O Instituto Presbiteriano Mackenzie abrange uma
universidade e uma escola das mais tradicionais de São Paulo. Só na unidade
paulistana do colégio há mais de 1.800 alunos. Seu campus no quarteirão ladeado
pela avenida da Consolação e pela rua Maria Antônia é um ponto de referência na
cidade.
Talvez poucos se deem conta de que se trata de um
estabelecimento confessional de ensino. Isso está bem explícito no nome da
instituição, porém. Agora o Colégio Mackenzie é também, oficialmente,
criacionista. (...)
A direção do Mackenzie não nega os avanços da
biologia trazidos pelo darwinismo, mas acredita que é preciso opor-lhe o
contraditório. Em outras palavras: ensinar a seus alunos que há outra
explicação, de fundo religioso, para a origem das espécies. (...)
A doutrina criacionista não é apresentada somente
nas aulas de religião, mas igualmente nas de ciências. Em 2008 foi usada nos
três primeiros anos do ensino fundamental 1, ainda em fase piloto, uma série de
apostilas traduzidas e adaptadas de material da Associação Internacional de
Escolas Cristãs (ACSI, na abreviação em inglês), com sede no Colorado, nos
Estados Unidos.
A coleção utilizada com crianças de 6 a 9 anos se
chama Crescer em Sabedoria. Na capa do volume do terceiro ano estava estampado
"Ciências - Projeto Inteligente".
É uma alusão ao argumento do "design
inteligente": a natureza é tão complexa e os organismos tão perfeitos que
só o desígnio de um arquiteto (Deus) pode ter sido responsável por sua criação.
"Quando Deus formou a Terra, criou primeiro o ambiente. Criou elementos
não vivos, como o ar, a água e o solo. Depois, Deus criou os seres vivos para
morarem nesse ambiente", afirma-se na pág. 10. O item 2.1 do volume se
chama "O plano de Deus para os ambientes". (...)
A direção do Mackenzie justifica a omissão da
evolução por seleção natural, nessa apostila de ciências, dizendo que se trata
de conteúdo previsto apenas para o ensino fundamental 2. Além disso, o material
da fase piloto de 2008 foi revisto e a ênfase religiosa, atenuada, mas não excluída.
Darwin, todavia, continua de fora. Só uma dúzia de
pais reclamou.
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