Richard
Niessen
O problema
A luz que transpõe 300.000 km/s, viaja trilhões do
km/ano. A distância assim percorrida é chamada de um ano-luz. Existem galáxias
que estão, segundo se alega. a bilhões de anos-luz distantes do nós no espaço.
Isso significa que a luz que saiu das galáxias há 5 bilhões de anos, estaria
agora nos alcançando. Isso pareceria indicar que o universo e a criação devem
ter pelo menos, 5 bilhões de anos ou então não estaríamos vendo essa luz. Em
outras palavras, se as estrelas tivessem apenas de 6 a 10.000 anos de idade, a
luz dessas distantes galáxias ainda não nos teria alcançado.
Quatro
possíveis soluções
1) As distâncias espaciais não podem ser medidas de
maneira exata. Obviamente não podemos estender um barbante no espaço cósmico ou
medir tais distâncias com uma fita métrica, por isso as distâncias são
calculadas e não medidas. Isso se faz através de uma técnica conhecida como
triangulação, ou paralaxe. Topógrafos usam esse método com as leis da
trigonometria que afirmam que, se a linha de base e dois ângulos de um
triângulo são conhecidos, então a altura desse triângulo pode ser calculada.
Distâncias curtas de algumas poucas centenas de
milhares de quilômetros podem ser medidas pala triangulação de observações
simultâneas de observatórios em lados opostos da terra, mas, quando a proporção
das distâncias entre o conhecido e o desconhecido aumentam, os ângulos da linha
da base se tornam cada vez maiores de modo que além de uma proporção de 28,5
para 1 entre a altitude e a linha de base, o ângulo se torna maior que 89º e
deve ser subdividido em minutos e segundos do arco. As limitações deste método
são evidentes, até mesmo dentro do nosso próprio sistema solar, pois o ângulo
vértice até o sol teria apenas 10 segundos do arco (1/360 de um grau). As
distâncias até mesmo às estrelas mais próximas são tão grandes que se torna
necessário uma linha de base triangulacional maior, de modo que se usa a órbita
da terra ao redor do sol, permitindo uma linha de base de cerca de 300 milhões
de quilômetros. As observações são feitas com seis meses de intervalo, os
ângulos são comparados e a distância é computada com a trigonometria.
Considerando que as distâncias entre as estrelas
são tão grandes, os lados do triângulo são praticamente perpendiculares e assim
apenas as distancias até as estrelas mais próximas (até cerca de 200 anos-luz)
podem ser medidas através desta técnica. Por exemplo, o nossa sol dista 8
minutos-luz de nós, portanto a linha de base do triângulo teria 16 minutos-luz.
Mas a estrela mais próxima, Alfa Centauro, fica a 4 1/2 anos-luz ou 2.365.000
minutos-luz da terra, numa proporção aproximada de 148.000 para 1. Nessa
proporção, uma linha do 215 mm, traçada numa página. A4 teria o vértice do seu
ângulo a 322 km do distância!
Distâncias maiores são determinadas pelos tamanhos
presumidos e pela intensidade das estrelas, pelo desvio para o vermelho e
muitos fatores questionáveis que talvez não tenham nada a ver com a distância.1
Na verdade, alguns astrônomos acham que é possível que todo o universo possa
ser encaixado em uma área de 200 anos luz de raio a partir da terra! Portanto
não temos nenhuma garantia de que as distâncias reais no espaço sejam tão
grandes como as que têm sido divulgadas, e a luz vinda do ponto mais distante
no universo, tenha nos alcançado em apenas algumas centenas de anos.
2) A luz pode tomar um "atalho" em sua
viagem através do espaço. Isto é difícil de ilustrar mas basta dizer que há
dois conceitos sobre a "forma" do espaço cósmico. Um diz que ele é em
linha reta (Euclideano), e o outro, que ele é curvo (Riemanniano). Com base em
observações de 27 sistemas binários de estrelas, parece que a luz no espaço
profundo viaja em linhas curvas sobre superfícies riemannianas. (2)
A fórmula para converter o espaço reto em curvo é S
= 2R tan -1 (r/2R), onde r é a distância euclideana ou em linha reta, e R é o
raio da curvatura do espaço riemanniano. Com esta fórmula, a um raio de
curvatura de 5 anos-luz para o espaço riemanniano, o tempo que a luz leva para
alcançar-nos de diversos pontos em nosso sistema solar é praticamente o mesmo,
tanto nas distâncias euclideanas como nas riemannianas, e não há grande
alteração, mesmo em relação à estrela mais próxima (41/2 anos-luz). Mas se nós
inserirmos uma distância euclideana infinita para a estrela mais distante que possamos
conceber, levaria apenas 15,71 anos para a luz chegar até nós vinda dessa
distância.
Observe que pela natureza da fórmula, o limite
máximo do tempo no espaço riemanniano tem sua definição, e mesmo quando o raio
da curvatura é modificado através de novas descobertas, ele nunca fica muito
grande.
Conclusão: Parece que a luz pode tomar um
"atalho" ao viajar através do espaço profundo, e mesmo quando
assumimos por certo que as distâncias uniformitarianas são válidas, o tempo que
a luz leva para chegar aqui, vinda dos extremos do universo, seria de apenas 15
anos.
3) Talvez a velocidade da luz fosse
consideravelmente maior no passado. Há diferentes considerações sobre esta
teoria. Uma sugere que a velocidade da luz tem diminuído consideravelmente nos
últimos 300 anos, o que extrapola para uma velocidade 5xl011 (500 bilhões)
vezes mais rápida 6.000 anos atrás.3 Se isso for verdade, a luz vinda de uma
estrela a 5 bilhões de anos-luz (presumindo que as distâncias realmente são tão
grandes) teria nos alcançado em 3 dias! Outra sugestão é de que a velocidade da
luz, no tempo da Criação era infinita, e que uma "onda de choque"
saiu da terra no momento da Maldição, diminuindo a velocidade da luz até o seu
presente valor.4 A luz atualmente emitida dessas estrelas distantes, levaria
muito tempo para nos alcançar, mas no tempo da criação ela teria chegado aqui
quase instantaneamente. Ainda uma outra sugestão, é a de que a tolerância e a
permeabilidade do espaço livre alterou-se por ocasião do Dilúvio diminuindo a
velocidade da luz por um fator de 513 do seu valor anterior.5
Conclusão: Os criacionistas diferem em suas
interpretações de como, quando e através de que fator a velocidade da luz foi
alterada no passado, mas parece que há certa concordância de que é uma real possibilidade.
Este terceiro fator pode ser usado independentemente ou em conjunto com os dois
primeiros pontos. Em outras palavras, talvez, além das distâncias menores do
que ordinariamente se reivindica, também seja verdade, ao mesmo tempo que a luz
que viajava mais rapidamente no passado e que também tomasse
"atalhos"!
4) Há indicações de que a terra e o universo foram
criados com aparência de maturidade. Temos diversos exemplos disso:
- As plantas (Gn. 1:11-12) - Elas foram criadas
adultas e deram fruto no momento de sua criação. O que teria levado anos para
realizar-se através dos processos uniformitarianos aconteceu em segundos.
- Os animais (Gn. 1:20-25) - Os peixes, as aves e
as três categorias de animais terrestres foram criados adultos, tendo tal aparência
e imediatamente eram capazes de se reproduzirem no primeiro dia de sua
existência (v.22). A Bíblia, portanto, nos ajuda assim a responder a pergunta
que não teria resposta: "O que apareceu primeiro o ovo ou a galinha?"
Os evolucionistas tomariam o caminho infinito de volta às primeiras formas de
vida mas o criacionista pode dizer que a galinha foi criada primeiro e então
ela passou a pôr ovos.
- O Homem (Gn. 2:7) - Adão foi criado adulto, com
um depósito inerente de conhecimentos e um vocabulário. Foi capaz do articular
a linguagem e reproduzir-se no primeiro dia de sua existência (Gn. 1:28-29;
2:8,l6-20,24). Se Adão tinha a aparência de 20 ou 50 anos do idade é
irrelevante; se uma pessoa entrasse no Jardim do Éden cinco minutos depois da
criação de Adão, seria capaz de conversar com ele inteligentemente e
provavelmente concluiria sob as pressuposições uniformitarianas, que Adão
estava lá há muitos anos. Eva (Gn. 2:21-23) - Da mesma forma, Eva foi criada
adulta e pronta para casar-se com Adão imediatamente. (Gn. 1:27-28; 2:22-25).
- As Estrelas (Gn 1:14-19) - O sol, a lua e as
estrelas foram criadas no quarto dia da semana da criação. Individual e
coletivamente elas deviam ter diferentes funções: separar o dia da noite,
servir de ajuda à navegação. Como indicadoras cronológicas, para iluminar a
terra, além de declarar a glória de Deus (Salmo 19:1). O que não se nota com
tanta freqüência é que isso aconteceu no dia de sua criação (Gn. l:l5). É
verdade que a palavra Bíblica estrela (Heb. Kökab; Grego: Astër) é um termo
mais amplo do que a nossa palavra "estrela", fonte de energia, e
inclui qualquer coisa no espaço. mas o que queremos destacar é que as estrelas
(e a mais próxima fica a 41/2 anos-luz de distância) foram vistas no primeiro
dia de sua existência. Isto significa que mesmo se as distâncias forem
corretas, as estrelas simplesmente teriam dado a aparência de ali estarem há
mais tempo. Portanto, as estrelas e os raios de luz que as ligam visualmente à
Terra foram criados ao mesmo tempo.
Este conceito dá lugar a diversas perguntas.
Primeira. Isto não significa que Deus, como um mágico, está intencionalmente
enganando-nos e fazendo as coisas parecerem mais antigas do que realmente são?
A pergunta realmente retrocede à questão da intenção: será que Deus teve a
intenção de tornar as coisas plenamente funcionais, ou será que nós nos
sentimos enganados apenas porque as consideramos através de certas
pressuposições uniformitarianas? Portanto, embora seja verdade que a terra e o
universo foram criados com aparência atual, acho melhor falar da criação como
um universo plenamente funcional que, como um aspecto secundário, apenas dá
impressão de maturidade.
A esta altura são geralmente feitas duas perguntas:
"As árvores foram criadas com anéis anulares"? e "Adão tinha umbigo"?
Primeiro, a pergunta acerca dos anéis anulares das árvores depende parcialmente
do propósito para o qual Deus originalmente criou essas camadas. Temos
observado este fenômeno e temos notado uma relação entre o número de anéis e a
idade da árvore, mas a cronologia talvez seja uma função secundária das
camadas, conforme se verifica em certas árvores que criam diversas camadas em
um só ano, ou nenhum, dependendo das condições climáticas. Outra possibilidade
é que Deus tenha acelerado o processo atual, de forma que Ele fez em segundos o
que normalmente levaria anos para acontecer. Se as árvores tinham camadas ou
não, não devemos ignorar o fato de que elas eram realmente árvores adultas que
deram frutos antes do final do dia (Gn 1:11.12).
Agora, a outra: Adão tinha umbigo? Provavelmente
não, apenas porque o umbigo é um remanescente do processo normal de nascimento,
e não de maturidade, de funcionalidade. Portanto, se Deus o criasse com um
umbigo, isso realmente seria mentira, porque transmitiria uma informação
errada.
O conceito Bíblico de uma criação em funcionamento,
com matéria que dava aparência de maturidade pode ser também estendida ao Novo
Testamento. A criação do vinho em João 2:l-l0 é um exemplo. O fato de que água
não foi criada ex nihilo, mas já existia, é irrelevante. O vinho é quimicamente
mais complexo do que água, e por isso envolve uma certa quantidade de criação
ex nihilo e além disso deu a impressão de ser vinho antigo (João 2:8-10). Assim
também aconteceu com a criação dos pães e dos peixes, em João 6:l-l3.
Normalmente, os pães e os peixes foram criados com aparência de maturidade, não
porque Jesus estivesse realizando uma mágica de salão e tentasse enganar a Sua
platéia, mas porque Ele quis que a matéria em questão fosse funcional e imediatamente
utilizável.
Conclusão
Existem três possibilidades "seculares"
ou não-Bíblicas quanto ao problema da harmonização de um universo jovem com as,
supostamente, grandes distâncias das galáxias do espaço cósmico:
1. as distâncias talvez não sejam tão grandes
afinal;
2. a luz pode tomar um atalho na sua viagem através
do espaço sideral;
3. a velocidade da luz talvez fosse
consideravelmente maior no passado.
Estas três possibilidades não são mutuamente
exclusivas, e podem realmente ser usadas conjuntamente. A quarta solução, que
pode ser usada independentemente ou em conjunto com as três acima, é que Deus
criou os raios de luz e também as estrelas de modo que fossem, como realmente
foram, visíveis no quarto dia da semana da criação.
REFERÊNCIAS
1. Muitas pressuposições astronômicas são como um
castelo de cartas. Por exemplo, a constante astronômica de Hubble, um ponto de
referência nos cálculos uniformitarianos de distância, recentemente foi
determinada ser consideravelmente diferente do que se pensava antes, resultando
assim no "colapso" da noite para o dia do tamanho do universo em 50%
do seu valor antigo.
2. Harold S. Slusher, "Travelling of Light in
Space" ( Viagem da Luz no Espaço), em Age of the Cosmos (Idade do Cosmos),
( San Diego, CA, EUA; ICR 1980), págs. 25-37. Para analisar um outro ponto de
vista sobre a geometria hiperbólica ou não euclideana do espaço, veja Mayne M.
Zage, "The Geometry of Binocular Visual Space" ( A Geometria da
Espaço Visual Binocular) Mathematics Magazine 53 (Nov. 1980), págs. 289-293.
3. Barry Setterfield "The Velocity of Light
and the Age of the Universe" ( A Velocidade da Luz e a Idade do Universo),
Ex Nihilo (1982); págs 52-93.
4. David. M. Harris, "A Solution to Seeing
Stars"(Uma Solução para Observar Estrelas), Creation Research Society
Quarterly 15 (Set. 1978); págs. 112-115. Ele oferece também uma explicação para
o Desvio Para o Vermelho, que não exige um universo em expansão.
5. Glenn R. Morton, "Electromagnetics and the
Appearance of Age" (Eletromagnetismo e a Aparência de Idade), Creation
Research Society Quarterly 18 (Mar. 1982); págs. 227-232.
P.S. da Sociedade Origem e Destino, abril 1999, por
Waldemar Janzen.
Experiências recentes tem produzido velocidades de
ondas eletromagnéticas superiores à da velocidade da luz em até em torno de 4
vezes. Pressupõe-se, baseado nesta experiência, que velocidades quase infinitas
são tangíveis. Um cientista brasileiro está na equipe de conceituação
matemática do fenômeno. Por outro lado, há apenas uns meses atrás se noticiou
que a luz pôde ser "freada" para se propagar com uma velocidade de
apenas 60 km/s. Com isto, grande parte da relatividade de Einstein, inclusive a
fórmula de relação entre energia e matéria, caem por terra. Isto prova que o
teor deste artigo, apesar de ter sido escrito antes destas descobertas, é
bastante atual.
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