Por William J. Tinkle é Ph.D., Professor Emérito de
Biologia no Anderson College, Indiana, U.S.A. Reside atualmente em Eaton,
Indiana, U.S.A.
As propriedades físicas e químicas da água e da
atmosfera mostram uma "adequação" do ambiente para a vida, como já
ressaltado de maneira interessante por William Whewell e J. Henderson. Este
artigo contém uma recapitulação dessa evidência, em testemunho da criação
divina do ambiente físico e químico adequado à vida.
Suponhamos que se esteja passeando num campo, entre
árvores e arbustos, e que alguém invisível atire uma pedra numa das árvores.
Se isso acontecer somente uma vez, pensar-se-á que
a pedra foi atirada a esmo. Porém se a mesma árvore for acertada nove vezes em
dez, ter-se-á certeza de que o alvo é mesmo aquela árvore. A pedra estará sendo
atirada com um propósito.
A Terra e a
Vida Ajustam-se
É bem sabido que os seres vivos são constituídos de
tal maneira que se ajustam perfeitamente ao seu modo de vida. Assim, as aves
aquáticas têm pés membranosos, as aves de água rasa têm pernas e bicos
compridos; as plantas têm folhas em que a luz solar combina a água e o gás
carbônico para formar açucares para utilização da planta.
Os animais que comem folhas e ervas tem estômago e
intestinos grandes para conter as grandes quantidades de alimento que têm de
comer. Os peixes têm uma forma afilada que os capacita a se deslocar pela água
com o mínimo de resistência.
Uma lista bastante extensa dessas estruturas úteis
poderia ser compilada. O fato importante é que a Terra apresenta condições que
se ajustam a essas estruturas dos seres vivos. O Dr. Henderson já afirmava:
"Em suas
características fundamentais, o meio ambiente atual é a habitação mais ajustada
possível para a vida. Tal é a tese que o presente trabalho procura defender.
Esta não é uma hipótese recente. De forma rudimentar apresenta atrás de si uma
longa história, e já era uma doutrina conhecida no inicio do século XIX
(1)".
Semelhantemente à pedra atirada na árvore, a Terra
foi planejada e construída de tal maneira que pudesse prover à necessidades e
requisitos dos seres vivos. Observadores argutos têm atribuído essa
correspondência à existência de um propósito no plano do Criador. Entretanto,
os que acompanham o pensamento negativista e as dúvidas do século XX, deixam
essa crença para trás, preferindo atribuir essa relação de reciprocidade ao
acaso.
A Natureza
Testifica
Sêneca, preeminente filósofo romano (A.D. 1-65)
apresenta esta declaração:
"Todo
homem sabe, sem ninguém dizer-lhe, que esta maravilhosa tessitura do universo
não persiste sem um Governador, e que uma ordem constante não pode ser o
produto do acaso, pois as partes então se desmoronariam. Os movimentos das
estrelas, e as suas influências, são comandados por um decreto eterno
(2)".
Um contemporâneo de Sêneca, o apóstolo Paulo,
escrevendo aos seus concidadãos, faz esta afirmação:
"Porquanto
o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porquê Deus lhes
manifestou. Porquê os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder,
como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o
princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas
(3)".
Este método de aprender acerca de Deus a partir das
coisas por Ele criadas é chamado de Teologia Natural, e foi muito popular no
século XIX. Alguns teólogos dos anos mais recentes não o aprovam, porém suas
objeções parecem obscuras. A Teologia Natural tem o valor de chamar a atenção
para Deus. Entretanto, como ela nada diz a respeito de Cristo e da redenção por
Ele provida, não se deveria estacionar na Teologia Natural, mas sim usá-la como
um caminho para o Evangelho.
William Whewell (1794-1866) foi o autor de um dos
"Tratados de Bridgewater" intitulado "Astronomy and General
Physics Considered with Reference to Natural Theology" (Astronomia e
Física Geral consideradas em relação a Teologia Natural), em 1834. Mestre do
"Trinity College" por 25 anos, Whewell foi um dos mais poderosos
homens de Cambridge durante o período da reforma educacional. ... Recebeu uma
medalha da "Royal Society" pelo seu trabalho sobre marés, e deu a
Faraday a nomenclatura desejada para seu trabalho sobre eletricidade. Devem se
a Whewell termos tais como "anodo", "catodo",
"ion", "anion", e "cation"(4).
Água, um
fluido singular
O pouco espaço não permite comentar todos os
argumentos de Whewell a respeito da existência de um propósito na criação,
porém não se pode deixar de mencionar um dos mais destacados, referente à água.
A água, como as demais substâncias em geral, expande-se quando aquecida, e
contrai-se quando resfriada. Entretanto, ela se afasta deste comportamento, de
maneira notável, ao se congelar. A água apresenta a maior densidade (menor volume)
a temperatura de 4 ºC. Ao diminuir mais a temperatura a água se expande até que
a O ºC ocupa um volume cerca de 1/9 maior, mudando então de estado, de líquido
para sólido.
Essa expansão que se dá no congelamento é conhecida
nos países frios devido a ruptura de encanamentos e radiadores de automóveis no
inverno, parecendo por isso ser inconveniente. Entretanto, para os seres vivos
em geral, e indiretamente para o homem, é ela uma vantagem incontestável.
A expansão do gelo faz com que ele possa flutuar em
qualquer corpo de água, enquanto que, se fosse obedecida a regra geral da
contração no resfriamento, ele se depositaria no fundo do rio ou lago,
solidificando em pouco tempo a massa restante.
Embora se conheçam peixes que viveram após terem
sido congelados, não suportariam eles um congelamento prolongado, pois
sofreriam perda de suas funções vitais.
As massas d'água congeladas derreteriam muito
lentamente em conseqüência da camada de água líquida em escoamento sobre o
gelo, a qual as protegeria da ação do ar quente. Nos climas temperados não
haveria tempo para o derretimento até o fundo, antes de iniciar-se novamente a
fase de congelamento no inverno (se a água seguisse a regra geral de expansão).
Tem sido repetida em classe muitas vezes uma
demonstração atribuída a Rumford. Insere-se em um tubo de ensaio com água, um
pedaço de gelo, mantendo-o no fundo por um suporte qualquer. Então a parte
superior do tubo de ensaio é levada a uma chama até que a água da superfície
entre em ebulição, enquanto ainda permanece no fundo o pedaço de gelo. Isso é
possível porquê a água quando aquecida expande-se, desloca-se para cima e lá
permanece.
Essa anomalia da expansão da água ao se congelar
sem dúvida impede a extinção de inúmeros habitats aquáticos com suas flora e fauna
abundantes. Por outro lado, as perdas ocasionadas pelas rupturas devido ao
congelamento podem ser evitadas, porquê o congelamento se dá sempre a
temperatura conhecida.
A própria presença da água na Terra é um fato que
desperta nossa admiração. Muito tempo antes dos primeiros astronautas
desembarcarem na Lua, sabia-se que lá não há água, pois não se observavam
nuvens que obscurecessem a sua face, nas observações telescópicas. Fotografias
e medidas feitas mostram muito pouco ou nenhum vapor d'água em Marte. Vênus e
Mercúrio são demasiado quentes para conter água no estado sólido ou líquido.
Júpiter, Neptuno e Plutão estão muito distantes para se detectar algo com
precisão, porém não revelam evidências de abundância de água. A Terra é, assim,
singular, por apresentar essa substância tão abundantemente.
Características
Físicas da Água
As características físicas e químicas da água
fazem-na muito mais útil aos seres vivos do que qualquer outro líquido. Sua
constituição é de tal forma que ela dissolve mais substâncias do que qualquer
outra, com exceção talvez da amônia. No corpo humano os alimentos se dissolvem
no sangue e os detritos na urina. As plantas dissolvem seu alimento na seiva. A
água, sendo quimicamente inerte, não altera esses solutos, mas tão somente os
transporta.
A água é peculiar também pelo seu elevado calor
específico (a quantidade de calor, em calorias, necessária para elevar de um
grau centígrado a temperatura de um grama da substância).
Propriedades
Adequadas para o Homem
O que esses fatos significam para o ser humano? Um
homem pesando oitenta quilos produz em repouso cerca de 2400 calorias
diariamente, o que seria suficiente para aumentar de cerca de 30 ºC a
temperatura de seu corpo. Na realidade, o calor em excesso é removido pelo
sistema termo-regulador do corpo, a menos que o organismo esteja com febre.
Essa remoção proporciona não somente conforto, como também constitui um meio de
evitar a aceleração das reações químicas.
Esse importante controle térmico é possível porque
a água é a principal substância componente do corpo humano, e porque ela
apresenta um elevado calor específico. Se o corpo humano fosse constituído
preponderantemente por outra substância com calor específico em torno da média
das apresentadas na tabela anterior, o calor produzido seria suficiente para
aumentar a temperatura de cerca de 100 ºC.
Considere-se ainda o calor latente, que é
armazenado e não mensurável pelo aumento de temperatura, ao contrário do calor
sensível. Sem dúvida o leitor já observou que ao lavar as mãos, ao tentar
enxugá-las abanando-as no ar, sente a sensação de frio.
Quando uma substância se evapora do estado líquido,
ou se liquefaz do estado sólido, absorve certa quantidade de calor. Essa mesma
quantidade de calor deve ser retirada para o vapor se condensar, ou para o
líquido se solidificar.
No início de uma chuva há sempre um aumento de
temperatura porque o vapor d'água está se transformando em gotas de chuva
liquidas. Da mesma maneira, após a chuva, ao aumentar a evaporação, há uma
diminuição da temperatura.
A Tabela seguinte dá os valores do calor latente de
evaporação de várias substâncias, em calorias por grama Tem-se aqui a base de
um dos mecanismos de resfriamento do corpo humano. O suor espalha-se sobre a
pele, e sua evaporação remove o excesso de calor do corpo.
A evaporação da água em lagos e rios remove o calor
do ar em suas imediações. Por essa razão as ilhas e penínsulas são livres de
calor excessivo, ao mesmo tempo em que o congelamento da água no inverno lhes
proporciona algum calor. As propriedades da água são bem adequadas às
necessidades dos seres vivos (6).
Adequação da
Atmosfera
Dos fatos anteriores não somente se vê que os seres
vivos apresentam necessidades, como também se torna evidente a notável verdade
de que o meio ambiente é formado de maneira tal que supre essas necessidades.
Como se sabe, o ar é admiravelmente ajustado para os seres vivos.
Atente-se para o que poderia parecer acaso. Há
enxofre no solo e nos alimentos tais como ovos, porém não na atmosfera, exceto
nas imediações de vulcões e das indústrias químicas estabelecidas pelo homem.
Deveríamos ser gratos pela ausência dos compostos
de enxofre tais como o gás sulfídrico (o mal cheiroso gás característico de
ovos podres) e o bióxido de enxofre, usado para matar bactérias e insetos.
Um vizinho do autor contraiu uma enfermidade
contagiosa e foi aconselhado a fumigar suas roupas após ter-se recuperado.
Decidiu-se ele então a fumigar-se, simultaneamente. Empunhando uma barra de
enxofre entrou em uma caixa de piano vazia, fechou a tampa e começou a queimar
o enxofre - mas teve de sair mais rápido do que entrou! É simplesmente o acaso
que conserva o enxofre no solo e não nos pulmões dos seres humanos?
Considere-se o importante gás, o oxigênio, que
constitui cerca de 20% da atmosfera e é essencial a vida do homem e dos
animais. Teria sido possível a sua combinação com outras substâncias, não
houvesse um planejamento na criação da Terra. Ele poderia ter-se combinado com
hidrogênio para formar água, ou com silício para formar areia. Há quem diga que
isso foi o que se passou, e que o oxigênio existente na atmosfera proveio de
diatomáceas e outras plantas do oceano. Porém, mesmo nessas condições não
deixariam de existir evidências de um propósito.
As plantas foram formadas com a capacidade de
liberar oxigênio, não para o seu próprio beneficio, mas para o incontável
beneficio da humanidade e dos animais em geral. E realmente difícil
descartar-se da existência de um propósito ao se considerar a existência do
oxigênio em estado livre.
O bióxido de carbono é necessário para a construção
das raízes, caule e folhas, enquanto que o monóxido de carbono é um gás
venenoso não encontrado normalmente na atmosfera, mas só nos gases de
escapamento dos motores de combustão interna. O bióxido de carbono é um
constituinte normal da atmosfera, sendo expirado pelos animais e homens, e
absorvido pelas plantas para tornar possível seu crescimento.
O hidrogênio, um dos elementos que compõem a água,
não se encontra em estado livre na atmosfera. Se o fosse, unir-se-ia com o
oxigênio com grande ruído, à simples ação de uma chama, conforme
costumeiramente mostrado nos laboratórios de química.
Amônia é outro gás que a infinita Sabedoria excluiu
da atmosfera.
O
planejamento não pode ser excluído
Há pessoas que, não aceitando o propósito divino
como explicação para a vida, preferem aceitar a possibilidade de transformação
de um pedaço qualquer de matéria inerte em um ser vivente. Ressaltam que, dado
tempo suficiente, pode ocorrer o evento improvável. Assim, o acaso produziu
todos os tipos de plantas e animais, tendo permanecido os que se adaptaram, e
sendo extintos os demais.
Se tal processo tivesse ocorrido, os fósseis que
fossem encontrados seriam tipos bizarros, sem relação alguma com o seu meio ambiente.
Porém, longe de serem criaturas não adaptadas, produtos do acaso, foram eles de
mesmo tipo que os seres vivos atualmente, podendo ser classificados nos fila
das criaturas vivas atuais. Tais hipóteses são claramente ad-hoc, feitas para
evitar o reconhecimento da criação divina.
Entretanto, mesmo que a seleção natural tivesse
sido inteiramente eficaz, não poderia ela explicar a adequabilidade do meio
ambiente. Os seres vivos e o meio ambiente ajustam-se perfeitamente como peças
de um quebra-cabeças. O acaso poderia ter produzido uma Terra que fosse
adequada sob um determinado aspecto, porém somente o próprio Deus poderia
planejar a Terra como ela realmente é, ou foi, antes da queda.
Referências
(l) Henderson, J. Lawrence. 1913. The fitness of
the environment. Beacon Press edition, 1958, Boston, p. v.
(2) Museum of Antiquity, p. 826.
(3) Romans 1:19, 20, New English Version.
(4) Butts, R. E. 1970. Wm. Whewell's theory of the
scientific method. Review in Science, 168:1195, 5 June.
(5) Henderson, Op. cit., p. 7.
(6) Não obstante suas excelentes observações,
Henderson não atentou para a adequação do ambiente. Ele procurou uma explicação
mecanicista.
Nenhum comentário:
Postar um comentário