Steven A. Autin
As teorias mais populares da origem, forma e
superfície da terra, supõem que ela foi esculpida durante vastos períodos de
tempo, pelos processos erosivos, semelhantes em velocidade, escala e
intensidade aos processos modernos.
A teoria que domina a moderna geomorfologia, foi
formulada cerca de cem anos atrás por William Morris Davis (1), um geólogo de
Harvard. Ele supunha que as paisagens não se desenvolviam casualmente, mas
através de uma série de estágios, como as correntes de água lentamente
desgastaram os canais nos declives e como os vales foram progressivamente
alargados e aprofundados. De acordo com Davis, no estágio "jovem" da
evolução da paisagem, é seguida imediatamente por elevações e é caracterizada
pelo escoamento deficiente, e vales estreitos em forma de V entre linhas
divisórias de largas correntes de águas. Depois de alguns milhares de anos de
erosão, o estágio máximo do relevo "maduro" seria alcançado com o
escoamento bem integrado das correntes de água, com vales profundos e largos
entre linhas divisórias de águas, estreitas e arredondadas. Finalmente, se a
erosão continuasse ininterrupta, a paisagem poderia entrar no estágio da
"velhice", em que a superfície se transforma em uma peneplanície mal
drenada, com correntes de água de cursos de baixo declive, sobre extensas
planícies aluviais em elevações apenas acima do nível do mar.
Embora tenha havido dúvidas ocasionais quanto à
teoria de Davis, os geomorfologistas têm manifestado intensa fascinação para
com a noção da evolução das paisagens. Ela satisfaz alguma evidente necessidade
de alguns cientistas. O sistema de Davis segue os conceitos do desenvolvimento
orgânico, que também empolgou a comunidade científica no final do século
dezenove (os estágios da "mocidade", "maturidade" e
"velhice" correspondem maravilhosamente à evolução orgânica!). Além
disso a simplicidade e os atrativos do sistema, se adaptam bem ao ensino.
O Manual de laboratório mais popular, atualmente
usado nos cursos de geologia, nas escolas secundárias da América (2) apresenta
apenas a idéia de Davis da evolução das paisagens. A questão básica crucial,
para avaliar os méritos das teorias evolucionistas, para a origem das paisagens
é: se as formas paisagísticas que observamos atualmente tiveram alguma
permanência. De acordo com a teoria de Davis (e outras teorias semelhantes),
toda a superfície da terra mudou a sua forma, lenta e continuamente, através de
longos períodos de tempo. Davis, por exemplo, supunha que o ângulo de um
declive diminuiria, conforme uma área elevada sofresse uma lenta erosão, com a
forma da terra mudando de aparência, até que uma planície de baixo relevo, ao
nível do mar, fosse produzida.
Resumindo, o ponto de vista de Davis é que as
paisagens são aspectos transitórios sem permanência; elas evoluíram.
Todos os aspectos da superfície da terra são vistos
pelo sistema de Davis, como estando em diverso estágios, ao longo de uma
contínua mudança. Uma idéia alternativa é a não-evolucionária, ou que poderia
ser chamada de teoria catastrófica para a origem das paisagens. Em vez de serem
produtos de um processo contínuo, operando em velocidade, escala e intensidade
atuais, as paisagens poderiam ser remanescentes, formadas por processos
catastróficos, que atuam com velocidade, escada e intensidade
significativamente aumentadas, acima do que observamos atualmente.
Os antigos processos, que formaram a paisagem; não
existiria continuidade de mudanças, nem estágios de evolução; os processos da
moderna erosão, seriam considerados como totalmente destruidores das antigas
paisagens, não transformadora de um estágio de equilíbrio para outro. Tais
paisagens conteriam formas de terra de épocas anteriores, aspectos da
superfície que foram criados pela erosão ou processos sedimentares, que já não
estão atuando mais.
Os aspectos de épocas anteriores sobre a superfície
da terra, fariam a paisagem parecer um “ museu” e tais aspectos, em contraste
com o sistema de Davis, teriam um grande grau de permanência.
Não se costuma apreciar o que não deixa de ser
verdade: a evolução das paisagens simplesmente foi presumida, não comprovada. A
teoria não-evolucionária ou catastrófica, tem sido muito desprezada ou ignorada
pela maioria dos geomorfologistas, como os seus defensores foram supostamente
refutados há mais de cem amos atrás.
Agora, com o renascimento do interesse pela
catástrofe (3), como um importante elemento da geomorfologia, a teoria
alternativa da paisagem precisa ser reconsiderada.
As Peloplanícies Elevadas De acordo com as teorias
evolucionistas para a origem das paisagens, as planícies elevadas teriam sido
rapidamente entalhadas pela erosão e teriam sofrido um vem desenvolvido sistema
de drenagem, em apenas alguns poucos milhões de anos.
As superfícies elevadas, de baixo relevo portanto,
seriam evidências de um estágio “ jovem” da evolução da planície, enquanto que
as superfícies baixas, de baixo relevo (as “ peneplanícies”) indicariam o
estágio de “ velhice”.
C.R. Twidale (4) um geógrafo-físico da Austrália,
argumenta que os remanescentes de antigas paleosuperfícies de baixo relevo (que
ela chama de “ paleoplanícies”), constituem parte importante de muitas
paisagens contemporâneas, em diversas partes do mundo. Algumas dessas
paleoplanícies elevadas são colocadas em era “jurássicas”, ou até mesmo
“triássica” (aproximadamente 200 milhões de anos nos cálculos
uniformitário-evolucionistas do tempo). (5) Exemplos de paleoplanícies elevadas
incluem a enorme Superfície Gondwana do sul da África, (uma grande parte da
qual fol colocada na era "cretácea") (6) e diversas paleoplanícies da
Austrália central e ocidental, (algumas das quais foram colocadas na era
"triássica"). (7)
L.C. King (8) crê que essas paleoplanícies foram
formadas pela erosão, devido a lençóis de água da superfície (a idéia de
"pediplanícies") Atualmente estão sendo destruídas pela erosão
redutiva nos canais de água. O que é espantoso, é que essas planícies
sobreviveram sem importantes erosões de canais de água. Twidale diz: "A
sobrevivência dessas paleoformas constitui, até certo grau, um embaraço para
todos os modelos comumente aceitos de desenvolvimento de paisagens." (9).
Ele observa que a teoria de Davis não oferece"nenhuma possibilidade
teórica para a sobrevivência daspaleoformas," (10) e se maravilha diante
do "extenso tempo, para que os aspectos muito antigos, preservados na
atual paisagem, fossem erradicados diversas vezes."(11)
Teorias evolucionárias sobre a origem das
paisagens, aceitam quase uma continuidade de descarga das correntes e uma
velocidade constante que erosão na evolução da paisagem. E com interesse que
olhamos para os vales de correntes e rios, em busca de evidências de antigos
fluxos de água. Estudos feitos por G.H. Dury, (12) sobre atuais correntes de
água e vales de rios, provam que muitos são grandes demais para as correntes
que contêm, Ele argumenta que muitas correntes modernas são
"sub-dimensionadas" em algum ponto de seus canais.
Dury fala de "distribuição continental de
correntes sub-dimensionadas". (13) Usando as características dos meandros
dos canais, Dury conclui que as correntes freqüentemente tinham 20 a 60 vezes a
sua atual descarga.
H.F. Garner (14) chama a nossa atenção para
exemplos de todos os continentes de canais secos, associados com correntes
sub-dimensionadas que alguma vez deveriam conter imensas enchentes de água.
Há evidências em antigos labirintos de canais ao
longo do Rio Mississipi, a leste do Missouri, no centro do Saara, ao sul de
Tibiste, no terraço esculpido do Vale Wright Dry, na Antártica e no solo ao
leste do Estado de Washington.
Os canais anastomóticos do leste de Washington,
acredita-se atualmente que foram formados por enchentes que mais ou menos,
simultaneamente inundaram 16.090 quilômetros quadrados com água, a uma
profundidade de mais ou menos 122 metros. (15)
Os enormes canais secos, marcas de gigantescas
quedas de água e colossais, camadas de matações e pedregulhos a teste de
Washington, são formas de terra antigas, que não foram formadas por processos
supérstites, ao longo do Rio Columbia. Canhões Submarinos e Vales no Fundo do
Mar.
As teorias evolucionistas para a origem das
paisagens, também supõem, que a topografia do solo do oceano evoluiu. A
inclinação continental ao longo das margens submersas de todos os continentes,
geralmente é interrompida por incisões, ravinas e vales, sendo a mais espetacular
delas os canhões submarinos. Como seus correlativos na terra, os canhões
submarinos geralmente têm padrão dendrítico, paredes ingremes, vales sinuosos e
cortes transversais em forma de V. Alguns canhões submarinos estão associados
com as desembocaduras de grandes rios, (como por exemplo, o Congo, o Colúmbia,
o Hudson e o Ródano), e servem como condutores no transporte de sedimentos
terraginosos, dos continentes para a profunda bacia oceânica. Muitos canhões,
entretanto, não estão associados com a foz dos rios atuais e alguns nem sequer
se encontram junto aos continentes, mas ocorrem ao redor das ilhas. O grande
Canhão das Baamas, nas Baamas, parece que é o canhão mais profundo do mundo,
(com uma profundidade de 4.267 metros, uma largura de 74 km e 232 km de
comprimento), tendo mais de duas vezes o tamanho do Grand Canyon! Ainda mais
espantosos são os vales no fundo do mar, encontramos no solo de todos os
principais oceanos.
Podem ser encontrados ao longo de milhares de
quilômetros, no solo submarino e sabe-se que contêm sedimentos tão rústicos
como pedregulhos, que caminham a distâncias inimagináveis de pressupostas
fontes continentais.
A origem dos canhões submarinos e vales submarinos,
há muito que perturbam os geólogos marítimos.
Que processo ou processos poderiam desgastar tais
canhões e vales tão abaixo do nível do mar?
F.P. Shepard, que tem estudado os canhões
submarinos e os vales há mais de 50 anos, pode fazer poucas declarações
definidas acerca de sua origem. (16)
Seu livro deixa a origem dos canhões e vales
submarinos, como um grande mistério sem solução. (17)
Correntes túrbidas, episódicas, fluxo de gravidade
aquática modo de transporte de sedimentos, e possivelmente a erosão de alguns
canhões, mas esses fenômenos deveriam acontecer em uma escala extremamente
catastrófica, para explicar os cascalhos nos vales submarinos tão longe dos
continentes.
Os dados indicam, que muitos canhões submarinos e
vales no fundo muito tempo, não evoluindo numa base diária.
Conclusão
Os dados da geologia desafiam diretamente a teoria
de que as paisagens da terra evoluíram lentamente, até a atual configuração.
Pelo contrário, parece mais razoável acreditar que
uma catástrofe deu origem às paisagens. Poderiam as formas da terra incluir
muitos aspectos relacionados com uma dilúvio e uma glaciação parece mais
natural.
Evolução constante? Não! Catástrofe? Sim!
Referências:
1. Davis, W.M., "The Rivers and Valicys of
Pennsylvania." National Geographic. V. 1, 1889, pp. 183-253.
2. Hamblin, W.K., & Howard, J.D., Exercises in Physical
Geologv: Minneapolis, Burgess, 1980, 225 p.
3. Dury, G.H., "Neocatastrophim? A Further
Look." Progress in Physical Geography, V. 4, 1980, pp. 391-413.
4. Twidale. C.R., "On the Survival of
Paleoforms." American Journal of Science V. 276, 1976. pp. 77-95.
5. Ibid., p. 80.
6. King, L.C., Morphology of the Earth: Edinburgh:
Oliver & Boyd, 1960, 699 p.
7. Daily, B., Twidale, C.R., & Milnes, A.R.,
"The Age of Ehe Lateritizcd Summit Surface on Kangaroo Island and Adjacent
areas of South Australia." Geological Soc. Australia Jour., V. 21, 1974,
pp. 387- 392.
8. Loc. cit.
9. Loc. cit., p. 81.
10. Loc. cit., p. 82.
11. Loc. cit., p. 81.
12. Dury, G.H., "Theoretical lniplications of
Underfit Streams." U.S. Geol. Survev Prof. Paper 452- C‘, 1965, pp. Cl -
C43.
13. Dury, G.H. "Streams - Underfit," in
Fatrhridge, R.W., ed., The Encvclopedia ot Geomorphology: NY: Reinhold, 1968,
pp. 1070-1071.
14. Garner, H.F., The Origin of Landscapes: NY:
Oxford, 1974, 734 p.
15. Baker, V.R., "The Spokane Flood
Controversy and the Martian Outflow Channeis." Science, V. 202, 1978, pp.
1249-1256.
16. Shepard, F.P., "Submarine Canyons:
Multiple Causes and Long – Time Persistence." American Assoc. Petroleum
Geologists Bull., V. 65, 1981 ‚ pp. 1062— 1077.
17. Shepard, F.P., and Dill, R.F., Suhmarine
Canvons and Other Sea Valleys: N
Y: Rand McNally, 1966, 381p.
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