quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Criacionismo é ciência!

Surpreendeu-nos a edição de Jornal da Ciência de 04 de agosto de 2004 com a publicação da comunicação “Criacionismo é ciência?”, escrito pelo Dr. Julio César Pieczarka, do Departamento de Genética da Universidade Federal do Pará. A surpresa ficou por conta do fato de que o referido artigo não contém uma única linha de ciência, sendo revestido apenas da indignação do seu autor contra o criacionismo. O artigo do Dr. Pieczarka encontra-se transcrito logo após este.

Há anos atrás, enviamos um artigo de nossa lavra para publicação no periódico da SBPC e recebemos, posteriormente, uma carta informando que o artigo não seria publicado por fazer uso de uma metodologia científica muito rígida. Nisso, a editoria do jornal foi sabiamente conveniente porque, a considerar o entendimento que temos da aplicação do método científico, muito do que evolucionistas escrevem sobre a teoria da evolução teria que ser rotulado de apenas fantasia da imaginação ou, no máximo, ficção científica.

Antes de prosseguirmos com nossos comentários é preciso reconhecer, pelo currículo que vimos na Internet, que o Dr. Pieczarka é um especialista em Biologia Celular e Molecular com impressivas credenciais, a julgar pelos seus mais de cem trabalhos já publicados. Isto, entretanto, não significa que seu julgamento acerca do criacionismo tenha força de pronunciamento científico. Na verdade, um pronunciamento tem muito mais força quando, através dele, seu autor expressa um ponto de vista contrário às suas próprias convicções. Veja, por exemplo, o pronunciamento do físico britânico H. S. Lipson, também evolucionista, detentor da titulação F.R.S. (Fellow of Royal Society) por suas inestimáveis contribuições à ciência.

"Penso que precisamos ir mais adiante do que temos ido e admitir que a única explicação aceitável é a criação. Sei que isto é um anátema para os físicos, e sem dúvida o é para mim, mas não devemos rejeitar uma teoria que não apreciamos, se a evidência experimental a apoia." H. S. Lipson, F.R.S., "A physicist looks at evolution", Physics Bulletin, vol. 31, 1980.

Como físico brilhante, o Dr. Lipson certamente também se refere, em seu pronunciamento, aos argumentos criacionistas que incluem aplicações das leis da termodinâmica, o que o Dr. Pieczarka descarta, obviamente sem o respaldo de sua trajetória acadêmica. Além disso, seu conhecimento acerca do criacionismo parece ser limitado a diálogos através da Internet, que são sempre muito superficiais e, via de regra, com leigos no assunto. Por isso, ele afirma que os criacionistas “não fazem pesquisa e, portanto, não têm o que publicar”. Bastaria, entretanto, uma simples consulta à Internet para encontrar o currículo de muitos cientistas criacionistas, alguns dos quais com credenciais acadêmicas ainda mais impressivas que as do Dr. Pieczarka.

Afirmar que os cientistas criacionistas têm qualificação científica duvidosa tem sido uma das estratégias dos evolucionistas para não ir às vias de fato, quando então argumentos de ambas as partes seriam acuradamente examinados. São os evolucionistas que têm recorrido à força e ao autoritarismo para se manterem no poder, ditando as regras do sistema educacional, controlando as publicações científicas e mantendo as portas fechadas para os criacionistas que, desse modo, não têm mesmo onde publicar os seus trabalhos que discutem a questão das origens.

Não é verdade que cientistas evolucionistas tratem a questão das origens de modo desapaixonado e nem que sejam eles os que mais duramente avaliem a teoria da evolução. Cientistas deveriam estar preparados para discutir os temas que nos dizem respeito cientificamente, mas o que se vê é uma corrida desenfreada em defesa de conceitos por eles considerados indiscutíveis. Até mesmo uma decisão, em um de nossos estados, de estudar criacionismo nas escolas públicas, do ponto de vista religioso e nas aulas de religião, faz com que o presidente da SBPC venha a público e indignado faça comentários irônicos, pouco apropriados para o cargo que ocupa.

A palavra "ciência" vem do latim scientia e, primariamente, significa conhecimento, de modo amplo e irrestrito. Academicamente, é o nome que damos ao conjunto organizado de conhecimentos relativos a um determinado objeto, especialmente os obtidos mediante a observação, a experimentação e um método próprio de investigação. É consenso unânime entre cientistas que uma hipótese é empírica ou científica somente se pode ser testada por experiências.

Assim, por um lado, o conhecimento científico que temos acerca da natureza estará sempre limitado às condições de cada época, porque os resultados da investigação científica dependem do conhecimento já adquirido e dos avanços da tecnologia que, através da produção de novos instrumentos, nos proporciona condições de investigação cada vez mais favoráveis. Por outro, vemos que a ciência condena o subjetivismo, porque este, via de regra, diminui ou nega a racionalidade e a objetividade do conhecimento.

Enfim, o conhecimento científico exige formulações exatas e claras, pois requer verificação segundo os padrões do método cientifico, antes que possamos nos sentir livres para aceitá-lo como verdadeiro. É exatamente este tipo de transparência que criacionistas desejam ver em suas discussões acerca das origens do universo e da vida e que não têm visto nas abordagens de cientistas evolucionistas acerca das nossas origens.

A questão da comprovação científica é especialmente crítica em áreas como a matemática e a física mas, respeitadas as diferenças, é óbvio que essa é uma questão da maior importância, que se estende por todas as áreas da ciência. O curioso é que cientistas evolucionistas, especialistas em uma variedade de áreas científicas, como biologia, bioquímica, geologia ou paleontologia, têm a noção exata da medida em que devem comprovar cientificamente suas teses, sejam elas teóricas ou práticas, mas quando se trata da teoria da evolução, qualquer fragmento de osso, por minúsculo que seja, parece carregar um manancial de informações com potencial para elucidar de vez o enigma da origem dos seres vivos; informações levianas ou rasas de significado ganham status de comprovação científica inequívoca dos fatos a que se referem, não sendo desmentidas nem mesmo depois que eles mesmos as descartam.

É claro que há exceções, caso contrário, a ciência não seria mais confiável. Exemplo disso é o interessante episódio das cartas trocadas entre o Dr. Luther Sunderland e o Dr. Colin Patterson, evolucionista, Paleontólogo-chefe do Museu Britânico de História Natural. O Dr. Sunderland escreveu ao Dr. Colin por ocasião da publicação de seu livro sobre fósseis, perguntando porque ele não havia incluído exemplos de transições evolucionárias em seu livro. Veja sua surpreendente resposta: "Concordo com seus comentários sobre a ausência total de transições evolucionárias em meu livro. Se soubesse de alguma, fossilizada ou viva, certamente a teria incluído. Deixo esta questão de lado - tal fóssil não existe...".

A despeito de fatos como este, das declarações de Darwin afirmando que, para a saúde de pensamento evolucionista, fósseis de transição teriam que ser encontrados, dos pronunciamentos de paleontólogos e geólogos modernos a respeito da importância dessa questão, ressaltando o fato de que o registro fóssil não se constitui nem mesmo em uma evidência da evolução, quanto mais em sua prova definitiva, alguns dos quais fazendo referência à perfeita sintonia que há entre esse registro e o modelo criacionista, ainda assim o Dr. Pieczarka pensa poder descartar essa questão dizendo que são apenas “tolices ... argumentos repetidos ad nauseum, facilmente derrubados por qualquer aluno iniciante de biologia, que se tenha dado ao trabalho de ler um pouco sobre o assunto”.

A bem da verdade, a teoria da evolução não passa de um conjunto de hipóteses altamente questionáveis, acoplada a um conjunto de fatos da natureza, sinuosamente interpretados para estarem de acordo com essas hipóteses. Isto já foi devidamente documentado pelo evolucionista Dr. G. A. Kerkut, da Universidade de Southamptom, em seu intrigante livro Implications of Evolution, e que raramente são mencionadas nas discussões sobre a evolução. Eis aqui essas hipóteses:

1.- Coisas não vivas deram origem ao material vivo, isto é, a geração espontânea ocorreu;
2.- A geração espontânea ocorreu apenas uma vez na história da Terra;
3.- Vírus, bactérias, plantas e animais estão todos inter-relacionados;
4.- Protozoários deram origem aos metazoários;
5.- Os invertebrados também estão todos inter-relacionados;
6.- Os invertebrados deram origem aos vertebrados;
7.- Entre os vertebrados, peixes de ram origem aos anfíbios; anfíbios aos répteis; e répteis a aves e mamíferos.

Kerkut destacou também o fato de que essas hipóteses não são passiveis de verificação experimental porque, mesmo que o homem consiga, através de sofisticada tecnologia, produzir um ser vivo no laboratório, o que até hoje permanece uma impossibilidade; mesmo que ele venha a testemunhar, em outras galáxias, num futuro distante, a transição entre o inorgânico e orgânico, ainda assim restará provar que, em nosso planeta, a vida surgiu sob estas mesmas condições. Em outras palavras, estas sete asserções são, na verdade, dogmas, mas são também a essência da teoria da evolução! Por isso, Ehrlich e Birch, dois cientistas evolucionistas de renome internacional assim se pronunciaram a esse respeito:

“Nossa teoria da evolução ... encontra-se, portanto, fora dos limites da ciência empírica ... não se pode pensar em um modo de testá-la. Idéias sem base alguma, ou baseadas em uns pouco experimentos de laboratório, postas em prática em sistemas extremamente simplificados, têm logrado aceitação muito além de suas validades. Tornaram-se parte do DOGMA evolucionistas, aceito pela maioria de nós, como parte de nossa formação” Ehrlich e Birch, “Evolutionary History and Population Biology”, Nature, Vol. 214, Abril (22) 1967, p. 352.

Mas isso ainda não é tudo! Na verdade, evolucionistas acreditam nessas asserções porque não tiveram o cuidado de examiná-las do ponto de vista matemático, com o recurso da teoria de probabilidades. Se tivessem tido esse cuidado, saberiam que as duas primeiras asserções não são apenas improváveis, mas impossíveis, e que as demais não estão em melhor posição. Este fato está bem documentado em várias publicações e o livro Evolution: Possible or Impossible?, de James Coppedge, Ph.D., Diretor de Pesquisa Probabilística em Biologia, na Universidade de Northridge, é excelente leitura a esse respeito.

Essa mesma realidade pode ser vista do ponto de vista da Bioquímica, através do livro escrito pelo do Dr. A. E. Wilder-Smith: The Natural Sciences Know Nothing of Evolution. O Dr. Wilder-Smith, hoje já falecido, foi um dos mais respeitados cientistas do nosso tempo. Com três doutoramentos, em Bioquímica, Química Orgânica e Quimioterapia, ele exerceu sua profissão tanto na indústria quanto no ambiente acadêmico, como professor em várias universidades, tendo escrito mais de 20 livros nas áreas de sua especialidade, os quais foram publicados em Inglês, Alemão, Francês, Russo, Norueguês, Checo, Holandês e Romeno.

Não. Definitivamente, não! Criacionistas não são fanáticos religiosos e tampouco pretendem fazer, do criacionismo, um pretexto para ações políticas. Aliás, diga-se de passagem, política é o que o Dr. Pieczarka sugere em seu artigo quando diz: “Acredito que seja importante também a SBPC trabalhar no sentido de esclarecer as pessoas detentoras de poder político e os órgãos formadores de opinião sobre o verdadeiro significado do lobby criacionista”.

Temos, até aqui, experimentado o ensino unilateral do evolucionismo nas escolas. O resultado tem sido uma geração de jovens que não aprendeu a pensar. Nossos jovens estudantes têm sido expostos a um ABC evolucionista que não deixa margens para discussão. As informações são sempre taxativas e não se admite questionamentos.

Hoje, o consenso popular, obviamente imposto pelos cientistas evolucionistas, é que a evolução é um fato cientificamente comprovado; que o leigo em ciência deve conhecer os aspectos básicos do evolucionismo sem, contudo, se preocupar com os detalhes técnicos da questão, que são interessantes apenas do ponto de vista estritamente científico. E assim, com esse tipo de argumento, ao mesmo tempo em que lança profundamente suas raízes, a teoria da evolução reveste-se de uma capa impermeável que a protege das discussões sobre suas bases. Desse modo, poucos percebem que este modelo das origens foi construído a partir de subterfúgios, de meias verdades, de raciocínios falaciosos e até mesmo com atos fraudulentos.

O que criacionistas pretendem é apenas tempo igual e oportunidades iguais, nas salas de aula, nos fóruns científicos, para oferecer uma opção razoável para a questão das origens, baseada em evidências científicas e nos fatos da natureza. Não são aulas de religião que se pretende, mas aulas honestas, baseadas em argumentos honestos.

Fonte:

O Prof. Christiano P. da Silva Neto é professor universitário, pós-graduado em ciências pela University of London, estando hoje em tempo integral a serviço da ABPC - Associação Brasileira de Pesquisa da Criação, da qual é presidente e fundador. Autor de cinco livros sobre as origens, entre os quais destacam-se Datando a Terra e Origens - A verdade Objetiva dos Fatos, o Prof. Christiano tem estado proferindo palestras por todo o país, a convite de igrejas, escolas e universidades.

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