Mart de Groot (Doutor em Ciências Naturais,
Universidade de Utrecht) é associado de pesquisas no Observatório de Armagh no
Norte da Irlanda. Seu endereço postal: 2 Sandymount Road; Richhill, CO. Armagh;
BT61 8QP Irlanda do Norte, Reino Unido. E-mail: mdg@star.arm.ac.uk)
"Precisamos mais do que simples cosmologia
para compreender a estrutura e o significado do universo."
A cosmologia trata da estrutura e origem do
universo. A cosmologia moderna começou na década de 1920, quando os maiores
telescópios de então estavam sendo usados para estudar os objetos mais remotos
no espaço e para achar respostas a questões sobre a estrutura do universo. As
respostas levaram a perguntas sobre a origem do universo. As observações do
astrônomo norte-americano Edwin Hubble (1935) demonstraram que quase todas as
galáxias indicam um "deslocamento para o vermelho". Isso significa
que a cor da luz que recebemos delas é mais vermelha do que quando partiu de
sua fonte. Um modo possível de produzir tais mudanças de cor é pelo efeito Doppler,
isto é, o movimento das galáxias afastando-se da Terra.
Para interpretar suas observações, Hubble precisava
de um modelo cosmológico do universo.
Diversos modelos existiam na época. Os de Milne e
Lemaitre indicavam um universo em expansão de acordo com a Teoria Geral da
Relatividade, de Einstein. O modelo de Zwicky era mais estático, mas requeria
ajustes menores à física conhecida e nenhuma introdução de conceitos novos.
Era, portanto, o quadro ao qual as observações de Hubble podiam adaptar-se melhor.
O próprio Hubble não estava muito seguro sobre como interpretar suas
observações e, sendo relutante de início para tirar a conclusão de um universo
em expansão, chamou os deslocamentos para o vermelho de "deslocamentos
aparentes de velocidade".
Pouco depois, Hubble abandonou em parte suas
reservas iniciais e interpretou o deslocamento para o vermelho pelo efeito
Doppler; isto é, concluiu que a maior parte das galáxias está se afastando de
nós. Daí surgiu a expressão "universo em expansão".
... Com base no que foi apresentado no artigo, foi
tirada a conclusão de que a cosmologia moderna, representada pela "teoria
do Big Bang", pode ter seu mérito ao explicar numerosos aspectos do
universo físico, inanimado, mas é uma teoria pobre quando se trata de explicar
tudo, deixando muitas questões sem resposta. Como Robert Jastrow conclui em seu
livro, "God and the Astronomers":
"Neste
momento parece que a ciência nunca poderá levantar a cortina que cobre o
mistério da criação. Para o cientista que teria vivido por sua fé no poder da
razão, a história termina como um pesadelo. Ele escalou as montanhas da
ignorância; está a ponto de conquistar o pico mais alto; ao alcançar finalmente
a última rocha, é saudado por um grupo de teólogos que aí se assentavam havia
séculos".
É possível, então, harmonizar a cosmologia moderna
com a Bíblia? Dever-se-ia tentar fazê-lo? E, em caso afirmativo, como pode isso
ser feito? Não obstante as últimas considerações críticas, permitam-me dizer
que admiro o método e o empreendimento científicos. Aprendemos sobre a natureza
muita coisa que nos pode ajudar a viver vidas mais confortáveis. Além disso, a
ciência é um dos métodos de Deus comunicar-Se conosco a respeito dEle mesmo e
Seus planos para nós. "Os céus" ainda "proclamam a glória de Deus"
(Salmo 19:1). Mas há pelo menos dois problemas com esta forma de comunicação. O
pecado prejudicou a obra de Deus, que Lhe reflete o caráter apenas
obscuramente. E nossa compreensão da natureza, e dAquele que deseja revelar-Se
através dela, é incompleta enquanto houver lacunas em nosso conhecimento das
leis da natureza que nos deviam ajudar a interpretar a mensagem de Deus
corretamente. Ao mesmo tempo, não nos esqueçamos de que não podemos recuar para
a torre de marfim da teologia e explicar tudo ao nosso redor a partir da Bíblia
somente.
Com efeito, é precisamente por causa de nossa
compreensão incompleta, tanto da natureza como das leis de Deus, que muitas
vezes elas parecem contradizer-se. Mas Deus é o autor de ambas, e não pode
haver conflito se as coisas são compreendidas corretamente. Precisamos das duas
disciplinas a fim de ver sentido no universo em que vivemos. Albert Einstein
disse certa vez:
"A
religião sem a ciência é cega; e a ciência sem a religião é manca".
Continua difícil saber exatamente como havemos de
combinar as descobertas da ciência com nossa compreensão da Bíblia, no esforço
por obter respostas às nossas perguntas sobre as origens. Creio que Deus criou
o universo. "No princípio" pode bem significar que Ele começou Sua
obra da criação há muito tempo. A cosmologia, se bem compreendida, diz-nos como
Deus iniciou a obra de preparar um planeta com suficiente pó de composição
química correta para formar seres humanos e mantê-los vivos. Então Deus coroou
Sua obra de criação. Em seis dias Ele preparou a Terra para ser habitada e
então criou muitos seres viventes, entre eles os seres humanos para ocupar um
lugar especial.
O resto da Bíblia conta-nos o que aconteceu a
seguir, e como - a despeito de nossa rebelião - o magnífico plano de Deus será finalmente
cumprido naqueles que aceitam a redenção oferecida mediante Jesus Cristo. O
cumprimento deste plano inclui a oportunidade de aprender a verdade real sobre
o universo, e eu trocarei minha opinião de bom grado se o Criador me disser que
Ele o fez de outro modo.
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