Cientista que liderou a equipe que seqüenciou o
genoma humano está para publicar um livro explicando por que agora ele acredita
na existência de Deus e está convencido de que milagres são reais. Francis
Collins, diretor do Instituto Nacional de Pesquisa do Genoma Humano dos EUA,
afirma que há uma base racional para a existência de um criador e que as
descobertas científicas levam o homem “para mais perto de Deus”.
Seu livro The Language of God [A Linguagem de
Deus], a ser publicado em setembro, reabrirá o antigo debate sobre a relação
entre ciência e fé. “Uma das grandes tragédias de nossos tempos é essa
impressão que se tem criado de que a ciência e a religião precisam viver em
guerra”, diz Collins (pág. 56). “Eu não considero isso necessário de forma alguma
e acho extremamente frustrante que essas insistentes vozes que ocupam os
extremos desse espectro tenham dominado o cenário nos últimos 20 anos.”
Para Collins, o fato de ter desvendado o genoma
humano não criou um conflito em sua mente. Pelo contrário, permitiu-lhe
“vislumbrar as obras de Deus”.
“Quando se faz uma grande descoberta, é um momento
de euforia científica, pois você esteve nessa busca e parece ter encontrado o
que buscava”, ele diz. “Mas também é um momento em que, no mínimo, me sinto
mais perto do Criador, no sentido de ter percebido agora algo que nenhum ser
humano conhecia antes, mas que Deus conhecia o tempo todo.
“Quando se tem, pela primeira vez, à sua frente
esse livro de instruções de 3,1 bilhões de letras, que transmite todos os tipos
de informações e todos os tipos de mistérios sobre a humanidade, não se pode
pesquisá-lo página por página sem se sentir maravilhado. E não posso deixar de
analisar essas páginas sem ter uma vaga sensação de que estou tendo um
vislumbre da mente de Deus.”
Collins faz parte de uma linha de cientistas cuja
pesquisa aprofundou sua crença em Deus. Isaac Newton, cuja descoberta das leis
da gravidade reformulou sua compreensão do Universo, declarou: “Esse lindíssimo
sistema só poderia proceder do domínio de um ser inteligente e poderoso.”
Embora Einstein tenha revolucionado nosso conceito
de tempo, gravidade e conversão da matéria em energia, ele acreditava que o
Universo tinha um criador. “Gostaria de conhecer Seus pensamentos; o resto é
detalhe”, disse. (...)
Collins foi ateu até a idade de 27 anos, quando,
atuando como médico, ficou impressionado com a força que a fé proporcionava a
alguns de seus pacientes mais críticos. “Eles tinham doenças terríveis, das
quais provavelmente não escapariam. Porém, em vez de se zangar com Deus, eles
pareciam apoiar-se na fé como fonte de grande conforto e tranqüilidade”, ele
declara. “Isso era interessante, confuso e perturbador.
Decidiu visitar um pastor metodista e recebeu um
exemplar do livro Cristianismo Puro e Simples, de C. S. Lewis, que argumenta
que Deus é uma possibilidade racional. O livro transformou sua vida. “Era um
argumento que eu não estava preparado para ouvir”, afirma. “Eu estava feliz com
a idéia de que Deus não existia nem Se interessava por mim. Porém, ao mesmo
tempo, não consegui voltar atrás.”
A epifania ocorreu quando foi fazer uma caminhada
nas Montanhas Cascade, no Estado de Washington. “Era uma bela tarde”, diz. “De
repente, a extraordinária beleza da criação ao meu redor foi tão avassaladora
que eu senti que não poderia resistir mais uma vez.”
Collins acredita que a ciência não pode ser usada
para refutar a existência de Deus, porque está confinada ao mundo “natural”.
Sob essa perspectiva, ele acredita que os milagres são uma possibilidade real.
“Se alguém deseja aceitar a existência de Deus ou alguma força sobrenatural
externa à natureza, então não é logicamente um problema admitir que,
ocasionalmente, uma força sobrenatural poderá preparar uma invasão”, ele diz.
Steven Swinford, no The Sunday Times de 11 de junho
de 2006.
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