quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Datando a Terra: A tentativa de Lyell

Mas qual era exatamente a idade da Terra? Como calcular essa idade?

Em princípio, não se divisava, de modo concreto, qualquer procedimento que permitisse esse cálculo e, por isso, poucos se arriscavam a um pronunciamento. Uma coisa, porém, parecia estar estabelecida nas mentes dos que advogavam as idéias uniformitaristas: a Terra não possuía apenas seis mil anos como afirmavam os cristãos da época, trazendo sua conclusão diretamente das páginas da Bíblia através de uma contagem das genealogias ali contidas.

Alguns pensaram em torno de dez mil anos, mas esse número logo pareceu pequeno e começou a crescer sem muito critério. “Quando Lyell, em sua viagem aos Estados Unidos, visitou as cataratas do Niágara, conversou com alguém e foi informado que as quedas d´água recuam cerca de 1m por ano. Como é comum as pessoas exagerarem quando falam do próprio país, Lyell anunciou que 30 cm por ano seria um valor razoável. A partir disso, ele concluiu que foram necessários 35 mil anos, desde o tempo em que a terra se libertou da camada de gelo, e as cachoeiras começaram seu trabalho de erosão para abrir a garganta de Queenston até o lugar que ela ocupava no ano da visita de Lyel. A partir de então, esse número é, muitas vezes, citado em livros didáticos, como sendo o tempo decorrido desde o fim da época glacial” (1).

Apesar do método extremamente rudimentar, com alta probabilidade de erro, Lyell estava certo de que as cataratas poderiam ser muito reveladoras. As informações, segundo seu próprio depoimento, eram pouco confiáveis, não havia como ter acesso aos valores reais capazes de traduzir em anos o tempo gasto pelo trabalho de erosão, mas nada disso parecia preocupá-lo. Ele preferia descansar nos pressupostos uniformitaristas. “O presente é a chave do passado” – esse era o jargão que norteava suas investigações.

A data do fim da época glacial não mudou, mesmo quando uma análise posterior revelou que, desde 1764, as cachoeiras haviam recuado do Lago Ontário até o Lago Erie, a uma média de 1,5m por ano e que, desde o recuo do gelo, 7 mil anos seriam suficientes para fazer o serviço. No entanto, quando o gelo derreteu e uma grande corrente e água transportou os detrito, desgastando as rochas, a erosão deve ter sido bem mais rápida. Por tanto, a idade da garganta deve ser bem menos. Segundo G. F. Wright, autor de The Ice Age in North America, 5 mil anos pode ser um período razoável” (2).

Posteriormente, outras descobertas reduziram ainda mais a idade da garganta, mas os livros didáticos continuaram apontando cerca de 35 mil anos como sendo o tempo desde o fim da época glacial. Observe o que diz R. F. Flint, da Universidade de Yale:

“Somos forçados a voltar à Grande Garganta Superior, segmento mais elevado de todo o conjunto, que parece genuinamente pós-glacial. As redeterminações de tempo realizadas por W. H. Boyd demonstraram que a média atual de recuo da Catarata da Ferradura não é de 1,5m, mas de 1,15m por ano. Portanto, a idade da Grande Garganta Superior seria de aproximadamente 4 mil anos – e para se obter mesmo esse número (baixo), temos de supor a média de recuo foi constante, embora saibamos que o fluxo na realidade variou enormemente durante o período glacial” (3).

E ele conclui afirmando que, levando-se em conta este último fator, a idade se reduziria ainda mais, para algo entre 2.500 e 3.500 anos. Em outras palavras, Lyell teve diante de si uma evidência muito significativa da natureza que apontava exatamente na direção contrária daquele por ele pretendida. O preconceito, porém, falou mais alto, fazendo com que seus olhos continuassem vendados e sua mente obscurecida.

Fonte:
Extraído do livro “Datando a Terra: Perspectiva Criacionista”, de Cristiano P. da Silva Neto, Ed. Origens, p.18-20.

Bibliografia:
(1). I. Velikowsky, A Terra em Ebulição, Melhoramentos, 1981, p.166.
(2). I. Velikowsky, op. Cit., p.166.

(3). R. F. Flint, Glacial Geology and the Pleistocene Epoch, p.382.

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