segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

COMO PODEMOS CONHECER A DEUS? BUSCANDO A FACE DO INVISÍVEL

Como é possível a nós, seres humanos, limitados pela matéria, conhecermos a Deus, que é ilimitado e Espírito puro? Poderemos sondá-lo, chegar ao mais profundo de sua onipotência? Ele é mais alto que os céus, e mais profundo que o maior de todos os abismos. Sua grandeza é humanamente insondável. Ele é superior ao mar e à terra. 'Porventura desvendarás os arcanjos de Deus ou penetrarás até a perfeição do Todo-poderoso?" perguntou o patriarca Jó.

"Como as alturas dos céus é a sua sabedoria: que poderás fazer? Mais profunda é ela do que o abismo: que poderás saber? A sua medida é mais longa do que a terra, e mais larga do que o mar" (Jó 11:7,9. ARA).

Nossa capacidade de conhecer as coisas reside nos órgãos sensoriais do nosso corpo: os cinco sentidos — olfato, paladar, tato, visão e audição — que nos foram dados por Deus e nos permitem entrar em contato com a natureza. Porém, eles foram ajustados para nos fornecer informações sobre o mundo visível, palpável — o mundo material —, mas são incapazes de nos colocar em contato direto com o invisível, o impalpável — o mundo espiritual.

Todavia, apesar de não nos ser possível ter uma visão imediata e direta de Deus, podemos chegar, através desses mesmos sentidos, ao reconhecimento de sua existência através do seu reflexo no espelho da natureza — as obras de suas mãos. Só desta forma nos é possível, humanamente falando, obtermos o conhecimento de Deus. Isto, de acordo com os nossos próprios esforços e capacidade natural. Não estamos levando em conta aqui o conhecimento e experiências que podemos obter no aspecto espiritual. Isto será estudado mais à frente.

CONHECIMENTO NATURAL E CONHECIMENTO REVELADO
Porém, devemos distinguir aqui os dois tipos de conhecimento que podemos obter de Deus: o natural e o revelado. O conhecimento natural de Deus é aquele que obtemos através daquilo que nos diferencia dos animais irracionais: nossa capacidade de pensar, ou seja, nossa razão. Portanto, todo homem tem à sua disposição as provas da existência de Deus, refletidas no espelho de tudo o que Deus criou no Universo. E por isso que o ateu será indesculpável diante destes testemunhos; é o que diz Paulo em Romanos 1:20.

Todavia, sabendo Deus que os poderes da razão humana só eram capazes de fornecer ao homem um conhecimento natural acerca de sua existência, e que esse conhecimento era insuficiente para desvendar à humanidade a necessidade de que todos se arrependessem e fossem salvos dos seus pecados, Deus se revelou a nós através de sua Palavra e de seu Filho Jesus Cristo. Este é o conhecimento revelado.

Como não nos era possível obter um conhecimento sobrenatural de Deus do mesmo modo como podemos obter o conhecimento natural, alguém teve que nos ajudar a chegar a esse conhecimento. Esse alguém é Cristo. Só aqueles que forem alcançados pela graça através da fé em Jesus Cristo é que poderão obter esse conhecimento sobrenatural (ou revelado) de Deus. Esta verdade constitui-se em um dos pilares do Evangelho de João: "Ninguém nunca viu a Deus, mas o Deus unigênito, que está ao lado do Pai, é quem o revelou" (João 1:18).

CRISTO, A PLENITUDE DA REVELAÇÃO DE DEUS
Deus revelou-se ao homem primeiramente no "espelho" do universo e no tribunal de sua consciência, depois em sua Palavra, inspirada aos patriarcas e profetas, e finalmente no seu Filho Jesus Cristo: "Havendo Deus, outrora, falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias nos falou pelo Filho a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo" (Hebreus 1:1, 2. ARA).

Assim, pois, à medida que passamos a tomar parte do infinito conhecimento que Cristo tem de Deus, já não contemplamos a Deus com os olhos puramente humanos, mas com os olhos humano-divinos de Cristo, e deste modo poderemos compreender em profundidade e glória aquilo que nos seria impossível conhecer através dos limitados poderes da nossa razão.

A fé torna possível à nossa mente a obtenção do conhecimento sobrenatural (que está acima do natural) dos imensos mistérios de Deus. "O conceito cristão de revelação é este: a verdade que os homens não podem enxergar por si, sem o auxílio divino, é apresentada em Cristo através da operação da divina graça" — escreve Allan Richardson. Pela fé em Jesus Cristo é que descobrimos a face de Deus.

O fato de Deus nos ter falado em linguagem de homem através de seu Verbo mudou completamente as perspectivas de toda a busca da Divindade. Hoje, os que aceitamos Jesus Cristo como Salvador, caminhamos em direção a Deus guiados pelo Filho, que nos revela o Pai através de sua doutrina, de sua vida e do seu Espírito.

EXISTE HARMONIA ENTRE A RAZÃO E A FÉ?
Porém, devemos atentar para o fato de haver pessoas que afirmam ser impossível obter-se sequer uma prova da existência de Deus através da razão. Crê-se na existência de Deus, na Bíblia como sua Palavra e em Jesus Cristo como Salvador do mundo tão-somente fazendo-se uso da fé: mas provas mesmo não existem, afirmam. Tais pessoas são conhecidas como fideístas. A sua fé é cega. Acreditam que, quando se trata de fé, a razão (ou seja: a capacidade da mente humana raciocinar) não deve tomar parte. Por isso elas fecham os olhos e esforçam-se para continuar crendo, apesar de imaginarem que qualquer avaliação dos porquês de sua crença abalaria os fundamentos de sua fé.

Tais pessoas estão perigosamente enganadas. "Eu creio, mas desejo compreender", dizia o teólogo Anselmo. E este deve ser o lema de todo crente que deseja estar em condições de cumprir o que nos aconselhou Pedro: "... antes, santificai a Cristo como Senhor, em vossos corações, estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós" (1 Pedro 3:15). Em nossa trajetória em busca do conhecimento dos mistérios de Deus, não existe conflito entre a fé e a razão. Há crentes que desconhecem o quanto o uso da razão é importante em nossos esforços para penetrarmos os mistérios relacionados com a nossa salvação. É certo que é Deus quem revela esses mistérios. Porém, Ele nos fala tanto ao nosso coração como à nossa mente, para nos levar à certeza de que nossa fé está fundamentada em bases seguras. Ela não é cega, nem irracional.

Diante disto, afirmamos convictamente que a Bíblia sairá triunfante como um livro verdadeiro, como Palavra da verdade, em qualquer análise a que for submetida. Nossa fé na Bíblia é uma fé possível de ser provada. Assim como existem provas racionais da existência de Deus, existem também inúmeras provas de que a Bíblia é realmente a Palavra da Verdade, e está acima de todos os livros existentes no mundo. Porém, os crentes que desconhecem esse fato preferem fechar os olhos e crer. Eles temem que, se os abrirem, ou seja: se sua fé for submetida ao teste da razão, eles se tornarão incrédulos.

O teólogo inglês Ricardo Hooker fez o seguinte comentário sobre esses crentes: "Há um bom número de gente que pensa não poder admirar, como é preciso, o poder e a autoridade da Palavra de Deus, caso nas coisas divinas se possa atribuir qualquer força à razão humana. Por esse motivo nunca usam de boa vontade a razão, temendo levar a Bíblia a descrédito." Avisamos aqui a essas pessoas que elas podem ficar tranqüilas: a Bíblia não corre esse perigo.

A IMPORTÂNCIA DA FÉ E DA RAZÃO PARA O CONHECIMENTO DE DEUS
Biblicamente, a fé "é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não veem" (Hebreus 11:1). Teologicamente, ela significa a aceitação de algo como verdade, que tem por fundamento o testemunho de Deus manifestado em um fato histórico. A fé gera a confiança. Ela não é produto de um sentimento cego. Não é algo que nada tenha a ver com provas, ou que a estas se oponha. A fé e a razão são os dois trilhos que nos conduzem à Verdade, a Deus. Cristo deixou bem claro que a nossa fé não pode ser cega: "E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará" (João 8:32). Portanto, nós alcançamos o conhecimento de Deus pelo caminho da fé e pelo caminho da razão ao mesmo tempo. Paulo fala em apresentarmos o nosso culto "racional" a Deus (Romanos 12:1). E o que devemos fazer.

Anselmo costumava dizer que o modo correto de agirmos no que tange ao relacionamento da nossa inteligência com a fé "é crermos nas coisas profundas da religião cristã antes de nos pormos a discuti-las com a nossa razão". O crente deve conscientizar-se de que a fé não se opõe à razão. Crer é o primeiro passo que se deve dar no caminho em busca do entendimento. Nós cremos para poder compreender. "A fé é o degrau da compreensão, e a compreensão é o prêmio da fé", disse um grande teólogo. "Se não crerdes, não entendereis", é o que está escrito em Isaías 7:9, na tradução Septuaginta da Bíblia (do hebraico para o grego). Portanto, a fé é o caminho para o entendimento, é a condição indispensável para penetrarmos na revelação de Deus. A ausência de fé torna impossível tanto agradarmos a Deus (Hebreus 11:6), como entendermos os seus mistérios.

Além do mais, a Palavra de Deus não pode penetrar em uma criatura irracional. Para que alguém creia, é necessário que seja capaz de pensar. "Pereça a ideia de que devemos acreditar não termos necessidade de buscar uma razão para aquilo que cremos, porque, de fato, já não poderíamos crer se não tivéssemos almas racionais", observou Agostinho, esse grande estudioso das Escrituras.

Quanto à fé, ela não é fruto da simplicidade supersticiosa; não é também uma simples impressão do sentimento religioso. Ela é o ato mais elevado da razão que, reconhecendo sua natureza finita e limitada no caminho da verdade, aceita aquilo que se encontra no terreno da revelação de Deus ao homem. A fé em Jesus Cristo é, portanto, o ponto mais alto a que pode chegar a razão humana. Só nela o imenso desejo de conhecimento que há dentro do ser humano encontra a suprema elevação e a plenitude de sua busca, o espírito humano encontra o almejado descanso, e o coração, a paz.

Em uma de suas cartas, um cristão da Igreja Primitiva declarou que os filósofos platônicos tinham pressentido a invisibilidade, imutabilidade e incorporabilidade da natureza divina, mas haviam desprezado o caminho que conduz a ela, porque lhes pareceu uma loucura o Cristo crucificado; por isso, não puderam chegar a Deus, que "é o santuário íntimo do repouso, tendo, porém, descoberto de longe a imensa claridade que ele derrama".

DEUS: O QUE OU QUEM ELE É?
Quando estivermos falando acerca de Deus, ou quando ouvirmos alguém falando sobre ele, é bom sabermos que existem três diferentes maneiras de se imaginar qual é a posição de Deus com relação ao mundo.

DEÍSMO
Certas pessoas afirmam que Deus está no mundo e é o seu Criador, mas não exerce domínio completo sobre ele. São os chamados deístas. Eles estão divididos entre os que acham que Deus não pode intervir no mundo, pois quebraria as leis naturais (e produziria, assim, o milagre), e os que afirmam que ele não quer intervir no mundo: Deus criou tudo e em seguida abandonou a Criação à sua própria sorte, é o que dizem. Segundo essas pessoas, Deus, ou não se importa com o mundo e os seres humanos, ou suas mãos estariam amarradas pelas leis que ele próprio criou.
Porém, a vida sobre a face da Terra e no Universo não é um jogo de forças que se sucedem sem ponto de partida ou de chegada. Não é uma viagem na incerteza, sem finalidade. Não. A vida é produto da vontade divina, projetada desde a eternidade, determinada e dirigida por Deus, mas executada livremente. Não é o cego acaso que reina sobre o destino dos seres humanos, e sim a mão de Deus. O nosso Deus não é um ídolo surdo e insensível, que habita em regiões inacessíveis e entrega o universo ao acaso. Jesus Cristo, no capítulo seis do Evangelho de Mateus, descreve com expressão lírica o cuidado paternal dessa Providência divina que alimenta os pássaros e veste de esplendor os lírios do campo, que se preocupa com as coisas mais pequeninas, e muito mais com os homens, criados à sua imagem e semelhança.

Os deístas se esquecem da fidelidade do Senhor em socorrer aqueles que nele confiam, conforme fala o salmista (Salmos 69:13; 121:2). "Eis que eu sou o Senhor, o Deus de todos os viventes; acaso haveria coisa demasiadamente maravilhosa para mim?" (Jeremias 32:27).

PANTEÍSMO
Existe outra idéia errada acerca de Deus. É o panteísmo. Os panteístas dizem que tudo é Deus, todas as coisas são como pedaços dele: o sol, uma formiga, o homem, uma pedra, uma flor. "Deus é como uma imensa folha de papel, rasgada em inúmeros pedacinhos' , seria o conceito panteísta, em sua forma mais simples. Os panteístas se esquecem de que Deus criou o Universo, mas é superior a toda a Criação. "Sê exaltado, ó Deus, acima dos céus; e em toda a terra esplenda a tua glória" (Salmo 57:11). O evangelista João, vislumbrando na Ilha de Patmos essa superioridade do Deus Criador, escreveu: "Tu és digno, Senhor Deus nosso, de receber a glória, a honra e o poder, porque todas as coisas tu criaste, sim, por causa da tua vontade vieram a existir, e foram criadas" (Apocalipse 4:11).

TEÍSMO
A afirmação da existência de um Deus pessoal e superior ao mundo chama-se teísmo. Os teístas afirmam não só que Deus existe, mas também que nos é possível conhecê-lo e demonstrar sua existência. Deus está em todo o universo como causa sustentadora dele, mas não é sujeito às suas forças, e sim superior. "Eis que os céus e os céus dos céus são do Senhor teu Deus, a terra e tudo o que nela há" (Deuteronômio 10:14).

Deus é Espírito, e todo aquele que o adora deve adorá-lo em espírito e em verdade (João 4:24). Tudo quanto existe, só por ele subsiste: 'Pois nele vivemos, e nos movemos, e existimos..." (Atos 17:28). Ele a tudo conduz, e exerce domínio sobre tudo, e não está sujeito a mudanças (Tiago 1:17). Deus é a verdadeira luz: vê tudo e conhece tudo. Sonda os arcanos mais profundos dos corações, nada lhe pode escapar. O passado e o futuro, tudo lhe é presente. Ele é a luz que "...ilumina a todo o homem" (João 1:9). "Deus é o Sol do mundo espiritual; se ele se esconder aos nossos olhos, tudo para nós será trevas. Se faz brilhar a sua luz em nosso espírito, a verdade se nos mostra em todo o seu esplendor, porque ele mesmo é a verdade por excelência.'

Graças à sua luz é que alcançamos todos os conhecimentos que podemos adquirir; nele é que os encontramos. Ele é o padrão eterno dos nossos pensamentos, dos nossos julgamentos e das nossas ações.

ONDE DEUS ESTÁ?
Vimos até aqui que a humanidade tem buscado a Deus ao longo da história. Os que o têm procurado sedentamente estão divididos em quatro grupos, de acordo com o que pensam acerca do lugar onde Deus está.

DEUS "NO PRINCÍPIO"
As mais antigas religiões da terra sempre consideraram Deus como o ser que deve ser procurado "para trás", ou seja, na origem de tudo, no Princípio, no ponto onde ele começou a manifestar o seu poder sobre o mundo. Nas origens da Criação e no mistério do aparecimento do homem sobre a face da terra é onde Deus se revela, dizem essas antigas religiões.

DEUS "LÁ EM CIMA"
Outras pessoas, como o filósofo grego Plotino, passaram a pensar em Deus como aquele que está "lá em cima", na mais alta de todas as regiões do Universo. Plotino dizia que o mundo desliza sempre para baixo, para o lado oposto onde Deus está, e o homem, só através da purificação avançará de volta para Deus e unir-se-á a ele.

DEUS "LÁ FORA"
Outro grupo de pensadores tem admitido que Deus está sempre além dos nossos limites, está "lá fora". Ele é o Além sem fronteiras, fora do alcance de nossa compreensão.

DEUS "DENTRO DE NÓS"
Devido ao avanço da ciência moderna, muitos pensadores passaram a afirmar que esse progresso científico tornou impossíveis e superadas as ideias de Deus 'lá em cima" ou "lá fora". Ele está é "dentro de nós", na profundeza do nosso ser, é o nosso próprio fundamento. Não podendo ir "além", ou "para baixo", ou "para cima", o homem certamente poderá ir "para dentro", ou seja: para a profundidade do seu ser, onde Deus está à sua espera.

Para o estudioso das coisas de Deus, estas opiniões históricas sobre sua posição com relação à humanidade são úteis. Porém, segundo observou o teólogo suíço Karl Barth, talvez o maior valor dessas ideias seja mostrar que tudo quanto o homem pode dizer a respeito de Deus é confessar sua incapacidade de conhecê-lo através de seus próprios esforços. Deus é insondável. "Ele é o abismo secreto, mas também a pátria escolhida que está no início e no fim de todos os nossos caminhos."7

Jesus Cristo é o mediador não só da nossa salvação, mas também de todo o nosso conhecimento de Deus. O pecado prejudicou grandemente no homem sua antiga semelhança ao Criador. Portanto, para que essa semelhança possa ser restaurada, é necessário um novo nascimento (João 3:3-6). Só Jesus Cristo é capaz de recuperar para o homem sua antiga condição perante Deus, perdida no Éden.

O HOMEM DEVE UNIR-SE A DEUS
É necessário esclarecermos que até aqui, diante de tudo o que lemos, temos apenas nos aproximado racionalmente do insondável abismo de luz que é Deus; nós o temos contemplado tão-somente de fora, da superfície. O mistério jaz à nossa frente, como um desafio.

Todavia, temos certeza de que tudo o que nos foi revelado sobre ele tem servido para nos conscientizar de que a grande finalidade da vida humana é buscar a Deus, é temer o seu nome e guardar seus mandamentos (Eclesiastes 12:13). Essa busca deve transportar o homem para além do conhecimento estéril, e conduzi-lo à fé. O crente sincero deve "buscar a face de Deus", instruindo-se a respeito do Senhor e de suas perfeições (Salmo 105:4), sabendo, porém, que nenhum mortal terá de Deus um conhecimento direto, imediato e pessoal. Só a alma glorificada nos altos céus o verá face a face. Unamos a nossa voz à de um antigo cristão, e façamos nossa esta sua belíssima súplica:

Entra Senhor, em nossos corações, e com o resplendor do teu santo fogo ilumina qualquer escuridão que haja em nós. Como excelente guia que és, mostra-nos o teu caminho nesse escuro labirinto, corrige as imperfeições de nossos sentidos... Mergulha-nos naquela fonte perenal de contentamento que sempre deleita e nunca farta, e a quem bebe de suas vivas e frescas águas proporciona o sabor da verdadeira bem-aventurança.

Tira de nossos olhos, com os raios de tua luz, a névoa da nossa ignorância, a fim de que não apreciemos mais formosura mortal alguma, e saibamos que as coisas que pensamos ser não são, e aquelas que não vemos, verdadeiramente são. Recolhe e recebe nossas almas, que a ti se oferecem; abrasa-as naquela viva chama que consome toda material baixeza, de maneira que, em tudo separadas do corpo, com um perpétuo e doce enlace juntem-se e se atem com a formosura divina; e nós, de nós mesmos separados, no Amado possamos nos transformar, e, sendo levantados dessa baixa Terra, possamos ser admitidos no convívio dos anjos, e sobretudo em tua presença..."8

BIBLIOGRAFIA
1. Allan Richardson. Apologética Cristã. 2§ edição. Tradução de Waldemar W. Wey. Rio de Janeiro, JUERP, 1978, p. 89.
2. Idem, Op. Cit. citando a epístola CXX, 3, 4 de Agostinho.
3. Anselmo de Cantuária. Op. Cit. p. 87.
4. Allan Richardson, citando Agostinho. Op. Cit. p. 37.
5. Rangel Veloso, autor espírita, no livro Pseudos-Sábios ou Falsos Profetas. Edição do Autor. Rio de Janeiro, 1947, p. 34.
6. Hegel, Georg Willhem Friedrich. Las Pruebas de Ia Exis¬tência de Dios. Tradução do alemão por A. Garzon dei Camino. 1- edição, México, Editora Alameda, 1955, p. 117.
7. Quevedoy Villegas. Tratados Filosóficos. Tradução de Juan David Garcia. Caracas, Imp. Nacional, 1955, p. 238.
8. Palavras do grande teólogo espanhol Luís de Granada, citadas pelo erudito Marcelino Menendez y Pelayo, Op. Cit. Vol. 3, p. 326.

Fonte:

"Provas da Existência de Deus"; Jefferson Magno Costa; editora Vida; pg.107-116.

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