Texto:
E eu darei graça a este povo aos olhos dos egípcios; e
acontecerá que, quando sairdes, não saireis vazios, porque cada mulher pedirá à
sua vizinha e à sua hóspeda jóias de prata, e jóias de ouro, e vestes, as quais
poreis sobre vossos filhos e sobre vossas filhas; e despojareis os egípcios
Êxodo 3:21-22
1.Primeiro leiamos o versículo anterior: “E farei que os egípcios tenham boa vontade
para com o povo, de modo que, quando saírem, não sairão de mãos vazias”.
O versículo diz claramente que os egípcios dariam
de boa vontade.
2.Para entender melhor o texto, é necessário
dividi-lo em duas partes:
a) “Todas as israelitas
pedirão às suas vizinhas, e às mulheres que estiverem hospedando em casa,
objetos de prata e de ouro, e roupas, que vocês porão em seus filhos e em suas
filhas”.
Onde diz aqui, que elas pediram algo emprestado
para devolver mais tarde? Roubo está relacionado a tomar algo sem
consentimento. Quando alguém invade minha casa e leva algo sem meu
consentimento, isto é roubo. Ou quando alguém me pede emprestado algo com a
intenção de nunca mais devolvê-lo, isto é roubo. Porém, se alguém me pedir algo
para que lhe dê, e eu dou a esta pessoa de livre e espontânea vontade, depois
terei o direito de ir a polícia e dizer que fui roubado? As mulheres hebreias
não roubaram ninguém. Elas pediram os objetos e como diz o vs.21, as egípcias
deram de boa vontade.
b) “Assim vocês despojarão os egípcios”.
A palavra despojo aqui em hebraico é wayyenasselû, oriundo de nasal, cuja
raiz significa “despir, despojar, livrar alguém do (perigo)”. Este não é termo
que se utiliza comumente referindo-se a despojar o inimigo depois de ter sido
morto no campo de batalha; nesse caso, usar-se ia o verbo salal. Mas está bem claro que temos aqui nissel em sentido figurado, visto que a narrativa declara que os
israelitas fizeram um pedido verbal e não um saque.
A pergunta que fica é "por que as mulheres
egípcias deram de boa vontade os objetos preciosos?" Basta ler Ex 12:33 ”Os egípcios pressionavam o povo para que se apressasse em sair do
país, dizendo: “Todos nós morreremos!”. E continua nos vs.35 e 36: "Os israelitas obedeceram à ordem de Moisés e pediram
aos egípcios objetos de prata e de ouro, bem como roupas. O Senhor concedeu ao
povo, bem como roupas. O Senhor concedeu ao povo uma disposição favorável da
parte dos egípcios, de modo que lhes davam o que pediam; assim eles despojaram
os egípcios”.
Os egípcios estavam apavorados com o Deus de Moisés
e deram de “boa vontade” (na verdade por temor) tudo o que o povo pediu a eles.
Pois não viam a hora de se ver livres do Deus de Moisés.
Porém, onde
fica a questão moral aqui nestes textos?
Durante muitas gerações, alguns séculos, a
população israelita no Egito havia sido sujeita à escravidão opressiva,
verdadeiramente brutal. Israel sofrera infanticídio (crianças foram jogadas
para os crocodilos no Rio Nilo) e genocídio, tinham sido obrigados a trabalhar
sem ordenado, na construção das cidades do tesouro do Faraó e demais edifícios
públicos. Quem foi que roubou quem nesta história afinal? Israel não roubou o Egito.
Israel pediu algo. Pedir não é roubar. Os egípcios não pediram nada para eles.
Eles oprimiram Israel e roubaram sua vida, mataram seus filhos durante quatro
séculos. Israel tinha o direito de receber todos os objetos que receberam dos
egípcios.
Pipe
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