido se
suas faculdades cognitivas fossem confiáveis do que se elas não fossem.
Mas é claro que nós não podemos supor que eles
estão na mesma situação cognitiva que nós pensamos que estamos. Por exemplo,
nós supomos que nossas faculdades cognitivas são confiáveis. Nós não podemos
sensatamente supor isto acerca dessa população; afinal de contas, o ponto
principal do argumento é mostrar que se o naturalismo evolucionista é
verdadeiro, então muito provavelmente nós e nossas faculdades cognitivas não
são confiáveis. Assim refletindo uma vez mais sobre o que nós sabemos acerca
dessas criaturas.
Eles vivem num mundo no qual o naturalismo
evolucionista é verdadeiro. Portanto, desde que eles tenham sobrevivido e
reproduzido, os seus comportamentos têm sido adaptativos. Isto significa que a
neurofisiologia que causa ou produz este comportamento tem também sido
adaptativa: isto tem possibilitado a eles sobreviver e reproduzir. Mas e quanto
às suas crenças? Estas crenças têm sido produzidas ou causadas pela
neurofisiologia adaptativa; com certeza. Mas isto não nos dá nenhuma razão para
supor estas crenças como verdadeiras. Até onde for a adaptatividade de seus
comportamentos, não importa se tais crenças são verdadeiras ou falsas.
Suponha que a neurofisiologia adaptativa produza
crenças verdadeiras: ótimo; ela também produz comportamento adaptativo, e que
isto é o que importa para sobrevivência e reprodução. Suponha, por outro lado,
que a neurofisiologia produza crenças falsas: novamente ótimo: ela produz
falsas crenças, mas comportamento adaptativo. Realmente não importa que tipo de
crenças a neurofisiologia produz; o que importa é o que causa o comportamento
adaptativo; e isto ela claramente faz, não importa que tipo de crenças ela
também produz. Portanto não há razão para pensar que se o comportamento deles é
adaptativo, então é provável que suas faculdades cognitivas são confiáveis.
A conclusão óbvia, como assim me parece, é que o
naturalismo evolucionista não pode sensatamente ser aceito. Os altos sacerdotes
do naturalismo evolucionista proclamam em altas vozes que o cristianismo e
mesmo a crença teísta está falida e que é ridícula. O fato, entretanto, é que a
mesa virou. É o naturalismo evolucionista, e não a crença cristã, que não pode
ser racionalmente aceito.
Bibliografia:
[1] Resenhado por Douglas Groothuis, em um texto
onde quatro livros que lidam com o ateísmo de uma forma ou de outra são
examinados [http://www.christianitytoday.com/bc/2008/004/12.39.html]. Nota do
tradutor: O livro não possui tradução para o português.
[2] Escrito em co-autoria com Alvin Plantinga na
série Blackwell’s Great Debates in Philosoph (Blackwell, 2008). Nota do
tradutor: O livro não possui tradução para o português.
[3] Carta a William Graham (Down, 3 de Julho,
1881), em The Life and Letters of Charles Darwin, ed. Francis Darwin (London:
John Murray, 1887), Volume 1, pp. 315-16.
[4] Aqui eu vou fornecer apenas a essência do
argumento; para uma descrição mais completa veja o meu Warranted Christian
Belief (Oxford Univ. Press, 2000), cap. 7; ou minha contribuição para Knowledge
of God (Blackwell, 2008); ou Natural Selection and the Problem of Evil (The
Great Debate), editado por Paul
Draper,www.infidels.org/library/modern/paul_draper/evil.html.
[5] Se você não pensa que o naturalismo inclui o
materialismo, então pense no meu argumento como a conclusão de que não se pode
sensatamente aceitar a conjunção tripartite do naturalismo, evolução e
materialismo.
[6] “Epistemology in the Age of Neuroscience,”
Journal of Philosophy, Vol. 84 (October 1987), pp. 548-49.
[7] Agradeço a Paul Zwier, que realizou os
cálculos.
[8] Veja, por exemplo, Naturalism Defeated?, ed.
James Beilby (Cornell Univ. Press, 2002), que contém dez artigos por críticos
do argumento, junto com minhas respostas às suas objeções.
Fonte:
quinta-feira, 25 de dezembro de 2014
Livro: "Um Cientista Lê a Bíblia" de John Polkinghorne
Edições Loyola
Esta é uma obra acessível e bem-fundamentada que
pode despertar a consciência da importância crescente da fé num mundo científico.
Neste livro, John Polkinghorne ousa enfrentar
questões que podem parecer perigosas e chega a respostas profundamente
reconfortantes para o coração e a mente dos que creem que ciência e religião
podem ser discutidas num mesmo contexto. Ao pensamento de que a ciência destruiu
a religião, o autor contrapõe o testemunho de que ciência e religião são
facetas diferentes de uma mesma verdade, cada uma complementando a outra na
busca da sabedoria.
John Polkinghorne, físico de formação, pastor
anglicano, membro da Royal Society, parte da constatação de que se o mundo
físico é cheio de surpresas, seria estranho que Deus não excedesse nossas
expectativas, e convida o leitor ao salto da fé: "Há uma diferença entre
crença científica e crença religiosa. A crença religiosa é muito mais exigente
e mais perigosa. Acredito ardentemente na teoria quântica, mas essa crença não
pode mudar a minha vida. Não posso, porém, acreditar em Deus sem saber que devo
ser obediente à sua vontade. Deus não existe apenas para satisfazer minha curiosidade
intelectual existe para ser amado como meu Criador e Salvador. Atenção! Agora
vou fazer uma advertência, ou melhor, promessa de saúde teológica: Leia a
Bíblia. Ela pode mudar a sua vida".
quarta-feira, 24 de dezembro de 2014
terça-feira, 23 de dezembro de 2014
segunda-feira, 22 de dezembro de 2014
domingo, 21 de dezembro de 2014
sábado, 20 de dezembro de 2014
sexta-feira, 19 de dezembro de 2014
quinta-feira, 18 de dezembro de 2014
quarta-feira, 17 de dezembro de 2014
terça-feira, 16 de dezembro de 2014
segunda-feira, 15 de dezembro de 2014
domingo, 14 de dezembro de 2014
O Fardo de Jesus é leve?
Pergunta de Edian:
Existe um trecho biblico, onde Jesus diz q seu
fardo é leve, seu julgo é suave.
Mas adiante, Ele diz: por causa de meu nome sereis
odiados e perseguidos.
e ai???
Grato pela atenção.
--------------------------------------------------------
Mt 11:
5 Os cegos
vêem, e os coxos andam; os leprosos são limpos, e os surdos ouvem; os mortos
são ressuscitados, e aos pobres é anunciado o evangelho.
21 Ai de ti,
Corazim! ai de ti, Betsaida! porque, se em Tiro e em Sidom fossem feitos os
prodígios que em vós se fizeram, há muito que se teriam arrependido, com saco e
com cinza.
23 E tu,
Cafarnaum, que te ergues até aos céus, serás abatida até aos infernos; porque,
se em Sodoma tivessem sido feitos os prodígios que em ti se operaram, teria ela
permanecido até hoje.
28 Vinde a
mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei.
29 Tomai
sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e
encontrareis descanso para as vossas almas.
30 Porque o
meu jugo é suave e o meu fardo é leve.
O contexto está se referindo aos cegos, coxos,
leprosos, surdos, pobres, etc. Estes podem encontrar em Cristo cura e alívio
para sua dor.
O contexto também se refere ao arrependimento que
os sinais deveriam trazer sobre o povo e muitas vezes não traz. Por isso, eles
terão o devido castigo.
É dentro deste contexto que Jesus fala: Vinde a mim
os cegos, coxos, leprosos, surdos, pobres, oprimidos, e cansados e eu os
aliviarei.
Porém, em nenhum momento Jesus está dizendo:
"Vinde a mim que vocês nunca mais verão a dor e o sofrimento. Ou,
"vinde a mim que vocês nunca mais serão perseguidos".
O fato é que só em Cristo alguém perseguido,
sofrendo a dor, encontra alívio. Nem sempre o alívio implica em cura. Mas
implica em tornar o fardo mais leve, em tornar o jugo mais suave. Porque sem
Cristo, a dor, o sofrimento, e a perseguição, são ainda piores. Em Cristo
vivenciamos as mesmas coisas, porém, nEle encontramos o alívio necessário para
nossas almas. Nem sempre encontramos o fim do problema. Mas, certamente
encontramos forças para enfrentar o problema. NEle o problema toma outra
dimensão.
Pipe
sábado, 13 de dezembro de 2014
Uma vida solitária
"Ele nasceu numa vila obscura, filho de um
camponês. Cresceu em outra vila, onde trabalhou como carpinteiro até os 30
anos. Então, por três anos, foi pregador itinerante. Ele nunca escreveu um
livro. Nunca teve um escritório. Nunca constituiu família nem teve casa. Ele
não foi para a faculdade. Nunca viveu numa cidade grande. Nunca viajou a mais
de 300 quilômetros do lugar onde nasceu. Nunca realizou as coisas que
normalmente acompanham a grandeza. Ele não tinha credenciais, a não ser ele
mesmo. Tinha apenas 33 anos quando a onda da opinião pública voltou-se contra
ele. Seus amigos fugiram. Um deles o negou. Foi entregue aos seus inimigos e
sofreu zombarias durante seu julgamento. Foi pregado numa cruz entre dois
ladrões. Enquanto estava morrendo, por meio de sortes seus executores
disputavam suas roupas, a única coisa material que tivera. Quando morreu, foi
colocado numa sepultura emprestada, por compaixão de um amigo. Vinte séculos se
passaram, e hoje ele é a figura central da raça humana. Sinto-me plenamente
confiante quando digo que todos os exércitos que já marcharam, todos os navios
que já navegaram, todos os parlamentos que já discutiram, todos os reis que já
reinaram, colocados juntos, não influenciaram a vida do homem nesta terra
quanto aquela vida solitária."
JAMES ALLAN FRANCIS
sexta-feira, 12 de dezembro de 2014
Provas brilhantes de uma ação inteligente
“Provas brilhantes de uma ação inteligente
multiplicam-se em torno de nós e, por vezes, dúvidas metafísicas nos afastam
temporariamente destas ideias, elas voltam com uma força irresistível. Elas nos
ensinam que todas as coisas vivas dependem de um Criador e de um Senhor
Eterno”.
WILLIAM THOMPSON, físico inglês
quinta-feira, 11 de dezembro de 2014
Mt 1 está errado quanto ao número de gerações?
Proposta trazido pelo Bruno quanto a Mt 1:
- A Bíblia diz que tem 14 gerações em 3 etapas... sendo que se vc for
contar, a primeira etapa tem 14 e a segunda também, mas a terceira só tem 13.
Contar Jeconias novamente é dizer que ele nasceu novamente, pois são contagem
das "GERAÇÕES".
----------------------------------------------------
Respondendo:
14 Gerações - I Parte:
"1 Livro da geração de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de
Abraão.
2 Abraão gerou a Isaque; e Isaque gerou a Jacó; e Jacó gerou a Judá e a
seus irmãos;
3 E Judá gerou, de Tamar, a Perez e a Zerá; e Perez gerou a Esrom; e
Esrom gerou a Arão;
4 E Arão gerou a Aminadabe; e Aminadabe gerou a Naassom; e Naassom
gerou a Salmom;
5 E Salmom gerou, de Raabe, a Boaz; e Boaz gerou de Rute a Obede; e
Obede gerou a Jessé;
6 E Jessé gerou ao rei Davi;... "
14 Gerações - II Parte:
"... e o rei Davi gerou a Salomão da que foi mulher de Urias.
7 E Salomão gerou a Roboão; e Roboão gerou a Abias; e Abias gerou a
Asa;
8 E Asa gerou a Josafá; e Josafá gerou a Jorão; e Jorão gerou a Uzias;
9 E Uzias gerou a Jotão; e Jotão gerou a Acaz; e Acaz gerou a Ezequias;
10 E Ezequias gerou a Manassés; e Manassés gerou a Amom; e Amom gerou a
Josias;
11 E Josias gerou a Jeconias e a seus irmãos na deportação para
babilônia".
14 Gerações - III Parte
"12 E, depois da deportação para a babilônia, Jeconias gerou a
Salatiel; e Salatiel gerou a Zorobabel;
13 E Zorobabel gerou a Abiúde; e Abiúde gerou a Eliaquim; e Eliaquim
gerou a Azor;
14 E Azor gerou a Sadoque; e Sadoque gerou a Aquim; e Aquim gerou a Eliúde;
15 E Eliúde gerou a Eleázar; e Eleázar gerou a Matã; e Matã gerou a
Jacó;
16 E Jacó gerou a José, marido de Maria, da qual nasceu JESUS, que se
chama o Cristo.
Por tanto:
17 De sorte que todas as gerações,...
I Parte - "... desde Abraão até Davi, são catorze
gerações;..."
II Parte - "... e desde Davi até a deportação para a babilônia,
catorze gerações;..."
III Parte - "... e desde a deportação para a babilônia até Cristo,
catorze gerações".
-----------------------------------------------------------------
Esmiuçando:
14 Gerações - I Parte:
01. Abraão
02. Isaque
03. Jacó
04. Judá
05. Perez
06. Esrom
07. Arão
08. Aminadabe
09. Naassom
10. Salmom
11. Boaz
12. Obede
13. Jessé
14. Davi
Obs: Mateus conta desde Abraão até Davi. O total é de 14 gerações. Por
isso o texto diz ”... desde Abraão até Davi, são catorze gerações...”. Em
seguida, ele conta mais 14 catorze gerações desde (a partir) de Davi: ”... e,
desde Davi até a deportação para a Babilônia, catorze gerações...”.
14 Gerações - II Parte:
Vamos em frente:
01. Davi
02. Salomão
03. Roboão
04. Abias
05. Asa
06. Josafá
07. Jorão
08. Uzias
09. Jotão
10. Acaz
11. Ezequias
12. Manassés
13. Amom
14. Josias
Obs:
1. Josias morre em II Rs 23:29-30a. Ele morre antes de Israel ser
deportado para a a Babilônia.
2. Joacaz, seu filho, substitui Josias em II Rs 23:30b. Porém Joacaz
reina apenas 3 meses e é preso pelo Faraó (II Rs 23:33).
3. Faraó coloca Eliaquim, filho de Josias no lugar de Joacaz em II Rs
23:34. Mudou o nome de Eliaquim para Jeoaquim (II Rs 23:34). Porém, os
babilônicos invadem Israel e este é morto.
4. Joaquim ou Jeconias, o filho de Jeoaquim (Eliaquim) reina em seu
lugar (II Rs 24:6). Este reinou apenas 3 meses e foi levado cativo para a
Babilônia (II Rs 24:12c).
5. O tio de Joaquim, Matanias ou Zedequias, reina em seu lugar (II Rs
24:17). Zedequias é levado preso para a babilônia (II Rs 25:7).
6. Agora o mais importante: Joaquim, o filho de Jeoaquim (ver ponto 4),
neto de Josias, é solto (II Rs 25:27).
7. Mt diz no VS.11: ”e Josias gerou a Jeconias e a seus irmãos no tempo
do exílio na Babilônia”. Acontece que Josias não gerou filhos na Babilônia. Ele
morreu antes disso. Porém, o texto pela NVI diz: ”no tempo”. Portanto, não
significa necessariamente que o texto esteja dizendo que Josias gerou estes na
Babilônia. E sim que Mt estava ligando as gerações até aquele tempo do exílio.
8. Mt diz no VS.12: ”E, depois da deportação para a Babilônia, Jeconias
(ou Joaquim) gerou...”.. Portanto, ele começa sua contagem a partir de Joaquim
que havia sido solto em II Rs 25:27).
14 Gerações - III Parte:
Como Mt diz que a contagem é a partir de Joaquim (Jeconias), filho de
Josias, temos mais 14 gerações:
01. Jeconias / Joaquim
02. Salatiel
03. Zorobabel
04. Abiúde
05. Eliaquim
06. Azor
07. Sadoque
08. Aquim
09. Eliúde
10. Eleazar
11. Matã
12. Jacó
13. José
14. Jesus Cristo.
Conclusão:
Desde Abraão até Davi, são catorze gerações.
Desde Davi até Josias (no tempo da deportação para a babilônia), são
catorze gerações.
E, desde Joaquim ou Jeconias (desde o tempo da deportação para a
babilônia) até Cristo, são catorze gerações.
Por tanto, não há nenhuma contradição.
Pipe
Assinar:
Postagens (Atom)