Mas qual era exatamente a idade da Terra? Como
calcular essa idade?
Em princípio, não se divisava, de modo concreto,
qualquer procedimento que permitisse esse cálculo e, por isso, poucos se
arriscavam a um pronunciamento. Uma coisa, porém, parecia estar estabelecida
nas mentes dos que advogavam as idéias uniformitaristas: a Terra não possuía
apenas seis mil anos como afirmavam os cristãos da época, trazendo sua
conclusão diretamente das páginas da Bíblia através de uma contagem das
genealogias ali contidas.
Alguns pensaram em torno de dez mil anos, mas esse
número logo pareceu pequeno e começou a crescer sem muito critério. “Quando
Lyell, em sua viagem aos Estados Unidos, visitou as cataratas do Niágara,
conversou com alguém e foi informado que as quedas d´água recuam cerca de 1m
por ano. Como é comum as pessoas exagerarem quando falam do próprio país, Lyell
anunciou que 30 cm por ano seria um valor razoável. A partir disso, ele
concluiu que foram necessários 35 mil anos, desde o tempo em que a terra se
libertou da camada de gelo, e as cachoeiras começaram seu trabalho de erosão
para abrir a garganta de Queenston até o lugar que ela ocupava no ano da visita
de Lyel. A partir de então, esse número é, muitas vezes, citado em livros
didáticos, como sendo o tempo decorrido desde o fim da época glacial” (1).
Apesar do método extremamente rudimentar, com alta
probabilidade de erro, Lyell estava certo de que as cataratas poderiam ser
muito reveladoras. As informações, segundo seu próprio depoimento, eram pouco
confiáveis, não havia como ter acesso aos valores reais capazes de traduzir em
anos o tempo gasto pelo trabalho de erosão, mas nada disso parecia preocupá-lo.
Ele preferia descansar nos pressupostos uniformitaristas. “O presente é a chave
do passado” – esse era o jargão que norteava suas investigações.
A data do fim da época glacial não mudou, mesmo
quando uma análise posterior revelou que, desde 1764, as cachoeiras haviam
recuado do Lago Ontário até o Lago Erie, a uma média de 1,5m por ano e que,
desde o recuo do gelo, 7 mil anos seriam suficientes para fazer o serviço. No
entanto, quando o gelo derreteu e uma grande corrente e água transportou os
detrito, desgastando as rochas, a erosão deve ter sido bem mais rápida. Por
tanto, a idade da garganta deve ser bem menos. Segundo G. F. Wright, autor de
The Ice Age in North America, 5 mil anos pode ser um período razoável” (2).
Posteriormente, outras descobertas reduziram ainda
mais a idade da garganta, mas os livros didáticos continuaram apontando cerca
de 35 mil anos como sendo o tempo desde o fim da época glacial. Observe o que
diz R. F. Flint, da Universidade de Yale:
“Somos forçados a voltar à Grande Garganta
Superior, segmento mais elevado de todo o conjunto, que parece genuinamente
pós-glacial. As redeterminações de tempo realizadas por W. H. Boyd demonstraram
que a média atual de recuo da Catarata da Ferradura não é de 1,5m, mas de 1,15m
por ano. Portanto, a idade da Grande Garganta Superior seria de aproximadamente
4 mil anos – e para se obter mesmo esse número (baixo), temos de supor a média
de recuo foi constante, embora saibamos que o fluxo na realidade variou
enormemente durante o período glacial” (3).
E ele conclui afirmando que, levando-se em conta
este último fator, a idade se reduziria ainda mais, para algo entre 2.500 e
3.500 anos. Em outras palavras, Lyell teve diante de si uma evidência muito
significativa da natureza que apontava exatamente na direção contrária daquele
por ele pretendida. O preconceito, porém, falou mais alto, fazendo com que seus
olhos continuassem vendados e sua mente obscurecida.
Fonte:
Extraído do livro “Datando a Terra: Perspectiva Criacionista”, de Cristiano P. da
Silva Neto, Ed. Origens, p.18-20.
Bibliografia:
(1). I. Velikowsky, A Terra em Ebulição,
Melhoramentos, 1981, p.166.
(2). I. Velikowsky, op. Cit., p.166.
(3). R. F. Flint, Glacial Geology and the
Pleistocene Epoch, p.382.
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