domingo, 28 de julho de 2013

Sete fumantes passivos morrem por dia no País

Sete fumantes passivos morrem por dia no País

Pelo menos sete brasileiros que não fumam morrem a cada dia por doenças provocadas pela exposição passiva à fumaça do tabaco. De acordo com o estudo "Mortalidade atribuível ao tabagismo passivo na população urbana no Brasil", realizado pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca) e pelo Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), pelo menos 2.655 não-fumantes morrem a cada ano no Brasil. É a primeira vez que um estudo desse gênero é realizado no País. Segundo a pesquisadora Valeska Figueiredo, "esse número é conservador" porque a pesquisa estimou a proporção de óbitos considerando apenas as três principais doenças relacionadas ao tabagismo passivo: câncer de pulmão, doenças isquêmicas do coração e acidentes vasculares cerebrais. O objeto do estudo foi a população adulta, acima de 35 anos, e de 15 capitais do Brasil.

Ficaram de fora dessa estimativa pelo menos 40% dos óbitos, que acontecem na área rural, e outras causas de morte possivelmente associadas ao fumo passivo, como a síndrome da morte súbita da infância e doenças respiratórias crônicas. Também não entraram na pesquisa os abortos provocados pelo tabagismo e morte súbita na infância. 

http://www.criacionismo.com.br/2008/08/sete-fumantes-passivos-morrem-por-dia.html

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Arqueólogos acham vestígios de muralha de Jerusalém

Fortificação de 3 m de altura cercava a cidade durante o século 1 d.C.
Pesquisadores também encontraram restos de escavação do século 19.

Arqueólogos israelenses descobriram no Monte Sião vestígios da face sul da muralha que cercava Jerusalém no século 1 d.C., o que ajuda a entender um pouco mais da cidade pela qual caminharam personagens históricos como Jesus Cristo e Herodes. 

Foto: Ronen Zvulun/Reuters
Muro foi destruído pelos romanos no ano 70 da Era Cristã (Foto: Ronen Zvulun/Reuters)

Após um ano e meio de escavações, a Autoridade de Antiguidades de Israel (IAA, em inglês) apresentou hoje em entrevista coletiva os resultados de um projeto que revelou partes da muralha que cercava a Cidade Santa durante a época do Segundo Templo (518 a.C. a 70 d.C.). O diretor da escavação, Yehiel Zelinger, afirmou que essa descoberta "permite ter uma idéia mais clara do que era Jerusalém naquela época, a de seu maior esplendor".

"Sabíamos que existiam restos da muralha e por onde passavam, mas nunca a tínhamos visto e agora estarão à vista de todos", acrescenta o estudioso, que diz que o muro tinha mais de três metros de altura. Sobre essa muralha da época do Segundo Templo apareceu outro muro do período bizantino (324 d.C. a 640 d.C.).

Foto: Ronen Zvulun/Reuters
Participante da escavação na Cidade Velha de Jerusalém (Foto: Ronen Zvulun/Reuters)

 Épocas sobrepostas
"O fato de haverem duas muralhas de diferentes épocas uma sobre a outra nos faz pensar que seguem uma linha topográfica para proteger o centro da cidade", declarou Zelinger, para quem esta informação "oferece esperanças de que também serão encontrados vestígios da muralha na época do Primeiro Templo (o de Salomão, destruído em 587 a.C.)".

Os restos da parte sul da muralha da Cidade Santa já foram escavados há cerca de 120 anos pelo arqueólogo britânico Frederick Jones Bliss, que encontrou os muros através de túneis, que, com o passar do tempo, voltaram a encher de terra.


Foto: Klara Amit/Reuters
Arqueólogos britânicos do século 19 deixaram este sapato para trás no sítio (Foto: Klara Amit/Reuters)

Através de um estudo de referências cruzadas entre os mapas da escavação britânica e as plantas atuais da cidade, os arqueólogos da IAA determinaram onde estavam os túneis e voltaram a escavar a região, na qual encontraram vestígios da primeira escavação, como um sapato e pedaços de garrafas de cerveja e vinho de mais de um século.

terça-feira, 23 de julho de 2013

A EXISTÊNCIA DE DEUS TESTEMUNHADA PELA CRIAÇÃO


"OS CÉUS PROCLAMAM..."

O espetáculo do Universo sempre tem impressionado profundamente o homem, na variedade de suas belezas e harmonia de sua complexidade, na grandeza de suas distâncias e indecifrabilidade de seus mistérios. Após contemplar, maravilhado, a grandiosidade da Criação, o salmista Davi exclamou:

"Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras das suas mãos. Um dia discursa a outro dia, e uma noite revela conhecimento a outra noite. Não há linguagem, nem há palavras, e deles não se ouve nenhum som; no entanto, por toda a terra se faz ouvir a sua voz, e as suas palavras até aos confins do mundo" (Salmo 19:1-4. ARA).

Toda a natureza não é mais que o desdobramento da glória de Deus, pois foi criada para ser seu reflexo, um testemunho do poder de suas mãos — é o que está maravilhosamente declarado nos 30 primeiros versículos do Salmo 104. Todos os caminhos que o espírito pensante segue, a partir de qualquer ponto no extenso círculo do conhecimento humano, o conduzem para o centro de todas as coisas, para Deus. Tudo — o Céu, a Terra, o dia, a noite, os astros, os átomos, o oceano e a gota de orvalho sobre a relva — tudo anuncia Deus.

As pegadas do Criador impressas na Criação são por demais luminosas para que não sejam vistas. O escritor francês Montelet Claudius dizia que não era filósofo, mas nunca atravessava um bosque sem pensar naquele que fizera crescer aquelas imensas árvores; vinha-lhe sempre de longe o pressentimento da existência de um Ser supremo e desconhecido.

Deus nunca deixou de dar testemunho de Sua existência: toda a Criação é um livro aberto que em linguagem silenciosa, mas bastante clara, torna visível a nós o Invisível. Este foi um dos argumentos usados por Paulo e Barnabé na cidade de Listra, quando, para provar à população politeísta e idolatra que eles não eram deuses, falaram sobre o verdadeiro Deus: "... o Deus vivo, que fez o céu, a terra, o mar e tudo o que neles há; o qual nos tempos passados deixou andar todas as nações em seus próprios caminhos. Contudo, não deixou de dar testemunho de si mesmo. Ele mostrou misericórdia, dando-vos chuvas do céu, e colheita em sua própria estação, enchendo de mantimento e alegria os vossos corações" (Atos 14:15-17).

Milhões e milhões de globos celestes a rolar pelos espaços do Universo, descrevendo com incrível rapidez suas gigantescas trajetórias, sem nunca se desviarem dos eternos e invisíveis eixos onde foram colocados, proclamam a glória de Deus. A moderna Astronomia já conseguiu identificar algumas centenas de milhares de sóis, entre a 1ª e a 10ª grandeza. Os grandes sistemas estelares são chamados de galáxias. Cada uma delas pode agrupar de um bilhão a um trilhão de estrelas. Ora, os cientistas calculam que o Universo seja composto de, no mínimo, 10 bilhões de galáxias. Tudo isto proclama a glória de Deus!

A GRANDEZA DO UNIVERSO
Chama-se Universo "o conjunto de tudo quanto existe (incluindo-se a Terra, os astros, as galáxias e toda a matéria disseminada no espaço), tomado como um todo", segundo a definição de Aurélio. A imensidão do espaço celeste está de tal forma acima da noção de distância usada por nós, seres humanos, que metros, quilômetros e milhas tornam-se medidas quase sem significação ou valor quando aplicadas às gigantescas longitudes existentes entre os astros. Por esse motivo, o sistema criado para se medir essas distâncias chama-se ano-luz. Para o leitor ter uma ideia de como esse sistema funciona, basta saber que, em um segundo (exatamente o tempo que nós levamos para fechar e abrir imediatamente os olhos, o chamado "piscar de olhos"), a luz percorre 300.000 quilômetros.

E por esse motivo que, durante as chuvas com trovões e relâmpagos, vemos primeiramente o raio luminoso riscar o céu, e algum tempo depois é que ouvimos o barulho do trovão. Isto acontece porque o som demora muito mais tempo para chegar até nós do que a luz. Enquanto o som percorre 360 metros em um segundo, a luz percorre, no mesmo tempo, 300.000 quilômetros! Pois bem. Apliquemos agora estas informações à grandeza do Universo.

A Terra está separada do Sol por uma distância de aproximadamente 150.000.000 (Cento e cinquenta milhões) de quilômetros. O mais veloz de nossos foguetes espaciais levaria mais de 10 anos para chegar lá. Porém, a luz gasta só oito minutos para percorrer esse imenso espaço que nos separa da estrela solar que nos aquece e ilumina! Denomina-se ano-luz a distância cujo percurso a luz leva um ano inteiro para percorrer, viajando à fantástica velocidade de 300.000 quilômetros por segundo! Isto significa percorrer uma distância 63.000 vezes maior que a que nos separa do Sol. Um ano-luz tem 9.450.800.000.000 (nove trilhões, quatrocentos e cinquenta bilhões e oitocentos milhões) de quilômetros. Ora, para que se tenha uma ideia do quanto as distâncias no Universo são imensas, basta saber que Alfa do Centauro, a estrela mais próxima da estrela que nos ilumina, ou seja, o Sol mais próximo do nosso Sol, está distante da Terra em cerca de quatro anos-luz. É o nosso vizinho mais próximo!

QUEM CRÍOU TANTAS MARAVILHAS?
Quem criou e povoou de sóis e planetas esse grandioso Universo, cujo tamanho e distâncias estão infinitamente acima de nosso limitado entendimento? Quem deu movimento a esses gigantescos corpos celestes? Quem lhes dotou de ordem e harmonia tais que palavras humanas não conseguem exprimir? Quem foi que lançou os alicerces invisíveis e inabaláveis dos astros, e quem mantém a Terra suspensa sobre o Nada? Quem somos nós diante dessas imensidões, ou onde estávamos quando tudo isto foi criado?

"Onde estavas tu, quando eu lançava os fundamentos da terra?" perguntou o Senhor a Jó, ao longo dos capítulos 38 e 39 do livro que nos relata a história do velho patriarca de Uz. Quem lhe pôs as medidas, se é que o sabes? Ou quem estendeu sobre ela o cordel? Sobre o que estão fundadas as suas bases, ou quem assentou a sua pedra de esquina, quando as estrelas da alva juntas alegremente cantavam, e todos os filhos de Deus rejubilavam?" Sugerimos que o leitor leia diretamente em sua Bíblia esses dois capítulos, cuja beleza e profundidade têm, ao longo dos séculos, conquistado a admiração e a reverência dos maiores estudiosos das grandezas e fenômenos do Universo.

"GENERAL, DEUS EXÍSTE!"
Porém, conforme comentou um astrônomo, a maior parte dos seres humanos passa toda a sua vida sem voltar um só instante o pensamento para os grandes mistérios da Criação. Sabe-se que o imperador Napoleão Bonaparte gostava muito de conversar sobre a existência de Deus. Certa vez, durante uma dessas conversas com o general Bertrand, este, que confessava-se ateu, perguntou a Napoleão:

— Quem é Deus? Será que já o viste alguma vez? Fitando-o calmamente, Napoleão respondeu:
— General, nunca viste minha inteligência, porém, todas as vezes que presenciaste ou tiveste notícia de alguma das minhas vitórias, acreditaste em mim, e me exaltaste. E que são minhas vitórias diante das obras do Onipotente? Que são meus mais brilhantes feitos de armas diante do movimento das estrelas? Se, observando as ações de um homem, tu o consideras alguém dotado de grande inteligência, porque te negas a reconhecer a existência de um Deus Criador, cujas obras admiráveis estão espalhadas por toda a parte, e dão testemunho de Sua grandeza? General, Deus existe!

O grande filósofo grego Aristóteles, esforçando-se para deixar bem claro aos seus alunos ser impossível não reconhecer a existência e o domínio de Deus sobre a Natureza, disse certa vez que aquele que, em cima de um alto monte, vendo passar o exército dos gregos, tendo à frente os cavaleiros em seus cavalos, seguidos pelos carros de guerra e os combatentes a pé, será obrigado a pensar que alguém, necessariamente, deve estar à frente, comandando aquela multidão de guerreiros. Do mesmo modo, quem vê no mar um navio deslizando sobre as águas, sabe que existe um piloto a bordo, que o conduzirá ao porto de forma segura. Assim também aqueles que erguem os olhos para o céu e veem o Sol seguir seu curso do oriente para o ocidente, e toda a frota das estrelas em perfeita harmonia, certamente procurará saber quem é o Criador desses corpos celestes, pois jamais aceitará que tantas e tão perfeitas maravilhas sejam obra do acaso.

Esse Criador é Deus. "Quão grande é Deus, quão grande é Deus" — dizia Ampere (1775-1836), o cientista descobridor da eletricidade — "e quão pouco é o que nós sabemos sobre ele!' Alguém já disse sabiamente que o mais alto conhecimento que podemos ter de Deus nesta vida, é saber que ele está sempre acima de tudo o que pensarmos a seu respeito.

OS HOMENS SERÃO INDESCULPÁVEIS
Deus existe desde a eternidade, é a origem da Vida; tem a Vida em si mesmo. O Universo e tudo o que nele há foram chamados à existência pela sua onipotência, segundo o supremo modelo de sua sabedoria e bondade.

Que é todo esse mundo visível (perguntou o escritor espanhol Luís de Granada) senão um grande e maravilhoso livro que vós, Senhor, escrevestes e oferecestes aos olhos de todas as nações do mundo, tanto de gregos como de bárbaros, tanto de sábios como de ignorantes, para que nele todos estudassem e conhecessem quem vós sois? Que serão, portanto, todas as criaturas do mundo, tão formosas e tão bem formadas, senão como letras divididas e iluminadas, que declaram o primor e a sabedoria do seu Autor?... E por vossas perfeições serem, Senhor, infinitas, e como não podia haver uma só criatura que as pudesse representar todas, foi necessário criar-se muitas, para que assim, a pedaços, cada uma por sua parte nos declarassem algo de tuas perfeições.5

As Escrituras Sagradas mostram que aqueles que se negam a reconhecer a existência de Deus, mesmo tendo os olhos do entendimento voltados para as suas inumeráveis obras, serão indesculpáveis. É o que argumenta o apóstolo Paulo no primeiro capítulo de sua Carta aos Romanos, cujos versículos 19, 20 e 21 constituem-se as bases da chamada "Teologia natural" defendida pelo apóstolo: "... visto que o que de Deus se pode conhecer, neles se manifesta, porque Deus lhes manifestou. Pois os atributos invisíveis de Deus, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se veem pelas coisas que foram criadas, de modo que eles são inescusáveis. Pois tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes seus raciocínios se tornaram fúteis, e seus corações insensatos se obscureceram."

Comentando esta passagem de Romanos, o grande pregador grego João Crisóstomo perguntava:

Deus então chamou os pagãos à viva voz? Decerto que não. Contudo, ele criou algo capaz de chamar a atenção mais do que as palavras. Ele colocou o mundo criado no centro, e deste modo podem o sábio e o ignorante, o grego e o bárbaro remontar do simples aspecto das coisas visíveis até Deus.6

A verdade é que a capacidade natural que permite ao homem reconhecer a existência de Deus a partir do testemunho da Criação, atrofia-se pouco a pouco naqueles que se negam a usá-la. O coração endurecido dessas pessoas, cujo maior objetivo na vida é gozar de tudo o que de perecível o mundo lhes oferece, não tem interesse algum em adquirir qualquer conhecimento acerca do Deus soberano que reina sobre todas as coisas.

Porém, o fato de essas pessoas deixarem que essa capacidade natural de reconhecimento da existência do Criador se atrofie, por falta de uso, não significa que elas, apesar de possuírem um coração endurecido, não tenham sido dotadas dessa capacidade. Todos os seres humanos a possuem, e é por isso que muitos terão de responder diante de Deus por esse desconhecimento, conforme escreveu o apóstolo Paulo.

Não poderíamos concluir este capítulo sem citar esta belíssima oração do grande teólogo protestante francês Fénelon:

Meu Deus! Se tantos homens não te descobrem nesse belo espetáculo que lhes dás da Natureza inteira, não é que estejas tão longe deles. A tua luz resplandece nas trevas, mas as trevas são tão densas que a não compreendem. Manifesta-te em toda parte, mas em toda parte os homens, por descuidosos, não te veem.

Toda a Natureza fala de ti, e tece louvores ao teu santo nome, mas os homens, voluntariamente surdos, nada ouvem. Eles achar-te-iam, ó doce luz, ó eterna beleza sempre antiga e sempre nova, ó fonte de delícias, ó fonte de vida pura e bem-aventurada de todos os que vivem verdadeiramente... eles achar-te-iam, se te procurassem. Vivem de ti, mas sem pensar em ti. Adormecem no seio paternal e, cheios de sonhos mentirosos que os agitam no dormir, não sentem a mão poderosa que os ampara. A ordem e a beleza que derramas sobre a face das tuas criaturas é para eles como um véu que encobre os seus olhos doentes de incredulidade. O miséria, ó noite espantosa que envolve os filhos de Adão! O homem só tem olhos para ver sombras, e a verdade parece-lhe uma miragem! O que nada é, é tudo para ele, e o que tudo é, nada lhe parece! Ai da alma ímpia que longe está de ti, sem esperança, sem eterna consolação. Porém, feliz é aquela que te procura, que suspira, que tem sede de ti; e mais feliz ainda é aquela sobre a qual brilha a luz da tua face, cujas lágrimas a tua mão enxugou, cujos desejos o teu amor já cumpriu. Quando será, Senhor, o belo dia claro e eterno em que tu hás de ser o Sol, e em que banharás os nossos corações na plenitude de tua presença e glória? Nós, os que te servimos e adoramos, vivemos suspirando por este dia.7

BIBLIOGRAFIA
1. Citado por Igino Giordani, in Deus. Tradução de Aldo Delia Nina. São Paulo. Rede Latina Editora, 1948, p. 129.
2. Citado por Alfredo Maria Mazzei, in Existe Deus? Rio de Janeiro. Editora A Noite, 1948, p. 218.
3. In A Idéia de Deus, de José Pereira de Sampaio. Porto. Livraria Chardron, 1902, p. 237.
4. In Deus: As Mais Belas Orações em Prosa e Verso, de J. Pantaleão dos Santos. Petrópolis, Vozes, 1963, p. 112.
5. Citado por Marcelino Menendez y Pelayo, in História de Ias Idéias Estéticas en Espana. Buenos Aires. Espasa-Calpe, 1943, Vol. II, pp. 87, 88.
6. Citado por Frederic Bettex, in La Grandeza dei Dios Trino y Uno. Versão livre de Teóíilo Dolmetsch. Buenos Aires, Tall. Graf. A. Minski, 1955, p. 102.
7. François de Fénelon. Demonstração da Existência de Deus. Porto, Tipografia de Manoel José Pereira, 1871, p. 136.

Fonte:

"Provas da Existência de Deus"; Jefferson Magno Costa; editora Vida; pg.21-27.

domingo, 21 de julho de 2013

Sem protesto ateu

Foi negado ontem à noite pela Justiça do Rio de Janeiro um pedido de salvo-conduto para garantir o direito de manifestação de associação de ateus, – a Atea, Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos – durante a Jornada Mundial da Juventude. Ou seja, os integrantes da Atea queriam uma liminar que lhes garantisse o direito de portar, por exemplo, cartazes contra o catolicismo, por exemplo, sem correr o risco de prisão pelas Forças de Segurança.
Na petição, representantes da Atea argumentaram que o general José Alberto Abreu, comandante da 1a Divisão do Exército e coordenador de defesa de área da JMJ, disse  numa entrevista que “quem tentar promover qualquer mobilização no espaço sob o controle das Forças Armadas será convidado a se retirar”.
O desembargador Luciano Rinaldi justificou, assim, a decisão em seu despacho:
- A condição de ateu deve ser respeitada, porquanto a ausência de crença também está inserida no campo da liberdade de orientação religiosa, protegida pelo texto constitucional. Contudo, essa condição não garante, sob qualquer pretexto, o pretenso direito de manifestação nos locais de livre exercício dos cultos religiosos e suas liturgias, que devem ser protegidos pelo estado, conforme determinação constitucional.
Por Lauro Jardim

Fonte:
http://veja.abril.com.br/blog/radar-on-line/religiao/justica-nega-pedido-de-rerepresentantes-de-associacao-de-ateus-que-queriam-garantia-de-nao-serem-presos-por-manifestacao-que-pretendem-fazer-na-jornada-da-juventude/

sábado, 20 de julho de 2013

Manuscritos do Mar Morto na íntegra na internet

Os textos mais importantes e polêmicos da época de Jesus vão ser disponibilizados na íntegra na internet, informa o jornal americano New York Times. Trata-se da coleção completa dos chamados Manuscritos do Mar Morto, textos encontrados em Israel que datam do século 3 a.C. ao século 1 d.C. e traçam um retrato complexo e fascinante do judaísmo na época de Cristo. O Conselho de Antiguidades de Israel começou nesta semana a digitalizar os 15 mil fragmentos de texto, e a expectativa é colocá-los de graça na web nos próximos anos. O trabalho é uma ferramenta essencial para a preservação desse legado histórico, porque os Manuscritos do Mar Morto só sobreviveram durante mais de 2.000 anos porque foram armazenados em condições especiais nas cavernas da região desértica de Qumran, na Cisjordânia. Mesmo com tentativas laboratoriais de manter os textos em situação semelhante, há exemplos de letras desaparecendo e outras ameaças à integridade física dos rolos.

O trabalho de digitalização dos manuscritos está sendo liderado por Greg Bearman, pesquisador aposentado do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa. Bearman está usando uma câmera especial que consegue recuperar trechos ilegíveis da antiga escrita hebraica e aramaica. O texto de todos os manuscritos (alguns equivalentes a livros inteiros, outros correspondentes a uma frase ou até uma única palavra) já foi publicado, mas a ideia é que especialistas e leigos do mundo todo possam ter acesso aos originais e consigam examiná-los virtualmente de vários ângulos.

Aparentemente, os textos de Qumran, como são conhecidos, eram exclusivamente judaicos. Foram encontrados exemplares (inteiros ou fragmentados) de quase todos os livros da Bíblia hebraica (equivalente ao Antigo Testamento protestante), com exceção do livro de Ester e do Primeiro Livro das Crônicas. Apesar da existência de variantes, os Manuscritos do Mar Morto têm bom grau de concordância com o texto bíblico que chegou até nós, o que mostra a existência de uma tradição textual contínua entre as Escrituras que podemos ler hoje e as que existiam cerca de 200 anos antes do nascimento de Jesus.


quinta-feira, 18 de julho de 2013

UM DEUS OU VÁRIOS DEUSES?


O APARECIMENTO DE “DEUSES” NA TERRA
Em que criam os primeiros seres humanos que povoaram o mundo: na existência de um único Deus ou em vários deuses? Para este tema têm-se voltado centenas de filósofos, etnólogos e historiadores. Ao longo dos séculos, muitos estudos têm sido feitos para se saber que idéia influenciou primeiro as populações primitivas: Se o monoteísmo (ou seja, a crença na existência de um único Deus), ou se o politeísmo (a crença na existência de vários deuses).

O curioso é que, estando incluído entre os pensadores que têm debatido sobre este assunto, o filósofo francêsVoltaire, apesar de sempre ter-se mostrado propenso a apegar-se a idéias anarquistas e antibíblicas, acreditava plenamente que a forma originária de crença do ser humano fora a da existência de um único Deus. "O politeísmo surgiu muito tempo depois, devido à fraqueza humana", concluiu o famoso escritor.

Ora, o interessante é que a posição da maior parte dos etnólogos modernos (homens que se dedicam ao estudo das práticas religiosas e dos costumes dos povos primitivos) diante da questão, é a mesma adotada por Voltaire. Um exame da Bíblia neste sentido nos mostra também que o que houve na humanidade foi uma degradação: da crença na existência de um único Deus: os homens passaram pouco a pouco a cultuar e a crer na existência de vários deuses.
Por esse motivo, a luta antipoliteísta e anti-idolátrica marca de ponta a ponta as páginas das Sagradas Escrituras, e o posicionamento dos que nela deixaram os seus registros inspirados é semelhante ao conteúdo desta afirmação do profeta Jeremias:

Mas o Senhor Deus é o verdadeiro Deus; ele mesmo é o Deus vivo, o Rei eterno. Do seu furor treme a terra, e as nações não podem suportar a sua indignação. Assim lhes direis: esses deuses, que não fizeram os céus e a terra, desaparecerão da terra e de debaixo deste céu (Jeremias 10:10,11).

DESVIOS DA HUMANIDADE
Em todos os locais onde a cultura humana floresceu, nos grandes ou pequenos redutos onde foram encontrados monumentos religiosos ou qualquer outro vestígio de práticas religiosas, tem-se verificado que houve uma decadência no primitivo sentimento de adoração a Deus. A princípio o homem considerava a Natureza, e tudo o que nela existe de mais belo, como sinais da existência de um Deus único, individual, invisível e superior ao mundo. Tudo anunciava a existência de Deus, mas não era visto como o próprio Deus, concebido como ser total e essencialmente único. Portanto, a crença na existência de vários deuses, surgida tempos depois, foi uma degeneração, uma conseqüência da observação supersticiosa da Natureza, e do temor diante dos diversos fenômenos e seres nela existentes. Mas foi sobretudo resultado da inegável atuação das hostes malignas de Satanás.

Portanto, várias circunstâncias contribuíram para desviar a humanidade, através de séculos e milênios, da crença na existência do verdadeiro Deus. A medida em que a crença em muitos deuses ia se alastrando entre os povos, os seres humanos passaram a adorar os ídolos da casa, da tribo, da cidade, da selva, do reino, da nação, do império. Passou-se a adorar e a servir a criatura em lugar do Criador, caindo-se na abominável confusão denunciada muito tempo depois pelo apóstolo Paulo em sua carta aos Romanos: "Mudaram a verdade de Deus em mentira, e honraram e serviram a criatura em lugar do Criador, que é bendito eternamente" (Romanos 1:25).

DEUSES POR TODA PARTE
Assim, a Terra passou a ser adorada pelas religiões siro-fenícias, como mãe fecunda de todas as outras divindades; o sol passou a ser cultuado pelos egípcios, e, tempos depois, pelos japoneses; o céu tornou-se o deus dos chineses; os persas adoravam o fogo, vendo-o como uma gigantesca ave do céu com asas de ouro, a travar combates tremendos com os "espíritos da noite". Inventando deuses e mais deuses, a humanidade foi-se distanciando cada vez mais da crença original de um único Deus soberano. A água, o vento, a chuva fertilizadora, o sol, o orvalho, o trovão, o relâmpago, as nuvens, os animais — tudo, tudo passou a ser divinizado. Conforme comentou o orador francês Bossuet, "tudo era Deus, menos o próprio Deus".

Ora, mas que Deus é este que o espírito humano há tantos séculos sabe de sua existência, mas não consegue compreender? Por acaso ele é o mesmo que os deuses informes dos selvagens, o Phtah dos egípcios, o Bel dos assírios, o Odin dos escandinavos, o Wotan dos tedescos, o Teutates dos celtas, o Zyus dos brâmanes, o Zeus dos gregos, o Júpiter dos romanos, o Alá dos maometanos? Não! "Porque o Senhor é o grande Deus, e grande Rei acima de todos os deuses", declarou o salmista (Salmo 95:3). E o profeta Isaías acrescentou: "Assim diz o Senhor, Rei de Israel, e seu Redentor, o Senhor dos Exércitos: Eu sou o primeiro, e eu sou o último, e fora de mim não há Deus"(Isaías 44:6). "Eu creio no Deus que criou os homens, e não nos deuses que os homens criaram", declarou energicamente o escritor francês Alexis Karr.

ISRAEL E A CRENÇA EM UM ÚNICO DEUS
Diante do aparecimento e da propagação de tantos deuses no mundo antigo, o puro monoteísmo de Israel, que se apresenta como um acontecimento absoluto e único na história, superando qualquer explicação psicológica, cultural ou étnica, é verdadeiramente um milagre. Os estudiosos têm concluído, admirados, que o fato de a religião de Israel ter reclamado para si, contra todas as religiões politeístas e mais antigas que ela, a adoração de um único Deus, está completamente fora das leis que regulam a evolução histórico-cultural da humanidade; é um fato surpreendente e cientificamente inexplicável.

Sabe-se, através de vários documentos, que a raça semita de onde se originou o povo de Israel teve originariamente a noção da existência de uma "Potência suprema". Por outro lado, os documentos que nos chegaram provenientes dos antigos povos cananeus revelam que, sob a influência de outros povos que transitavam na Mesopotâmia, os semitas, com a única exceção do povo hebreu, se degradaram moralmente e caíram no politeísmo. "Quem não reconhece a Deus por Senhor, terá que submeter-se a muitos senhores", diz um antigo provérbio.

Porém, apesar de a mentalidade desses povos, tanto semitas como de outras raças, entre os quais Israel peregrinava, ter sido totalmente politeísta, não há nenhum vestígio na Bíblia que mostre ter a influência dessas nações apagado por completo no coração dos israelitas a fé monoteísta, desviando-os totalmente da crença em um só Deus. Mesmo quando a nação caía sob a tentação dos cultos idolatras, a crença no Deus único e verdadeiro persistia na alma do povo, e era isso o que sempre possibilitava o arrependimento e o retorno de Israel aos cami-nhos do Senhor.

O DEUS DOS PATRIARCAS E DOS PROFETAS
Essa grandiosa solidão e exclusividade de sentimento religioso experimentado pelo povo hebreu, verdadeira luz nas trevas, não se manifestou como uma afirmação ou experiência passageira, nem como resultado de profundas meditações filosóficas da parte dos líderes do povo. Ela aconteceu tão somente devido à grandiosa intervenção do Senhor, que graciosamente elegeu Israel, instruiu-o e revelou-se a ele através de homens chamados e inspirados pelo seu Santo Espírito: os patriarcas e os profetas. Foi através desses homens que Deus se manifestou plenamente no meio da nação israelita, e irradiou fulgores que, sem limites de espaço e de tempo, anunciam a verdade e a salvação a todos os seres humanos, através de todas as gerações.3

Portanto, por intermédio dos patriarcas e dos profetas, o povo hebreu foi alcançado pela revelação de um Deus que é o mais elevado, o mais sublime entre todos os deuses, o único e verdadeiro Deus. A Bíblia é a história dessa revelação. A glória de Israel é, portanto, a de haver sido o primeiro, entre todos os povos, a receber a verdadeira idéia de Deus. Foi o único povo que primeiramente conheceu e professou o monoteísmo puro, apesar da posterior e forte atração que os seus filhos tiveram para o politeísmo semítico. Porém, no panorama religioso de todos os tempos, jamais existiu um monoteísmo tão severo e tão zeloso. Sua história, narrada na Bíblia, não é outra coisa senão a luta pela supremacia absoluta do único e verdadeiro Deus, superior aos reis vitoriosos, aos povos poderosos e aos seus deuses.

REVELAÇÃO DE DEUS NO MONTE HOREBE
Moisés havia levado o rebanho de ovelhas do seu sogro Jetro para o lado ocidental do deserto, até chegar aos pés do monte de Deus, o Horebe. Subitamente, o resplendor de uma sarça em chamas no alto do monte despertou a atenção do patriarca, e ele resolveu subir para ver de perto aquela maravilha — o fogo queimava, mas a sarça não se consumia! Ao aproximar-se, uma voz misteriosa e sublime elevou-se de dentro das chamas:

Moisés, Moisés, não te chegues para cá; tira as sandálias dos pés, porque o lugar em que estás é terra santa. Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó (Êxodo 3:1-6).

Após declarar que vira o sofrimento do seu povo sob a opressão dos egípcios, o Senhor fez saber a Moisés que o encarregara de libertar a nação escolhida. Temeroso, o genro de Jetro quis saber qual era o nome próprio de Deus, nome que lhe serviria para justificar a autoridade daquela missão. E o Senhor lhe respondeu: "EU SOU O QUE SOU... Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós outros".

Diante desta revelação, religião alguma alcança semelhante sublimidade! É difícil explicar o que a conquista dessa tão alta idéia da natureza de Deus representa para o povo hebreu, 13 séculos antes do aparecimento do Cristianismo.

Porém, haveria no povo de Israel algum mérito especial que tivesse determinado sua eleição por parte do Senhor? Não. Para eleger, Deus não depende das súplicas humanas, nem das qualidades morais que um homem ou um povo por acaso possua. Essa eleição depende tão-somente do seu amor e da sua fidelidade:

O Senhor não se afeiçoou de vós, e vos escolheu por serdes mais numerosos do que todos os outros povos, pois éreis menos em número do que todos os povos. Mas porque o Senhor vos amava, e para guardar o juramento que fizera a vossos pais, o Senhor vos tirou com mão forte, e vos resgatou da casa da servidão, da mão de Faraó, rei do Egito (Deuteronômio 7:7, 8).

Esse amor misterioso do Pai celestial é absolutamente livre: não está sujeito aos critérios humanos de julgamento.

Essa eleição é recíproca. Da mesma forma como Deus escolhe seus fiéis no meio da multidão de homens, assim também os eleitos devem escolher a Deus, excluindo totalmente os falsos deuses. Esta reciprocidade, em que está encerrado todo o insondável mistério do amor divino e do regresso do pecador ao seio do Sumo Bem, é simbolizada e expressada como "pacto" ou "aliança": "Estabelecerei a minha aliança entre mim e ti e a tua descendência depois de ti em suas gerações, como aliança perpétua, para ser o teu Deus, e da tua descendência depois de ti" (Gênesis 17:7). Abraão reconheceu o Altíssimo, o Deus do Céu e da Criação, e só a ele dedicou o seu culto. E Deus honrou a fé e a integridade do seu servo.

NÃO NOS É LÍCITO REPRESENTAR A DEUS
Portanto, além de haver inundado a Natureza e a consciência coletiva e individual de todos os povos com as provas de sua existência, Deus elegeu um povo e revelou-se a ele de forma especial, para, através desse povo, abençoar todas as nações da Terra, estabelecendo assim um caminho de salvação que conduz a Cristo, o Salvador da humanidade, surgido em meio à confusão que os falsos deuses haviam causado.

"No evangelho de Jesus se consuma com perfeição a aspiração de tornar racional e de humanizar a idéia de Deus, que palpitava já desde os tempos mais remotos da tradição israelita, sobretudo nos profetas e nos salmos, e que enriquecera e engrandecera o sentimento do sagrado... Assim, chegou-se à forma insuperável da crença em Deus Pai, tal como existe no Cristianismo, com Jesus Cristo", comentou oportunamente o escritor alemão Rudolf Otto.

Além de combater o politeísmo (a idéia da existência de outros deuses), a Bíblia também combate a idolatria (culto prestado a ídolos, geralmente representados por imagens de escultura dos falsos deuses ou do verdadeiro Deus):"Não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não te encurvarás a elas nem a elas servirás; pois eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso..." (Êxodo 20:4, 5). Porém, não podendo vê-lo pessoalmente, e sentindo-se irresistivelmente atraído pela curiosidade de saber "como ele é", o ser humano sempre carregou dentro de si um imenso desejo de representar a Deus através de figuras e símbolos.

A Bíblia combate esse desejo idolatra, por ele ser a negação da unidade e da transcendente invisibilidade de Deus. Além disso, a idolatria é uma tentativa de rebaixar o Criador à condição de uma obra feita por homens. O Ser Eterno e Supremo, origem da Vida, ficaria reduzido a um pedaço de madeira ou pedra inanimados, simples produto fabricado pelas mãos de um artífice. E isto sempre foi um ultraje, uma abominação à sua santa, digna e perfeitíssima Pessoa.

O culto das imagens de Deus, entre o povo de Israel, sempre constituiu-se em gravíssima transgressão da "aliança": "Guardai-vos de vos esquecer da aliança que o Senhor vosso Deus fez convosco, fazendo alguma imagem de escultura, figura de alguma coisa que o Senhor vosso Deus vos proibiu" (Deuteronômio 4:23). Só em Jesus Cristo a humanidade encontra a única representação verdadeira e completa de Deus. Ele está revelado nas páginas da Bíblia, e se revela dentro de nós. Em Jesus, temos Deus humanamente revelado, pois ele "é o resplendor da sua glória, e a expressa imagem da sua pessoa" (Hebreus 1:3). E foi o próprio Jesus quem disse que "Deus é espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade" (João 4:24).

UM SÓ DEUS, E NÃO VÁRIOS DEUSES
"Temos deuses demais para serem verdadeiros", disse certa vez um antigo politeísta, desconfiado e incrédulo diante da adoração de tantos deuses. Ora, as mitologias antigas, as histórias lendárias dos primeiros povos mostravam o mundo sacudido e visitado por milhares de deuses, em sua maioria inimigos dos homens e inimigos uns dos outros, que se destronavam, que se digladiavam, que se despedaçavam. Porém, à medida em que as pessoas foram reaprendendo a observar o mundo, notaram que a Natureza tem as suas leis, e essas leis são fixas. O Universo pareceu-lhes então uma obra-prima, criado e governado por um ser dotado de infinita sabedoria. A Bíblia foi a principal responsável por essa concepção da soberana posição de Deus diante de todas as coisas. A mensagem que ela trouxe aos homens (inicialmente aos judeus, e depois ao mundo todo) abalou as bases da crença politeísta.

Portanto, as fictícias narrações de guerras ocorridas entre os deuses mitológicos passaram a impressionar cada vez menos o ser humano. A atuação e a existência desses deuses seriam confirmadas se o sol interrompesse o seu deslizar cotidiano no céu, se os astros se chocassem uns com os outros, se os rios corressem para as nascentes, se os mares e oceanos avançassem e cobrissem toda a Terra. Mas nada disso era visto. Ora, por acaso não haveria motivos para se pensar que existe um só Deus, que estabeleceu leis fixas e as mantém? Sim, pois se existissem muitos deuses, todos os dias os homens contemplariam o resultado de suas vontades em discórdia, a confusão estaria estabelecida no mundo, e os fenômenos da Natureza seriam irregulares e descontrolados: Porque assim diz o Senhor que criou os céus, o único Deus, que formou a terra, que a fez e a estabeleceu; que não a fez para ser um caos, mas para ser habitada: Eu sou o Senhor e não há outro (Isaías 45:18. ARA).

Portanto, além de ter-se revelado na consciência coletiva dos povos, na natureza e na consciência de cada indivíduo, Deus revelou-se na Bíblia, destronando os falsos deuses. Através das Sagradas Escrituras, a humanidade tem recebido o testemunho da existência do Deus único e verdadeiro, que é Rei, Pai e Criador dos céus e da Terra. Ele opera maravilhas entre os homens e detém em suas mãos o domínio do Universo. "Surgem e se vão novas formas, novas circunstâncias históricas e sociais, mas sempre e sempre, atrás e por debaixo delas todas, está a revelação de um Deus que não muda e que é eterno", escreveu o apologista Allan Richardson.

BIBLIOGRAFIA
1. Segundo citação de Jean Claude Barreau, in Quem é Deus. Tradução de Almir Ribeiro Guimarães, Petrópolis, Vozes, 1971, p. 59.
2. J. Pantaleão dos Santos. Op. Cit. p. 127.
3. O leitor poderá encontrar uma excelente análise do relacionamento de Deus com o povo de Israel e com o Homem como indivíduo no livro de Martin Buber: Eu e Tu. Traduzido do alemão por Newton Aquiles von Zuben, São Paulo, Cortez e Morais, 1977, 170 páginas.
4. Rudolff Otto. Lo Santo, Io Racional y Io Irracional em Ia Idéia de Dios. Traduzido do alemão por Fernando Vera. Madri, Revista de Occidente, 1925, p. 110.
5. Allan Richardson. Apologética Cristã. 2- edição, Tradução de Waldemar W. Wey, Rio de Janeiro, JUERP, 1978, p. 68.

Fonte:

"Provas da Existência de Deus"; Jefferson Magno Costa; editora Vida; pg.45-53.

terça-feira, 16 de julho de 2013

SYLVESTER STALLONE SE ENTREGA A JESUS.


O astro Sylvestre Stallone anuncia na mídia e através de uma publicação para a Focus on the Family, que se rendeu a Cristo e declara: Quando mais vou a igreja e me entrego ao processo de crer em Jesus e escutar Sua Palavra, deixando o Senhor me guiar no que faço, mais sinto como se as pressões sumissem de cima de mim. As declarações foram feitas com a estréia de seu novo Filme Rocky Balboa, que esta levando a estrela de Hollywood de novo as telonas."É como Rocky estivesse sendo escolhido por Jesus e fosse o cara que viveria sempre o exemplo de Cristo", disse Stallone recentemente durante um encontro com líderes e pastores Cristão. Rocky agora é muito, muito perdoador. Não há amargura nele. Ele sempre vira a outra face. é como se sua vida inteira fosse sobre servir, enfatiza o ator que também é roteirista e diretor da produção.

Fonte:
http://noticias.gospelmais.com.br/testemunho-sylvester-stallone-de-rocky-e-rambo-se-entrega-novamente-a-cristo.html

sábado, 13 de julho de 2013

Sofisticação Intelectual e Crença Básica em Deus


Alvin Plantinga

Tradução: Vitor Grando

"Em “Reason and Belief in God” [Razão e Crença em Deus], eu sugeri que proposições como:

1. Deus está falando comigo.
2. Deus desaprova o que eu fiz, e
3. Deus me perdoa pelo que eu fiz.

São propriamente básicas para pelo menos alguns crentes em Deus; existe um vasto conjunto de condições, eu sugeri, nas quais tais proposições são, de fato, propriamente básicas. E quando eu disse que essas crenças são propriamente básicas, eu tinha mente o que Quinn chama de concepção estreita da relação de base[1]. Eu estava presumindo que uma pessoa S aceita uma crença A sobre a base de uma crença B somente se (aproximadamente) S acredita tanto em A e B e possa corretamente alegar (se refletir) que B é parte de sua evidência para A. A Crença de S de que há um erro em algum argumento contra P não será tipicamente uma crença sobre as bases das quais ela aceita P e não será parte de sua evidência para P[2].

Isso é importante pela seguinte razão. Ao argumentar que a crença em Deus é propriamente básica, eu pretendo refutar a alegação feita pelo opositor evidencialista: a alegação de que o teísta que não tem nenhuma evidência para o teísmo é, de alguma forma, irracional. O que o opositor evidencialista objeta contra, entretanto, não é somente à crença em Deus quando não se tem uma resposta para objeções ao teísmo tais como o argumento do mal. Ele admite que o teísta pode perfeitamente ter uma resposta para essa objeção e para outras; mas enquanto ele não tiver nenhuma evidência para a existência de Deus, ele diz, o teísta não pode crer racionalmente. Da forma como o opositor evidencialista pensa em relação à evidência, então, você não tem evidência para uma crença simplesmente refutando objeções contra esta; você deve ter também algo como um argumento a favor da crença, ou algum raciocíonio positivo para pensar que a crença é verdadeira.

Eu penso que essa concepção de evidência é uma concepção apropriada; mas em todo caso é a concepção relevante, visto ser a concepção de evidência que o opositor evidencialista tem em mente ao alegar que o teísta sem evidências é irracional.

Da forma que eu vejo isso, então proposições como (1) - (3) são propriamente básicas para muitas pessoas, incluindo adultos intelectualmente sofisticados como eu e você. Quinn discorda: “…eu concluo que muitos, talvez a maioria, dos teístas adultos intelectualmente sofisticados da nossa cultura estejam pouco, se sequer alguma vez, em condições de estarem certos de que proposições como as expressas por (1) - (3) sejam propriamente básicas para eles.”[3] Por que isso? Eu acredito que Quinn tende a concordar, primeiro, que existem condições nas quais tais crenças são propriamente básicas para uma pessoa; tais condições podem ser tais como uma criança que foi criada por pais crentes, ou talvez um adulto numa cultura na qual céticos não produziram os tipos de razões para rejeitar a crença teísta que estão na moda hoje. O problema para adultos intelectualmente sofisticados na nossa cultura, ele diz, é que existem muitos possíveis invalidadores da crença teísta disponíveis; e temos razões substanciais para pensarmos que tais invalidadores são verdadeiros. Um tipo de invalidador para uma crença (do tipo que Quinn se ocupa aqui) é uma proposição imcompatível com a crença; Quinn cita

4. Deus não existe
como um possível invalidador do teísmo. E o problema para o teísta adulto intelectualmente sofisticado da nossa cultura, afirma Quinn, é que foram produzidas muitas razões para se acreditar na proposição (4).

Existem invalidadores para a crença teísta, então; na presença de invalidadores, uma crença que, em outras circunstâncias, seria propriamente básicas pode não mais ser uma crença propriamente básica. Para ser mais exato, de acordo com Quinn:

parece plausível supor que as condições estão certas para proposições como aqueles expressas por (1) - (3) serem… propriamente básicas para mim somente se (i) ou eu não tenho razão substancial suficiente para pensar que qualquer desses possíveis invalidadores são verdadeiros, ou eu tenho tal razão, mas para cada razão eu tenho uma razão ainda melhor para pensar que os invalidadores são falsos, e (ii) em ambos os casos minha situação não envolve nenhuma negligência epistêmica de minha parte.[4]

Quinn avança e diz que ele não está nessa condição bem-aventurada em relação à crença teísta; ele conhece razões substanciais, ele diz, para acreditar que (4) é verdade, e não tem uma razão ainda melhor para supor que as razões que ele tem para acreditar em (4) sejam falsas. Então (por Q*) a crença em Deus não é propriamente básica para ele; e ele suspeita que o mesmo vale para o resto de nós.

Nisso eu estou em desacordo profundamente. Precisamos primeiro perguntar quais são essas “razões muito substanciais” para pensar que o que (4) expressa é verdade.[5] Quais seriam alguns exemplos de tais razões substanciais para o ateísmo? Quinn responde: “razões ateológicas não-triviais, variando desde vários problemas em relação ao mal até teorias naturalistas de acordo com as quais a crença teísta é ilusória ou simplesmente projetiva, são um componente universal da porção racional da nossa herança intelectual.”[6] Então tais razões substanciais para pensar que o teísmo é falso seriam o argumento do mal junto com teorias de acordo com as quais a crença teísta é ilusória ou simplesmente projetiva; aqui talvez Quinn tenha em mente as teorias Marxistas e Freudianas em relação à crença religiosa.

Eu deveria observar imediatamente que as teorias Marxistas e Freudianas que ele faz alusão não parecem ser nem mesmo razoavelmente convincentes se tomadas como razões para acreditar em (4), ou como evidência da não-existência de Deus, ou como razões para rejeitar a crença em Deus. As insignificantes especulações de Freud sobre a origem psicológica da religião e as alegações descuidadas de Marx sobre o papel social da religião não podem ser tomadas como razão ou argumento para (4), isto é, para a não-existência de Deus; tomadas desta forma elas nada mais são do que exemplos da simplória falácia genética. Se tais especulações e alegações tem um papel respeitável a realizar, pode até exercer tal papel como explicação naturalista para a ampla aceitação da crença religiosa, ou talvez tentar desacreditar uma crença religiosa traçando-a em direção à uma fonte desonrosa. Mas é claro que isso não constitui nada como evidência para (4) ou uma razão para pensar que o teísmo é falso. Alguém pode citar isso como evidência para a existência de Deus, São Paulo alega (Romanos 1) que a falha em crer em Deus é resultado do pecado e da rebeldia contra Deus. Nenhuma das teorias naturalistas de acordo com as quais o teísmo é ilusório ou simplesmente projetivo parece ter alguma força como argumento ou evidência para a não-existência de Deus - embora elas possam ser interessantes de outras formas.

Isso nos deixa com o argumento ateológico do mal como a única razão substancial para pensar que(4) é verdade. E inicialmente esse argumento parece ser muito forte como razão para rejeitar a crença teísta. Mas será realmente? Até recentemente, a maioria dos ateólogos que insistiam num argumento do mal afirmavam que

5. Deus existe e é onisciente, onipotente, e totalmente bom.

é logicamente incompatível com a proposição

6. existe uma quantidade 10x¹³ de mau.

(onde (6) é só uma maneira de se referir a todo o mal que o mundo apresenta). Hoje em dia, acredito que os ateólogos já desistiram de alegar que (5) e (6) são imcompatíveis [7]. O que eles agora dizem é que (5) é improvável em relação a (6); e Quinn (ele próprio, é claro, não é ateólogo) diz, “O que eu sei, parcialmente pela minha experiência e parcialmente por testemunho, sobre a quantidade e variedade da mal não-moral no universo confirma fortemente para mim a proposição expressa por(4).”[8] Mas será realmente verdade? Será que o que Quinn e o resto de nós sabe sobre a quantidade e variedade do mal não-moral no mundo confirma fortemente a não-existência de Deus? Esse não é o lugar para entrar numa discussão sobre esse difícil e complicado problema (difícil e complicado ao menos em parte devido ao caráter difícil e confuso da noção da confirmação); para o que é importante, entretanto, eu não vejo que esse argumento é bem sucedido. Até onde eu posso ver, nenhum ateólogo proveu uma forma bem sucedida e persuasiva de desenvolver um argumento ateológico do mal probabilístico; e eu acredito que há boas razões para pensar que isso não pode ser feito [9] Eu estou, portanto, bastante inclinado a duvidar que (6) “invalida fortemente” (5) para Quinn. No mínimo o que precisamos aqui é alguma explicação para mostrar como (ou até aproximadamente como) essa invalidação deve prosseguir.

Então primeiro, essas alegadas razões substanciais para rejeitar o teísmo exigem uma boa dose de ceticismo. Mas em segundo, até mesmo se admitirmos que há tais razões, a conclusão de Quinn não seguiria a partir daí; isso é porque (Q*), como é colocado, é claramente falso. A sugestão é que se eu tiver uma razão substancial para pensar que algum invalidador de uma proposição (por exemplo, sua negação) é verdadeiro, então eu não posso tomar apropriadamente a proposição como básica a menos que eu tenha uma razão ainda maior para pensar que o invalidador em questão é falso.

Mas certamente isso é exigir muito. Supomos que um ateólogo me dê um argumento inicialmente convincente para pensar que (5) é, de fato, extremamente improvável em relação a (6). Mas para derrotar esse invalidador em potencial, eu não preciso saber ou ter razões muito boas para pensar que é falso que (5) seja improvável em relação à (6); bastaria mostrar que o argumento do ateólogo (para a alegação de que (5) é improvável em relação à (6) é mau sucedido. Para derrotar esse invalidador em potencial, tudo que eu preciso fazer é refutar esse argumento; eu não estou obrigado a ir além e produzir um argumento para a negação de sua conclusão. Quinn encara

(4) Deus não existe
como um invalidador potencial para as proposições (1) - (3); mas para invalidar o invalidador potencial oferecido por um argumento para (4) eu não preciso necessariamente ter algum argumento a favor da existência de Deus. Existem invalidadores defensivos como também invalidadores ofensivos.[10]

Há um outro e mais sutil ponto aqui. Quinn parece estar pensando nas seguintes linhas: supomos que eu tome alguma proposição como básica, mas tenha evidência substancial, a partir de outras coisas que eu creio, para a existência de algum invalidador dessa proposição - uma proposição com a qual seja incompatível. Então (de acordo com Q*) eu sou irracional se eu continuar a aceitar a proposição em questão, a menos que eu tenha boas evidências para a falseabilidade do invalidador. Então se eu aceito uma proposição P, mas acredite ou saiba de outras coisas que constituem uma forte evidência a favor de um invalidador Q de P, então, diz Q*, se eu não quiser ser irracional em continuar a aceitar P como básico, eu tenho que ter uma razão para pensar que Q é falso, uma razão que seja mais forte do que as razões que eu tenho para pensar que Q é verdadeiro.

Agora, minha pergunta é: poderia o próprio P ser minha razão para pensar que Q é falso? Ou essa razão deve ser alguma proposição distinta de P? Considere um exemplo. Eu estou tentando conseguir uma membresia no National Endowment for the Humanities; eu escrevo uma carta para um membro, tentando suborná-lo à escrever para o Endowment uma carta me elogiando; ele se recusa indignado e manda uma carta para o meu diretor. A carta desaparece misteriosamente do escritório do diretor. Eu tenho um motivo para roubar a carta; eu tenho uma oportunidade para fazê-lo; eles sabem que eu já fiz esse tipo de coisa no passado. Além do mais, um membro bastante confiável do departamento alega ter me visto entrando no escritório do diretor na hora que a carta provavelmente foi roubada. A evidência contra mim é muito forte; meus colegas me repreendem por tal comportamento e me tratando com um desgosto evidente. Mas a verdade, entretanto, é que eu não roubei a carta e, de fato, eu passei toda a tarde em questão numa caminhada solitária pela floresta; além do mais eu me lembro claramente ter passado tal tarde caminhando pela floresta. Assim eu acredito de forma básica em

(7). Eu estava sozinho na floresta naquela tarde, e eu não roubei a carta.

Mas eu tenho forte evidências para a negação de (7). Por eu ter as mesmas evidências que todos os outros de que eu estava no escritório do diretor e tenha pego a carta; e essa evidência é suficiente para convencer meus colegas (que são justos e inicialmente bem dispostos em relação à mim) da minha culpa. Eles estão convencidos de que eu peguei a carta baseado no que eles sabem, e eu sei tudo que eles sabem. Então eu tomo (7) como básico; mas eu tenho uma razão substancial para acreditar num invalidador de (7). De acordo com Q*, se eu afirmar que sou racional nessa situação, eu devo ter uma razão ainda melhor para crer que esse invalidador em potencial seja falso. Mas eu tenho?

Bem, a única razão que eu tenho para pensar que esse invalidador em potencial é falso é somente o próprio (7); eu não tenho nenhuma razão independente para pensar que o invalidador é falso (A garantia que eu tenho para (7) é garantia não-proposicional; essa garantia não é conferida à (7) em virtude de crer nessa proposição devido a alguma outra proposição, pois não é me baseando em alguma outra proposição que eu acredito em (7)

Nessa situação é óbvio que eu sou perfeitamente racional em continuar a acreditar em (7) de forma básica. A razão é que nessa situação o status epistêmico positivo ou garantia que (7) tem para mim (por virtude de memória) é maior do que aquela conferida ao invalidador em potencial pelas evidências que eu compartilho com meus colegas. Nós poderíamos dizer que o próprio (7) invalida o invalidador em potencial; nenhuma razão além dessa é necessária para negar o invalidador para que, então, eu possa ser racional. Supomos que nós disséssemos que nesse tipo de situação uma proposição como (7) é um invalidador intrínseco do invalidador em potencial. Quando uma crença básica P tem mais garantia do que um invalidador potencial Q de P, então P é um invalidador intrínseco do invalidador Q - um invalidador intrínseco de um outro invalidador, poderíamos dizer. (Uma crença R é um invalidador extrínseco de um outro invalidador se ela invalida um invalidador Q de uma crença P distinta de R)

Então minha questão aqui é essa: como Quinn está pensando em relação a essas razões para pensar que a proposição invalidadora é falsa? Eu tendo a crer que ele quer que Q* seja lido de tal forma que essas razões tenham que ser invalidadores extrínsecos de invalidadores; mas se for assim, então seu princípio, eu penso, é claramente falso. Por outro lado, talvez deva ser entendido como dizendo algo como:

Q** se você crê em P de forma básica e você tem razão para acreditar num invalidador Q de P, então se você quer ser racional em continuar a crer em P dessa forma, P deve ter mais garantia para você do que Q.

Não estou certo se esse princípio é correto, mas eu também não quero debatê-lo. O ponto central, entretanto, é que se uma crença P é propriamente básica em certas circunstâncias, então tem garantia ou status epistêmico positivo naquelas cirscunstâncias nas quais é propriamente básica-garantida, mesmo quando não é crida baseando-se em evidências de outras proposições. (Por hipótese ela não é crida sobre as bases de evidências de outras proposições). Para ser bem-sucedido, um invalidador em potencial para P deve ter tanto ou mais garantia quanto P tem. E P pode suportar o desafio feito por um determinado invalidador mesmo se não existirem evidências independentes que sirvam para refutar o invalidador em questão; talvez a garantia não-proposicional que P usufrui seja suficiente em si mesma (como acima no caso da carta perdida) para resistir ao desafio.

Mas como isso se aplica ao caso em questão, o caso da crença em Deus e os alegados invalidadores que Quinn menciona? Como segue. Se há circunstâncias nas quais a crença em Deus seja propriamente básica, então nessas circunstâncias tal crença tem um certo grau de garantia ou status epistêmico positivo. Agora suponha que um invalidador em potencial surja: alguém alega que a existencia de 10x¹³ de mau torna o teísmo improvável, ou ele alega que a crença teísta surge a partir de nada mais honrado do que um tipo de neurose humana comum. Duas questões surgem. Primeiro, como o grau de garantia não-proposicional usufruída pela sua crença em Deus está em comparação com a garantia possuída pelo alegado invalidador em potencial? Poderia ser que sua crença, mesmo se aceita como básica, tenha mais garantia do que o invalidador proposto e dessa forma constitui um invalidador intrínseco de um invalidador.
Quando Deus falou à Moisés do meio da sarça ardente, a crença de que Deus estava falando à ele, eu me atrevo a dizer, tinha mais garantia para ele do que teria a garantia oferecida por sua negação proposta por um antigo Freudiano que passava por ali e propôs a tese de que a crença em Deus é uma questão de satisfação de desejo neurótica. E segundo, existem qualquer invalidador extrínseco para esses invalidadores? Alguém argumenta que a existência de uma quantidade 10x¹³ de mal é inconsistente com a existência de Deus; eu talvez tenha aí um invalidador extrínseco para esse invalidador em potencial. Esse invalidador-invalidador não precisa ter a forma de uma prova de que essas proposições são, de fato, consistentes; se eu ver que o argumento não é razoável, então eu também tenho um invalidador para ele. Mas eu sequer precisava ter um invalidador. Talvez eu não seja nenhum expert nesses assuntos mas aprenda a partir de fontes confiáveis que alguém tenha mostrado que o argumento não é razoável, ou que os experts estão divididos em relação à sua razoabilidade. Então, também, eu tenho ou posso ter um invalidador para o invalidador em potencial em questão, e posso continuar a aceitar a crença teísta como básica sem irracionalidade.

Para concluir: Quinn alega que adultos teístas intelectualmente sofisticados da nossa cultura raramente estão em circunstâncias epistêmicas nas quais a crença em Deus seja propriamente básica; pois eles tem razão substancial para pensar que algum invalidador do teísmo seja verdadeiro, e não tem, para cada um desses invalidadores, uma razão ainda maior para pensar que são falsos. Mas primeiro, não é necessário que eles tenham razões independentes de sua crença em Deus para a falseabilidade e tais invalidadores. Talvez a garantia não-proposicional usufruída pela sua crença em Deus é, em si mesma, suficiente para devolver os desafios oferecidos pelos invalidadores, então minha crença teísta é um invalidador intrínseco de outros invalidadores.

E segundo, invalidadores extrínsecos dos alegados invalidadores não precisam ser evidência para a falseabilidade de tais invalidadores; ao invés disso, eles podem ser enfraquecedores de tais invalidadores; eles podem ser, por exemplo, refutações de argumentos ateológicos (E aqui os filósofos Cristãos podem servir muito bem ao resto da comunidade Cristã). Minha opinião é que para muitos teístas, a garantia não-proposicional que a crença em Deus tem para eles é, de fato, maior do que os alegados invalidadores da crença teísta - por exemplo, as teorias Freudianas e Marxistas sobre religião. Além do mais, existem poderosos invalidadores extrínsecos para esse tipo de invalidadores do teísmo que Quinn sugere. O argumento ateólogico do mau, por exemplo, é formidável; mas existem invalidadores igualmente formidáveis para esse invalidador em potencial. Logo, eu estou inclinado a acreditar que a crença em Deus é propriamente básica para a maioria dos teístas - mesmo os adultos teístas intelectualmente sofisticados.

Notas
[1]Philip Quinn, “In Search of the Foundations of Theism,” Faith and Philosophy 2 (October 1985): 20-1.
[2]Faith and Rationality, ed. A. Plantinga and N. Wolterstorff (South Bend: The University of Notre Dame Press, 1983), pp. 84-5.
[3]Quinn, “Search,” p. 481.
[4]Ibid., p. 483.
[5]Ibid., p. 481.
[6]Ibid.
[7]Veja, por exemplo, o Capítulo IX do meu livro The Nature of the Necessity (Oxford: The Clarendon Press, 1974).
[8]Quinn, “Search,” p. 481.
[9]Veja meu artigo “The Probabilistic Argument from Evil,” Philosophical Studies (1980): 1-53.
[10]Devo esses termos à John Pollock. A distinção entre invalidadores defensivos e ofensivos é de central importâncial para a apologética. Se a propriedade da crença básica em Deus é ameaçada por invalidadores, existem duas maneiras de responder. Primeiro, existe a apologética negativa: a tentativa de refutar os argumentos contra o teísmo (o argumento ateológico do mal, a alegação de que o conceito de Deus é incoerente, e por aí vai). Segundo, existe existe a apologética positiva: a tentativa de desenvolver argumentos a favor da existência de Deus. Ambas são disciplinas importantes; mas somente a primeira é necessária para invalidar os invalidadores.

Fonte: http://www.leaderu.com/truth/3truth03.html

Fonte: http://www.apologia.com.br/