sábado, 21 de dezembro de 2013

As Paisagens Evoluíram?

Steven A. Autin

As teorias mais populares da origem, forma e superfície da terra, supõem que ela foi esculpida durante vastos períodos de tempo, pelos processos erosivos, semelhantes em velocidade, escala e intensidade aos processos modernos.

A teoria que domina a moderna geomorfologia, foi formulada cerca de cem anos atrás por William Morris Davis (1), um geólogo de Harvard. Ele supunha que as paisagens não se desenvolviam casualmente, mas através de uma série de estágios, como as correntes de água lentamente desgastaram os canais nos declives e como os vales foram progressivamente alargados e aprofundados. De acordo com Davis, no estágio "jovem" da evolução da paisagem, é seguida imediatamente por elevações e é caracterizada pelo escoamento deficiente, e vales estreitos em forma de V entre linhas divisórias de largas correntes de águas. Depois de alguns milhares de anos de erosão, o estágio máximo do relevo "maduro" seria alcançado com o escoamento bem integrado das correntes de água, com vales profundos e largos entre linhas divisórias de águas, estreitas e arredondadas. Finalmente, se a erosão continuasse ininterrupta, a paisagem poderia entrar no estágio da "velhice", em que a superfície se transforma em uma peneplanície mal drenada, com correntes de água de cursos de baixo declive, sobre extensas planícies aluviais em elevações apenas acima do nível do mar.

Embora tenha havido dúvidas ocasionais quanto à teoria de Davis, os geomorfologistas têm manifestado intensa fascinação para com a noção da evolução das paisagens. Ela satisfaz alguma evidente necessidade de alguns cientistas. O sistema de Davis segue os conceitos do desenvolvimento orgânico, que também empolgou a comunidade científica no final do século dezenove (os estágios da "mocidade", "maturidade" e "velhice" correspondem maravilhosamente à evolução orgânica!). Além disso a simplicidade e os atrativos do sistema, se adaptam bem ao ensino.

O Manual de laboratório mais popular, atualmente usado nos cursos de geologia, nas escolas secundárias da América (2) apresenta apenas a idéia de Davis da evolução das paisagens. A questão básica crucial, para avaliar os méritos das teorias evolucionistas, para a origem das paisagens é: se as formas paisagísticas que observamos atualmente tiveram alguma permanência. De acordo com a teoria de Davis (e outras teorias semelhantes), toda a superfície da terra mudou a sua forma, lenta e continuamente, através de longos períodos de tempo. Davis, por exemplo, supunha que o ângulo de um declive diminuiria, conforme uma área elevada sofresse uma lenta erosão, com a forma da terra mudando de aparência, até que uma planície de baixo relevo, ao nível do mar, fosse produzida.

Resumindo, o ponto de vista de Davis é que as paisagens são aspectos transitórios sem permanência; elas evoluíram.

Todos os aspectos da superfície da terra são vistos pelo sistema de Davis, como estando em diverso estágios, ao longo de uma contínua mudança. Uma idéia alternativa é a não-evolucionária, ou que poderia ser chamada de teoria catastrófica para a origem das paisagens. Em vez de serem produtos de um processo contínuo, operando em velocidade, escala e intensidade atuais, as paisagens poderiam ser remanescentes, formadas por processos catastróficos, que atuam com velocidade, escada e intensidade significativamente aumentadas, acima do que observamos atualmente.

Os antigos processos, que formaram a paisagem; não existiria continuidade de mudanças, nem estágios de evolução; os processos da moderna erosão, seriam considerados como totalmente destruidores das antigas paisagens, não transformadora de um estágio de equilíbrio para outro. Tais paisagens conteriam formas de terra de épocas anteriores, aspectos da superfície que foram criados pela erosão ou processos sedimentares, que já não estão atuando mais.

Os aspectos de épocas anteriores sobre a superfície da terra, fariam a paisagem parecer um “ museu” e tais aspectos, em contraste com o sistema de Davis, teriam um grande grau de permanência.

Não se costuma apreciar o que não deixa de ser verdade: a evolução das paisagens simplesmente foi presumida, não comprovada. A teoria não-evolucionária ou catastrófica, tem sido muito desprezada ou ignorada pela maioria dos geomorfologistas, como os seus defensores foram supostamente refutados há mais de cem amos atrás.

Agora, com o renascimento do interesse pela catástrofe (3), como um importante elemento da geomorfologia, a teoria alternativa da paisagem precisa ser reconsiderada.

As Peloplanícies Elevadas De acordo com as teorias evolucionistas para a origem das paisagens, as planícies elevadas teriam sido rapidamente entalhadas pela erosão e teriam sofrido um vem desenvolvido sistema de drenagem, em apenas alguns poucos milhões de anos.

As superfícies elevadas, de baixo relevo portanto, seriam evidências de um estágio “ jovem” da evolução da planície, enquanto que as superfícies baixas, de baixo relevo (as “ peneplanícies”) indicariam o estágio de “ velhice”.

C.R. Twidale (4) um geógrafo-físico da Austrália, argumenta que os remanescentes de antigas paleosuperfícies de baixo relevo (que ela chama de “ paleoplanícies”), constituem parte importante de muitas paisagens contemporâneas, em diversas partes do mundo. Algumas dessas paleoplanícies elevadas são colocadas em era “jurássicas”, ou até mesmo “triássica” (aproximadamente 200 milhões de anos nos cálculos uniformitário-evolucionistas do tempo). (5) Exemplos de paleoplanícies elevadas incluem a enorme Superfície Gondwana do sul da África, (uma grande parte da qual fol colocada na era "cretácea") (6) e diversas paleoplanícies da Austrália central e ocidental, (algumas das quais foram colocadas na era "triássica"). (7)

L.C. King (8) crê que essas paleoplanícies foram formadas pela erosão, devido a lençóis de água da superfície (a idéia de "pediplanícies") Atualmente estão sendo destruídas pela erosão redutiva nos canais de água. O que é espantoso, é que essas planícies sobreviveram sem importantes erosões de canais de água. Twidale diz: "A sobrevivência dessas paleoformas constitui, até certo grau, um embaraço para todos os modelos comumente aceitos de desenvolvimento de paisagens." (9). Ele observa que a teoria de Davis não oferece"nenhuma possibilidade teórica para a sobrevivência daspaleoformas," (10) e se maravilha diante do "extenso tempo, para que os aspectos muito antigos, preservados na atual paisagem, fossem erradicados diversas vezes."(11)

Teorias evolucionárias sobre a origem das paisagens, aceitam quase uma continuidade de descarga das correntes e uma velocidade constante que erosão na evolução da paisagem. E com interesse que olhamos para os vales de correntes e rios, em busca de evidências de antigos fluxos de água. Estudos feitos por G.H. Dury, (12) sobre atuais correntes de água e vales de rios, provam que muitos são grandes demais para as correntes que contêm, Ele argumenta que muitas correntes modernas são "sub-dimensionadas" em algum ponto de seus canais.

Dury fala de "distribuição continental de correntes sub-dimensionadas". (13) Usando as características dos meandros dos canais, Dury conclui que as correntes freqüentemente tinham 20 a 60 vezes a sua atual descarga.

H.F. Garner (14) chama a nossa atenção para exemplos de todos os continentes de canais secos, associados com correntes sub-dimensionadas que alguma vez deveriam conter imensas enchentes de água.

Há evidências em antigos labirintos de canais ao longo do Rio Mississipi, a leste do Missouri, no centro do Saara, ao sul de Tibiste, no terraço esculpido do Vale Wright Dry, na Antártica e no solo ao leste do Estado de Washington.

Os canais anastomóticos do leste de Washington, acredita-se atualmente que foram formados por enchentes que mais ou menos, simultaneamente inundaram 16.090 quilômetros quadrados com água, a uma profundidade de mais ou menos 122 metros. (15)

Os enormes canais secos, marcas de gigantescas quedas de água e colossais, camadas de matações e pedregulhos a teste de Washington, são formas de terra antigas, que não foram formadas por processos supérstites, ao longo do Rio Columbia. Canhões Submarinos e Vales no Fundo do Mar.

As teorias evolucionistas para a origem das paisagens, também supõem, que a topografia do solo do oceano evoluiu. A inclinação continental ao longo das margens submersas de todos os continentes, geralmente é interrompida por incisões, ravinas e vales, sendo a mais espetacular delas os canhões submarinos. Como seus correlativos na terra, os canhões submarinos geralmente têm padrão dendrítico, paredes ingremes, vales sinuosos e cortes transversais em forma de V. Alguns canhões submarinos estão associados com as desembocaduras de grandes rios, (como por exemplo, o Congo, o Colúmbia, o Hudson e o Ródano), e servem como condutores no transporte de sedimentos terraginosos, dos continentes para a profunda bacia oceânica. Muitos canhões, entretanto, não estão associados com a foz dos rios atuais e alguns nem sequer se encontram junto aos continentes, mas ocorrem ao redor das ilhas. O grande Canhão das Baamas, nas Baamas, parece que é o canhão mais profundo do mundo, (com uma profundidade de 4.267 metros, uma largura de 74 km e 232 km de comprimento), tendo mais de duas vezes o tamanho do Grand Canyon! Ainda mais espantosos são os vales no fundo do mar, encontramos no solo de todos os principais oceanos.

Podem ser encontrados ao longo de milhares de quilômetros, no solo submarino e sabe-se que contêm sedimentos tão rústicos como pedregulhos, que caminham a distâncias inimagináveis de pressupostas fontes continentais.

A origem dos canhões submarinos e vales submarinos, há muito que perturbam os geólogos marítimos.

Que processo ou processos poderiam desgastar tais canhões e vales tão abaixo do nível do mar?
F.P. Shepard, que tem estudado os canhões submarinos e os vales há mais de 50 anos, pode fazer poucas declarações definidas acerca de sua origem. (16)

Seu livro deixa a origem dos canhões e vales submarinos, como um grande mistério sem solução. (17)

Correntes túrbidas, episódicas, fluxo de gravidade aquática modo de transporte de sedimentos, e possivelmente a erosão de alguns canhões, mas esses fenômenos deveriam acontecer em uma escala extremamente catastrófica, para explicar os cascalhos nos vales submarinos tão longe dos continentes.

Os dados indicam, que muitos canhões submarinos e vales no fundo muito tempo, não evoluindo numa base diária.

Conclusão
Os dados da geologia desafiam diretamente a teoria de que as paisagens da terra evoluíram lentamente, até a atual configuração.

Pelo contrário, parece mais razoável acreditar que uma catástrofe deu origem às paisagens. Poderiam as formas da terra incluir muitos aspectos relacionados com uma dilúvio e uma glaciação parece mais natural.

Evolução constante? Não! Catástrofe? Sim!

Referências:
1. Davis, W.M., "The Rivers and Valicys of Pennsylvania." National Geographic. V. 1, 1889, pp. 183-253.
2. Hamblin, W.K., & Howard, J.D., Exercises in Physical Geologv: Minneapolis, Burgess, 1980, 225 p.
3. Dury, G.H., "Neocatastrophim? A Further Look." Progress in Physical Geography, V. 4, 1980, pp. 391-413.
4. Twidale. C.R., "On the Survival of Paleoforms." American Journal of Science V. 276, 1976. pp. 77-95.
5. Ibid., p. 80.
6. King, L.C., Morphology of the Earth: Edinburgh: Oliver & Boyd, 1960, 699 p.
7. Daily, B., Twidale, C.R., & Milnes, A.R., "The Age of Ehe Lateritizcd Summit Surface on Kangaroo Island and Adjacent areas of South Australia." Geological Soc. Australia Jour., V. 21, 1974, pp. 387- 392.
8. Loc. cit.
9. Loc. cit., p. 81.
10. Loc. cit., p. 82.
11. Loc. cit., p. 81.
12. Dury, G.H., "Theoretical lniplications of Underfit Streams." U.S. Geol. Survev Prof. Paper 452- C‘, 1965, pp. Cl - C43.
13. Dury, G.H. "Streams - Underfit," in Fatrhridge, R.W., ed., The Encvclopedia ot Geomorphology: NY: Reinhold, 1968, pp. 1070-1071.
14. Garner, H.F., The Origin of Landscapes: NY: Oxford, 1974, 734 p.
15. Baker, V.R., "The Spokane Flood Controversy and the Martian Outflow Channeis." Science, V. 202, 1978, pp. 1249-1256.
16. Shepard, F.P., "Submarine Canyons: Multiple Causes and Long – Time Persistence." American Assoc. Petroleum Geologists Bull., V. 65, 1981 ‚ pp. 1062— 1077.
17. Shepard, F.P., and Dill, R.F., Suhmarine Canvons and Other Sea Valleys: N

Y: Rand McNally, 1966, 381p.

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