Contradição proposta por Sky Kunde na comunidade
"Contradições da Bíblia":
A Contradição da Data de Nascimento de Jesus
A pergunta é: Quando Jesus nasceu?
Mateus diz que foi durante o reinado de Herodes:
"E,
TENDO nascido Jesus em Belém de Judéia, no tempo do rei Herodes, eis que uns
magos vieram do oriente a Jerusalém" - Mateus 02:01
Lucas diz que foi durante um censo realizado por
Quirino quando este era governador (ou presidente) da Síria:
"E
ACONTECEU naqueles dias que saiu um decreto da parte de César Augusto, para que
todo o mundo se alistasse
(Este primeiro alistamento foi feito sendo Quirino
presidente da Síria).
(...)
E subiu
também José da Galiléia, da cidade de Nazaré, à Judéia, à cidade de Davi,
chamada Belém (porque era da casa e família de Davi),
A fim de
alistar-se com Maria, sua esposa, que estava grávida" - Lucas 02:01-05
Qual o problema com as informações acima?
O problema é que no mínimo 10 anos separam o
reinado de Herodes, que morreu em 4 a.C. do governo de Quirino na Síria, o qual
começou em 7 d.C.
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Descontradizendo:
Gleason
Archer responde esta:
“Lc 2:1
fala-nos de um decreto de César Augusto, pelo qual o “mundo” todo (oikoumene,
na verdade, significa as nações sob a autoridade de Roma) seria registrado em
recenseamento para fins de cobrança de impostos. O versículo 2 especifica o
tipo de censo a que se refere o texto em que José e Maria tiveram de ir até
Belém e registrar-se, sendo descendentes do rei Davi. Foi esse o primeiro
recenseamento realizado por Quirino (ou “Cirênio”), como governador (ou pelo
menos agindo como se fora governador) da Síria. Josefo não menciona nenhum
censo durante o reinado de Herodes, o Grande (morto em 4 a.C.), mas registra um
realizado por “Cirênio” (Antiquities, 17.13.5) logo depois de Herodes Arquelau
ter sido deposto em 6 d.C.: “Cirênio, o que havia sido cônsul, foi enviado por
César para computar os efeitos populacionais na Síria e vender a casa de Arquelau”.
(Parece que o palácio do rei deposto seria vendido e o valor da venda entregue
ao governo romano).
Se Lucas data
o recenseamento em 8 ou 7 d.C., existiria aparentemente uma discrepância de
quatorze anos mais ou menos. Além disso, em vista de Saturnino (de acordo com
Tertuliano, em Contra Marcião 4.19) ter sido embaixador da Síria de 9 a 6 a.C.,
e Quintílio Varo, o embaixador de 7 a.C. a 4 d.C. (observe uma sobreposição de
um ano entre os dois períodos), há dúvida quanto a se Quirino chegou realmente
a ser o governador da Síria.
Como solução
desse problema, notemos de início que Lucas afirma ser esse o “primeiro” censo
feito sob Quirino (haute apographe prote egeneto). A menção do “primeiro”
pressupõe a existência do “segundo”, algum tempo depois. Portanto, Lucas estava
ciente desse segundo censo feito por Quirino, em 7 d.C., a que Josefo faz
alusão na passagem acima mencionada. Sabemos disso porque Lucas (que viveu
muito mais perto dessa época do que Josefo também menciona Gamaliel, que faz
alusão à insurreição de Judas, o Galileu, ”nos dias do recenseamento” (At
5:37). Os romanos tinham o hábito de realizar um censo de 14 em 14 anos, o que
se enquadra no esquema do primeiro censo em 7 a.C. e do segundo, em 7 d.C.
Todavia,
seria Quirino (chamado Kyrenius pelos gregos, por causa da ausência do “q” no
alfabeto atiço, ou talvez porque esse procônsul foi realmente um governador
bem-sucedido de Creta e Cyrene, no Egito, cerca de 15 a.C.) na verdade o
governador da Síria? O texto lucano diz aqui hegemoneuontos tes Syrias Kyreniou
(”enquanto Cirênio estava conduzindo – governava – a Síria”. Ele não é chamado
de Legatus (o título oficial romano para governador de uma região), mas o
particípio hegemoneuontos é usado aqui, termo apropriado para um hegemon como
Pôncio Pilatos (chamado de procurador, mas não de Legatus).
Não se deve
dar muito valor ao título oficial. Mas sabemos que entre 12 e 2 a.C., Quirino
era o responsável pela captura sistemática de montanheses rebeldes, nos
planaltos de Pisídia (Tenney, Zondervan Pictorial Encyclopedia, 5:6), pelo que
era uma personagem militar de grande prestígio, no Oriente Próximo, nos últimos
anos do reinado de Herodes, o Grande. A fim de assegurar eficiência e rapidez,
é possível que Augusto tenha colocadoQuirino como responsável pela execução do
recenseamento, na região da Síria, no período de transição entre o final da
administração de Saturnino e o início do governo de Varo, em 7 a.C. Certamente,
foi por causa do seu modo eficiente de executar o censo de 7 a.C. que o
imperador o colocou como responsável pelo de 7 d.C.
Quanto à
falta de referências seculares a um recenseamento geral do Império Romano nessa
época, não há problema algum. Kingsley Davis (Encyclopaedia Britannica, 14th
ed., 5:168) declara: "A cada cinco anos, os romanos contavam seus cidadãos
e propriedades, a fim de determinar seu potencial. Esse costume estendeu-se por
todo o império romano em 5 a.C.”.
Fonte: Gleason Archer, ”Enciclopédia de Temas
Bíblicos”, ed. Vida, pg. 309-310.
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Norman
Geisler e Thomas Howe também fornecem algumas informações essenciais:
“Lucas não
cometeu erro algum. Há soluções bastante razoáveis para essa dificuldade.
Primeiro,
Quintilius Varus foi o governador da Síria de cerca de 7 a.C. a cerca de 4 a.C.
Varus não era um líder que inspirava confiança, o que foi desastrosamente
demonstrado no ano 9 a.D., quando ele perdeu três legiões de soldados na
floresta Teutoburger, na Alemanha. A contrário dele, Quirino era um notável
líder militar, que tinha sido o responsável por arrasar a rebelião dos
homonadensianos na Ásia Menor. Quando chegou o tempo de começar o
recenseamento, em cerca de 8 ou 7 a.C., Augusto encarregou Quirino de resolver
o delicado problema existente na área volátil da Palestina, de fato passando
por cima da autoridade e do governo de Varus, ao destacar Quirino para uma
posição com autoridade especial naquela questão.
Tem sido
proposto também que Quirino foi governador da Síria em duas ocasiões
diferentes, uma enquanto perpetrava a ação militar contra os homonadensianos,
entre 12 e 2 a.C., e outra começando em cerca de 6 a.D. A interpretação de uma
inscrição latina descoberta em 1764 referiu-se a Quirino como tendo servido
como governador da Síria em duas ocasiões.
É possível
ainda que Lucas 2:2 possa ser traduzido assim: ”Este alistamento foi feito
antes de Quirino ser o governador da Síria”. Nesse caso, a palavra grega
traduzida como ”primeiro” (protos) é traduzida como um comparativo, “antes” .
Devido à estranha construção da frase, essa não é uma versão improvável.
Independentemente
de qual das soluções tenha sido aceita, não é necessário concluir que Lucas
tenha cometido um erro nos registros que fez dos eventos históricos ocorridos
na época do nascimento de Jesus. Lucas demonstrou ser um historiador de
confiança, mesmo nos detalhes. Sir William Ramsey mostrou que, ao fazer
referência a 32 países, 54 cidades e 9 ilhas, Lucas não cometeu nenhum erro!”
Fonte: Norman Geisler e Thomas Howe, "Manual
Popular de Dúvidas, Enigmas e "Contradições" da Bíblia", ed.
Mundo Cristão, pg. 392-393.
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Paul Gardner
também coopera com a seguinte informação:
"A lista
de governadores desta província revela algumas lacunas, uma das quais entre 11
a 8 a.C., provavelmente foi preenchida por Quirino. Jesus neste caso nasceu por
volta de 6 e 5 a.C. e tinha mais ou menos 2 anos de idade quando Herodes
ordenou o massacre das crianças".
Fonte: Paul Gardner, "Quem é quem na Bíblia
Sagrada"; ed. Vida; pg.546-547.
Seria mais fácil reconhecer que Lucas cometeu um erro do que fazer todo esse "malabarismo" histórico e exegético para comprovar um ressenceamento que não ocorreu durante o governo de Quirino....
ResponderExcluirNão tem muita importância comprovar eventual acerto ou erro de Lucas, pois a fé não se baseia no apoio de ciência. Isso é insignificante para cristão genuíno. O conjunto de argumentos demonstra existência de exame histórico e não malabarismo circense.
ExcluirSe em algumas décadas num futuro alguém fizer a seguinte pergunta a um docente de história: "Para Rio vencer a crise de violência, quem governava o Rio de Janeiro no ano de 2018?" Talvez seja um malabarismo pra alguns a resposta da verdade!
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ResponderExcluirPorque não citaste nas referências o nome de algum historiador? Na verdade em questões assim beemm... difíceis nunca é citado o nome de um historiador e sim de teólogos para fundamentar o texto. No mínimo estranho! Porque não se faz uma mescla? Seria mais interessante e daria muito mais credibilidade unir a fala de teólogos e historiadores.
ResponderExcluirTalvez não tenhas percebido, mas há textos com inúmeras citações de historiadores e filólogos na fundamentação de defesa do texto bíblico!
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