Carlos F.
Steger
O estudo de fósseis na América do Sul confirma a
história de uma catástrofe global
O estudo de fósseis é uma ciência antiga. Os
egípcios e os gregos identificaram fósseis de animais marinhos. Leonardo da
Vinci definiu fósseis como restos de organismos do passado, e Alessandro, seu
compatriota, explicou sua presença nas montanhas como causada pela emergência
de sedimentos do leito marinho (3). Durante o século 16, Gesner publicou um
catálogo da primeira coleção europeia de fósseis. Descobertas de fósseis e explicações
quanto a sua origem seguiram-se uma após a outra, a partir do século 17.
Etimologicamente, fóssil significa algo extraído da
terra. O termo é também aplicado a toda evidência de vida de um passado remoto.
Estratigrafia
e fósseis
Durante o século 18, W. Smith propôs a
caracterização das formações geológicas pelos fósseis nelas encontrados. Esse
princípio é aplicado na paleontologia e na geologia (13). Muito embora uma
sucessão ininterrupta de fósseis e rochas não seja encontrada em parte alguma do
globo, os cientistas criaram uma coluna geológica ideal correlacionando fósseis
e sedimentos de diferentes lugares, mormente da Europa (14). Para caracterizar
cada período na coluna geológica, foram usados "fósseis-índices" ou
"fósseis-padrão" - fósseis típicos achados naquele sedimento. Uma
característica notável da coluna geológica é o surgimento e desaparecimento
súbitos de alguns desses fósseis típicos, sem evidência de seus ancestrais
diretos ou de seus descendentes (15).
A coluna estratigráfica pode ser interpretada com
base em duas teorias ou modelos: uniformismo (ou atualismo) e catastrofismo (ou
diluvialismo), para as quais voltaremos agora a nossa atenção.
O
uniformismo como modelo
Diversos filósofos gregos sustentavam a teoria de
que os fenômenos naturais atuais ajudavam a explicar acontecimentos do passado.
Em 1788, J. Hutton adotou essa idéia ao desenvolver sua teoria da história da
Terra, afirmando jamais ter observado "qualquer vestígio de um começo, nem
qualquer previsão de um fim". Essa teoria, aplicada à geologia e à
paleontologia, é conhecida como uniformismo ou atualismo. Ela propõe que todos
os fenômenos podem ser explicados como resultado de forças que têm operado
uniformemente desde a origem da vida até o tempo presente.
O
catastrofismo como modelo
O conceito de uma catástrofe universal, como o
dilúvio descrito na Bíblia, está presente em muitas tradições de cada
continente (29). Serão essas tradições mera coincidência? Ou apontam para um
cataclismo real, vividamente lembrado através de muitas gerações? Alguns
autores, como Derek Ager, afirmam que os sedimentos da Terra foram depositados
na e pela água, através de uma catástrofe. Esses autores sugerem ainda eventos
catastróficos como a causa do aparecimento e desaparecimento de organismos no
registro fóssil, embora a maioria deles não aceite a idéia de uma catástrofe
global.
No fim do século 16, T. Burnet publicou um livro
sobre a origem do mundo e sua destruição por um dilúvio, merecendo a apreciação
de lsaac Newton. Grandes naturalistas do século 19, tais como Cuvier e
D'Orbigny, também defenderam a teoria do dilúvio. Tentando ajustar o registro
bíblico ao conhecimento científico de seu tempo, eles apresentaram
interpretações que desacreditaram a Bíblia no mundo científico.
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