Proposta de Vitor:
Tenho andado a ler o Novo Testamento, desde Mateus,
já estou lendo Efésios. Existem sem dúvida algumas passagens na Bíblia de difícil
interpretação. Não é minha intenção lançar dúvidas aos crentes mas apenas
tentar entender, eu próprio como crente nos ensinamentos de Jesus, uma parábola
que receio não ter conseguido perceber muito bem, ou por falha minha, ou mesmo
por culpa da tradução. Trata-se da parábola do Mordomo infiel. Em Lucas 16
Jesus diz:
1 E DIZIA
também aos seus discípulos: Havia um certo homem rico, o qual tinha um mordomo;
e este foi acusado perante ele de dissipar os seus bens.
2 E ele,
chamando-o, disse-lhe: Que é isto que ouço de ti? Dá contas da tua mordomia,
porque já não poderás ser mais meu mordomo.
3 E o mordomo
disse consigo: Que farei, pois que o meu senhor me tira a mordomia? Cavar, não
posso; de mendigar, tenho vergonha.
4 Eu sei o
que hei de fazer, para que, quando for desapossado da mordomia, me recebam em
suas casas.
5 E, chamando
a si cada um dos devedores do seu SENHOR, disse ao primeiro: Quanto deves ao
meu senhor?
6 E ele
respondeu: Cem medidas de azeite. E disse-lhe: Toma a tua obrigação, e
assentando-te já, escreve cinqüenta.
7 Disse
depois a outro: E tu, quanto deves? E ele respondeu: Cem alqueires de trigo. E
disse-lhe: Toma a tua obrigação, e escreve oitenta.
8 E louvou
aquele senhor o injusto mordomo por haver procedido prudentemente, porque os
filhos deste mundo são mais prudentes na sua geração do que os filhos da luz.
9 E eu vos
digo: Granjeai amigos com as riquezas da injustiça; para que, quando estas vos
faltarem, vos recebam eles nos tabernáculos eternos.
10 Quem é
fiel no mínimo, também é fiel no muito; quem é injusto no mínimo, também é
injusto no muito.
11 Pois, se
nas riquezas injustas não fostes fiéis, quem vos confiará as verdadeiras?
12 E, se no
alheio não fostes fiéis, quem vos dará o que é vosso?
13 Nenhum
servo pode servir dois senhores; porque, ou há de odiar um e amar o outro, ou
se há de chegar a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom.
Esta parábola pode ser lida por alguns como um
apelo à trapaça... o que contradiz claramente a mensagem de honestidade
cristã...
logo penso que seria proveitoso ela ser devidamente
explicada para evitar aquilo que acredito serem contradições aparentes
não percebi ainda o verdadeiro significado dessa
parábola o qual procuro entender por isso postei aqui pois tem tudo a ver com a
comunidade. Se alguém puder ajudar ficarei grato
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Por Pipe:
Respondendo:
O mordomo era o administrador, aquele que cuidava
de todos os negócios do seu senhor. Por tanto, era ele quem cuidava dos livros
caixa que descreviam as dívidas de outros para com seu senhor. Diante disso, o
mordomo tinha total autonomia de administrar estes bens como lhe aprouvesse.
É óbvio que estamos tratando de um administrador
"desonesto" e esperto. Alguém que estava dissipando, jogando fora,
administrando mal, esbanjando o dinheiro do seu senhor. Este quando descobre
que terá que prestar contas ao seu senhor antecipa as possibilidades de perder
o emprego, e começa a negociar as dívidas com os devedores, de forma a criar um
ambiente que propicie algum tipo de gratidão da parte destes para com ele.
Pois, oferece ao primeiro um desconto de 50% e ao segundo um desconto de 20%
nas dívidas.
Agora observe que o senhor do mordomo elogiou-o
pelo feito.
”8 E louvou
aquele senhor o injusto mordomo por haver procedido prudentemente,...”
Ou seja, foi o próprio senhor daquele mordomo que
elogiou a forma como ele tratou dos negócios dele. Se o senhor elogiou o
mordomo, isto significa que este teve consciência da forma como ele administrou
as dívidas com os devedores. Isto não é algo muito diferente do que vemos hoje.
Por exemplo, é bem comum ver pessoas que trabalham em empresas de cobranças que
tem de negociar com os devedores formas, descontos e maneiras de sanar as dívidas.
Isto é algo que é delegado a eles como função. O mordomo do mesmo modo tinha
esta autonomia. E não devemos nos esquecer que o senhor dele o elogiou pela sua
estratégia.
E Jesus então o elogia pelo seguinte:
”...porque os
filhos deste mundo são mais prudentes na sua geração do que os filhos da luz”.
A NVI diz “astutos”.
Ou seja, primeiro de tudo o mordomo não foi
desonesto na sua ação. Se o fosse, não teria recebido elogios de seu senhor. O
que ele fez foi dar um bom desconto aos devedores para que estes fossem gratos
a ele pelo feito.
Segundo, é que Jesus elogia a astúcia, ou a prudência
do mordomo e em nenhum momento a forma como este administrava anteriormente os
bens do seu senhor.
Pois Jesus continua dizendo:
9 E eu vos
digo: Granjeai amigos com as riquezas da injustiça; para que, quando estas vos
faltarem, vos recebam eles nos tabernáculos eternos.
10 Quem é
fiel no mínimo, também é fiel no muito; quem é injusto no mínimo, também é
injusto no muito.
11 Pois, se
nas riquezas injustas não fostes fiéis, quem vos confiará as verdadeiras?
12 E, se no
alheio não fostes fiéis, quem vos dará o que é vosso?
O que Jesus está dizendo é que, assim como o
mordomo foi astuto na administração das riquezas alheias, e usando-as fez
amigos. Do mesmo modo devemos ser astutos com tudo o que nos é confiado.
Jesus está elogiando a fidelidade no mínimo naquilo
que lhe é alheio. O mordomo estava sendo péssimo administrador das riquezas
alheias. Foi somente quando colocado contra a parede que este, de modo astuto,
passou a administrar melhor e astutamente os bens do seu senhor. E, além disso,
ele conseguiu ter em suas mãos amigos que foram beneficiados com esta maneira
astuta de administrar os bens alheios. Não se esqueça que foi o senhor do
mordomo que elogiou a maneira como este administrou seus bens.
Na conclusão da parábola Jesus deixa claro a lição
que deseja nos ensinar: Use o dinheiro de maneira astuta e sábia. Não deixe que
ele te domine e que seja teu senhor. Seja fiel no mínimo. Pois:
13 Nenhum
servo pode servir dois senhores; porque, ou há de odiar um e amar o outro, ou
se há de chegar a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom.
O mordomo até então, preocupava-se unicamente em
esbanjar as riquezas alheias. Era um péssimo administrador. Porém quando
confrontado, demonstrou ser astuto e passou então a administrar os bens de seu
senhor de modo que recebeu elogios deste.
A parábola é entendida perfeitamente pelos
fariseus, pois, leiam o vs.14:"Os
fariseus, que amavam o dinheiro,...".
Os fariseus eram os mordomos infiéis que usavam as
riquezas para esbanjarem consigo mesmos, e não estavam administrando sabiamente
o dinheiro que lhes foi confiado.
Por isso, Jesus diz que os filhos das trevas são
mais sábios que os filhos da luz (fariseus). Estes entenderam perfeitamente o
recado.
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