segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Quando Jesus amaldiçoou a figueira?



Antes de expulsar os comerciantes do templo.
Mc 11:12-17 - E, no dia seguinte, quando saíram de Betânia, teve fome. Vendo de longe uma figueira que tinha folhas, foi ver se nela acharia alguma coisa; e, chegando a ela, não achou senão folhas, porque não era tempo de figos. E Jesus, falando, disse à figueira: Nunca mais coma alguém fruto de ti. E os seus discípulos ouviram isso. E vieram a Jerusalém; e Jesus, entrando no templo, começou a expulsar os que vendiam e compravam no templo; e derribou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombas. E não consentia que ninguém levasse algum vaso pelo templo. E os ensinava, dizendo: Não está escrito: A minha casa será chamada por todas as nações casa de oração? Mas vós a tendes feito covil de ladrões.

Depois de expulsar os comerciantes do templo.
Mt 21:12 e 17-19 - E entrou Jesus no templo de Deus, e expulsou todos os que vendiam e compravam no templo, e derribou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombas... E, deixando-os, saiu da cidade para Betânia e ali passou a noite. E, de manhã, voltando para a cidade, teve fome. E, avistando uma figueira perto do caminho, dirigiu-se a ela e não achou nela senão folhas. E disse-lhe: Nunca mais nasça fruto de ti. E a figueira secou imediatamente.
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Descontradizendo:

Gleason Archer responde esta:
”Quando estudamos a técnica da narrativa de Mateus, em geral, descobrimos que o evangelista às vezes dispõe seus textos pela ordem de tópicos, ou de assunto, em vez de pela cronológica que caracteriza mais freqüentemente seus colegas Marcos e Lucas. A coletânea de ensinos de Mateus, que encontramos nos três capítulos (5-7) do sermão do monte, Jesus talvez a houvesse ensinado em certo momento, estando a multidão sentada ao pé do monte, em um nível abaixo do Senhor, no tradicional local do monte das Bem-aventuranças, junto à praia ao norte do mar da Galiléia. O fato de que algumas porções dos ensinos do sermão do monte encontrarem-se às vezes noutras passagens, em ambientes diversos, como no sermão da planície (Lc 6:20-49) e em outras passagens pode significar que Jesus com freqüência se referia a esses mesmos temas por onde passava, ao longo de seu ministério de três anos na Palestina e regiões adjacentes. Todavia, a tendência de Mateus de agrupar seus textos numa seqüência lógica de temas demonstra-se com clareza na série de oito parábolas sobre o reino dos céus que compõem o capítulo 13. Iniciada a discussão de um tema, Mateus prefere prosseguir nele até o fim; é a regra geral que ele segue.

Mateus e Marcos concordam que tão logo entrou em Jerusalém, no domingo da Páscoa, encaminhou-se diretamente para o templo (Mt 21:12; Mc 11:11).

Eles estão de acordo também que o Senhor entrou no templo nesse domingo. Marcos dá sua contribuição, dizendo que essa visita ocorreu no domingo à tarde, e o Senhor observou tudo ao seu redor. Sem dúvida, ele ficou perturbado pelo que viu e ouviu, a comercialização irreverente e barulhenta, exatamente como três anos antes, quando o Senhor expulsara os vendilhões com “um chicote de cordas” (Jo 2:13-17). Nessa ocasião, ele os havia denunciado por transformarem o templo em “mercado” (em vez de mencionar Is 56:7, como fizera no episódio da semana santa).

Diz-nos Marcos, a seguir, que Jesus nada fez em público a fim de expressar sua indignação, naquela tarde de domingo. Ao contrário, Ele voltou a Betânia – presumivelmente ao lar de Lázaro, Maria e Marta – onde passou a noite. Podemos ter certeza de que o Senhor ficou parte da noite em oração, procurando a orientação do Pai quanto ao que deveria fazer no dia seguinte.
Prossegue, pois, Marcos, segundo seu método de seqüência cronológica, dizendo que Cristo voltou para Jerusalém, indo visitar o templo. O Senhor então expulsou os mercadores barulhentos, veniais, e os cambistas do recinto sagrado,...

Mateus, no entanto, julgou ser mais adequado e eficiente usar sua abordagem tópica, e incluiu um ato acontecido na segunda-feira à tarde na observação inicial de domingo à tarde, enquanto Marcos preferiu seguir a estrita seqüência cronológica".

Fonte: "Enciclopédia de Temas Bíblicos"; ed. Vida; pg.283-284

Obs: A Bíblia de estudo NVI também afirma que "Mateus muitas vezes condensava suas narrativas".

Conclusão:
A prova que Mateus condensava suas narrativas e não se preocupava com a ordem cronológica e sim tópica, está em que:
1. Ele não cita que Jesus esteve duas vezes no templo (como Marcos descreve).
2. Ele descreve que a figueira secou imediatamente. Já marcos diz que só no outro dia eles perceberam verdadeiramente o milagre. Porém, a questão da percepção tratarei no próximo tópico.

Isto demonstra, que nos dois assuntos, Mateus foi bem reducionista, pois, ao invés de dizer que Jesus esteve duas vezes no templo antes de expulsar os cambistas, ele vai direto ao ocorrido.

O mesmo, ele faz com relação a figueira. Ao invés de dizer que os discípulos no outro dia viram a figueira seca e comentam isto com Jesus, ele diz que ela secou imediatamente e não cita o ocorrido do outro dia quando os discípulos voltam ao assunto.


Portanto, baseando-se neste reducionismo proposital, não há nenhuma contradição.

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