Por Ricardo Ferreira:
Eu estava postando na comunidade Contradições da
Bíblia, mas saí de lá pelo fato de que o moderador da comunidade (deveria ser
denominado inquisidor da comunidade) não conseguiu se manter em um debate
somente com argumentos e partiu para ofensas pessoais, no caso, me chamando de
mau caráter. Como aqui ele não é moderador, se quiser responder ao meu debate
"SEM SUPERPODERES" e "COM EDUCAÇÃO", então acho que os
debates podem ser proveitosos.
Inicialmente vou comentar o texto:
“O avestruz [...]deixa os seus ovos na terra, e os
esquenta no pó, e se esquece de que algum pé os pode esmagar ou de que podem
pisá-los os animais do campo. Trata com dureza os seus filhos, como se não
fossem seus; embora seja em vão o seu trabalho, ele está tranqüilo, porque Deus
lhe negou sabedoria e não lhe deu entendimento”.
Qual a
espécie e animal em questão?
Em Lamentações temos uma menção ao avestruz e em Jó
uma ave que é traduzida muitas vezes por avestruz mas algumas vezes por coruja.
Em se tratando, em ambas as passagens, de um
avestruz, então com grande probabilidade se trata do "Struthio Camelus Syriacus" que é uma espécie extinta em
meados do século passado.
Os judeus evidentemente mencionaram então em duas
passagens bíblicas a crueldade da ave.
Na página http://www.aramcoworld.com/issue/198202/the.camel.bird.of.arabia.htm
com texto escrito por Caroline Stone se pode ler:
Arab
naturalists also focused on the ostrich - and often described it quite
accurately. The following passage, for example, comes from Qazwini, whose
Cosmography, written in the mid-13th century, includes a long section on birds:
When the ostrich has laid her eggs, 20 in number or more, she buries them under
the sand, leaving one third in one place, exposing another third to the sun,
and hatching another third. When the chicks have come out, she breaks the
hidden eggs and feeds her young with them. And when the chicks have grown
strong, she breaks the last third on which vermin will collect, and this serves
as food for the young until they are able to graze.
Neste texto, do século XIII, mas que a autora cita
a passagem árabe RESSALTANDO a ACURACIDADE da passagem (...and often described
it quite accurately...). Evidentemente é a opinião dela, mas é um relato.
Nesta passagem, vemos que o avestruz deposita 1/3
dos ovos sob o pó (under the sand), 1/3 deles expostos ao sol e 1/3 deles são
quebrados para que vermes aparecem nos seus corpos e sirvam de alimentação aos
demais.
Bom. Até agora, tenho dois relatos, embora antigos,
sobre a crueldade do avestruz siríaco.
Aguardo trabalhos (com links e citações corretas)
sobre esta espécie de avestruz e seu comportamento. Até lá, o que temos são
dois relatos sobre a crueldade do avestruz.
O avestruz
citado em Jó
The correct
identification of the בַּת הַיַּעֲנָה (ba't
haYa'anah), "daughter of the desert", as ostrich is not certain; it
may be the Pharaoh Eagle Owl (Aharoni 1938 and compare NIV Leviticus 11:16)
Só para deixar registrado o que comentei no
primeiro post.
Links sobre o avestruz
John
Whitfield
SUMMARY: Archaeologists unearth memorial covered in
Arabic text.
CONTEXT: Archaeologists have uncovered a
500-year-old ostrich egg covered in Arabic poetry. The verses mourn the death
of a loved one. The egg was found in the Red Sea port of Quseir, Egypt. In the
fifteenth century, Quseir was a hub for trade...
News@Nature (25 Nov 2002), doi:
10.1038/news021125-11, News
Paul Bahn
CONTEXT: ...what appears to be a domesticated
ostrich has now been discovered1, confounding the view that these birds were
domesticated only in historical times. In the past, one very schematic figure
of an ostrich with a man on its back and...
Nature 346, 794 - 794 (30 Aug 1990), doi:
10.1038/346794a0, News and Views
Ostriches recognise their own eggs and discard
others
BRIAN C. R.
BERTRAM
CONTEXT: ...the nest, helped by the male. Although
a complete nest may contain up to 30–40 of the white 1.5-kg eggs4,5, an ostrich
hen can incubate only about 20 (unpublished data). The surplus are pushed out
to 1–2 m away where they are not...
Nature 279, 233 - 234 (17 May 1979), doi:
10.1038/279233a0, Letter
Wild Life in
Arabia
CONTEXT: ...south of Jedda, where baboons are
plentiful, and also in the more generously wooded hills of Dhofar. In Arabia
the ostrich is extinct, although it would appear that these birds existed in
some numbers over the open gravel plains of...
Nature 170, 238 - 238 (09 Aug 1952), doi:
10.1038/170238a0, News
Focarei no autor
BRIAN C. R.
BERTRAM
O mesmo autor, publicou um livro de título:
The Ostrich Communal Nesting System (Monographs in
Behavior and Ecology)
# Hardcover: 212 pages
# Publisher: Princeton Univ Pr (September 1992)
# Language: English
# ISBN-10: 0691087857
# ISBN-13: 978-0691087856
Pode ser adquirido em:
Eu já adquiri o meu exemplar. Enquanto o meu
exemplar não chega, localizei um comentário bem elaborado sobre o assunto na
internet sobre os fatos levantados no livro em:
Tudo o que estou fazendo inicialmente é traduzir
trechos do texto encontrado em:
O comportamento dos avestruzes, relatado em seu
livro "The Ostrich Communal Nesting System" nos indica que:
* Avestruzes definitivamente "deixam"
seus ninhos - Em um estudo em 57 ninhos, Bertram encontrou que "a maioria
havia sido destruída por predadores após ter sobrevivido por diferentes e
imprevisíveis períodos de tempo. Como resultado, "A grande maioria dos
ninhos de avestruzes não produziu nenhuma cria, e o principal motivo foi por
predadores
* As fêmeas secundárias de avestruzes -- chamadas
por Bertram de "fêmeas menores (hens - galinhas)" -- deixaram seus
ovos no ninho, mas a partir disto, não tomam mais parte em atender e guardar os
rebentos nem em incubá-los. Isto realmente soa como esquecer e comportamento
cruel para o autor da página (e para mim também!).
* Bertram confirma o comportamento de se jogar os
ovos das fêmeas secundárias para fora do ninho a medida que se precisa de
espaço; Somente 20 ovos no máximo podem ser cobertos. Isto aconteceu na maioria
dos ninhos encubados. Os ovos lançados fora eventualmente se romperam ou foram
destruídos.
* Os machos ficam 71% do tempo de incubação no
ninho. A fêmea principal, 29%; As fêmeas secundárias, nunca.
O site apresenta outros textos igualmente
importantes que confirmam que os avestruzes abandonam ovos no campo e tem pouco
cuidado com seus filhotes.
Pode ser que a fêmea principal seja cuidadosa, mas
as demais fêmeas (ou seja, a maioria das fêmeas) abandonam seus filhotes (o que
indica que os trata como se não fossem delas).
Que relato surpreendente de confirmação bíblica...
Quando o livro chegar a minha casa, confirmarei as
citações (gosto de ler os originais).
É preciso ressaltar que o autor destas observações
escreveu artigo na Nature, uma revista peer-review (como gostam os ateus)
O link abaixo nos confirma o que relatamos no site
anterior:
Veja algumas frases selecionadas do texto:
"..The family also has a dominant female and
several other females, called minor hens..."
"..Males and females are polygamous
(puh-LIH-guh-mus), meaning they have more than one mate at the same
time..."
"About 10 percent of the eggs will hatch and
on average only one chick per nest will survive to adulthood"
1 em cada 20 atingem a vida adulta... Isto é que é
cuidar bem de seus filhotes, não é ?
Nossa! fiquei impressionado! Um exemplo!
O interessante é que a passagem escrita em: http://www.tektonics.org/lp/ostrich.html
confirma parte do relato dos árabes medievais sobre ninhos com 20 ovos e que
alguns são descartados.
Boa tarde abençoado. Gostei muito do seu trabalho. Parabéns, continua assim.um abraço.
ResponderExcluirBoa tarde abençoado. Gostei muito do seu trabalho. Parabéns, continua assim.um abraço.
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