“Era preciso trabalhar rápido. A idéia de que a
Terra era um planeta velho não resistiria por muito tempo a ausência de
evidências concretas e visíveis dessa suposta realidade. Procurava-se,
portanto, algo na natureza que não só confirmasse as suspeitas de Hutton, mas
que também nos indicasse, em números absolutos, a idade do nosso planeta.
No tempo de Darwin, os fósseis já começavam a
despontar como a grande esperança da teoria da evolução. A expectativa era no
sentido de que o registro geológico pudesse nos apresentar evidências
significativas de que as espécies realmente evoluíram, umas a partir das
outras. Observe como Darwin se expressou a esse respeito em seu livro “A origem
das Espécies”:
”Não devemos esperar encontrar, no presente,
numerosas variedades transicionais em cada região, ainda que elas tenham
existido e devam se encontrar imersas na condição de fósseis”.(1)
Em outras palavras, as comprovações da teoria da
evolução ainda estavam por surgir, mas o cenário já estava montado: a Terra era
mesmo velha, a filosofia uniformitarista de Hutton era uma realidade, e isso
significava que a história do planeta podia ser estudada a partir dos estratos
geológicos que teriam se acumulado, um após outro, através de incontáveis anos.
Foi nesse contexto que surgiu a idéia de que certos
fósseis eram representativos de determinadas épocas e, por isso, podiam ser
utilizados para caracterizar o estrato em que se encontravam. Como os estratos
não se diferenciam entre si pela composição química ou física dos sedimentos
neles contidos, a idéia pareceu interessante a algumas pessoas, sobretudo
porque permitia, se não datar as camadas geológicas, pelo menos ordená-las
cronologicamente. Nasciam, desse modo, os fósseis-índices e, com eles, a
biocronologia.
A “nova” metodologia, entretanto, trazia consigo um
impasse: ela se apoiava inteiramente na teoria da evolução. Se a evolução das
espécies fosse uma realidade, então talvez pudéssemos utilizar o contexto
fóssil de um dado estrato para fazer uma avaliação de sua idade. Mais tarde,
foram desenvolvidos outros métodos de datação, mais sofisticados do ponto de vista
tecnológico, fazendo uso de complicados cálculos matemáticos e medições
extremamente delicadas. De algum modo, porém, a biocronologia permaneceu, não
como meio alternativo de datação, mas como instrumento de aferição e de
comprovação da validade de outros métodos.
Torna-se evidente, pois, que os únicos índices
geocronológicos racionais disponíveis são os fundamentos
bioestratigraficamente, i.e., os biocronológicos.(2)
Em outras palavras, somente os fósseis merecem
crédito como critério para a determinação do tempo na história da Terra. Outros
elementos, tais como características físico-químicas, posição de estratos, ou
mesmo métodos sofisticados como os métodos radiométricos de datação podem
servir como dados complementares, mas são os resultados fornecidos pelos
fósseis-índices que prevalecem em caso de qualquer dúvida ou discordância.
Entretanto, para que um fóssil seja classificado
como fóssil-índice é necessário que sua presença seja específica de um certo
estrato geológico, admitindo vestígios ou raras ocorrências desse fóssil em
estratos imediatamente anteriores ou posteriores. Tais fósseis, então,
arranjados de modo que os estratos que os contêm sejam considerados mais
antigos quanto mais simples estes fósseis são em suas estruturas orgânicas, não
importando a ordem em que esses estratos aparecem na natureza.
Assim, fica estabelecida uma seqüência de estratos
denominada coluna geológica, que é utilizada para se avaliar a posição de um
dado estrato em qualquer região do planeta. Basta que se procure, no estrato a
ser avaliado, um fóssil-índice, cuja presença irá determinar sua posição na
coluna.
Caso se encontre um estrato supostamente mais
antigo sobre outro considerado mais jovem, algum tipo de explicação terá que
ser dada para justificar a inversão. O recurso a movimentos na Crosta da Terra
é uma dessas explicações, mas o que evolucionista não admitem é que se
questione a evidência obtida a partir dos fósseis-índices. Isto significa que a
teoria da evolução é a base de todos esses conceitos, o que caracteriza a
fragilidade da geologia histórica.
Tudo isto traz à cena um óbvio raciocínio circular
que, do ponto de vista lógico, não poderia jamais ser admitido em um contexto
científico. Evolucionista, via de regra, afirmam que o registro paleontológico
é uma das mais significativas evidências da evolução. Entretanto, as seqüências
de fósseis apresentadas pelos livros de paleontologia fundamentam-se nas idades
geológicas que, por sua vez, foram construídas como uma interpretação da
história da Terra sob a pressuposição de que a teoria da evolução era
verdadeira.
”O leigo de visão tem, por longo tempo, suspeitado
de um raciocínio circular no uso de rochas para datar fósseis e de fósseis para
datar rochas. O geólogo nunca se preocupou em pensar numa boa resposta, supondo
que as explicações não valem o esforço, desde que o trabalho produza
resultados. Isto, obviamente, é pragmatismo obstinado”. (3)
É surpreendente observar que brilhantes homens de
ciência da atualidade não conseguem perceber a circularidade desse tipo de
raciocínio. Esses homens foram treinados em sua formação acadêmica para aceitar
somente aquilo que pode ser demonstrado verdadeiro do ponto de vista
científico. Como explicar essa disposição de aceitar o que obviamente contraria
todo o dispositivo lógico em que a ciência se baseia?”
Cristiano P. da Silva Neto
Referências:
1. C. Darwin, The Origino f Species, Great Books,
vol.49, 1978, pg.80.
2. T. G. Miller, ”Time in Stratigraphy”, Paleontoly
9, 1965, p.119.
3. J. E. O´Rourke, Pragmatism Versus Materialism in
Stratisgraphy”, American Journal of Science, Vol.276, 1976, p.48.
Extraído do livro ”Datando a Terra: Perspectiva
Criacionista” de Cristiano P. da Silva Neto; Ed.Origens; pg.21-25.
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