Por Gerardus D. Bouw - Ph. D. é professor
assistente de Matemática e Ciência da Computação no Baldwin-Wallace College,
Berea, Ohio, 44017, Estados Unidos
Neste artigo a teoria da grande explosão inicial é
apreciada criticamente. Os pontos considerados incluem problemas que têm a ver
com as condições iniciais, a entropia, a taxa de expansão inicial, a abundância
relativa de matéria e anti-matéria, a formação das estrelas e galáxias, a
interpretação do desvio para o vermelho em escala cósmica, a massa ausente, as
incertezas que pesam sobre a relação de Hubble e sobre a constante de Hubble, a
distribuição dos quasars, a síntese dos elementos e o raio Schwarzhild do
universo. Conclui-se que a teoria do “big bang” não provê explicação
satisfatória para o universo.
Escolha-se ao acaso um artigo contemporâneo escrito
por qualquer autor evolucionista versando sobre o assunto da cosmologia, para
ficar-se impressionado com a certeza demonstrada quando ao conhecimento das
transformações sofridas pelo universo e seus constituintes, bem como das suas
idades. Entretanto, por baixo dessa aparência exposta ao público, esconde-se
uma história bastante diferente. Há um considerável número de problemas que as
modernas teorias cosmogônicas não têm sido capazes de resolver, a despeito de
seu grande grau de sofisticação. Certamente não existirá nenhuma visão
evolucionista abrangente do universo que possa escapar de elementos super-miraculosos
que estarão apontando para o Criador.
Hoje em dia o modelo cosmológico mais aceito é o da
grande explosão inicial, a teoria do “big bang”. Como teoria, ela resultou da
observação de que quase todas as galáxias tênues, e presumivelmente distantes,
parecem estar se afastando da Terra com velocidades que aumentam com a sua
distância até nós. Partindo das paralaxes trigonométricas e passando pelas
estrelas Cefêidas variáveis, e indo até os membros mais brilhantes dos
grupamentos de galáxias, foi construída uma escala de distâncias cósmicas. Esta
escala envolveu bilhões de anos-luz e permitiu traçar uma relacão mais ou menos
linear (Ver em seguida) entre o desvio para o vermelho observado na luz emitida
pelas galáxias (presumivelmente uma medida da velocidade da galáxia na direção
da sua linha de visada) e a distância delas até nós. A inclinação da reta
resultante dessa relação corresponde à constante de Hubble, e o seu inverso,
que tem a dimensão de tempo, é considerado como a medida da idade do universo.
Tal interpretação da relação acima implica que todo o universo, com tudo que
nele existe, esteve uma vez compactado em um único ponto. Como a interpretação
do efeito Hubble é que a matéria que constitui o universo está atualmente em
expansão centrífuga a partir daquele ponto, os evolucionistas especulam que
toda a matéria explodiu violentamente a partir daquele ponto, esta grande
explosão inicial recebendo o nome de “big bang”.
Para o evolucionismo, o maior dos problemas, embora
não mencionável, em associação com o “big bang”, é a sua origem finalística. De
onde teria vindo todo o material que constitui o universo? Qualquer teoria
sobre as origens, quaisquer que tenham sido elas, necessariamente envolverá
termos matemáticos que por sua vez dependerão de coordenadas. Tais termos
acabarão sendo indeterminados na origem do sistema de coordenadas, ou, em
outras palavras, o matemático ou o físico acabará dividindo por zero os termos
na origem. Tomemos a densidade do universo como um exemplo. A densidade nada mais
é do que a massa total dividida pelo volume. Ora, a massa do universo
presumivelmente permanece constante (resultado da primeira Lei da
Termodinâmica), mas ao se extrapolar o “big bang” no sentido do tempo passado,
o volume do universo tende a zero. Isto faz com que a densidade tenda a ser
igual a algum número finito dividido por zero, o que leva a uma solução
indeterminada.
Para evitar tais soluções indeterminadas, os
físicos e astrofísicos realmente não consideram o início do universo no
instante zero, mas sim numa fração de segundos (10-34 segundos) imediatamente
após o instante zero. Da mesma forma não partem do tamanho zero, mas sim de uma
esfera com raio igual à velocidade da luz multiplicada por aquele intervalo de
tempo, que vem a ser 10-34 cm, o que simplesmente contorna a questão da
indeterminação.
O princípio da incerteza de Heisenberg (que
simultaneamente a posição de um objetivo e sua quantidade de movimento, ou sua
energia e o seu tempo não podem ser conhecidos com precisão absoluta) é invocado
como uma desculpa para tal procedimento. Isso significa, porém, que o princípio
da incerteza de Heisenberg deveria independer da matéria, pois os
evolucionistas supõem que esse princípio existisse antes do universo, e que o
universo tenha resultado desse princípio. Não obstante, o princípio da
incerteza é definível somente em termos de substâncias materiais como, por
exemplo, na expressão onde E indica qualquer alteração ou incerteza na energia,
t é a incerteza no tempo (isto é, quando o objeto tem energia, E) e h é a
constante de Planck. Ou também é definido em termos da posição x e da
quantidade de movimento p como na expressão:
Invocar o princípio da incerteza de Heisenberg para
explicar a origem do universo é portanto retornar à velha questão do que teria
vindo primeiro - o ovo ou a galinha - e não resolver nada.
Junto com a questão da origem finalística do
movimento no contexto de uma grande explosão inicial, existe o problema da
entropia. Existe aqui um problema real quanto a como teria evoluído uma massa
caótica, como a que se supõe ter existido no “big bang”, de tal forma a
produzir um universo ordenado como o conhecemos hoje. Os evolucionistas
normalmente tendem a contornar esse problema da entropia destacando que a
entropia total do universo permanece constante desde que se suponha que o
universo se expanda adiabaticamente. É, porém, trivial esta afirmação, pois
supor que o universo se expande adiabaticamente é supor que a entropia
permanece constante, o que constitui um círculo vicioso.
Os evolucionistas desdenham o miraculoso quando ele
é trazido para explicar a natureza e a criação. Porém o “big bang” é ainda mais
dependente de milagres do que o relato da criação do capítulo 1 do livro de
Gênesis. Suponhamos, a título de argumentação, que o modelo do “big bang”
esteja correto. Nesse caso, o universo teria vindo à existência mediante a
explosão que deve ter acontecido há alguns 10 ou 20 bilhões (109) de anos.
Descobrimos então, que o miraculoso ainda está presente, pois como escreveu
Robert Dicke:
“Se a bola de fogo tivesse se expandido somente
0,1% mais rapidamente, a atual taxa de expansão seria 3.103 vezes maior.
Tivesse a taxa de expansão inicial sido 0,1% menor e o universo ter-se-ia
expandido somente até cerca de 3.10-6 do seu raio atual antes de entrar em
colapso. Com esse raio máximo, a densidade da matéria teria sido igual a 10-12
g/cm3, mais do que 1016 vezes maior que a atual densidade. Nenhuma estrela
ter-se-ia formado em tal universo, pois não teria havido tempo suficiente para
a formação de estrelas”. (1)
Para uma flutuação ao acaso do princípio da
incerteza de Heisenberg, aquela teria assumido o valor exato! Há porém
evolucionistas que manteriam o ponto de vista de que, se tudo não tivesse
acontecido assim tão precisamente, nós não estaríamos aqui para o observar.
Hipocritamente essas mesmas pessoas não permitem que os criacionistas discutam
o antiparalelo do argumento, isto é, que a presença de tal planejamento no
universo por si só defende a existência do Planejador.
A maioria dos modelos do “big bang”, e há diversos,
predizem que quantidades iguais de matéria normal, e de anti-matéria, surgiram
a partir dos estágios iniciais do “big bang”. Não obstante, o universo aparenta
ser constituído primariamente de matéria normal; pelo menos são essas as
evidências a partir das observações da radioastronomia.
Se uma onda de rádio percorre um campo magnético,
então seu plano de polarização sofre uma rotação provocada pelo campo. Este
efeito é chamado de “rotação de Faraday”, e ocorre de tal maneira que o plano
de polarização gira num sentido se o campo for devido a matéria normal, e no
sentido oposto se o campo magnético for devido a anti-matéria. Reinhardt (2)
observou que a rotação do plano de polarização de ondas de rádio provenientes
de fontes astronômicas dava-se preponderantemente no mesmo sentido. Isso indica
que o universo é preponderantemente formado de um só tipo de matéria,
presumivelmente matéria normal. Há algumas teorias, entretanto, que têm sido
propostas para explicar a aparente ausência de anti-matéria no universo
observável. A melhor destas teorias exige que o universo esteja em expansão com
taxas iguais ao longo de duas direções, e com taxa diferente na terceira
direção (ou seja, dimensão) (3). Entretanto, também isto é não é observado (4).
O “big bang” tem também outros problemas. Os
modelos evolutivos jamais foram bem sucedidos para explicar a formação de uma
única estrela, quanto mais de uma galáxia toda, ou de um aglomerado de galáxias
(5). Virtualmente todos os modelos de formação de estrelas invocados atualmente
supõem que tanto as estrelas como as galáxias iniciaram-se como irregularidades
de densidade nos estágios bem primitivos do “big bang”. Sem tal hipótese a
física do colapso das nuvens de gás não permitiria a formação de objetos nem
remotamente semelhante aos principais constituintes do universo.
Para que tais irregularidades de densidade
estivessem presentes nos estágios primitivos da grande explosão inicial, têm
sido propostas certas explicações. Incluem elas efeitos de “contração”
magneto-hidrodinâmicos (como garrafas de plasma ou magneto-estricções) (6).
Contudo, a existência de tais efeitos nos estágios primitivos do universo exige
que então já existisse um campo magnético cósmico, cuja existência é posta em
dúvida, existindo evidências conflitantes tanto a seu favor como contrárias
(7). Além do mais, o campo de radiação do corpo negro, de 3ºK, não mostra
evidências a favor de quaisquer porções significativas de matéria num instante
que se acredita corresponder a cerca de um milhão de anos após a grande
explosão inicial (8).
Em todas as especulações evolucionistas mencionadas
até agora, foi sempre suposto que a constante de Hubble é indicativa de uma
real expansão do universo. Porém, já há uma década Halton Arp (9) tem apontado
casos que contradizem a interpretação dada por Hubble para o desvio para o
vermelho. Primeiramente Arp descobriu uma correlação estatística entre as
posições dos quasars no céu e as galáxias brilhantes próximas. Além disso, ele
destacou que, se os quasars fossem locais, eles então não poderiam provir da
expulsão dos núcleos das galáxias – a teoria “local” mais popular – pois então
deveríamos observar tanto desvios para o azul como desvios para o vermelho, mas
só são observados desvios para o vermelho.
Arp descobriu também casos como os da NGC 1199 em
que um objeto com um desvio para o vermelho atingindo 13.300 km/s foi achado posicionado
na frente de uma galáxia local em um desvio para o vermelho de 2.600 km/s (10).
Recentemente a hipótese local para os quasars sofreu outro revés quando as
pontes luminosas mencionadas por Arp foram descartadas, por serem meros efeitos
óticos devidos à curvatura da luz em campos gravitacionais, ou efeitos de
difração semelhantes aos que são observados quando, juntos os dedos polegar e
indicador, projetamos sua silhueta a partir de um foco de luz. Como
observaremos brevemente, se os objetos quase-estelares estão a distâncias
cosmológicas da terra, então o resultado é desastroso para os evolucionistas.
Outra hipótese que se encontra embutida na relação
de Hubble é a suposição de que conheça a escala de distâncias cósmicas. Como
fundamento seu está a suposição adicional de que todas as partes do universo
têm o mesmo aspecto (princípio cosmológico). Porém, se a escala das distâncias,
como atualmente aceita, estiver mesmo que remotamente correta, surge então o
problema da massa ausente. A rotação das galáxias parece ser não-Kepleriana,
indicando que existe de 10 a 30 vezes mais matéria nas galáxias do que poderia
resultar a partir de sua luminosidade (produção de luz). Para um aglomerado de
galáxias a discrepância entre as estimativas da luz e da massa dinâmica atinge
fatores de 100 até 500 ou mais ainda (11).
Se a detecção da rotação do argumentos de galáxia
da Virgem estiver correta, (12) então, a julgar pela forma da curva de rotação,
ou a lei da gravitação de Newton parece não vigorar para grandes distâncias, ou
existirá uma tremenda distribuição de massa nos agrupamentos de galáxias. Se
isto acontecer, então, mais cedo ou mais tarde isto também terá de ser levado
em conta pelos modelos evolutivos do “big bang”.
Existe ainda o problema de que, embora se suponha
que a relação envolvendo a constante de Hubble seja linear, na realidade os
dados não correspondem de maneira nenhuma a uma linha reta. Os evolucionistas
só podem ajustar uma linha reta através dos dados desde que suponham que os
afastamentos da linearidade são definidos a efeitos evolutivos. Tais
afastamentos subsequentemente são definidos como evolutivos e passam a estabelecer
padrões para a evolução das galáxias como um todo. A verdadeira forma da curva
que corresponde à relação de Hubble está muito mais próxima da quadrática do
que da linear.
Mesmo que se aceite a constante de Hubble e a
relação linear, os evolucionistas ainda não estarão em paz com o modelo do “big
bang”. O valor real da constante de Hubble é tremendamente incerto. Estimativas
modernas variam de 20 km/s/Mpc até 120 km/s/Mpc. Nos últimos anos esse valor
foi fixado arbitrariamente como sendo 50 km/s/Mpc desde que é este o valor mais
alto consistente com a idade geológica da Terra, e o mais baixo ainda
remotamente consistente com as observações. Em outras palavras, as evidências
são de que o universo, de acordo com a constante de Hubble, é muito jovem para
ter permitido a evolução da Terra. Isso se verifica especialmente à luz de
evidências recentes que levam ao valor da constante de Hubble ao valor de 95
km/s/Mpc, valor este que corresponde somente a 10 bilhões de anos para a idade
do universo (13). Isso acarreta outros problemas adicionais porque, se
supusermos que o Urânio e o Tório tenham sido produzidos por algum processo
desconhecido na época da formação da galáxia, então, utilizando os mesmos
argumentos que se aplicam à datação das rochas terrestres e dos meteoritos extraterrestres,
parece que a Via Láctea deve ter pelo menos 12 bilhões de anos, idade superior
à calculada de acordo com a constante de Hubble (14). Mesmos algumas estrelas e
grupamentos de galáxias são supostamente mais velhas do que 10 bilhões de anos.
Browner e Berman, (15) aplicaram a lógica
evolucionista usual para determinação das idades, às relações de abundância
entre o Rênio-187 e o Ósmio-187, e chegaram à idade do universo de pelo menos
20 bilhões de anos, e mais confortavelmente a 29 bilhões. Este número excede de
muito qualquer idade Hubble “confortável”.
Tudo isto serve para lançar dúvida sobre a
constante de Hubble como um indicador da idade. Como sugeriu Akridge (16), a
constante de Hubble pode constituir uma medida efetiva da densidade inicial do
universo no instante da criação e portanto não pode ser extrapolada
legitimamente para intervalos de tempos passados, para indicar qualquer idade
que possa ser realmente significativa.
Como se não bastassem os problemas radiométricos
anteriormente citados, a hipótese de que os desvios para o vermelho observados
nos quasars são da natureza cosmológica, levam a uma conclusão bastante
interessante, ressaltada por Varshni com as seguintes palavras:
“É mostrado que a interpretação cosmológica dos
desvios para o vermelho observados nos espectros dos quasars leva ainda a um
outro resultado paradoxal, a saber, que a terra é o centro do universo” (17).
Varshni descobriu cerca de 57 grupamentos entre uma
amostra de 384 quasars. Estes grupamentos foram caracterizados puramente em
termos de semelhanças espectrais, não em termos de valores dos desvios para o
vermelho, nem de áreas de agrupamentos no céu. Pelo contrário, esses seus
objetos não se encontram necessariamente perto uns dos outros quando projetados
sobre o céu, entretanto ele descobriu que o valor de seus desvios para o
vermelho era bastante coincidente. Ele concluiu, então, que se a hipótese do
desvio cosmológico para o vermelho for verdadeira, os 57 grupos ficam dispostos
em cascas esféricas todas elas tendo a Terra como centro. (Ver Figura).
Os quasars são representados distribuídos em
circunferências concêntricas com a Terra. Observe-se que, deslocando o ponto de
observação para fora do centro (da Terra), por exemplo, colocando-o em um dos
quasars, será destruído o princípio cosmológico porque os outros quasars não
estarão em circunferências concêntricas com esse quasar escolhido como centro.
Evidentemente este desenho não está em escala.
Depois de considerar e descartar duas outras alternativas,
Varshni achou que era forçoso concluir que, se a hipótese do desvio para o
vermelho for aceita para os quasars, e da mesma maneira se o modelo do “big
bang” for aceito para eles, então:
“A Terra é realmente o centro do universo. A
disposição dos quasars ao longo de certas cascas esféricas se dá somente com
relação à Terra como centro. Essas cascas desapareceriam se vistas de um outra
galáxia ou quasar. Isto significa que o princípio cosmológico terá de ser
abandonado. Implica também que um sistema de coordenadas fixo à Terra
constituirá uma estrutura preferencial de referência do Universo.
Conseqüentemente, deverão ser abandonadas para finalidades cosmológicas tanto a
Teoria Especial quanto a Teoria Geral da Relatividade” (18).
Poderia haver a tendência de descartar esse fato
como sendo uma ocorrência aleatória. Varshni, entretanto, considera as
probabilidades e conclui que a probabilidade contra a ocorrência aleatória é de
3.1086 para 1 (19).
A remoção da hipótese cosmológica do desvio para o
vermelho não ajuda necessariamente os evolucionistas, pois como foi destacado
por Arp e outros (20), existem sérios problemas com qualquer explicação local
para os quasars, não sendo a menor delas a explicação dos desvios para o
vermelho, já que todos os outros desvios se tornariam, assim, também,
suspeitos. A alternativa de Varshni é que os quasars são locais mais então
deveriamos questionar quanto ao por que não haver uma maior dispersão nos
desvios para o vermelho daqueles 57 grupamentos. Eles ainda pareceriam estar
centrados concentricamente em redor da Terra.
O grande baluarte das evidências evolucionistas a
favor do “big bang” é a radiação de corpo negro de 3ºK. Acredita-se que essa
radiação seja devida à luz liberada quando elétrons e prótons combinaram-se
pela primeira vez para formar Hidrogênio, alguns milhões de anos após a grande
explosão inicial. A temperatura do universo naquela época é calculada como
tendo atingido cerca de 3.000ºK, e o que constitui hoje o campo de radiação de
3ºK é aquele campo de 3.000ºK desviado para o vermelho por um fator z=1.000.
Aqui, também surge uma situação curiosa. O desvio
para o vermelho daquele jato de luz de Hidrogênio é portanto tomado como sendo
igual a 1.000, mas o valor mais elevado do deslocamento para o vermelho de
qualquer objeto observado é menos do que 4, e esse valor é obtido para um
quasar! Onde, então, estão os objetos com desvios para o vermelho
intermediários? Onde estão os objetos com desvios para o vermelho entre z=4 e
z=1.000? Esteve o universo desprovido de objetos durante todos os bilhões de
anos intermediários?
Existe uma interpretação criacionista possível para
o campo de radiação cosmológica de 3oK, que não envolve absolutamente nenhuma
evolução. Existe uma “curiosa coincidência” que foi primeiramente mencionada
por Hoyle e outros em 1968 (21) e retomada por Clayton em 1969 (22). Se
supusermos que todos elementos do universo foram criados “in situ” pela fusão
nuclear a partir do Hidrogênio, e se os fótons resultantes fossem então
termalizados (de forma não permanecerem potencialmente perigosos à manutenção
da vida), o campo de radiação resultante teria a temperatura de 3ºK e
apresentaria um espectro de corpo negro. Na realidade, Hoyle e colaboradores
consideraram somente a conversão do Hidrogênio em Hélio, e não necessariamente
“in situ”. Mas a sua estimativa da densidade média do universo é provavelmente
baixa, de forma que o efeito permanece quando consideramos todos os elementos.
Os evolucionistas, portanto, se deparam com um “big
bang” miraculosamente controlado; que de alguma forma foi programada para
iniciar-se alguns instantes depois do início da contagem do tempo, para assim
evitar dificuldades intransponíveis que jamais seriam superadas no instante
zero; um posicionamento miraculoso da Terra no cento aparente da expansão; e
valores contraditório das idades da Terra, da galáxia e do universo. Porém os
seus problemas não se encerram aqui. Hoyle (23) chamou a atenção para ainda
outra “coincidência”, que parece ser uma de suas predileções. Os núcleos dos
átomos exibem níveis de energia praticamente da maneira como os elétrons exibem
níveis de energia em torno do núcleo. Ora, acontece que o Carbono-12 tem um
nível de energia nuclear de 7,655 Mev, e o Oxigênio-16 tem um nível de 7,119
Mev. Se aceitamos a fusão nuclear como responsável pela formação dos elementos
(mesmo formação “in situ” a cerca de 6 mil anos), então a disposição relativa
desses dois níveis de energia não deixa de ser algo miraculoso.
Os níveis de energia são devidos a propriedades da
força nuclear forte e da repulsão eletromagnética entre os prótons. Se essas
duas propriedades fossem alteradas mesmo muito ligeiramente, resultaria uma
mudança drástica nos dois níveis de energia anteriormente mencionados. A
mudança seria de tal ordem que quase todos os átomos que hoje são Carbono-12
ter-se-iam tornado átomos de Oxigênio-16. A implicação disso é clara: sem
Carbono, não haveria vida tal qual a conhecemos.
Finalmente, há um outro fator que não tem sido
considerado tanto quanto saiba o autor, nem na literatura evolucionista, nem na
criacionista. A literatura astronômica nos últimos dez anos tem sido sacudida
com rumores e especulações sobre os buracos negros. Um buraco negro é definido
como um bloco de matéria que foi tão compactada que seu campo gravitacional
excede a velocidade da luz. Nada poderá escapar de um buraco negro, nem mesmo a
radiação luminosa.
Para uma dada massa M, o raior R dentro do qual a
massa deverá estar compactada para se tornar um buraco negro, denominado raio
Schwarzshild, é dado por onde G é a constante gravitacional e c é a velocidade
da luz.
De acordo com a cosmologia de grandes números de
Dirac, existem cerca de 2.1078 núcleons no universo (24). Com uma massa de
1,67.10-24g por núcleon, isso leva à massa total de 3.1054g para o universo. O
raio Schwarzshild do universo com essa massa é igual a cerca de 500 milhões de
anos-luz, muito menor do que o raio aceito para o universo. Para salvarmos a
cosmologia do “big bang”, deveremos crer que o universo escapou para fora de
seu próprio raio Schwarzshild ou que a física dos buracos negros não funciona
para o universo?
Além disso, se aceitarmos a massa ausente como
estando acima e além da massa da cosmologia de Dirac, dando-nos assim um fator
de 500 para jogarmos com ele, poderíamos concluir algo sobre a idade do
universo?
Em conexão com nossa discussão sobre os buracos
negros, deveríamos fazer menção a alguns desenvolvimentos recentes no campo. Há
evidências crescentes de que quasars, núcleos Seyfert e os núcleos das galáxias
normais estão todos relacionados entre si, e representam mais ou menos um
contínuo de estados ou características. Os núcleos são considerados como sendo
objetos supermaciços. Objetos com massa superior a 6 massas solares são
definidos como supermaciços, mas no caso trata-se de núcleos com massas
centenas de milhares, até milhões, de vezes superiores ao do Sol. Se for
demonstrado ser esse o caso, então a observação de Varshni causará um impacto
violento, pois a centralidade da Terra não poderá ser removida por qualquer
desenvolvimento futuro, como por exemplo a demonstração de uma ligação aparente
entre os núcleos das galáxias normais e os quasars (25).
Consideramos somente uns poucos dos problemas fundamentais
que os evolucionistas modernamente enfrentam em sua luta para se manter dentro
de seu naturalismo ateísta – seu modelo “bang! Você está vivo!” Muito do que
foi considerado aqui ficará superado dentro dos próximos anos, pois essa é a
natureza da ciência. Apesar de tudo, historicamente, a ciência de hoje é a
superstição de amanhã, especialmente numa época em que uma teoria é considerada
“frutífera” se levantar mais questões do que respostas. À luz de nosso estudo,
pareceria que o “big bang” é uma superstição, e está destituído de qualquer
base factual. Na realidade ele se baseia em algumas das hipóteses menos
compreendidas, mais especulativas, e menos examinadas jamais adotadas pelo ser
humano. Sem dúvida, ele constitui uma “falsamente chamada ciência”. (I Timóteo
6:20)
Referências
(1) Dicke, R. H. 1969. Gravitation and the
universe. Philadelphia: American Philosophical Society, p. 62.
(2) Reinhardt, M. 1971, “The primaeval magnetic
field and antimatter”. Astrophysical Letters, 8(4):181-182.
(3) Zel-dovich, Ya. B., 1970. “Particle production
in cosmology”, JETP Lett. 12(9):307-311.
(4) Muller, R. A., 1978. “The cosmic background
radiation and the new aether drift”. Scientific American, 238(5):64-74.
(5) Jones, B. J. T., 1976. “The origin of galaxies:
a review of recent theoretical developments and their confrontation with
observation”. Reviews of Modern Physics, 48(1):107-149.
(6) Fenelly, A. J., 1980. “Magnetohydrodynamic
solution to the problem of the origin of the galaxies in an expanding
universe”. Physical Review Letters, 44(14):955-958.
(7) Soufe. Y., M. Fujimoto, e K. Kawabata, 1968.
“Faraday rotation by metagalactic field”. Astronomical Society of Japan,
20(4):388-394. Ver também Reinhardt, M., 1972. “Interpretation of rotation
measures of radio sources”. Astronomy and Astrophysics, 19(1):104-108.
(8) Muller, Op. cit.
(9) Arp. H., 1970. “Distribution of quasistellar
radio sourcers on the sky”. Astronomical Journal, 75(1):1-12. Também em 1971.
“Observational paradoxes in extragalactic astronomy”. Science,
174(4015):1189-1200.
(10) Arp. H., 1978. “NGC 1199”. Astronomy 6(1):15.
(11) Bouw, G. D., 1977. “Galaxie clusters and the
mass anomaly”. Creation Research Society Quarterly, 14(2):108-112.
(12) Bouw, G. D., 1977. “The rotation-curve of the
Virgo cluster of galaxies”. Creation Research Society Quarterly, 14(1):17-24. O
Dr. Bouw não conseguiu evidências favoráveis à otação no enorme grupamento de
galácias.
(13) Hanes, D. A., 1979. “A new determination of
the Hubble constant”. Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.
188(3):901-909.
(14) Hoyle, F., 1975. Astronomy and cosmology. San
Francisco, W. H. Freeman and Co., pp. 574-577.
(15) Browne, J. C., and B. L. Berman, 1976.
“Neutron-capture cross sections for 186 Os and 187 Os and age of the universe”.
Nature, 262(5565):197-199.
(16) Akridge. G. R., 1979. “The expansion of the
universe: a study of the initial conditions”. Creation Research Society
Quartely, 16(3):176-181.
(17) Varshni, Y. P., 1976. “The red shift
hypothesis for quasars: is the Earth the center of the universe?” Astrophysics
and Space Science, 43(1):3-8.
(18) Ibid., p. 8.
(19) Ibid., p. 4. “Varshni’s figure of the 3.10-85
for the probability is in error and should be 3.10-87.
(20) Burbidge, G., 1971. “Was there really a big
bang?” Nature, 233(5314):36-40.
(21) Hoyle, F., N. E. Wichramasinghe, and N. C.
Reddish, 1968. “Solid hydrogen and the microwave background.” Nature,
218(5147):1124-1126.
(22) Clayton, D. D., 1969. “The origin of the
elements”. Physics Today, 22(5):28-36.
(23) Hoyle. F., 1975. Op. cit., pp. 401-402.
(24) Roxburgh, I. W., 1977. (in) The encyclopedia
of ignorance, R. Duncan and M. Weston-Smith, eds., New York, Pergamon Press, p.
39.
(25) De acordo com a teoria atual, massas de
objetos estelares superiores a 60 massa solares, e até 5.4 105 massas solares,
atingindo então um total de cerca de mais de 75.105 sóis, todos eles terminarão
como buracos negros. Essa teoria ignora um “fato” teórico bem conhecido, a
saber, que as estrelas acima de 6 massas solares não se contraem homologamente.
Pelo contrário, essas estrelas (deixando de lado o problema do início do
colapso em primeiro lugar) entram em colapso somente até um certo ponto além do
qual elas não podem se contrair, fase durante a qual matéria deveria estar
sendo atraída pela estrela que assim tem sua massa aumentada. Em seguida a
estrela “explode” ou “regorgita”, perdendo massa. Esse regorgitamento é seguido
por um período de nova atração de matéria pela estrela, repetindo-se novamente
o ciclo. Dentre todas as teorias evolucionistas existentes, esta é a melhor
para explicar a aparente continuidade desde o núcleo da galáxia até o quasar.
Do ponto de vista criacionista isso tem duas conseqüências: primeiro, diminui o
problema da energia necessária para a manutenção dos quasars durante 107 anos,
pois a nova teoria os torna apenas fenômenos periódicos; e segundo, fornece aos
criacionistas um espectro completo em um só modelo, já que o modelo não
necessita ter nada a ver com o tempo, e portanto com a evolução.
Esse comportamento por parte dos núcleos galácticos
é independente deles terem evoluído ou não. Existem problemas com essa nova
teoria, que são os mesmos enfrentados pelos entusiastas dos buracos negros com
os modelos dos discos de acreção. Há também algum questionamento quanto ao fato
de qualquer matéria regorgitada pela estrela supermaciça poder ou não voltar à
sua superfície em uma escala de tempo curto em face de 107 anos. Entretanto a
maioria desses problemas existe também para os evolucionistas. Finalmente, essa
teoria evita os buracos negros, pois ela indica que estrelas supermaciças não
entrarão em colapso final formando buracos negros. Os buracos negros, se na
realidade existirem, deverão ser originados de outra forma.
BURACOS NEGROS
Em 1783, o astrônomo John Michell sugeriu que a
gravidade também poderá atuar sobre a luz. Nessa época, estava em vigor a
teoria de que a luz era formada de partículas ou corpúsculos e aceitou-se que
algumas estrelas poderiam ser tão grandes que a “velocidade da luz”, o que
impediria que aquelas partículas escapassem para o espaço. Para um observador
na Terra, essa estrela seria invisível contra o fundo escuro do espaço, e
portanto seria “vista” como um “buraco negro”.
Essa concepção foi considerada muito improvável
quando passou a ser aceita a teoria ondulatória da luz, em substituição à
teoria corpuscular.
Entretanto, com o surgimento da teoria da
relatividade geral, de Einstein, foi aceita a possibilidade do encurvamento dos
raios luminosos nas imediações de objetos de grande massa, pelo efeito da
gravidade. Essa possibilidade tornou-se uma certeza pelas observações feitas
por ocasião do eclipse total do Sol em 1919, inclusive por uma equipe de
pesquisadores que esteve no Brasil, em Sobral, no Ceará.
Assim, o que hoje se designa como “buraco negro” é
um corpo com massa suficiente para atrair toda a matéria ao seu redor,
acelerando-a a velocidades enormes, de maneira a formar um “disco de acreção”
constituída por matéria em rotação ao redor do seu núcleo, “aspirando-a” com
enorme velocidade até seu desaparecimento, o que ocasionaria simultaneamente a
emissão de enorme quantidade de Raios-X.
A densidade extrema de um corpo como esse criaria
um intenso Campo gravitacional, de tal forma que o espaço ao seu redor seria
tão curvo que o seu interior ficaria isolado do espaço exterior, não deixando
nada escapar para fora.