UMA VISÃO PESSOAL A RESPEITO DO "HOMEM DE
PILTDOWN"
Nota
Editorial
É difícil avaliar o dano causado pela aceitação da
fraude de Piltdown na mente de jovens estudantes e do povo em geral, ao formar
a opinião de que realmente teria sido comprovada a evolução do homem a partir
dos símios.
Os Editores não poderiam se eximir, neste sentido,
de deixar aqui expresso o seu ponto de vista a esse respeito. De fato, nos idos
da década de 40 do século passado (como o tempo transcorre rápido!), cursando
então o curso ginasial, nosso Editor sênior começou a sofrer o influxo dos
ensinamentos evolucionistas.
Era uma época em que os cursos de licenciatura da
Faculdade de Filosofia, célula mater da Universidade de S. Paulo, haviam
começado a formar professores de matemática, ciências, letras, e outras áreas,
para os cursos secundários do Estado de S. Paulo, cuja rede de estabelecimentos
estava em pleno desenvolvimento.
De maneira específica, os professores de ciência
que passaram a ser formados a partir de então, à luz da estrutura conceitual
evolucionista, influenciados pelos mestres estrangeiros que haviam vindo do
exterior contratados para a implantação da Faculdade de Filosofia (a maioria
deles, sem dúvida, adeptos do evolucionismo, que entrara em voga durante a sua
própria formação acadêmica), tornaram-se arautos e apóstolos dessa postura que
aos poucos foi sendo considerada como moderna e avançada.
Na realidade, não deixou de causar um certo
conflito de ordem cultural a divulgação desses conceitos evolucionistas. De
fato, à medida em que eles foram conquistando mais espaço, ocasionou-se também
um certo impacto na área da educação, que até então permanecia praticamente
fiel aos conceitos bíblicos referentes à Criação e a um Criador onipotente, com
desígnio e propósito - conceito este pregado e difundido pela catequese, desde
o início de nossa história, e posteriormente pelos educandários católicos, que
tanta influência exerceram na formação dos próprios quadros dirigentes da
nação.
No decorrer do seu curso ginasial, e sob a influência
dos novos professores licenciados pela Faculdade de Filosofia da USP, o
interesse de nosso Editor sênior pela ciência foi sendo despertado, até ao
ponto de já em torno de 1943 ter reunido um razoável acervo pessoal dos mais
interessantes livros de divulgação científica que na época tinham sido editados
no Brasil. Evidentemente, todos os títulos eram inteiramente evolucionistas, e
todas as evidências apresentadas eram consideradas sempre sob a perspectiva da
estrutura conceitual evolucionista. Assim, cada vez mais se fortalecia a sua
"fé" na veracidade daquilo que para ele foi se tornando praticamente
uma nova religião.
Em conexão com a questão da origem do ser humano,
uma imagem que então ficou gravada, e que calou fundo, foi a reconstituição dos
"elos perdidos" entre o homem e os símios, incluindo aí o famoso e
até então insuspeito elo chamado de "Homem de Piltdown.
Até hoje ainda constam do acervo que ficou sob a
custódia da Sociedade Criacionista Brasileira livros daquela época, recordando
em particular a convicção de terem sido encontrados os famosos "elos
perdidos", tão procurados desde os tempos de Darwin.
Não poderíamos deixar de aproveitar também a
especial oportunidade com que nos defrontamos, para testemunharmos a influência
que a reconstituição (artística, preconcebida para realçar traços fisionômicos
simiescos, hipotéticos) exerceu sobre a mente dos que então liam a literatura
evolucionista de divulgação supostamente científica, incluindo aí o nosso
Editor sênior!
A título de curiosidade, reproduz-se na Figura 2 a
fotografia do busto do "Homem de Piltdown", reconstituído pelo Prof.
J. H. McGregor, que se encontra na publicação de autoria de David Dietz,
intitulada "A História da Ciência", editada pela Livraria José Olympio
Editora, sem data, mas presumivelmente em torno de 1943. Ao seu lado
reproduzimos também um trecho da "árvore genealógica" do Homo
sapiens, constante da mesma publicação.
Na Figura 3 apresentamos as fotografias da
reconstituição do crânio do "Homem de Piltdown", da mandíbula, e
detalhes dos dentes, reproduzidos de pranchas inseridas na publicação "The
Piltdown Men" - A Case of Archaeological Fraud", de autoria de Ronald
Millar, edição de 1974, obra citada nas referências bibliográficas do artigo
publicado neste número da Folha Criacionista.
Desejamos, finalmente, lembrar a nossos leitores
que no Número 6 da Folhinha Criacionista são dadas também algumas informações
sobre a fraude de Piltdown, com duas interessantes fotografias ilustrativas.
ASPECTOS
GERAIS E CRANIOMÉTRICOS DO "HOMEM DE PILTDOWN"
No número 3 da Folha Criacionista, de abril de
1973, foi publicado um artigo com o título acima, de autoria do Dr. Welingtom
Dinelli, então assistente-doutor do Departamento Clínico da Faculdade de
Farmácia e Odontologia de Araraquara. O Dr. Dinelli continuou sua carreira na
área de Dentística, aposentando-se como Professor Titular da Universidade
Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP), campus de Araraquara.
Recomendamos aos interessados no assunto a leitura
dessa importante análise feita pelo Dr. Dinelli.
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