Um padre e cosmólogo polonês que sustenta a
possibilidade de comprovar matematicamente a existência de Deus é o vencedor do
mais polpudo prêmio acadêmico do mundo.
O professor Michael Heller, 72, de formação
religiosa, com estudos em filosofia e doutorado em cosmologia, receberá em
maio, em Londres, o prêmio Templeton, outorgado pela fundação homônima de
estudos religiosos sediada em Nova York. O valor da premiação é de 820 mil
libras esterlinas (cerca de R$ 2,87 milhões).
Os trabalhos mais recentes de Heller abordam a
questão da origem do universo debruçando-se sobre aspectos avançados da teoria
geral da relatividade, de mecânica quântica e de geografia não-comutativa.
"Vários processos no universo podem ser
caracterizados como uma sucessão de estados, de maneira que o estado anterior é
a causa do estado que o sucede", explicou o próprio Heller em um
comunicado divulgado por ocasião do anúncio do prêmio.
"Ao questionar (a causalidade primeira) não
estamos apenas falando de uma causa como qualquer outra. Estamos nos
perguntando sobre a raiz de todas as possíveis causas", disse.
Ele rejeitou a idéia de que religião e ciência são
contraditórias. "A ciência nos dá o Conhecimento, e a religião nos dá o
Sentido. Ambos são pré-requisitos para uma existência decente".
"Invariavelmente eu me pergunto como pessoas
educadas podem ser tão cegas para não ver que a ciência não faz nada além de
explorar a criação de Deus."
Críticas
Alguns céticos atacam a Fundação Templeton por sua
inclinação a favor de ideologias conservadoras da religião.
Um dos principais críticos à instituição é o
biólogo evolucionista Richard Dawkings, que já descreveu o prêmio Templeton
como "uma soma de dinheiro muito grande que se concede normalmente a um
cientista disposto a falar coisas boas da religião".
Para os jurados, Heller mereceu o prêmio por
desenvolver "conceitos precisos e notavelmente originais sobre a origem e
as causas do universo, muitas vezes sob intensa repressão governamental".
A biografia do filósofo e cosmólogo polonês diz que
ele foi perseguido sob a era soviética, cuja ideologia comunista abertamente
atéia ia contra o perfil católico conservador dominante no país.
Heller conhecia o Papa João Paulo 2º, nascido
polonês sob o nome de Karol Wojtyla, que personificou a reação da Igreja
Católica contra o avanço do comunismo nos países do Leste Europeu.
"Apesar da opressão das autoridades comunistas
polonesas a intelectuais e padres, a Igreja, impulsionada pelo Concílio
Vaticano 2º, garantiu a Heller uma esfera de proteção que o permitiu alcançar
grandes avanços em seus estudos", diz sua biografia.
Heller disse que usará o dinheiro do prêmio
Templeton para financiar futuras pesquisas.
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