Com vergonha do legado assassino dos regimes
comunistas ateus do Século XX, os líderes ateístas buscam empatar o placar com
os crentes ao retratar Adolf Hitler e seu regime nazista como sendo teístas,
mais especificamente Cristãos. Os websitesMein Kampf: “Ao me defender dos
Judeus, defendo o trabalho do Senhor”. O escritor ateu Sam Harris escreve que
“o Holocausto marcou o auge de … 200 anos dos Cristãos fulminando os Judeus”,
ateístas rotineiramente alegam que Hitler era Cristão porque nasceu Católico, nunca
renunciou ao seu Catolicismo e escreveu em portanto, “sabendo disso ou não, os
nazistas eram agentes da religião”.
Quão persuasivas são essas alegações? Hitler nasceu
Católico assim como Stálin nasceu na tradição da Igreja Ortodoxa Russa e Mao
Tsé Tung foi criado como Budista. Esses fatos não provam nada, pois muitas
pessoas rejeitam sua criação religiosa, como esses três fizeram. O historiador
Allan Bullock escreve que desde cedo, Hitler “não tinha tempo algum para os
ensinos do Catolicismo, considerando-o como religião adequada somente para os
escravos e detestando sua ética”.
Então como nós explicamos a alegação de Hitler de
que ao conduzir seu programa anti-semítico estava sendo um instrumento da
providência divina? Durante sua ascensão ao poder, ele precisava do apoio do
povo alemão – tanto os Católicos da Bavária quanto dos Luteranos da Prússia – e
para se assegurar disso ele utilizava retórica do tipo “Estou fazendo o
trabalho do Senhor”. Alegar que essa retórica faz de Hitler um Cristão é
confundir oportunismo político com convicção pessoal. O próprio Hitler diz em
Mein Kampf que seus pronunciamentos públicos deviam ser entendidos como
propaganda, sem relação com a verdade, mas planejados para influenciar as
massas.
A ideia de um Cristo ariano que usa a espada para
purgar os Judeus da Terra – o que os historiadores chamam de “Cristianismo
Ariano” – era obviamente um afastamento radical do entendimento Cristão
tradicional e foi condenado pelo Papa Pio XI no tempo. Além do mais, o
anti-semitismo de Hitler não era religioso, era racial. Os Judeus foram
atacados não por causa de sua religião – aliás, muitos Judeus alemães eram
completamente seculares em seus estilos de vida – mas por causa de sua
identidade racial. Essa era uma designação étnica e não religiosa. O
anti-semitismo de Hitler era secular.
Hitler’s Table Talk [“Conversas informais de
Hitler”, um livro] uma coleção reveladora das opiniões privadas do Führer,
reunida por uma assistente próxima durante os anos de guerra, mostra Hitler
como sendo furiosamente anti-religioso. Ele chamava o Cristianismo de uma das
maiores “calamidades” da história, e disse sobre os alemães: “Vamos ser as
únicas pessoas imunizadas contra essa doença”. Ele prometeu que “por intermédio
dos camponeses seremos capazes de destruir o Cristianismo”. Na verdade, ele
culpava os Judeus pela invenção do Cristianismo e também condenou o
Cristianismo por sua oposição à evolução.
Hitler guardava um desdém especial pelos valores
Cristãos da igualdade e compaixão, os quais ele identificou com a fraqueza. Os
principais conselheiros de Hitler, como Goebbels, Himmler, Heydrich e Bormann
eram ateus que odiavam a religião e buscavam erradicar sua influência da
Alemanha.
Em sua História em vários volumes do Terceiro
Reich, o historiador Richard Evans escreve que “os nazistas consideravam as
igrejas como sendo os reservatórios mais fortes da oposição ideológica aos
princípios nos quais eles acreditavam”. Quando Hitler e os nazistas chegaram ao
poder lançaram uma iniciativa cruel para subjugar e enfraquecer as Igrejas
Cristãs na Alemanha. Evans aponta que após 1937, as políticas do governo de
Hitler se tornaram progressivamente anti-religiosas.
Os nazistas pararam de celebrar o Natal, e a
Juventude de Hitler recitou uma oração agradecendo ao Fuhrer, ao invés de Deus,
por suas bênçãos. Aos clérigos considerados como “problemáticos” era ordenado
que não pregassem, centenas deles foram aprisionados e muitos foram
simplesmente assassinados. As Igrejas estavam constantemente sob a vigilância
da Gestapo. Os nazistas fecharam escolas religiosas, forçaram organizações
Cristãs a se dissolverem, dispensaram servidores civis praticantes do
Cristianismo, confiscaram propriedade da igreja e censuraram jornais
religiosos. O pobre Sam Harris não é capaz de explicar como uma ideologia que
Hitler e seus associados entendiam como uma renúncia ao Cristianismo pode ser
apresentada como o “auge” do Cristianismo.
Se o nazismo representava o auge de algo, era o
auge do Darwinismo social do final do Século XIX e início do XX. Como
documentado pelo historiador Richard Weikart, tanto Hitler quanto Himmler eram
admiradores de Darwin e freqüentemente falavam do papel deles como
promulgadores de uma “lei da natureza” que garantiria a “eliminação dos
ineptos”. Weikart argumenta que o próprio Hitler “construiu sua própria
filosofia racista baseado em grande parte nas idéias do Darwinismo social” e
conclui que embora o Darwinismo não seja uma explicação intelectual
“suficiente” para o nazismo, é uma condição “necessária”. Sem o Darwinismo,
talvez não houvesse nazismo.
Os nazistas também se inspiraram no filósofo
Friedrich Nietzsche, adaptando a filosofia ateísta dele aos seus propósitos
desumanos. A visão de Nietzsche do ubermensch [super-homem] e sua elevação a
uma nova ética “além do bem e do mal” foram adotadas de forma ávida pelos
propagandistas nazistas. A “sede pelo poder” de Nietzsche quase se tornou um
slogan de recrutamento nazista. Em nenhum momento estou sugerindo que Darwin ou
Nietzsche teriam aprovado as ideias de Hitler, mas este e seus comparsas
aprovavam as ideias daqueles.
Então, à montanha de corpos que os regimes
misoteístas [que odeiam Deus] de Stálin, Mao, Pol Pot e outros produziram, nós
devemos adicionar os mortos do regime nazista, também misoteísta. Assim como os
comunistas, os nazistas deliberadamente atacaram os crentes, pois eles queriam
criar um novo homem e uma nova utopia livre das amarras da religião e
moralidade tradicional. Em um artigo anterior eu perguntei qual é a
contribuição do ateísmo para a civilização. Uma resposta àquela questão:
genocídio.
Por: Dinesh d’Souza
Traduzido e adaptado por: Maxiliano Mendes
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