O cristianismo apela à história, aos fatos da
história, o que P. Carnegie Simpson chama de "os dados mais claros e
acessíveis que existem". Simpson prossegue: "Ele (Jesus) é um fato
histórico, verificável como qualquer outro".
J. N. D. Anderson registra o comentário de D. E.
Jenkins: "O cristianismo se baseia em fatos inquestionáveis...".
Clark Pinnock define esse tipo de fatos: "Os
fatos que apóiam as alegações cristãs não são um tipo especial de fato
religioso. São os fatos que podem ser assimilados e entendidos pela mente
humana, sobre os quais se baseiam todas as decisões de caráter histórico, legal
e ordinário".
Um dos propósitos destas "anotações de provas
do cristianismo" é apresentar alguns desses "fatos
indiscutíveis" e verificar se a interpretação desses fatos não é a mais
lógica. O objetivo da apologética não é convencer uma pessoa a,
inadvertidamente e contra a sua vontade, tornar-se cristã.
Clark Pinnock escreve: "Exige um grande
esforço o trabalho de apresentar às pessoas, e de um modo inteligente, as
provas em favor do evangelho, de maneira que elas possam tomar decisões
significativas, convencidas pelo poder do Espírito Santo. O coração não pode se
comprazer com aquilo que a mente rejeita como sendo falso".
HEBREUS 4:12
"Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e
mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de
dividir alma e espírito, juntas e medulas, e apta para discernir os pensamentos
e propósitos do coração."
Precisamos manter o equilíbrio entre as duas tendências
acima mencionadas. Devemos pregar o evangelho, mas também devemos estar
"sempre preparados para responder a todo aquele que (nos) pedir razão da
esperança que há em (nós)''.
O Espírito Santo convencerá as pessoas acerca da
verdade; não é preciso tentar adivinhá-la. "Certa mulher chamada Lídia, da
cidade de Tiatira, vendedora de púrpura, temente a Deus, nos escutava; o Senhor
lhe abriu o coração para atender às coisas que Paulo dizia" (Atos 16:14).
Pinnock, um hábil apologeta e testemunha de Cristo,
conclui a questão, expressando-se com muita propriedade: "Um cristão
inteligente deve ser capaz de apontar as falhas numa posição não-cristã e
apresentar fatos e argumentos em favor do evangelho. Se nossa apologética nos
impede de explicar o evangelho a quem quer que seja, é uma apologética
inadequada".
VAMOS
ESTABELECER ALGUNS FATOS BÁSICOS
Antes de tratar das diversas provas que favorecem a
fé cristã, deve-se esclarecer algumas idéias errôneas e entender várias
questões fundamentais.
Fé Cega
Uma acusação bem comum e contundente feita contra o
cristão é: "Vocês, cristãos, me deixam doente! Tudo o que vocês tem é uma
'fé cega"'.
Certamente essa é uma indicação de que o acusador
crê que, para tornar-se cristã, a pessoa precisa cometer um "suicídio
intelectual".
Pessoalmente, "meu coração pode se alegrar com
aquilo que minha mente rejeita". Meu coração e minha cabeça foram criados
para juntos agirem e crerem em harmonia. Cristo nos mandou: "Amarás o
Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu
entendimento" (Mateus 22:37).
Quando Jesus Cristo e os apóstolos conclamavam uma
pessoa a exercitar a fé, essa não era uma "fé cega", mas uma "fé
inteligente". O apóstolo Paulo disse: "Sei em que tenho crido"
(2 Timóteo 1:12). E Jesus disse: "Conhecereis a verdade e a verdade vos
libertará" (João 8:32). Conhecer, saber, é o contrário de ignorar.
A fé de um indivíduo envolve "a mente, as
emoções e a vontade". F. R. Beattie tem toda razão ao afirmar que "o
Espírito Santo não opera, no coração, uma fé cega e sem fundamentos..."
É justificável que Paul Little escreva: "A fé
no cristianismo baseia-se em fatos. Não é contrária à razão. No sentido
cristão, a fé vai além, mas não contra a razão".
A fé é a certeza que o coração tem de que as provas
são suficientes.
UMA MANOBRA
POLÍTICA
A Fé Cristã
É uma Fé Objetiva
A fé cristã é uma fé objetiva; deve, portanto, ter
um objeto. O conceito cristão de fé "salvadora" é o de uma fé em que
se estabelece um relacionamento com Jesus Cristo (o objeto); esse conceito está
numa posição diametralmente oposta ao uso "filosófico" da palavra fé
que, hoje em dia, se faz em geral nas salas de aula. Um clichê que se deve
rejeitar é: "Não importa o que você crê, desde que você tenha convicção
disso".
Vou ilustrar. Mantive um debate com o chefe do
departamento de filosofia de uma universidade localizada no meio-oeste dos
Estados Unidos. Ao responder uma pergunta, aconteceu de eu mencionar a
importância da ressurreição. A essa altura, meu oponente me interrompeu e me
disse com bastante sarcasmo: "Espere aí, McDowell. A questão principal é
se a ressurreição aconteceu ou não? Ou se "você crê que ela
aconteceu?" O que ele estava sugerindo (na verdade estava, com muita
coragem, afirmando) é que minha crença era a coisa mais importante. Repliquei
imediatamente: "Professor, na verdade importa, e muito, aquilo que creio
como cristão, porque o valor da fé cristã não está em quem crê, mas naquele em
quem se crê, no objeto da fé". E prossegui: "Se alguém pudesse me
provar que Cristo não ressuscitou dos mortos, eu não teria o direito à fé
cristã" (1 Cor íntios 15:14).
A fé cristã é fé em Cristo. O seu valor não está
naquele que crê, mas naquele em quem se crê. Não naquele que confia, mas
naquele em quem se confia.
Logo após esse debate, um bolsista muçulmano me
procurou para conversar e. durante um diálogo muito construtivo, ele disse com
toda sinceridade: "Conheço muitos muçulmanos que têm mais fé em Maomé do
que alguns cristãos têm em Cristo". Respondi: "Pode ser verdade, mas
o cristão é "salvo".
Veja, não importa a quantidade de fé que você
tenha, mas quem é o objeto da sua fé. Isso é importante do ponto de vista
cristão.
Com freqüência ouço estudantes dizerem:
"Alguns budistas são mais consagrados e têm mais fé em Buda (o que revela
uma compreensão errada do budismo) do que os cristãos têm em Cristo". Só
posso responder o seguinte: "Talvez, mas o cristão é salvo".
Paulo disse: "Sei em quem tenho crido".
Isso explica por que o evangelho gira em torno da pessoa de Jesus Cristo.
John Warwick Montgomery afirma: "Se o nosso
'Cristo da fé' se afasta um pouco do 'Jesus da história' que a Bíblia
apresenta, então, na proporção desse afastamento, perdemos também o autêntico
Cristo da fé". Conforme Herbet Butterfield. um dos maiores historiadores
da nossa época, o expressou: "Seria um erro perigoso imaginar que as
características de uma religião histórica continuariam inalteradas caso o
Cristo dos teólogos fosse divorciado do Jesus da história'.".
A expressão "Não venha me confundir com os
fatos" não é própria para um cristão.
Testemunhas Oculares
Os escritores do Novo Testamento ou escreveram na
qualidade de testemunhas oculares dos eventos que descreveram ou registraram os
acontecimentos, conforme relatados, em primeira mão, por testemunhas oculares.
"Porque não vos demos a conhecer o poder e a
vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, seguindo fábulas engenhosamente inventadas,
mas nós mesmos fomos testemunhas oculares da sua majestade" (2 Pedro
1:16).
Eles certamente sabiam qual a diferença entre mito,
lenda e realidade.
Um professor de uma turma de literatura universal,
à qual eu estava falando, fez a seguinte pergunta: "Qual sua opinião sobre
a mitologia grega?" Respondi com uma outra pergunta: "Você quer saber
se os acontecimentos da vida de Jesus — a ressurreição, o nascimento virginal,
etc. — foram apenas um mito?" E ele respondeu: "Isso mesmo".
Respondi, então, que, entre essas coisas aplicadas a Cristo e essas mesmas
coisas aplicadas à mitologia grega, existe uma diferença óbvia que geralmente é
ignorada. Os acontecimentos análogos da mitologia grega (como, por exemplo, a
ressurreição) não se aplicavam a indivíduos reais, de carne e sangue, mas a
personagens mitológicos. Na questão do cristianismo, esses acontecimentos estão
ligados a uma pessoa que os escritores conheceram na dimensão tempo-espaço da
história, o Jesus de Nazaré da história, que eles conheceram pessoalmente.
Ao que o professor disse: "Você tem razão. Eu
não tinha percebido isso."
S. Estborn, em Gripped by Christ (Atraído por
Cristo), explica essa questão com mais detalhes. Ele conta que Anath Nath
"estudou tanto a Bíblia como os Shastras, sendo que dois temas bíblicos
prenderam profundamente sua atenção: primeiro, a realidade da encarnação, e,
segundo, a expiação do pecado humano. Ele procurou harmonizar essas doutrinas
com as Escrituras hindus e descobriu no sacrifício voluntário de Cristo um
paralelo com Prajapati, o deus-criador veda. Também percebeu uma diferença
vital. Enquanto o Prajapati veda é um símbolo mítico, que tem sido aplicado a
inúmeras personagens, Jesus de Nazaré é uma pessoa histórica. Por isso ele
disse: 'Jesus é o verdadeiro Prajapati, o verdadeiro Salvador do mundo'."
J. B. Phillips, citado por Blaiklock, afirma:
"'Já li, em grego e em latim, dezenas de histórias de mitos, mas não
encontrei a menor idéia de mito na Bíblia'. A maioria das pessoas que conhece
grego e latim, não importa qual seja sua atitude para com as narrativas do Novo
Testamento, concordaria com ele..."
"Pode-se definir mito como uma tentativa
pré-científica e imaginativa de explicar algum fenômeno, real ou aparente, que
desperte a curiosidade daquele que faz o mito, ou, talvez, mais exatamente um
esforço por alcançar um sentimento de satisfação, em vez de perplexidade,
diante de tais fenômenos. Freqüentemente apela mais às emoções do que à razão,
e, de fato, em suas manifestações mais típicas, parece ter surgido em uma época
quando não se exigiam explicações racionais'."
TESTEMUNHAS
OCULARES
1 João 1 :1-3 "O que era desde o princípio, o
que temos ouvido, o que temos visto com os nossos próprios olhos, o que
contemplamos e as nossas mãos apalparam com respeito ao Verbo da vida (e a vida
se manifestou, e nós a temos visto, e dela damos testemunho e vo-la anunciamos,
a vida eterna, a qual estava com o Pai e nos foi manifestada), o que temos
visto e ouvido anunciamos também a vós outros, para que vós igualmente
mantenhais comunhão conosco. Ora, a nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho
Jesus Cristo."
Lucas 1:1-3 "Visto que muitos houve que empreenderam
uma narração coordenada dos fatos que entre nós se realizaram, conforme nos
transmitiram os que desde o princípio foram deles testemunhas oculares, e
ministros da palavra, igualmente a mim me pareceu bem, depois de acurada
investigação de tudo desde sua origem, dar-te por escrito, excelentíssimo
Teófilo, uma exposição em ordem."
A obra The Cambridge Ancient History (A História
Antiga de Cambridge), falando da preocupação de Lucas com a exatidão, afirma:
"Ele está naturalmente interessado em fazer
uma boa defesa da religião que professa - e não apenas porque cria que era
verdadeira (e não havia atrativo algum para se professar o cristianismo, a não
ser que se estivesse totalmente convencido de sua veracidade)..."
Atos 1:1-3 "Escrevi o primeiro livro, ó
Teófilo, relatando todas as coisas que Jesus fez e ensinou, até ao dia em que,
depois de haver dado mandamentos por intermédio do Espírito Santo aos apóstolos
que escolhera, foi elevado às alturas. A estes também, depois de ter padecido,
se apresentou vivo, com muitas provas incontestáveis, aparecendo-lhes durante
quarenta dias e falando das coisas concernentes ao reino de Deus."
1 Corintios 15:6-8 "Depois Jesus foi visto por
mais de quinhentos irmãos de uma só vez, dos quais a maioria sobrevive até agora,
porém alguns já dormem. Depois foi visto por Tiago, mais tarde por todos os
apóstolos, e, afinal, depois de todos, foi visto também por mim, como por um
nascido fora de tempo."
João 20:30,31 "Na verdade fez Jesus diante dos
discípulos muitos outros sinais que não estão escritos neste livro. Estes,
porém, foram registrados para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de
Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome.'
Atos 10:39-42 "É nós somos testemunhas de tudo
o que ele fez na terra dos judeus e em Jerusalém? ao qual também tiraram a
vida, pendurando-o no madeiro. A este ressuscitou Deus no terceiro dia, e
concedeu que fosse manifesto, não a todo o povo, mas às testemunhas que foram
anteriormente escolhidas por Deus, isto é, a nós que comemos e bebemos com ele,
depois que ressurgiu dentre os mortos; e nos mandou pregar ao povo e testificar
que ele é quem foi constituído por Deus Juiz de vivos e de mortos".
1 Pedro 5:1 "Rogo, pois, aos presbíteros que
há entre vós, eu, presbítero como eles, e testemunha dos sofrimentos de Cristo,
e ainda co-participante da glória que há de ser revelada."
Atos 1:9 "Ditas estas palavras, foi Jesus
elevado ás alturas, à vista deles, e uma nuvem o encobriu dos seus olhos."
John Montgomery diz que "a inviabilidade de fazer
distinção entre a afirmação de Jesus sobre si mesmo e a afirmação dos
escritores do Novo Testamento não deve causar espanto, pois a situação tem um
paralelo exato com a de todas as personagens históricas que não optaram por
escrever (por exemplo, Alexandre o Grande, César Augusto, Carlos Magno). Nesses
casos, dificilmente diríamos que é impossível chegarmos a descrições históricas
aceitáveis. E, também, os escritores do Novo Testamento... registram
testemunhos oculares sobre Jesus, pelo que se pode confiar, pois apresentam uma
descrição histórica cuidadosa de Jesus."
Conhecimento
de Primeira Mão
Os escritores do Novo Testamento apelaram ao
conhecimento de primeira mão que seus leitores e ouvintes possuíam a respeito
dos fatos e das provas acerca da pessoa de Jesus Cristo.
Os escritores não disseram apenas: "Vejam, nós
vimos isto ou ouvimos que...'*, mas viraram a mesa e disseram face a face aos
seus críticos mais mordazes: "Vocês também sabem dessas coisas... Vocês as
viram. Vocês mesmos sabem a respeito".
É melhor a pessoa ter cuidado quando diz ao
oponente: "Você também sabe disso", porque se ela estiver errada
quanto a alguns detalhes, terá de "engolir o que disse".
Atos 2:22 "Varões israelitas, atendei a estas
palavras: Jesus, o Nazareno, varão aprovado por Deus diante de vós, com
milagres, prodígios e sinais, os quais o próprio Deus realizou por intermédio
dele entre vós, como vós mesmos sabeis..."
Atos 26:24-28 "Dizendo ele (Paulo) estas
coisas em sua defesa, Festo o interrompeu em alta voz: Estás louco, Paulo; as
muitas letras te fazem delirar. Paulo, porém, respondeu: Não estou louco, ó
excelentíssimo Festo; pelo contrário, digo palavras de verdade e de bom senso.
Porque tudo isso é do conhecimento do rei, a quem me dirijo com franqueza, pois
estou persuadido de que nenhuma destas coisas lhe é oculta; porquanto nada se
passou aí, nalgum recanto. Acreditas, ó rei Agripa, nos profetas? Bem sei que acreditas.
Então Agripa se dirigiu a Paulo, e disse: Por pouco me persuades a me fazer
cristão."
Preconceitos
Históricos
"Se alguém for estudar historicamente a vida
de Jesus de Nazaré, descobrirá uma pessoa muito notável, não o Filho de
Deus."
Algumas vezes me expressam essa idéia da seguinte
maneira: "Pelo método 'histórico moderno' uma pessoa jamais decidirá pela
ressurreição".
Você está certo; é verdade. Mas antes de tirar
conclusões apressadas, quero explicar-lhe o seguinte: para muitas pessoas, hoje
em dia, o estudo da história carrega consigo as idéias de que não existe Deus,
os milagres não são possíveis, vivemos num sistema fechado e não existe nada de
sobrenatural. Com essas pressuposições, elas iniciam a investigação
"crítica, aberta e honesta" da história. Quando estudam a vida de
Cristo e lêem sobre os milagres ou a ressurreição, concluem que não houve
milagre nem ressurreição porque sabemos (não histórica, mas filosoficamente)
que não existe Deus, os milagres não são possíveis, vivemos num sistema fechado
e não existe nada de sobrenatural. Portanto, essas coisas não podem ocorrer. O
que os homens têm feito é eliminar a possibilidade da ressurreição de Cristo,
antes mesmo de começarem uma investigação histórica da ressurreição. Essas
pressuposições não são tanto idéias históricas preconcebidas, mas
principalmente preconceitos filosóficos.
Esse método de estudo da história se baseia na
"pressuposição racionalista" de que Cristo não poderia ter
ressuscitado dos mortos. Em vez de iniciar pelos dados históricos, eles
atrapalham o devido estudo da história por causa da "especulação
metafísica".
John W. Montgomery escreve: "Não se pode
eliminai a priori, em bases filosóficas, o fato da ressurreição. Os milagres só
são impossíveis se assim forem definidos - mas uma tal definição elimina a
correta investigação histórica".
Neste assunto faço longas citações de Montgomery,
que é uma das pessoas que me tem estimulado a refletir sobre a história. Ele
afirma: "Kant demonstrou, de maneira conclusiva, que todos os argumentos e
sistemas principiam por pressuposições; mas isso não significa que todas as
pressuposições sejam igualmente desejáveis. E melhor iniciar, como temos feito,
pelas pressuposições de métodos (JS quais naturalmente conduzirão à verdade) do
que pelas pressuposições de conteúdo substantivo (as quais presumem previamente
um corpo de verdades). Em nosso mundo moderno, temos descoberto que as
pressuposições do método empírico são as que melhor preenchem essa condição;
note, contudo, que estamos agindo apenas com base nas pressuposições do método
científico, não nas suposições racionalistas da ciência ('A Religião da
Ciência')." Montgomery cita os comentários de Huizenga concernentes ao
ceticismo no âmbito da história ("De Historische Idee". In:
Verzamekde Werken. Haarlem, 1950, v.7, pp. 134-6; conforme se encontra citado,
em tradução para o inglês, na obra de Fritz Stern; ed., The Varieties of
History (As Variedades de História), Nova Iorque: Meridian, 1956, p. 302).
Huizenga afirma: "O mais forte argumento contra o ceticismo no âmbito da
história... é o seguinte; o homem que têm dúvidas acerca da possibilidade de
que os dados e a tradição sejam historicamente corretos não poderá, então,
aceitar seus próprios dados, juízos, associações de fatos e interpretações. Não
pode limitar a dúvida à crítica histórica que realiza, mas é necessário que
deixe a dúvida operar em sua própria vida. Imediatamente descobrirá que não
apenas lhe faltam provas conclusivas acerca de todos os aspectos de sua própria
vida, os quais havia aceito sem maior reflexão, mas também que não há quaisquer
provas. Em resumo, ele se vê obrigado a aceitar um ceticismo filosófico geral,
paralelo ao ceticismo histórico. O ceticismo filosófico geral é uma
interessante brincadeira intelectual, mas é impossível viver brincando nesse
jogo."
Millar Burrows, da Universidade Yale, um
norte-americano especialista nos Rolos do Mar Morto, também citado por
Montgomery, escreve: "Existe um tipo de fé cristã... muito forte hoje em
dia, (que) considera as afirmações da fé cristã como declarações confessionais
que o indivíduo aceita por ser membro da comunidade que crê, e que não dependem
da razão ou dos fatos. Aqueles que sustentam essa posição não aceitarão que a
investigação histórica possa ter alguma coisa a dizer sobre a singularidade de
Cristo. Com freqüência eles são céticos quanto à possibilidade de conhecer
qualquer coisa acerca do Jesus histórico e parecem satisfeitos em prescindir
desse conhecimento. Não posso partilhar esse ponto-de-vista. Estou profundamente
convencido de que a revelação de Deus em Jesus de Nazaré deve ser o alicerce de
qualquer fé realmente cristã. Qualquer indagação sobre o Jesus real que viveu
na Palestina dezenove séculos atrás é, por conseguinte, de importância
fundamental."
Montgomery acrescenta que os acontecimentos
históricos são "únicos, e o teste de seu caráter fatual só pode ser o
método aceito de documentação, o qual estamos seguindo. Nenhum historiador tem
direito a um sistema fechado de causalidade, pois, conforme o lógico [b ]Max
Black, da Universidade Cornell, demonstrou numa monografia (BLACK, Max. Models
and Metaphors (Modelos e Metáforas). Ithaca; Cornell University, 1962, p. 16),
o próprio conceito de causa é 'uma noção estranha, não sistemática e
inconsistente', e, portanto, 'qualquer tentativa de formular uma lei universal
de causalidade será comprovadamente inútil"'.
O historiador Ethelbert Stauffer pode nos oferecer
algumas sugestões sobre a atitude de estudar a história: "O que nós
(historiadores) fazemos quando experimentamos surpresas que contrariam a todas
as nossas expectativas, talvez todas as nossas convicções e até mesmo toda a
maneira de entender a verdade, que sustentamos durante toda a vida? Afirmamos,
tal como um grande historiador costumava fazê-lo em tais situações: 'Com toda
certeza é possível.' E por que não? Para o historiador crítico nada é
impossível".
A isso o historiador Philip Schaff acrescenta:
"O propósito do historiador não é escrever uma história a partir de noções
preconcebidas e adaptada ao seu próprio gosto, mas reconstruí-la a partir das
melhores provas e deixar que ela fale por si mesma".
Robert M. Horn oferece uma boa ajuda para
compreendermos as idéias preconcebidas que as pessoas têm ao estudar história:
"Para tornar a questão o mais evidente possível, uma pessoa que negue a
existência de Deus não concordará com a crença na Bíblia".
"Um muçulmano, tendo a certeza de que Deus não
pode gerar, não aceitará como Palavra de Deus um livro que ensina que Cristo é
o Filho unigênito de Deus."
"Alguns crêem que Deus não é pessoal, mas é o
Absoluto, o Fundamento do Ser. Essas pessoas estarão predispostas a rejeitar a
Bíblia como auto-revelação pessoal de Deus. Com base nessa premissa, a Bíblia
não pode ser a palavra pessoal de 'EU SOU O QUE SOU". (Êxodo 3:14)
"Outros eliminam o sobrenatural. Provavelmente
não darão crédito ao livro que ensina que Cristo ressuscitou dentre os
mortos."
"Ainda outros sustentam que Deus não pode, sem
distorção, comunicar a Sua verdade através de homens pecadores; daí concluírem
que a Bíblia é, pelo menos em algumas partes, um livro meramente humano."
Uma definição básica de história é, para mim,
"um conhecimento do passado baseado em testemunhos". Alguns
imediatamente reagirão: "Não concordo". Então eu pergunto: "Você
crê que Dom Pedro II existiu e foi imperador do Brasil?" "Sim, eu
creio", é o que geralmente respondem. No entanto, ninguém com quem eu
tenha me encontrado chegou a, pessoalmente, ver e observar Dom Pedro II. A
única maneira de se conhecer é pelo testemunho.
Advertência: Quando se tem essa definição de
história, é preciso assegurar-se da credibilidade das testemunhas.
Devo estar
cego
Pulo? Que Pulo?
Freqüentemente acusam o cristão de dar um pulo às
cegas, "um salto no escuro". Muitas vezes essa idéia tem raízes em
Kierkegaard.
Para mim o cristianismo não era um "salto no
escuro", mas "um passo na direção da luz". Apanhei os dados que
consegui reunir e os coloquei na balança. Esta pendeu decisivamente para o lado
de que Cristo era o Filho de Deus e que havia ressuscitado dos mortos. A
balança pendia para o lado de Cristo de um modo tão impressionante que, quando
me tornei cristão, dei "um passo na direção da luz" em vez de
"um salto no escuro".
Caso tivesse exercitado uma fé cega, teria
rejeitado Jesus Cristo e voltado as costas para todas as provas.
Tenha cuidado. Eu não provei, sem qualquer sombra
de dúvida, que Jesus era o Filho de Deus. O que fiz foi investigar os dados e
pesar os prós e os contras. Os resultados mostraram que Cristo deve ser quem
Ele afirmou que era, e eu tive de tomar uma decisão, e tomei-a. A reação
imediata de muitos é: "Você encontrou aquilo que você queria
encontrar". Mas não foi esse o caso. Eu comprovei, através de
investigação, aquilo que eu desejava refutar. Comecei com o propósito de provar
a falsidade do cristianismo. Eu tinha idéias preconcebidas e preconceitos, não
a favor, mas contra Cristo.
Hume diria que as provas históricas não são válidas
porque não se pode provar, sem sombras de dúvida, a "verdade
absoluta". Mas eu não estava atrás da verdade absoluta, e sim da
"probabilidade histórica".
"Sem um critério objetivo", afirma John
W. Montgomery, "a pessoa se vê perdida ao ter de fazer uma escolha
significativa entre os a prioris, A ressurreição fornece uma base, em termos de
probabilidade histórica, para se experimentar a fé cristã. É preciso admitir
que a base é uma base provável, não de certeza absoluta, mas a probabilidade é
o único fundamento sobre o qual seres humanos finitos podem basear quaisquer
decisões que tomem. Só a lógica dedutiva e a matemática pura proporcionam a
'verdade irrefutável', e isso ocorre porque elas se baseiam em axiomas formais
auto-evidentes (por exemplo, a tautologia, se A, então A), que não incluem
conteúdo fatual. No instante em que penetramos no domínio dos fatos, temos de
depender da probabilidade; pode ser algo indesejável, mas é inevitável."
Ao fim dos quatro artigos que escreveu para a
revista fíis (D'Ele), John W. Montgomery afirma, a respeito da história e do
cristianismo, que "...tentou mostrar que o peso da probabilidade histórica
pende para o lado da veracidade da afirmação de Jesus de que era o Deus
encarnado, o Salvador do homem e o Juiz que viria julgar o mundo. Caso a
probabilidade apóie, de fato, essas afirmações (e será que podemos chegar a
rejeitá-las, depois de termos estudado as provas?), então devemos agir em seu
favor".
Desculpas
Intelectuais
QUEM TEM
CORAGEM DE REVELAR O SEU VERDADEIRO MOTIVO?
Freqüentemente a rejeição de Cristo não se dá tanto
em nível de "mente", como em nível de "vontade"; não é
tanto uma questão de "não consigo", mas de "não quero".
Tenho encontrado muitas pessoas com desculpas
intelectuais, mas bem poucas com problemas intelectuais (ainda assim, tenho
encontrado algumas).
As desculpas podem cobrir uma imensidão de motivos.
Respeito bastante as pessoas que gastaram tempo investigando as afirmações de
Cristo e chegaram à conclusão de que simplesmente não podem crer. Eu me identifico
com quem sabe porque não crê (do ponto-de-vista fatual e histórico), pois eu
sei porque creio (também do ponto-de-vista fatual e histórico). Isso nos dá uma
base comum (embora com diferentes conclusões).
Tenho visto que a maioria das pessoas rejeita
Cristo por pelo menos uma das seguintes razões:
1. Ignorância - Romanos 1:18, 23 (freqüentemente
por vontade própria), Mateus 22:29
2. Orgulho - João 5:40-44
3. Problema moral - João 3:19,20
Eu estava aconselhando uma mulher que estava
entediada porque acreditava que o cristianismo não era histórico e que, quanto
aos fatos, tudo era simples demais. Ela havia convencido todo mundo de que
estudara profundamente a questão e que descobrira sérios problemas intelectuais
no cristianismo como resultado de seus estudos universitários. Uma pessoa após
outra tentou convencê-la intelectualmente de seu erro e responder as suas
muitas acusações.
Eu a ouvi e então respondi às suas diversas
indagações. Em menos de meia hora ela admitiu que havia enganado todo mundo e
que havia desenvolvido essas dúvidas intelectuais a fim de justificar a sua
vida moral.
E preciso responder ao problema básico, que é a
questão real, e não à evasiva intelectual, que freqüentemente ocorre.
Um estudante de uma universidade na costa leste dos
Estados Unidos disse que tinha um problema intelectual com o cristianismo e
que, por essa razão, não poderia aceitar Cristo como o Salvador. "Por que
você não pode crer?", indaguei. Ao que ele respondeu: "Não da para
confiar no Novo Testamento". Então lhe perguntei: "Se eu provar para
você que o Novo Testamento é um dos textos da literatura da antigüidade em que
se pode ter um elevado grau de confiança, você irá crer?" Sua resposta
foi: "Não!" "Bem, o problema não é com o seu intelecto, mas com
a sua vontade'*, foi a minha resposta.
Um formando da mesma universidade, depois de uma
palestra sobre "A Ressurreição: Fraude ou História?", estava me
bombardeando com perguntas misturadas a acusações (mais tarde vim a saber que
ele fazia o mesmo com a maioria dos oradores cristãos). Finalmente, depois de
45 minutos de diálogo, eu lhe perguntei: "Se eu lhe provar, sem qualquer
sombra de dúvida, que Cristo ressuscitou dos mortos e é o Filho de Deus, você
refletirá cuidadosamente sobre Ele?" A resposta imediata e enfática foi:
"NÃO!"
Michael Green cita Aldous Huxley, o ateísta que
destruiu a crença de muitos e que foi aclamado como possuidor de uma mente
privilegiada. Huxley admite seus próprios preconceitos (Ends and Means (Fins e
Meios), p. 270ss) quando diz: "Eu tinha razões para querer que o mundo não
tivesse um sentido; conseqüentemente, pressupus que não tivesse, e, sem
qualquer dificuldade, consegui encontrar motivos satisfatórios para essa
pressuposição. O filósofo que não encontra sentido algum no mundo não esta preocupado
exclusivamente com uma questão de metafísica pura; também se interessa em
provar que não existem razões válidas devido às quais não se deva fazer o que
quer, ou pelas quais seus amigos não devam tomar o poder político e o governo
da maneira que acharem mais vantajosa para si mesmos... Quanto a mim, a
filosofia da ausência de sentido foi basicamente um instrumento de libertação,
tanto sexual como política".
Bertrand Russelí é o exemplo de um ateísta
inteligente que não examinou cuidadosamente as provas em favor do cristianismo.
Em seu livro Why I Am Not a Christian (Por que não sou cristão) é óbvio que ele
nem mesmo levou em consideração as provas da ressurreição de Jesus, e, por seus
comentários, é de se duvidar que tenha alguma vez corrido os olhos pelo Novo
Testamento. Parece uma incoerência que um homem como esse não analisasse
detalhadamente a ressurreição, visto que ela é o fundamento do cristianismo.
João 7:17 nos assegura que: "Se alguém quiser
fazer a vontade dele, conhecerá a respeito da doutrina, se ela é de Deus ou se
falo por mim mesmo."
Se alguém estudar as afirmações de Jesus Cristo,
desejoso de saber se são verdadeiras, querendo seguir Seus ensinos caso sejam
verdade, ele certamente saberá. Mas não é possível estudar sem disposição para
aceitar e, ainda assim, esperar descobrir a verdade.
O Filósofo francês Pascal escreveu: "As provas
em favor da existência de Deus e do seu poder são mais do que suficientes, mas
aqueles que insistem em não ter qualquer necessidade dEle nem das provras, sempre
encontrarão maneiras de desconsiderar a proposta"
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Fonte:
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