terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Cosmólogo recebe prêmio defendendo existência de Deus

Um padre e cosmólogo polonês que sustenta a possibilidade de comprovar matematicamente a existência de Deus é o vencedor do mais polpudo prêmio acadêmico do mundo.

O professor Michael Heller, 72, de formação religiosa, com estudos em filosofia e doutorado em cosmologia, receberá em maio, em Londres, o prêmio Templeton, outorgado pela fundação homônima de estudos religiosos sediada em Nova York. O valor da premiação é de 820 mil libras esterlinas (cerca de R$ 2,87 milhões).

Os trabalhos mais recentes de Heller abordam a questão da origem do universo debruçando-se sobre aspectos avançados da teoria geral da relatividade, de mecânica quântica e de geografia não-comutativa.

"Vários processos no universo podem ser caracterizados como uma sucessão de estados, de maneira que o estado anterior é a causa do estado que o sucede", explicou o próprio Heller em um comunicado divulgado por ocasião do anúncio do prêmio.

"Ao questionar (a causalidade primeira) não estamos apenas falando de uma causa como qualquer outra. Estamos nos perguntando sobre a raiz de todas as possíveis causas", disse.
Ele rejeitou a idéia de que religião e ciência são contraditórias. "A ciência nos dá o Conhecimento, e a religião nos dá o Sentido. Ambos são pré-requisitos para uma existência decente".

"Invariavelmente eu me pergunto como pessoas educadas podem ser tão cegas para não ver que a ciência não faz nada além de explorar a criação de Deus."

Críticas
Alguns céticos atacam a Fundação Templeton por sua inclinação a favor de ideologias conservadoras da religião.

Um dos principais críticos à instituição é o biólogo evolucionista Richard Dawkings, que já descreveu o prêmio Templeton como "uma soma de dinheiro muito grande que se concede normalmente a um cientista disposto a falar coisas boas da religião".

Para os jurados, Heller mereceu o prêmio por desenvolver "conceitos precisos e notavelmente originais sobre a origem e as causas do universo, muitas vezes sob intensa repressão governamental".

A biografia do filósofo e cosmólogo polonês diz que ele foi perseguido sob a era soviética, cuja ideologia comunista abertamente atéia ia contra o perfil católico conservador dominante no país.

Heller conhecia o Papa João Paulo 2º, nascido polonês sob o nome de Karol Wojtyla, que personificou a reação da Igreja Católica contra o avanço do comunismo nos países do Leste Europeu.

"Apesar da opressão das autoridades comunistas polonesas a intelectuais e padres, a Igreja, impulsionada pelo Concílio Vaticano 2º, garantiu a Heller uma esfera de proteção que o permitiu alcançar grandes avanços em seus estudos", diz sua biografia.

Heller disse que usará o dinheiro do prêmio Templeton para financiar futuras pesquisas.

Fonte:

domingo, 29 de janeiro de 2012

Apócrifos 29: Livro dos Segredos de Enoque

* O livro descreve os 10 céus;
* Fala de anjos presos aguardando o julgamento;
* Um versículo curioso é esse: "E designei o oitavo dia como sendo o primeiro dia criado após a minha obra, e os sete primeiros como sendo ciclos de sete mil, e no início dos oito mil, estipulei sem incontável, infinito, não medido por anos, meses, semanas, dias, ou horas". (Cap.33)
* Há vários nomes desconhecidos de anjos;
* Outros versículos interessantes:

"Quando o Senhor pede pão, ou velas, ou gado, ou qualquer outro sacrifício, isso não é nada, mas Deus pede corações puros, com isso somente quer testar o coração do homem".

"É bom dirigir-vos de manhã, ao meio-dia e à tarde à morada do Senhor...".

"Assim, amanhã irei para o Céu, à suprema Jerusalém".

* Fala da alma dos animais (Cap.57:6)
* Todas as coisas corruptíveis passarão e haverá vida eterna. (Cap.59:7)
* Enoque é levado aos céus. (Cap.60:1-2)
* Fala que Enoque viveu 365 anos.

livro para download:
http://pt.slideshare.net/segredodaverdade/evangelhos-apcrifos-livro-dos-segredos-de-enoque

sábado, 28 de janeiro de 2012

Apócrifos 28: O Livro de Enoque


Algumas Observações:
* Enoque tinha 65 anos quando gerou Matusalém;
* Enoque tinha 252 anos quando nasceu seu neto Lameque;
* Enoque deveria ter 434 anos quando nasceu seu bis-neto Noé. Porém, como Enoque foi arrebatado aos 365 anos de idade, já havia se passado 69 anos desde que o Senhor o tomou para si.
* Matusalém tinha 187 anos quando gerou Lameque;
* Matusalém tinha 369 anos quando nasceu seu neto Noé;
* Quando o dilúvio veio sobre a Terra, Matusalém tinha 969 anos de idade. Portanto, é possível que tenha morrido no dilúvio;
* Lameque tinha 182 anos quando gerou Noé;
* Quando o dilúvio veio sobre a face da Terra, havia se passado 5 anos que Lameque havia morrido;
* Matusalém viu seu filho Lameque morrer cinco anos antes de sua própria morte.

Resumo do Livro de Enoque:
* Nele há o texto da epístola de Judas 14-15 (Cap.1);
* Fala que a passagem de Gn 6:1-2 foi a relação sexual entre anjos e mulheres, e que disso nasceram gigantes (Cap.6 e 7)
* Fala dos 20 anjos príncipes que se rebelaram contra Deus. Dá os nomes dos 20 (Cap.6);
* Os anjos ensinaram bruxarias, exorcismos e feitiços com ervas e raízes (Cap.7);
* Fala o que cada um desses anjos ensinou a humanidade. Coisas como confecções de espadas, armaduras, escudos, poções de feitiço, astrologia, fases da lua, etc (Cap.8);
* Apóia a crença de que no Sheol havia existência consciente das almas (Cap.9:6);
* Fala do anjo que foi falar com Noé sobre o dilúvio (Cap.10);
* Fala que o anjo Raphael foi o responsável por amarrar Azazel e lançá-los nas trevas (Cap.10:3).
* Fala que no dia do juízo Azazel será lançado no lago de fogo (Cap.10:4); Fala que todos estes 20 príncipes ficarão presos em correntes até o dia do juízo (Cap.10:7, 88:1 e 90:11-12);
* Confirma o relato de Gênesis que Deus não destruirá mais a Terra com dilúvio (Cap.10:13);
* Confirma o arrebatamento de Enoque (Cap.12:1);
* Descreve o Tártaro (Cap.21);
* Descreve o Sheol (Cap.22);
* Do cap.45 até o cap.51 fala do Reino do Messias;
* No Cap.61 fala das classes de seres celestiais: Querubins, Serafins, Orphanis, Anjos da Potestade e Anjos das Dominação;
* Fala da eternidade do Filho no Pai (Cap.62:5);
* Fala do Novo Céu (Cap.62:8-9 e 91:8);
* Mais uma lista de nomes de anjos (Cap.69);
* Jekon é o nome do anjo que convenceu os demais anjos para com as filhas dos homens (cap.69:3);
* Gadreel é o nome do anjo que enganou Eva (Cap.69:4);
* Mais nomes de anjos (Cap.82);
* O nome da esposa de Enoque era Edna (Cap.85:2);
* O julgamento dos homens (Cap.90:13);
* A Nova Jerusalém (Cap.90:14);
* Os santos na glória (Cap.90:15-16);
* A ressurreição dos homens (Cap.92:2);

O Livro de Enoque em PDF:
http://www.aluzdaverdade.com.br/wp-content/uploads/2011/10/O-LIVRO-DE-ENOQUE.pdf

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Apócrifos 26: Epístola à Diogneto

Um pagão culto, desejoso de conhecer melhor a nova religião que se espalhava pelas províncias do império romano, impressionado pela maneira como os cristãos desprezavam o mundo, a morte e os deuses pagãos, pelo amor com que se amavam, queria saber: que Deus era aquele em quem confiavam e que gênero de culto lhe prestavam; de onde vinha aquela raça nova e por que razões aparecera na história tão tarde.

Foi para responder a estas e outras questões de igual importância que nasceu esta jóia da literatura cristã primitiva, o escrito que conhecemos como Epístola a Diogneto.

O texto se revela, simultaneamente, como crítica do paganismo e do judaísmo e defesa da superioridade do cristianismo.

Sobre este documento, infelizmente, não se sabe muita coisa. Elementos importantes que ajudam a determinar e caracterizar uma obra, tais como autor, data e local de composição, bem como o destinatário, ficam na sombra. De qualquer maneira trata-se de um documento de primeira grandeza sobre a vida cristã primitiva que merece ser colocado entre as obras mais brilhantes da literatura cristã. De acordo com os últimos estudos o destinatário mais provável seria o imperador Adriano, que exercia a função de arconte em Atenas desde 112 d.C.

Exódio
Excelentíssimo Diogneto,
1. Vejo que te interessas em aprender a religião dos cristãos e que, muito sábia e cuidadosamente te informaste sobre eles: Qual é esse Deus no qual confiam e como o veneram, para que todos eles desdenhem o mundo, desprezem a morte, e não considerem os deuses que os gregos reconhecem, nem observem a crença dos judeus; que tipo de amor é esse que eles têm uns para com os outros; e, finalmente, por que esta nova estirpe ou gênero de vida apareceu agora e não antes. Aprovo este teu desejo e peço a Deus, o qual preside tanto o nosso falar como o nosso ouvir, que me conceda dizer de tal modo que, ao escutar, te tornes melhor; e assim, ao escutares, não se arrependa aquele que falou.

Refutação da idolatria
2. Comecemos. Purificado de todos os preconceitos que se amontoam em sua mente; despojado do teu hábito enganador, e tornado, pela raiz, homem novo; e estando para escutar, como confessas, uma doutrina nova, vê não somente com os olhos, mas também com a inteligência, que substância e que forma possuem os que dizeis que são deuses e assim os considerais; não é verdade que um é pedra, como a que pisamos; outro é bronze, não melhor que aquele que serve para fazer os utensílios que usamos; outro é madeira que já está podre; outro ainda é prata, que necessita de alguém que o guarde, para que não seja roubado; outro é ferro, consumido pela ferrugem; outro de barro, não menos escolhido que aquele usado para os serviços mais vis? Tudo isso não é de material corruptível? Não são lavrados com o ferro e o fogo? Não foi o ferreiro que modelou um, o ourives outro e o oleiro outro? Não é verdade que antes de serem moldados pelos artesãos na forma que agora têm, cada um deles poderia ser, como agora transformado em outro? E se os mesmos artesãos trabalhassem os mesmos utensílios do mesmo material que agora vemos, não poderiam transformar-se em deuses como esses? E, ao contrário, esses que adorais, não poderiam transformar-se, por mãos de homens, em utensílios semelhantes aos demais? Essas coisas todas não são surdas, cegas, inanimadas, insensíveis, imóveis? Não apodrecem todas elas? Não são destrutíveis? A essas coisas chamais de deuses, as servis, as adorais, e terminais sendo semelhante a elas. Depois, odiais os cristãos, porque estes não os consideram deuses. Contudo, vós que os julgais e imaginais deuses, não os desprezais mais do que eles? Por acaso não zombais deles e os cobris ainda mais de injúrias, vós que venerais deuses de pedra e de barro, sem ninguém que os guarde, enquanto fechais à chave, durante a noite, aqueles feitos de prata e de ouro, e de dia colocais guardas para que não sejam roubados? Com as honras que acreditais tributar-lhes, se é que eles têm sensibilidade, na verdade os castigais com elas; por outro lado, se são insensíveis, vós os envergonhais com sacrifícios de sangue e gordura. Caso contrário, que alguém de vós prove essas coisas e permita que elas lhe sejam feitas. Mas o homem, espontaneamente, não suportaria tal suplício, porque tem sensibilidade e inteligência; a pedra, porém, suporta tudo, porque é insensível. Concluindo, eu poderia dizer-te outras coisas sobre o motivo que os cristãos têm para não se submeterem a esses deuses. Se o que eu disse parece insuficiente para alguém, creio que seja inútil dizer mais alguma coisa.

Refutação do culto judaico 
3. Por outro lado, creio que desejais particularmente saber por que eles não adoram Deus à maneira dos judeus. Os judeus têm razão quando rejeitam a idolatria, de que falamos antes, e prestam culto a um só Deus, considerando-o Senhor do universo.Contudo, erram quando lhe prestam um culto semelhante ao dos pagãos. Assim como os gregos demonstram idiotice, sacrificando a coisas insensíveis e surdas, eles também, pensando em oferecer coisas a Deus, como se ele tivesse necessidade delas, realizam algo que é parecido a loucura, e não um ato de culto. “Quem fez o céu e a terra, e tudo o que neles existe”, e que provê todo aquilo de que necessitamos, não tem necessidade nenhuma desses bens.Ele próprio fornece as coisas àqueles que acreditam oferece-las a ele. Aqueles que crêem oferecer-lhe sacrifícios com sangue, gordura e holocaustos, e que o enaltecem com esses atos, não me parecem diferentes daqueles que tributam reverência a ídolos surdos, que não podem participar do culto. Os outros imaginam estar dando algo a quem de nada precisa.

O ritualismo judaico
4. Não creio que tenhas necessidade de que eu te informe sobre o escrúpulo deles a respeito de certos alimentos, a sua superstição sobre os sábados, seu orgulho da circuncisão,seu fingimento com jejuns e novilúnios, coisas todas ridículas, que não merecem nenhuma consideração. Não será injusto aceitar algumas das coisas criadas por Deus para uso dos homens como bem criadas e rejeitar outras como inúteis e supérfluas? Não é sacrílego caluniar a Deus, imaginando que nos proíbe fazer algum bem em dia de sábado? Não é digno de zombaria orgulhar-se da mutilação do corpo como sinal de eleição, acreditando, com isso ser particularmente amados por Deus? E o fato de estar em perpétua vigilância diante dos astros e da lua, para calcular os meses e os dias, e distribuir as disposições de Deus, e dividir as mudanças das estações conforme seus próprios impulsos, umas para festa e outras para luto? Quem consideraria isto prova de insensatez e não de religião? Penso que agora tenhas entendido suficientemente por que os cristãos estão certos em se abster da vaidade e do engano, assim como das complicadas observâncias e das vanglórias dos judeus. Não creias poder aprender do homem o mistério de sua própria religião.

Os mistérios cristãos
5. Os cristãos, de fato, não se distinguem dos outros homens, nem por sua terra, nem por sua língua ou costumes. Com efeito, não moram em cidades próprias, nem falam língua estranha, nem têm algum modo especial de viver. Sua doutrina não foi inventada por eles, graças ao talento e a especulação de homens curiosos, nem professam, como outros, algum ensinamento humano. Pelo contrário, vivendo em casa gregas e bárbaras, conforme a sorte de cada um, e adaptando-se aos costumes do lugar quanto à roupa, ao alimento e ao resto, testemunham um modo de vida admirável e, sem dúvida, paradoxal. Vivem na sua pátria, mas como forasteiros; participam de tudo como cristãos e suportam tudo como estrangeiros.Toda pátria estrangeira é pátria deles, a cada pátria é estrangeira. Casam-se como todos e geram filhos, mas não abandonam os recém-nascidos. Põe a mesa em comum, mas não o leito; estão na carne, mas não vivem segundo a carne; moram na terra, mas têm sua cidadania no céu; obedecem as leis estabelecidas, as com sua vida ultrapassam as leis; amam a todos e são perseguidos por todos; são desconhecidos e, apesar disso, condenados; são mortos e, deste modo, lhes é dada a vida; são pobres e enriquecem a muitos; carecem de tudo e tem abundância de tudo; são desprezados e, no desprezo, tornam-se glorificados; são amaldiçoados e, depois, proclamados justos; são injuriados, e bendizem; são maltratados, e honram; fazem o bem, e são punidos como malfeitores; são condenados, e se alegram como se recebessem a vida. Pelos judeus são combatidos como estrangeiros, pelos gregos são perseguidos, a aqueles que os odeiam não saberiam dizer o motivo do ódio.

A alma do mundo
6. Em poucas palavras, assim como a alma está no corpo, assim estão os cristãos no mundo. A alma está espalhada por todas as partes do corpo, e os cristãos estão em todas as partes do mundo. A alma habita no corpo, mas não procede do corpo; os cristãos habitam no mundo, mas não são do mundo.A alma invisível está contida num corpo visível; os cristãos são vistos no mundo, mas sua religião é invisível. A carne odeia e combate a alma, embora não tenha recebido nenhuma ofensa dela, porque esta a impede de gozar dos prazeres; embora não tenha recebido injustiça dos cristãos, o mundo os odeia, porque estes se opõem aos prazeres. A alma ama a carne e os membros que a odeiam; também os cristãos amam aqueles que os odeiam. A alma está contida no corpo, mas é ela que sustenta o corpo; também os cristãos estão no mundo como numa prisão, mas são eles que sustentam o mundo.A alma imortal habita em uma tenda mortal; também os cristãos habitam como estrangeiros em moradas que se corrompem, esperando a incorruptibilidade nos céus. Maltratada em comidas e bebidas, a alma torna-se melhor; também os cristãos, maltratados, a cada dia mais se multiplicam. Tal é o posto que Deus lhes determinou, e não lhes é lícito dele desertar.

Origem divina do cristianismo
7. De fato, como já disse, não é uma invenção humana que lhes foi transmitida, nem julgam digno observar com tanto cuidado um pensamento mortal, nem se lhes confiou a administração de mistérios humanos. Ao contrario, aquele que é verdadeiramente senhor e criador de tudo, o Deus invisível, ele próprio fez descer do céu, para o meio dos homens, a verdade, a palavra santa e incompreensível, e a colocou em seus corações. Fez isso, não m,andando para os homens, como alguém poderia imaginar, algum dos seus servos, ou um anjo, ou algum príncipe daqueles que governam as coisas terrestres, ou algum dos que são encarregados das administrações dos céus, mas o próprio artífice e criador do universo; aquele por meio do qual ele criou os céus e através do qual encerrou o mar em seus limites; aquele cujo mistério todos os elementos guardam fielmente; aquele de cuja mão o sol recebeu as medidas que deve observar em seu curso cotidiano; aquele a quem a lua obedece, quando lhe manda luzir durante a noite; aquele a quem obedecem as estrelas que formam o séqüito da lua em seu percurso; aquele que, finalmente, por meio do qual todo foi ordenado, delimitado e disposto: os céus e as coisas que existem nos céus, a terra e as coisas que existem na terra, o mar e as coisas que existem no mar, o fogo, o ar, o abismo, aquilo que está no alto, o que está no profundo e o que está no meio. Foi esse que Deus enviou. Talvez, como alguém poderia pensar, será que o enviou para que existisse uma tirania ou para infundir-nos medo e prostração? De modo algum. Ao contrário, enviou-o com clemência e mansidão, como um rei que envia seu filho. Deus o enviou, e o enviou como homem para os homens; enviou-o para nos salvar, para persuadir, e não para violentar, pois em Deus não há violência. Enviou-o para chamar, e não para castigar; enviou-o, finalmente, para amar, e não para julgar. Ele o enviará para julgar, e quem poderá suportar sua presença? Não vês como os cristãos são jogados às feras, para que reneguem o Senhor, e não se deixam vencer? Não vês como quanto mais são castigados com a morte, tanto mais outros se multiplicam? Isso não parece obra humana. Isso pertence ao poder de Deus e prova a sua presença.

A Encarnação
8. Quem de todos os homens sabia o que é Deus, antes que ele próprio viesse? Quererás aceitar os discursos vazios e estúpidos dos filósofos, que por certo são dignos de toda fé? Alguns afirmam que Deus é o fogo - para onde irão estes, chamando-o de deus? - Outros diziam que é água. Outros ainda que é dos elementos criados por Deus. Não há dúvida de que se alguma dessas afirmações é aceitável, poderíamos também afirmar que cada uma de todas as criaturas igualmente manifesta Deus. Mas todas essas coisas são charlatanices e invenções de charlatães. Nenhum homem viu, nem conheceu a Deus, mas ele próprio se revelou a nós. Revelou-se mediante a fé, unicamente pala qual é concedido ver a Deus. Deus, Senhor e criador do universo, que fez todas as coisas e as estabeleceu em ordem, não só se mostrou amigo dos homens, mas também paciente. Ele sempre foi assim, continua sendo, e o será: clemente, bom, manso e verdadeiro. Somente ele é bom. Tendo concebido grande e inefável projeto, ele o comunicou somente ao Filho. Enquanto o mantinha no mistério e guardava sua sábia vontade, parecia que não cuidava de nós, não pensava em nós. Todavia, quando, por meio de seu Filho amado, revelou e manifesto o que tinha estabelecido desde o princípio, concedeu-nosjunto todas as coisas: não só participar de seu benefícios, mas ver e compreender coisas que nenhum de nós teria jamais esperado.

A economia divina
9. Quando Deus dispôs todo em si mesmo juntamente com seu Filho, no tempo passado, ele permitiu que nós, conforme a nossa vontade, nos deixássemos arrastar por nossos impulsos desordenados, levados por prazeres e concupiscências. Ele não se comprazia com os nossos pecados, mas também os suportava. Também não aprovava aquele tempo de injustiça, mas preparava o tempo atual de justiça, para que nos convencêssemos de que naquele tempo, por causa de nossas obras, éramos indignos da vida, e agora, só pela bondade de Deus, somos dignos dela. Também para que ficasse claro que por nossas forças era impossível entrar no Reino de Deus, e que somente pelo seu poder nos tornamos capazes disso. Quando a nossa injustiça chegou ao máximo e ficou claro que a única retribuição que poderiam esperar era castigo e morte, chegou o tempo que Deus estabelecera para manifestar a sua bondade e o seu poder. Oh imensa bondade e amor de Deus! Ele não nos odiou, não nos rejeitou, nem guardou ressentimento contra nós. Pelo contrário, mostrou-se paciente e nos suportou. Com, misericórdia tomou para si os nossos pecados e enviou o seu Filho para nos resgatar: o santo pelos ímpios, o inocente pelos maus, o justo pelos injustos, o incorruptível pelos corruptíveis, o imortal pelos mortais. De fato, que outra coisa poderia cobrir nossos pecados, senão a sua justiça? Por meio de quem poderíamos ter sido justificados nós, injustos e ímpios, a não ser unicamente pelo Filho de Deus? Oh doce troca, oh obra insondável, oh inesperados benefícios! A injustiça de muito é reparada por um só justo, e a justiça de um só torna justos muitos outros. Ele antes nos convenceu da impotência da nossa natureza para ter a vida; agora mostra-nos o salvador capaz de salvar até mesmo o impossível Com essas duas coisas, ele quis que confiássemos na sua bondade e considerássemos nosso sustentador, pai, mestre, conselheiro, médico, inteligência, luz, homem, glória, força, vida, sem preocupações com a roupa e o alimento.

A essência da nova religião 
10. Se também desejas alcançar esta fé, primeiro deves obter o conhecimento do Pai. Deus, com efeito, amou os homens. Para eles criou o mundo e a eles submeteu todas as coisas que estão sobre a terra. Deu-lhes a palavra e a razão, e só a eles permitiu contemplá-lo. Formou-os à sua imagem, enviou-lhes o seu Filho unigênito, anunciou-lhes o reino do céu, e o dará àqueles que o tiverem amado. Depois de conhece-lo, tens idéia da alegria com que será preenchido? Como não amarás aquele que tanto te amou? Amando-o, tu te tornarás imitador da sua bondade. Não te maravilhes de que um homem possa se tornar imitador de Deus. Se Deus quiser, o homem poderá. A felicidade não está em oprimir o próximo, ou em querer estar pro cima dos mais fracos, ou enriquecer-se e praticar violência contra os inferiores. Deste modo, ninguém pode imitar a Deus, pois tudo isto está longe de sua grandeza. Todavia, quem toma para si o peso do próximo, e naquilo que é superior procura beneficiar o inferior; aquele que dá aos necessitados o que recebeu de Deus, é como Deus para os que receberam de sua mão, é imitador de Deus. Então, ainda estando na terra, contemplarás porque Deus reina nos céus. Aí começarás a falar dos mistérios de Deus, amarás e admirarás os que são castigados por não querer negar a Deus. Condenarás o erro e o engano do mundo, quando realmente conheceres a vida no céu, quando desprezares esta vida que aqui parece morte, e temeres a morte verdadeira, reservada àqueles que estão condenados ao fogo eterno, que atormentarás até o fim aqueles que lhe forem entregues. Se conheceres este fogo, ficarás admirado, e chamarás de felizes aqueles que, com justiça, suportaram o fogo passageiro.

O discípulo do Verbo
11. Não falo de coisas estranhas, nem busco coisas absurdas. Discípulo dos apóstolos, torno-me agora mestre das nações e transmito o que me foi entregue para aqueles que se tornaram discípulos dignos da verdade. De fato quem foi retamente instruído e gerado pelo Verbo amável, não procura aprender com clareza o que o mesmo Verbo claramente mostrou aos seus discípulos? O Verbo apareceu para eles, manifestando-se e falando livremente. Os incrédulos não o compreenderam, mas ele guiou os discípulos que julgou fiéis, e estes conheceram os mistérios do Pai. Deu enviou o Verbo como graça, para que se manifestasse ao mundo. Desprezado pelo povo, foi anunciado pelos apóstolos a acreditado pelos pagãos. Desde o princípio e apareceu como novo e era antigo, a agora sempre se torna novo nos corações dos fiéis. Ele é desde sempre, e hoje é reconhecido como Filho. Por meio dele, a Igreja se enriquece e a graça se multiplica, difundindo-se nos fiéis. Essa graça inspira a sabedoria, desvela os mistérios e anuncia os tempos, alegra-se nos fiéis, entrega-se aos que a buscam, sem infringir as regras da fé nem ultrapassar os limites dos Padres. Celebra-se então o temor da lei, reconhecesse a graça dos profetas, conserva-se a fé dos evangelhos, guarda-se a tradição dos apóstolos e a graça da Igreja exulta. Não contristando essa graça, saberás o que o Verbo diz por meio dos que ele quer e quando quer. Com efeito, quantas coisas fomos levados a vos explicar com zelo pala vontade do Verbo que no-las inspira! Nós vos comunicamos por amor essas mesmas coisas que nos foram reveladas.

A verdadeira ciência
12. Atendendo e ouvindo com cuidado, conhecereis que coisas Deus prepara para os que o amam com lealdade. Transformam-se em paraíso de delícias, produzindo em si mesmos uma arvora fértil e frondosa, ornados com toda a variedade de frutos. Com efeito, neste lugar foi plantada a árvore da ciência e a arvora da vida; não é a arvora da ciência que mata, e sim a desobediência. Não é sem sentido que está escrito: No princípio Deus plantou a arvora da ciência da vida no meio do paraíso, indicando assim a vida por meio da ciência. Contudo, por não tê-la usado de maneira pura, os primeiros homens ficaram nus por causa da sedução da serpente. De fato, não há vida sem ciência, nem ciência segura sem verdadeira vida, e por isso as duas árvores foram plantadas uma perto da outra. Compreendendo essa força e lastimando a ciência que se exercita sobre a vida sem a norma da verdade, o Apóstolo diz: “A ciência incha; o amor, porém, edifica.” De fato, quem pensa que sabe alguma coisa sem a verdadeira ciência, testemunhada pela vida, não sabe nada: é enganado pala serpente, não tendo amado a vida. Aquele, porém, que sabe com temor e procura a vida, planta na esperança, esperando o fruto. Que a ciência seja coração para ti; a vida seja o Verbo verdadeiramente compreendido. Levando a arvora dele e produzindo fruto, sempre colherás o que é agradável diante de Deus, o que a serpente não toca, nem se mistura em engano; nem Eva é corrompida, mas reconhecida como virgem. A salvação é mostrada, os apóstolos são compreendidos, a Páscoa do Senhor se adianta, os círios se reúnem, harmoniza-se com o mundo e, instruindo os santos, o Verbo se alegra, pelo qual o Pai é glorificado. A ele, a glória pelos séculos. Amém

http://www.autoresespiritasclassicos.com/evangelhos%20apocrifos/Apocrifos/1/Evangelhos%20Ap%C3%B3crifos%20-%20Ep%C3%ADstola%20de%20Diogneto.pdf

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Apócrifos 25: Agrapha Extra-Evangelho

"Estando com eles à mesa, recomendou-lhes que não saíssem de Jerusalém, mas que aguardassem a promessa do Pai, "que de mim ouvistes, porque João batizou em água, mas vós sereis batizados no Espírito Santo daqui a alguns poucos dias".
Disse-lhes: — Não vos cabe conhecer os tempos ou as possibilidades que o Pai determinou com sua própria autoridade; mas recebereis a força do Espírito Santo que virá a vós, e dareis testemunho de mim tanto em Jerusalém quanto em toda a Judéia e Samaria, até os confins da terra.
É preciso recordar as palavras do Senhor Jesus, pois ele disse: — Maior ventura é dar que receber. Fazei isto em minha memória. Fazei isto, tantas quantas vezes bebeis, em minha memória.
Porque isto vos confirmamos de acordo com a palavra do Senhor: que nós, os vivos, os que sobreviveram até a Vinda do Senhor, estaremos na dianteira dos que dormiram.
Disse o Messias: — Eis que aqui venho como ladrão. Venturoso é aquele que vigia e conserva suas vestes de forma que não ande desnudo e deixe à vista suas vergonhas.
Assim pregou Jesus: —Vós haveis de crescer partindo do pequeno, e não procurando diminuir o grande. Assim, quando vos acercardes, convidados a um banquete, não vos julgueis dignos de ocupar os assentos de honra à mesa, nem vos acerqueis sequer deles, para que não venha alguém mais digno que vós e, chegando o anfitrião, vos diga: sentai-vos um pouco mais para baixo, deixando-vos embaraçados. Mas se vos aproximais dos lugares mais humildes, onde estejam os que são menos que vós, vos dirá o anfitrião: chegai-vos mais para cima, isto vos será útil.
Os apóstolos se desculpavam dizendo: — Este mundo infiel e iníquo está sob o poder de Satã, que não permite aos impuros de espírito perceber a verdadeira força de Deus. Manifesta, pois, vossa justiça, — diziam os apóstolos a Cristo. Mas Ele lhes dizia: — Foram cumpridos os anos de duração do poder satânico, mas se aproximam outras coisas terríveis.
Eu me entreguei à morte por aqueles que pecaram, para que voltem à verdade e não tornem a pecar, e para que sejam herdeiros da glória espiritual e incorruptível que está no céu.
Um dia, tendo visto alguém que trabalhava no Sabat, lhe disse: — Homem, se te dás conta do que fazes, feliz de ti; mas, se não, és um execrável transgressor das leis.
Disse Ele certa vez: — Vim a vós com aquele que serve, não como aquele que está sentado à mesa; mas vós vos haveis engrandecido em meu serviço como aquele que serve.
Ao ser batizado, saiu da água uma grande luz que o rodeou, de forma que se encheram de temor todos aqueles que ali estavam.
De repente, na hora terça, as trevas se estenderam por toda a fase da terra e anjos desceram dos céus. E ao ressuscitar Jesus com o esplendor de Deus vivo, eles se elevaram juntamente com ele, e nesse instante sobreveio a Luz. Então, as mulheres se acercaram do sepulcro e viram removida a pedra.
Os assassinos de Cristo bateram no peito, dizendo: — Ai de nós! Este era o Filho de Deus. Eis que é chegada a ruína de Jerusalém.
— Assim, — disse — aqueles que pretendem ver-me a mim e conseguir meu reino, hão de alcançar-me à custa de atribulações e sofrimentos."
Disse também Nosso Senhor Jesus Cristo: — No estado em que vos surpreenda, nesse estado vos julgarei.
Nosso Senhor Jesus Cristo, o Filho de Deus, disse: — É necessário que venham os justos, e afortunado aquele por quem eles vêm. Meu segredo, para mim e para os filhos de minha casa. Pedi as grandes coisas e vos serão dadas por acréscimo as pequenas.
Justamente, pois, as Escrituras, em seu desejo de que sejamos dialéticos dessa categoria, nos exorta: — Sede banqueiros experimentados, recusando o mal e guardando o bem.
O Senhor disse: — Saí livres, vós que o quereis, de vossas ligaduras.
Disse Jesus: — Fiz-me fraco pelos fracos e passei fome pelos famintos e sede pelos sedentos.
Disse o Salvador: — Salvai-te a ti e à tua alma.
Disse o Senhor: — Aquele que está casado não seja repudiado e o celibatário não se case. Aquele que está determinado a viver no celibato, segundo seu propósito, que permaneça celibatário.
No Evangelho está escrito: — A Sabedoria envia seus filhos.
Disse o Senhor: — Aquele que anda perto de mim anda perto do fogo; mas aquele que está longe de mim, longe está do meu reino.
Disse: — Eis aqui, diante de mim, aquele que fala por intermédio dos profetas.
Disse: — Viste a teu irmão? Dás-te conta de que viste a Deus?
Falando de Maria, disse Marta que a tinha visto sorrir. Maria retrucou: — Não ri, pois Jesus anunciou em sua pregação que o fraco seria salvo pelo forte.
Dizia-lhes o Senhor: — Por que vos admirais os prodígios? Uma herança vos darei que não possui o mundo inteiro.
Também disse, acerca da caridade: — O amor cobre grande número de pecados.
Disse ainda: — Se alguém comunga do corpo do Senhor e faz uso de purificações será amaldiçoado.
Porque dizem as Escrituras: — O homem que não foi tentado não foi provado.
Pois disse: — Muitos virão em meu nome, vestidos por fora com pele de ovelha, mas por dentro são lobos vorazes e haverás cismas e heresias.
Assim disse: — Compadecei-vos para que tenham compaixão de vós; perdoai para que vos perdoem; conforme vosso comportamento em relação aos demais, assim será o deles com relação a vós; do mesmo modo que dais, se vos dará; como julgais, assim sereis julgados; na medida em que sejais bons, usarão de benevolência para convosco; a vara com que medis, servirá de medida para vós mesmos.
Disse-se também: Que sue a esmola em tuas mãos até que saibas a quem vai dá-la.
Diz o Senhor: — Quando o lenho se inclinar e voltar a subir e quando dele destilar sangue...
Estando o Senhor a falar a seus discípulos acerca do futuro reino dos santos, e ponderando sobre quão glorioso e admirável ele será, Judas, maravilhado ante a descrição, disse: — Quem, pois, poderá ver estas coisas?
— E o Senhor replicou: — Será dado ver tais coisas àqueles que se fizerem dignos delas. Assim mesmo, os anciãos que conheceram a João, o discípulo do Senhor, recordaram-se de tê-lo ouvido referir-se aos ensinamentos e ditos de Jesus acerca daqueles tempos: — Dias virão em que brotarão as vides, tendo cada cepa dez mil sarmentos; e em cada sarmento haverá dez mil ramos, e em cada ramo haverá dez mil rebentos novos; e em cada rebento novo, dez mil cachos de uva, que ao serem espremidos, darão vinte e cinco mil metretas (100 litros) de vinho. E quando algum dos santos for tomar um cacho de uva, lhe dirá um outro: — Eu sou melhor; toma-me a mim e por meu intermédio bendiz ao Senhor. — Da mesma forma, cada grão de trigo haverá de produzir dez mil espigas, e cada espiga haverá de dar dez mil grãos, e cada grão haverá de dar cinco libras dobradas de pura flor de farinha. E todos os demais frutos, ervas e sementes proliferarão segundo esta proporção. Todos os animais que se nutrirem destes alimentos provenientes da terra serão pacíficos entre si, viverão amigavelmente e estarão submetidos ao homem com toda a sujeição. Destas coisas dá também testemunho, por escrito, Papias, homem antigo, discípulo de João e companheiro de Policarpo, no quarto de seus livros, pois são cinco os que escreveu.
E acrescentou estas palavras: —Mas isto é digno de crédito unicamente para os que crêem.
— E Judas, o traidor, ao não crer e perguntar de que maneira realizaria o Senhor tais multiplicações, refere-se ao que disse o Senhor: — Vê-las-á aqueles que forem capazes de chegar até ali.
Diz o Senhor: — Sede fortes na batalha e lutai com a serpente antiga e alcançareis o reino eterno.
Disse Jesus: — Quantas são as árvores! Mas nem todas dão frutos. Quantos são os frutos! Mas nem todos são bons. Quantas são as ciências! Mas nem todas são úteis.
Disse Jesus: — Não se atiram pérolas aos porcos, pois a sabedoria vale mais que as pérolas, e quem a deprecia, é pior que os porcos.
Disse Jesus: — Como vai ser contado entre os sábios aquele que, depois de estar trilhando a senda que conduz à vida futura, dirige seus passos na direção deste mundo? E como vai ser contado entre os sábios aquele que busca a palavra de Deus para anunciá-la aos demais e não para colocá-la em prática?
Disse Jesus: — Feliz daquele que abandona a paixão do momento por uma promessa que ainda não viu.
Disse Jesus: — Acautelai-vos ao olhar para as mulheres, pois evidentemente isto gera a concupiscência no coração, e é suficiente para excitar a tentação.
Disse Jesus: — Não podem estar juntos, ao mesmo tempo, no coração do crente, o amor a este mundo e o amor à vida futura. Da mesma maneira que a água e o fogo não podem tampouco permanecer juntos em um mesmo continente.
Disse Jesus: — Quem busca ao mundo se parece com o homem que bebe água do mar. Quanto mais bebe, tanto mais aumenta sua sede, até que a água acabe por matá-lo.
Disse o Messias: — Feliz daquele a quem Deus ensina seu livro porque não morre soberbo depois disso.
Dizia Jesus aos filhos de Israel: — Recomendo-vos a água pura, as ervas silvestres e o pão de cevada. E tendes cuidado com o pão de trigo, pois nunca podereis dar a Deus abundantes graças por ele.
Conta-se que Jesus, filho de Maria, disse à assembléia de sábios: — Haveis abandonado a senda da verdade e haveis amado o mundo. Não obstante, deixais aos vossos reis o domínio deste, assim como eles hão deixado a vós, o da sabedoria.
Conta-se que Jesus disse a seus apóstolos: — Não vos ensinei a glorificar-vos, mas a trabalhar. A sabedoria não consiste certamente em palavras de sabedoria, mas em sabedoria aplicada.
Disse o Messias à assembléia de apóstolos: — Quantas são as lâmpadas que o vento apaga! A quantos servos de Deus a vaidade corrompe!
Disse Jesus: — Dois são meus amigos. Quem os ama, a mim ama; quem entretanto, os odeia, a mim odeia; são, a saber, a pobreza e a mortificação da cobiça.
Disse Ele: — Coisa mais gloriosa, feliz e perfeita é dar e não receber.
Disse o Messias: — Se fordes fiéis no que é pequeno, que se vos dará no grande? Pedi o grande e se vos dará o pequeno. Pedi o celestial e se vos dará o terreno.
Disse Jesus: — Poucas coisas do mundo servem para a única coisa necessária. Resistamos a toda a iniqüidade, tenhamos-lhe ódio.
Assim falou Jesus: — Se vos congregais em meu nome e não cumprirdes meus mandamentos, vos abominarei e vos direi: afastai-vos de mim, não vos conheço, obreiros da iniqüidade.
Disse Jesus, o filho de Maria: — Sois como cordeiros em meio aos lobos. Mas depois de sua morte, os cordeiros não temem os lobos. Assim, não temais que vos matem, pois que depois de haverdes morrido, nada poderão fazer-vos de mal. Mas temei aqueles que, depois de mortos, têm poder para atirar vosso corpo e vossa alma à Geena do fogo.
Disse o Cordeiro: — Conservai casta vossa carne e sede imaculados em vosso mais secreto interior, para que possais ser dignos da vida eterna.
Assim pregou Ele: — Eu sou a porta que conduz ao Pai. Minha carne é o pão da vida celeste e meu sangue uma bebida divina. O Espírito Santo sabe de onde vem e para onde vai, e castiga o que está oculto. Ninguém conheceu o Pai, a não ser o Filho, e aquele a quem o Filho o quis desvelar; nem ninguém conhece o Filho, a não ser o Pai.
Lamentou Jesus: — Sempre desejo ouvir sermões inspirados pelo Espírito Divino, e não tenho quem mos pronuncie.
Falou Jesus: — Se não fizerdes o destro como o sinistro, o que está acima como se estivesse abaixo e o que está à frente como se estivesse atrás, não conheceis o Reino de Deus.
Ele disse: — Mais vale morrer em Deus que reinar sobre a terra toda, de um extremo ao outro, pois de que serve ao homem possuir o mundo inteiro se é escravo em sua alma?
Ordenou Ele: — A qualquer um que te peça, dá-lhe.

Informações Gerais:
O Agrapha de Jesus é um termo cunhado por 18o século alemão estudioso JG Körner para dizeres atribuída a Jesus Cristo que não estão contidos no Evangelho. Em 1897 e 1903 valioso papyri contenham tais ditos foram descobertos em Oxyrhyncus, no que é agora o Egipto. Um livro de tais ditos de Jesus foi, no início tradições, atribuída a São Mateus, um dos 12 apóstolos. A designação agrapha (grego, "as coisas não escritas") reflecte a opinião de que esses ditos representam a sobrevivência de uma tradição oral que desenvolveram independentemente da tradição consubstanciado na escrita Evangelhos. A maioria dos provérbios são preservadas no Talmud, no Evangelho de Thomas apócrifos, nos escritos dos Padres da Igreja, e em diversas fontes muçulmanas.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Apócrifos 24: Excertos do Evangelho de Maria

O papiro cóptico do qual as primeiras seis páginas se perderam, começa no meio deste evangelho.
Bom, é um desafio entender o raciocínio do autor. Porém, o texto aponta para uma teologia gnóstica. E Fica mais complicado ainda de se entender o raciocínio do autor, devido ao textos serem muito fragmentados. Mas, vou postar o texto todo aqui e vcs tomem suas próprias conclusões acerca dele. Depois eu comento:
"... então, a questão da salvação será salva ou não?"
Salvador disse: " Todas as espécies, todas as formações, todas as criaturas estão unidas, elas dependem umas das outras, e se separarão novamente em sua própria origem. Pois a essência da matéria somente se separará de novo em sua própria essência. Quem tem ouvidos para ouvir que ouça."
Pedro lhe disse: "Já que nos explicaste tudo, dize-nos isso também: o que é o pecado do mundo?"
Jesus disse: "Não há pecado; sois vós que os criais, quando fazeis coisas da mesma espécie que o adultério, que é chamado 'pecado'. Por isso Deus Pai veio para o meio de vós, para a essência de cada espécie, para conduzi-la a sua origem."
Em seguida disse: "Por isso adoeceis e morreis [...]. Aquele que compreende minhas palavras, que as coloque-as em prática. A matéria produziu uma paixão sem igual, que se originou de algo contrário à Natureza Divina. A partir daí, todo o corpo se desequilibra. Essa é a razão por que vos digo: tende coragem, e se estiverdes desanimados, procurais força das diferentes manifestações da natureza. Quem tem ouvidos para ouvir que ouça."
Quando o Filho de Deus assim falou, saudou a todos dizendo: "A Paz esteja convosco. Recebei minha paz. Tomai cuidado para ninguém vos afaste do caminho, dizendo: 'Por aqui' ou 'Por lá', Pois o Filho do Homem está dentro de vós. Segui-o. Quem o procurar, o encontrará. Prossegui agora, então, pregai o Evangelho do Reino. Não estabeleçais outras regras, além das que vos mostrei, e não instituais como legislador, senão sereis cerceados por elas." Após dizer tudo isto partiu.
Mas eles estavam profundamente tristes. E falavam: "Como vamos pregar aos gentios o Evangelho ao Reino do Filho do Homem? Se eles não o procuraram, vão poupar a nós?"
Maria Madalena se levantou, cumprimentou a todos e disse a seus irmãos: "Não vos lamentais nem sofrais, nem hesiteis, pois sua graça estará inteiramente convosco e vos protegerá. Antes, louvemos sua grandeza, pois Ele nos preparou e nos fez homens".
Após Maria ter dito isso, eles entregaram seus corações a Deus e começaram a conversar sobre as palavras do Salvador.
Pedro disse a Maria:"Irmã, sabemos que o Salvador te amava mais do que qualquer outra mulher. Conta-nos as palavras do Salvador, as de que te lembras, aquelas que só tu sabes e nós nem ouvimos."
Maria Madalena respondeu dizendo: " Esclarecerei a vós o que está oculto". E ela começou a falar essas palavras: "Eu", disse ela, "eu tive uma visão do Senhor e contei a Ele: 'Mestre, apareceste-me hoje numa visão'. Ele respondeu e me disse: 'Bem aventurada sejas, por não teres fraquejado ao me ver. Pois, onde está a mente há um tesouro'. Eu lhe disse: 'Mestre, aquele que tem uma visão vê com a alma ou como espírito?' Jesus respondeu e disse: "Não vê nem com a alma nem com o espírito, mas com a consciência, que está entre ambos - assim é que tem a visão [...]".
E o desejo disse à alma: 'Não te vi descer, mas agora te vejo subir. Por que falas mentira, já que pertences a mim?' A alma respondeu e disse:'Eu te vi. Não me viste, nem me reconheceste. Usaste-me como acessório e não me reconheceste.' Depois de dizer isso, a alma foi embora, exultante de alegria. "De novo alcançou a terceira potência , chamada ignorância. A potência, inquiriu a alma dizendo: 'Onde vais? Estás aprisionada à maldade. Estás aprisionada, não julgues!' E a alma disse: ' Por que me julgaste apesar de eu não haver julgado?
Eu estava aprisionada; no entanto, não aprisionei. Não fui reconhecida que o Todo se está desfazendo, tanto as coisas terrenas quanto as celestiais.' "Quando a alma venceu a terceira potência, subiu e viu a quarta potência, que assumiu sete formas. A primeira forma, trevas,; a segunda , desejo; a terceira, ignorância; a quarta, é a comoção da morte; a quinta, é o reino da carne; a sexta, é a vã sabedoria da carne; a sétima, a sabedoria irada. Essas são as sete potências da ira. Elas perguntaram à alma: ´De onde vens, devoradoras de homens, ou onde vais, conquistadora do espaço?' A alma respondeu dizendo: ' O que me subjugava foi eliminado e o que me fazia voltar foi derrotado..., e meu desejo foi consumido e a ignorância morreu. Num mundo fui libertada de outro mundo; num tipo fui libertada de um tipo celestial e também dos grilhões do esquecimento, que são transitórios. Daqui em diante, alcançarei em silêncio o final do tempo propício, do reino eterno'."
Depois de ter dito isso, Maria Madalena se calou, pois até aqui o Salvador lhe tinha falado. Mas André respondeu e disse aos irmãos: "Dizei o que tendes para dizer sobre o que ela falou. Eu, de minha parte, não acredito que o Salvador tenha dito isso. Pois esses ensinamentos carregam idéias estranhas". Pedro respondeu e falou sobre as mesmas coisas. Ele os inquiriu sobre o Salvador:"Será que ele realmente conversou em particular com uma mulher e não abertamente conosco? Devemos mudar de opinião e ouvirmos ela? Ele a preferiu a nós?" Então Maria Madalena se lamentou e disse a Pedro: "Pedro, meu irmão, o que estás pensando? Achas que inventei tudo isso no mau coração ou que estou mentindo sobre o Salvador?" Levi respondeu a Pedro: "Pedro, sempre fostes exaltado. Agora te vejo competindo com uma mulher como adversário. Mas, se o Salvador a fez merecedora, quem és tu para rejeitá-la? Certamente o Salvador a conhece bem.
Daí a ter amado mais do que a nós. É antes, o caso de nos envergonharmos e assumirmos o homem perfeito e nos separaremos, como Ele nos mandou, e pregarmos o Evangelho, não criando nenhuma regra ou lei, além das que o Salvador nos legou."
Depois que Levi disse essas palavras, eles começaram a sair para anunciar e pregar.
Comentário da Fonte:
Este Evangelho foi escrito provavelmente no século II. Foi através de um fragmento copta, que ele chegou até nós. O destaque fica para a estranha parábola que Jesus conta para Maria Madalena. Esta passagem ocorreu após sua crucificação.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Apócrifos 23: Evangelho Segundo Tomé, o Dídimo

Este apócrifo é talvez o apócrifo que mais apóia inúmeras passagens canônicas não apenas dos Evangelhos, mas também das palavras que encontramos nas cartas. Porém, também tem muita coisa esquisita que estarei tratando na parte final deste tópico. Vamos primeiramente tratar as passagens que apóiam os textos canônicos:
01. Quem crer não morrerá (vs.1)
02. Quem busca acha (2)
03. O Reino está dentro de vcs (3)
04. Os últimos serão os primeiros (5-6)
05. A parábola do semeador (9)
06. Comer de tudo (14)
07. Curar os enfermos (14)
08. Não é o que entra pela boca que contamina o homem (14)
09. Jesus não veio trazer a paz (16)
10. A família seria seus inimigos (16)
11. Olhos não viram e mãos não tocaram, e o que nunca brotou no coração do homem (17)
12. A parábola da semente da mostarda (12)
13. A parábola do ladrão e da vinha (21)
14. Das criançinhas é o Reino dos céus (22)
15. Tire a trave do teu olho primeiro (22)
16. Nenhum profeta tem honra em sua própria terra (31)
17. Não se esconde uma cidade na montanha (32)
18. Não se preocupe com o que haveis de vestir (36)
19. Seja simples como as pombas e prudentes com as serpentes (39)
20. Quem não produz fruto será destruído (40)
21. Quem tem será dado. Quem não tem até o que tem será tirado (41)
22. Quem blasfemar contra o Espírito Santo não será perdoado (44)
23. Não se colhe uvas de espinheiros e nem se apanham figos dos cardos (45)
24. Um homem bom faz sair o bem do seu tesouro (45)
25. Não há ninguém nascido de mulher maior do que João Batista (46)
26. Não se pode servir a dois senhores (47)
27. Não se põe vinho novo em odre velho (47)
28. Não se põe remendo velho e roupa nova (47)
29. A verdadeira circuncisão é no Espírito (53)
30. Bem-aventurados os pobres porque deles é o reino dos céus (54)
31. Quem não aborrece seu pai e sua mãe não pode ser meu discípulo (55)
32. Tome a sua cruz e siga-me (55)
33. A parábola do joio e do trigo (57)
34. A parábola do rico insensato (63)
35. A parábola da grande ceia (64)
36. A parábola dos lavradores maus (65)
37. A pedra angular (66)
38. Bem-aventurados sois quando fordes perseguidos (68)
39. São poucos os trabalhadores (73)
40. As raposas tem seus covis e os pássaros seus ninhos (86)
41. Não deis aos cães as coisas santas e não deis pérolas aos porcos (93)
42. Todo aquele que buscar encontrará e quem bater abrir-se-vos-a (94)
43. Meu pai e minha mãe são aqueles que fazem a vontade do meu Pai que está nos céus (99)
44. Dai a César o que é de Cesar,e à Deus o que é de Deus (100)
45. Fé que move as montanhas (106)
Questões estranhas:
* Os discípulos não deveriam orar enquanto Jesus estivesse na terra (14)
* Não deveriam dar esmolas enquanto Jesus estivesse na terra (24)
* Devemos guardar o sábado (27)
* As mulheres devem se fazer de homens para entrar no reino dos céus (114)
Interessante:
Tiago, o irmão de Jesus foi designado para liderar os discípulos (12)
Isto é interessante porque parece evidenciar o que a tradição histórica tem dito de que Tiago foi o líder da igreja de Jerusalém até seu martírio

domingo, 22 de janeiro de 2012

Apócrifos 22: Evangelho de Bartolomeu II

Versão Latina
01. Mais nomes de anjos:
- Etalfatha
- Aquilon
- Mauch
- Cedor
- Levenior
- Mermeoth

02. Parte interessante do texto:
Satanás dizendo para Bartolomeu acerca dele e dos demônios:

"... porém, nem eu nem nenhum dos que foram arrojados juntamente comigo podemos sair. Temos, todavia, outros ministros mais fracos que, por sua vez, atraem outros colegas aos quais emprestamos nossa vestimenta e mandamos semear insídias que enredam as almas dos homens..." (1:10)

Outra parte interessante:
"... aquele que preside ao Universo, cuja cruz me lançou ao cativeiro, não posso ocultar-te nada...". (1:12)

"... que retorne a seu lugar até a vinda do Senhor".

Ou seja, mais textos dizendo que o diabo foi aprisionado por Jesus no Tártaro.

03. O texto diz que o pecado de Belial (Satanás/Diabo) foi não querer adorar a Adão. Ele e outros anjos se negaram a fazê-lo e por isso foram expulsos do Céu. (1:16-19)

04. Para se vingar Belial fez Eva e Adão pecarem. (1:21)

05. O texto fala da Trindade em três versículos:
"... aos que cremos no Pai,no Filho e no Espírito Santo, Deus único por quem foram feitas todas as coisas no céu e na terra, nos foi revelada a Trindade sempiterna, que está nos céus". (1:24, 28 e 32)


06. O texto trata também a questão dos dízimos como uma das obrigações dos cristãos. (1:31)

sábado, 21 de janeiro de 2012

Apócrifos 21: Descida de Cristo ao Inferno II

Versão Latina
01. Addas, Finees e Égias que haviam testemunhado a ascenção e a ressurreição dos santos dizem que os nomes dos filhos de Simeão são: Karino e Lêucio.
02. Quinze homens são designados para acharem Karino e Lêucio e trazerem os dois para o interrogatório.
03. Os dois vão a presença dos sacerdotes e do povo e escrevem seus relatos separados e voltam para seus sepulcros.
04. O que eles escreveram é lido em público diante de todo o povo. (2:1)
05. O texto testifica da ressurreição de Lázaro. (3:3)
06. O texto fala que Jesus é Deus. (3:3)
07. Fala que Adão, Isaías, João Batista, Davi, Jeremias, o ladrão na cruz e outros santos estavam no inferno aguardando Jesus resgatá-los.
08. O texto testifica que João Batista ouviu a voz do Pai no batismo de Jesus.
09. É interessante que o texto usa o Salmo 24 como profético se referindo a entreda de Cristo no Inferno:
7 Levantai, ó portas, as vossas cabeças; levantai-vos, ó entradas eternas, e entrará o Rei da Glória.
8 Quem é este Rei da Glória? O SENHOR forte e poderoso, o SENHOR poderoso na guerra.
9 Levantai, ó portas, as vossas cabeças, levantai-vos, ó entradas eternas, e entrará o Rei da Glória.
10 Quem é este Rei da Glória? O SENHOR dos Exércitos, ele é o Rei da Glória. (Selá.)
11. Jesus prende Satanás no Tártaro. (8:1)
Pipe

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Apócrifos 20: Descida de Cristo ao Inferno I


 Versão Grega
* O texto é um relato descrito por alguns dos que ressuscitaram no dia da ressurreição:

Mt 27:
52 E abriram-se os sepulcros, e muitos corpos de santos que dormiam foram ressuscitados;
53 E, saindo dos sepulcros, depois da ressurreição dele, entraram na cidade santa, e apareceram a muitos.

Especificamente, os que testemunharam aos sacerdotes foram os filhos de Simeão (aquele que recebeu a promessa de que não morreria antes de ver o Messias). Simeão foi um dos que ressuscitou juntamente com seus filhos. E foram seus filhos que relataram o que ocorreu quando estavam no inferno. Basicamente, eles tratam do que Pedro disse em 1 Pe 3:16-18 Porque também Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus; mortificado, na verdade, na carne, mas vivificado pelo Espírito; No qual também foi, e pregou aos espíritos em prisão; Os quais noutro tempo foram rebeldes, quando a longanimidade de Deus esperava nos dias de Noé, enquanto se preparava a arca; na qual poucas (isto é, oito) almas se salvaram pela água; e em 1 Pe 4:6 Porque por isso foi pregado o Evangelho também aos mortos, para que, na verdade, fossem julgados segundo os homens na carne, mas vivessem segundo Deus em espírito;

O texto confirma a ressurreição de vários santos descrita em Mt 27:52-53. E de alguma forma também trata daquilo que Pedro disse sobre Jesus ir e pregar aos espíritos em prisão.

* Eu achei interessante um versículo do cap.6:2 - "E então o Rei da Glória agarrou o grande sátrapa Satanás pelo pescoço e entregou-o aos anjos, dizendo: "Amarrai com correntes de ferro suas mãos, seus pés, seu pescoço e sua boca". Depois colocou-o nas mãos do Inferno com a seguinte recomendação: "Toma-o e o mantém bem preso até a minha segunda vinda".
Este texto apóia a interpretação amilenismo acerca do milênio. Ou seja, o diabo está preso e já estamos vivendo o milênio.

* O texto também trata a questão das duas testemunhas descritas em Ap 11:
3 E darei poder às minhas duas testemunhas, e profetizarão por mil duzentos e sessenta dias, vestidas de saco.
4 Estas são as duas oliveiras e os dois castiçais que estão diante do Deus da terra.
5 E, se alguém lhes quiser fazer mal, fogo sairá da sua boca, e devorará os seus inimigos; e, se alguém lhes quiser fazer mal, importa que assim seja morto.
6 Estes têm poder para fechar o céu, para que não chova, nos dias da sua profecia; e têm poder sobre as águas para convertê-las em sangue, e para ferir a terra com toda a sorte de pragas, todas quantas vezes quiserem.
7 E, quando acabarem o seu testemunho, a besta que sobe do abismo lhes fará guerra, e os vencerá, e os matará.
8 E jazerão os seus corpos mortos na praça da grande cidade que espiritualmente se chama Sodoma e Egito, onde o seu Senhor também foi crucificado.
9 E homens de vários povos, e tribos, e línguas, e nações verão seus corpos mortos por três dias e meio, e não permitirão que os seus corpos mortos sejam postos em sepulcros.
10 E os que habitam na terra se regozijarão sobre eles, e se alegrarão, e mandarão presentes uns aos outros; porquanto estes dois profetas tinham atormentado os que habitam sobre a terra.
11 E depois daqueles três dias e meio o espírito de vida, vindo de Deus, entrou neles; e puseram-se sobre seus pés, e caiu grande temor sobre os que os viram.
12 E ouviram uma grande voz do céu, que lhes dizia: Subi para aqui. E subiram ao céu em uma nuvem; e os seus inimigos os viram.
13 E naquela mesma hora houve um grande terremoto, e caiu a décima parte da cidade, e no terremoto foram mortos sete mil homens; e os demais ficaram muito atemorizados, e deram glória ao Deus do céu.

O texto diz que estas duas testemunhas são Enoque e Elias.


* O texto também fala do ladrão que confessou Jesus na cruz.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Apócrifos 19: O Evangelho de Nicodemos

Atos de Pilatos
- Narrações sobre nosso Senhor Jesus Cristo compostas no tempo de Pôncio Pilatos -
O livro basicamente vai tratar do julgamento de Jesus:
01. O livro relata a lista dos acusadores que foram perante Pilatos: Anas, Caifás, Semes, Dothaim, Gamaliel, Judas, Levi, Neftali, Alexandre e Jairo. (1:1)
02. As acusações:
- Curar no sábado;
- Curar em nome de Belzebu;
- Ameaçar destruir o templo.
03. O mensageiro de Pilatos estende o manto para Jesus entrar na presença de Pilatos. Isto só era feito para um rei. (1:1-4)
04. Atés os estandartes se inclinaram na presença de Jesus. (1:5-6)
05. O livro confirma o relato da esposa de Pilatos em Mt 27:19. (2:1)
06. O texto confirma o diálogo de Jesus com Pilatos. (3:2)
07. Nicodemos defende Jesus (5:1-2)
08. Testemunhas que defenderam Jesus:
- Um paralítico curado (6:1)
- Um cego curado (6:1)
- Um homem que tinha a coluna torta (6:2)
- Um leproso curado (6:2)
- A mulher que tinha o fluxo de sangue que foi curada quando tocou em Jesus. Seu nome era Verônica (7:1)
- O testemunho de que os demônios se submetiam a ele (8:1)
- A ressurreição de Lázaro (8:1)
09. Testifica do costume de soltar um preso na páscoa. (9:1)
10. Pilatos lava as mãos. (9:4)
11. Relata os nomes dos dois ladrões crucificados com Cristo: Dimas e Gestas (9:5). Gestas foi o que escarneceu de Jesus e Dimas foi o que defendeu Jesus. O texto retrata exatamente as mesmas palavras ditas pelos ladrões e por Jesus nos livros canônicos.
12. Confirma as palavras de Jesus: "Pai, perdoa-lhes...". (10:1)
13. Confirma na integra os canônicos acerca dos relatos da crucificação.
14. Fala sobre a placa escrita em grego, latim e hebraico.
15. Fala sobre a escuridão que sobreveio na hora sexta.
16. Confirma que o véu se rasgou.
17. Confirma Jesus dizendo: "Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito".
18. O texto relata que Pilatos e sua esposa ficaram sem comer e sem beber durante todo o dia da crucificação de Cristo.
19. Fala que José de Arimatéia foi preso por sepultar Jesus. (12:1)
20. José de Arimatéia some de dentro de uma prisão sem janelas e com a porta selada. (12:2). Mais tarde quando José é encontrado pelos sacerdotes, ele diz que Jesus apareceu para ele enquanto estava preso e o tirou da cadeia.
21. Confirma o relato dos guardas e que estes foram subornados para mentirem.
22. Três homens confirmam a ascenção de Jesus (14:1):
- Finees, um sacerdote;
- Adas, um doutor;
- Ageu, um levita.
Os 3 são subornados também.
23. Confirma também que Simeão não morreu antes de ver o Messias. (16:2)
24. O centurião que furou Jesus com a lança chamava-se Longinos.
Pipe

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Apócrifos 18: Proto-Evangelho de Tiago

Natividade de Maria
O livro trata especificamente de Maria, mãe de Jesus:
01. Maria era filha de Joaquim e Ana. (Cap.1-5)
02. O pai de Maria era velho e ainda não tinha filhos. Depois de fazer um jejum de 40 dias Deus ouviu sua oração e Ana ficou grávida de Maria.
03. Maria foi consagrada ao templo até os 12 anos de idade. Pois, aos doze anos, não poderia mais permanecer no templo devido a sua idade (começaria o tempo de menstruação - por tanto se tornaria "impura"). (9:1)
04. José viúvo e já com filhos, é designado para cuidar de Maria. (9:2)
05. Maria fica grávida aos 16 anos. (12:3)
06. O livro confirma que Zacarias havia ficado mudo por duvidar - Lc 1:20-22. (10:2)
07. Relata o mesmo que os canônicos que um anjo informa Maria de sua gravidez (11:1-3) e depois a José (14:2).
08. O livro confirma que João Batista se moveu no ventre de Isabel quando Maria chegou e confirma a mesma saudação canônica de Isabel à Maria em Lc 1:39-4. (12:2)
09. José e Maria fizeram o teste de Nm 5:13-31. (Cap.16)
10. José e Maria vão a Belém. (Cap.17)
11. Salomé é curada pelo bebê Jesus. (Cap.20)
12. O livro confirma a história dos Reis magos. (Cap.21)
13. Confirma também a Matança das crianças ordenada por Herodes. (22:1-2)
14. Isabel pega João Batista e se esconde numa montanha. (22:3-4)
15. Zacarias, o pai de João Batista foi assassinado porque não soube dizer onde Isabel e João estavam escondidos. (23:3)
16. Zacarias foi morto a lado do altar - conforme Mt 23:35 & Lc 11:51. (24:2)
17. O livro confirma a profecia de Simeão de que não morreria antes de ver o Messias, conforme Lc 2:26. (24:4)
Conclusão:
O Proto-Evangelho é um livro apócrifos que vem somente a confirmar aquilo que os livros canônicos dizem. Ou seja, mais um livro que autentica aquilo que a ortodoxia diz.
Isto mais uma vez refuta a idéia de que os livros apócrifos necessariamente contenham "verdades" que abalariam a fé ortodoxa, e, portanto foram excluídos do canon.

Pipe