Duane T. Gish, Ph.D.
É cedo demais para avaliar acertadamente o
verdadeiro significado da descoberta feita por Richard Leakey perto da praia
leste do lago Rodolfo, no Quênia. Não obstante, o impacto sobre as teorias
evolucionistas relacionadas com a origem do homem é potencialmente tão
explosivo que essa notícia merece, uma tentativa de avaliação. Um jornal disse:
"Por causa dele (o crânio 1470 de Leakey), todos os livros sobre
antropologia, todos os artigos sobre evolução e os desenhos da árvore
genealógica do homem terão de ser jogados no lixo. Estão aparentemente
errados".
O artigo publicado em Science News¹ tinha o
seguinte título: "O novo crânio de Leakey muda o nosso pedigree..."
Richard Leakey é filho do Dr. Louis Leakey. O Dr.
Leakey adquiriu fama mundial através de uma série de descobertas supostamente
sensacionais em Olduvai George, na Tanzânia, cerca de 800km ao sul do lago
Rodolfo. A descoberta principal do Dr. Leakey foi um crânio de um pretenso
"homem-macaco", que se chamou de Zinjanthropus, ou "Homem do
Leste da África". Através de uma combinação de julgamentos apressados,
reivindicações exageradas e grande publicidade feita pelo National Geographic,
outros jornais e outros meios de comunicação, muitas pessoas, e quase todos os
evolucionistas, ficaram convencidos de que o Dr. Leakey tinha realmente
encontrado os restos mortais de uma criatura muito especial, uma criatura da
qual o homem teria descendido diretamente e que viveu cerca de dois milhões de
anos atrás.
Uma avaliação mais completa e cuidadosa de achado
do Dr. Leakey feitos por técnicos da matéria revelou finalmente que o
"Zinjanthropus" do Dr. Leakey não passava de uma variedade de
Australophithecos (como o próprio Dr. Leakey finalmente admitiu), uma criatura
parecida com um macaco, cujos restos foram descobertos 35 anos antes por R. A.
Dart na África do Sul. O Dr. Leakey ficou, portanto, por ter
"descoberto" uma coisa que já tinha sido descoberta muitos anos
antes! Embora algumas autoridades, como Montagu ² e von Koenigswald,³ há muito
tinham afirmado que o australopithecus estão fora da linhagem dos ancestrais do
homem, a opinião geral dos evolucionistas era que os australopithecus foram
macacos bípedes parecidos com o homem em linha direta na árvore genealógica do
homem.
Richard Leakey não tem doutorado em antropologia.
Na verdade, ele não é formado em nada. Ele nem mesmo freqüentou uma faculdade.
Não obstante, passou muitos anos trabalhando e estudando com o seu pai, e
reuniu uma equipe que inclui cientistas formados. Durante os anos passados, sua
pesquisa deu forte apoio àqueles que defendiam que os australopithecus não
tinham nada a ver com a origem do homem. Nós já fizemos a nossa avaliação das
evidências relacionadas com essas criaturas, evidências que nós cremos que
provam conclusivamente que eles foram macacos. Ponto final.4 Se a avaliação de
Richard Leakey de sua descoberta, o Crânio de 1470, for aceita, terá não apenas
acabado completamente com as teorias de seu pai sobre a origem do homem, nas
quais o australopithecus recebeu um papel principal, mas também terá acabado
com as teorias de todos os outros também.
Com base em evidências extremamente fragmentárias (
e com fortes idéias preconcebidas ), a opinião geral dos evolucionistas tem
sido que os australopithecus andavam abitualmente sobre duas pernas, uma das
características para a forma transicional entre o suposto ancestral do homem
parecido com um macaco e o próprio homem. Evidências apresentadas por Richard
Leakey nos dois ou três anos passados deram forte apoio ao fato de que os
australopithecus não andavam sobre duas pernas, mas tinham longos braços,
pernas curtas e andavam com o auxilio das mãos, como os demais macacos
africanos ainda existentes.5,7
A última descoberta de Leakey talvez tenha agora
dado o último golpe para derrubar o australopithecus como candidato a
antepassado do homem; na verdade, se aceita, vai destruir todas as teorias
atualmente defendidas pelos evolucionistas sobre os antepassados do homem. Em
sua conferência no ano passado em San Diego (que o autor assistiu), Leakey disse
que o que ele encontrou destrói tudo o que aprendemos até agora acerca da
evolução do homem, e, ele disse, "Eu não tenho nada para oferecer em seu
lugar!"
As idéias geralmente aceitas até agora sobre a
evolução do homem incluíam um antepassado hipotético comum para homens e
macacos, que deveria ter existido cerca de 30 milhões de anos atrás mais ou
menos, talvez um pouco mais (no que se refere aos verdadeiros fósseis) até que
se chegou ao estágio do australopithecus, cerca de dois milhões de anos atrás segundo
se supõe. Mais tarde, cria-se, esses antepassados do homem parecidos com
macacos foram seguidos por uma criatura mais parecida com o homem (ou menos
parecida com o macaco!), representada em Java pelo Pithecanthropus Erectus (o
Homem de Java), e na China pelo Sinanthropus Pekinensis (o Homem de Pequim).
Eles foram datados pelos evolucionistas (através de simples conjecturas) em
cerca de 500.000 anos, e atualmente a maioria dos evolucionistas os coloca em
uma só espécie intitulada Homo Erectus. Já discutimos em alguns detalhes por
que cremos que a única evolução que ocorreu nessas criaturas foi a evolução dos
modelos e descrições feitas pelos evolucionistas desde que foram descritos pela
primeira vez! 4 As primeiras descrições dessas criaturas eram muito parecidas
com os macacos, mas elas foram se tornando cada vez mais parecidas com o homem
nos relatórios subseqüentes, culminando nos modelos de Franz Weidenreich, que
eram quase humanos. Infelizmente, todos os ossos desapareceram durante a
Segunda Guerra Mundial, portanto não há meios agora de confirmar se essa
criatura era um homem ou um macaco. Estamos convencidos de que, tal como os
australopithecus, eram simplesmente macacos.
Assim, temos o quadro:
* antepassado comum do homem e do macaco (30 m.a.)
* australopithecus (homem parecido com macaco, 2
m.a.)
* o Homem de Java, o Homem de Pequim (quase homem,
0,5 m.a.)
* o homem atual (foi reconhecido que o homem de
Neandertal era totalmente homem, o Homo Sapiens ).
Isso é muito pouco, considerando um suposto período
evolucionário de 30 milhões de anos e a fértil imaginação dos evolucionistas!
Richard Leakey reivindica agora que a sua equipe
descobriu um crânio (chamado de KNMR 1470) muito mais recente ainda do que o
"Homem de Pequim", essencialmente o mesmo, de fato, do homem moderno
(exceto no tamanho), e ainda assim foi datado em cerca de três milhões de
anos!8,9 Se a avaliação de Leakey tiver apoio, e, se as datas atribuídas aos
australopithecus (2 milhões de anos), o "Homem de Pequim" (112 milhão
de anos), e o KNMR 1470 (3 milhões de anos) forem aceitas, é óbvio que nem os
australopithecus nem o "Homem de Pequim" estão na árvore genealógica
do homem, pois corno poderia o homem moderno, ou essencialmente o homem
moderno, ser mais velho que seus antepassados? Quem já ouviu falar de pais que
são mais jovens que seus filhos?
Conforme foi reconstituído pela Sra. Richard
Leakey, o Dr. Bernard Wood, um anatomista londrino, e outros, o crânio é
notavelmente semelhante ao do homem moderno? A parede do crânio é fina, sua
conformação geral é humana, e não possui as pesadas saliências dos supercílios,
as cristas supramastóides e outros aspectos simiescos encontrados variadamente
nos australopithecus e no "Homem de Pequim". Além disso, a algumas
milhas de distância, mas na mesma camada, o Dr. John Harris, um paleontólogo
ligado aos Museus Nacionais do Quênia, descobriu ossos de membros que, segundo
consta, não diferem em nada dos ossos do homem moderno. São presumivelmente
ossos de membros de criaturas idênticas ao 1470.
A capacidade craniana do 1470 foi calculada por
Leakey em apenas 800 cc. Embora isso seja muito mais que o atribuído aos
australopithecus (450 a 500 cc), e, considerando sua alegada antigüidade, ele é
chamado de "cérebro grande", embora esteja abaixo da média do homem
moderno (cerca de 1.000 a 2.000 cc, com uma média de 1.450 cc). A idade e o
sexo do 1 1470 não pôde ser determinado com certeza (primeiro pensou-se que
fosse macho; agora crê-se que seja fêmea).
A pequena capacidade craniana desse crânio é difícil
de reconciliar com o fato de que tudo mais nele seja, segundo consta,
essencialmente parecido com o homem moderno. (0 Dr. Alec Cave, um anatomista
inglês, descreveu o crânio como "tipicamente humano"10 ). Até mesmo
um pigmeu deveria possuir uma capacidade craniana maior do que a do 1470,
embora já tenha ,-,do encontrada uma mulher aborígene australiana com uma
capacidade craniana de cerca de 900 cc.
Um recente artigo publicado em um jornal" fala
de uma entrevista com o Dr. Alan Mann, um antropólogo da Universidade da
Pennsylvania, que passou quatro semanas com Leakey no Quênia no verão passado.
Conta-se que Mann foi no começo muito cético quanto aos relatórios de Leakey
sobre o 1470, mas depois de sua experiência durante o verão, ficou convencido
de que Leakey revolucionou a antropologia. Ele conta que Leakey agora encontrou
um segundo crânio, e que esse crânio é bastante grande para ser colocado em
cima do 1470. Mann, como a maioria dos outros evolucionistas, ficou totalmente
confuso pelas desnorteantes implicações da descoberta de Leakey. Ele teria
dito: "Simplesmente não sabemos o que aconteceu. Não há teorias reais.
Todos estão um tanto confusos. ...Simplesmente voltamos ao ponto de
partida."
E o que dizer da data atribuída por Leakey ao seu
1470, como também das datas atribuídas ao "Zinjanthropus" 1 e 3/4
milhões de anos) e ao "Homem de Pequim"? Seria legítimo que um
criacionista que crê numa terra jovem e, portanto, crê que os métodos para
datar usados para chegar a essas datas são inválidos, que usasse essas mesmas
datas para invalidar a teoria evolucionista? Absolutamente. Se o que Leakey
relata acerca do seu 1470 é verdadeiro, e se as datas atribuídas a essa
criatura, ao "Zinjanthropus" e ao "Homem de Pequim " são
válidas, então o "Zinjanthropus" (e todos os Australopithecus) e o
"Homem de Pequim" são eliminados como antepassados do homem, e os
evolucionistas ficam sem nada. Por outro lado, se a idade da terra tem alguns
milhares de anos em vez de bilhões de anos, então todo o conceito da evolução se
torna inconcebível. Assim, tanto num como no outro caso, ficamos sem nenhum
antepassado evolucionista. para o homem.
Gostaríamos de enfatizar que a esta altura estamos
quase completamente dependentes do julgamento de Richard Leakey e seus colegas
quanto à natureza dos seus achados. No momento, além disso, estamos; limitados
às notícias publicadas em jornais e revistas pseudocientíficas. A importância e
as implicações das descobertas de Leakey são assim publicadas com base em
relatórios que talvez não sejam assim tão dignos de confiança e dados que ainda
não foram examinados pelos críticos. Devemos, portanto, olhar para tudo isso
com muita cautela. Não obstante, podemos dizer a este ponto, que o último
relatório de Leakey dê considerável apoio aos criacionistas , que defendem que
o homem e os macacos sempre foram contemporâneos. Por outro lado, isso teve o
efeito de uma bomba entre os evolucionistas. Talvez seja por isso que em nossas
muitas discussões e debates com os evolucionistas, neste último ano, não tenhamos
encontrado ninguém que queira conversar sobre a evolução humana!
Outros acontecimentos recentes fortaleceram a
posição dos criacionistas. Por exemplo, o Homem de Neandertal costumava ser
descrito como uma criatura primitiva sub-humana, o antepassado imediato do Homo
Sapiens. Cria-se que ele possuía uma postura apenas semiereta e que possuía
alguns outros aspectos primitivos, inclusive destacadas saliências nos
supercílios, pescoço curto e em declive, ombros curvos e pernas em arco.
Durante muitos anos o Museu de História Natural de Chicago exibiu uma família
do Homem de Neandertal, apresentado-o como uma criatura sub-humana, inclinada
para frente, arrastando os braços no chão, cabeluda, grunhindo, espiando sob
uma compacta saliência supraciliar, com olhos profundamente encaixados.
Essa figura do Homem de Neandertal foi desenvolvida
porque o indivíduo cujo esqueleto foi usado para essa figura sofria de uma
forma severa de artrite o outras condições patológicas. Já no século XIX isso
foi destacado por Virchow, um famoso anatomista. Isso foi confirmado mais
recentemente por Straus e Cave que disseram:
"Não há, portanto, motivos válidos para
presumir que a postura do Homem de Neandertal... diferisse significativamente
dos homens da atualidade... Talvez o 'ancião' artrítico de La
Chapelle-aux-Saints, o protótipo da postura do homem de Neandertal, se postasse
e andasse com algum tipo de cifose patológica; mas, nesse caso, ele tem os seus
companheiros entre os homens modernos semelhantemente afligidos com osteoartrite
espinal. Ele não pode, à vista de sua manifesta patologia, ser usado para. nos
dar um quadro digno de confiança de um neandertaliano normal e sadio. Não
Obstante, se ele pudesse ser reencarnado e colocado em um metrô de New York
(depois de tomar um banho, fazer a barba e vestir roupas atualizadas ),
duvidamos que atraísse mais atenção do que outros cidadãos."¹²
Ainda mais recentemente, o Dr. Francis lvanhoe
declarou que os dentes do Homem de Neandertal apresentam evidências de
raquitismo (causada pela ausência de vitamina D) e que radiografias dos ossos
do Homem de Neandertal indicam o característico padrão do raquitismo.13 Ele
ainda diz que cada crânio das crianças de Neandertal estudado até agora
apresenta sinais associados a severo raquitismo: cabeça grande com testa alta e
bulbosa, fechamento retardado das juntas ósseas e fragmentos de ossos
defeituosos, e dentes fracos.
Por isso é que o Homem de Neandertal foi um tipo de
má postura! Seus supercílios salientes, a testa bulbosa, os ombros caídos, as
pernas arcadas e outros aspectos "primitivos" eram devidos ao
amolecimento dos seus ossos e outras condições patológicas causadas por uma
séria deficiência de vitamina D. Vamos ainda lhe dar uma artrite e teremos o
quadro do Homem de Neandertal que enfeita tantos livros escolares há 100 anos -
a figura que os evolucionistas reivindicaram provar que o Homem de Neandertal
era um elo entre o homem moderno e criaturas semelhantes aos macacos.
Mas agora essa figura do Homem de Neandertal foi
abandonada e hoje ele já não é mais classificado como Homo Neanderthalensis,
mas é classificado como Homo Sapiens, exatamente como eu e você. 0 Museu de
História Natural de Chicago retirou os seus antigos modelos do Homem de
Neandertal e os substituiu com modelos atualizados, mais modernos. Assim, um a
um: - o "Homem de Nebraska" (construído com base num dente de
porco!), o "Homem de Piltdown" (construído a partir do maxilar de um
macaco da atualidade!), o "Zinjanthropus", ou o "Homem do Leste
da África", o "Homem de Pequim", o Homem de Neandertal, - nossos
supostos antepassados semelhantes a macacos foram deixados de lado. E Richard
Leakey clama por fundos para começar tudo de novo!
REFERÊNCIAS
1. Science, News, Vol. 102, p. 324 (1972),
2. A. Montagu, Man: His First MiIion Years, World
Publishers, Yonkers, N. Y., 1957, p.51
3. G. H. R. von Koenigswald, The Evolution of Man,
University of Michigam Press, Ann Arbor, 1962; ( veja também a crítica deste
livro feita por J. Hawkes, Science, Vol. 204, p. 952, 1964)
4. D. T. Gish, Evolution: The Fossils Say No!,
Institute for Creation Research, San Diego, 1973.
5. R. E. F. Leakey, Nature, Vol. 231, p. 241 (197
1).
6. Sience News, Vol. 99, p. 398 (1971).
7. Science News, Vol. 100, p. 357 (1971).
8. Science News, Vol. 102, p. 324 (1972).
9. R. E. F. Leakey, National Geographic, Vol. 143,
p. 819 (1973).
10. J. Hillaby, "Dem Ole Bones'', New
Scientist, December 21, 1972.
11. J. N. Shurkin ( Knight Newspapers writer ), The
Cincinnat Enquirer, October 1 0 1973. p. 6.
12. W. L. Straus, Jr., and A, J. E. Cave, The
Quarterley Review of Biology, December, 1957, pp. 358, 359.
13. F. lvanhoe Nature, August 8, 1970 (veja também
Science Digest, February, 197 1, P. 35, Prevention, October, 1971, p. 115).
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