domingo, 15 de dezembro de 2013

Quem era Melquisedete?


Lemos em Hebreus 7:3:

"sem pai, sem mãe, sem genealogia, não tendo princípio de dias nem fim de vida, mas, sendo feito semelhante ao Filho de Deus, permanece sacerdote para sempre."

Não pode ser Cristo, pois o texto diz que era semelhante a Ele, mas também não pode ser Deus pois em gênesis 14:18-20 diz:

"E Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; e este era sacerdote do Deus Altíssimo.
E abençoou-o e disse: Bendito seja Abrão do Deus Altíssimo, o Possuidor dos céus e da terra;
e bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus inimigos nas tuas mãos..."

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O Livro de Melquisedeque:

A História de Salém - II Parte

"Esta é a história de Salém, segundo ouvi dos lábios de Melquisedeque por ocasião da festa de Sukot, cinco dias depois do livramento de Ló e suas filhas.

Tudo começou com um sonho no coração de um homem chamado Adonias. Ele possuía muitas riquezas, mas a nada prezava mais que a justiça e a paz que nascem da sabedoria e do amor.
Cansado com as injustiças que predominavam por toda a terra de Canaã, Adonias resolveu edificar um reino que fosse regido por leis de amor e de justiça. O nome da capital desse reino seria Salém, a Cidade da Paz.

Os súditos de Salém não empunhariam arcos nem flechas, mas seriam treinados na arte musical. Cada habitante de Salém teria sempre ao alcance de suas mãos um instrumento musical, para expressar por meio dele a paz e a alegria daquele novo reino. Juntos formariam uma poderosa orquestra na luta contra a desarmonia que nasce do orgulho e do egoísmo.

O primeiro passo de Adonias para a concretização de seu plano, foi elaborar as leis do novo reino, as quais ele escreveu em um pergaminho. Os súditos de Salém não poderiam mentir, furtar, odiar, nem matar seus semelhantes. O orgulho e o egoísmo eram apontados como causa de todo o mal, portanto, não poderiam existir naquele lugar de paz.

As leis do pergaminho requeriam a prática da humildade, da sinceridade, da amizade, e, acima de tudo, do amor, que é a maior de todas as virtudes.

Depois de registrar no pergaminho as leis que regeriam aquele reino, Adonias passou a arquitetar Salém. Seria uma cidade a princípio pequena, com habitações para mil e duzentas pessoas.

Como lugar de sua edificação, foi escolhida uma região alta de Canaã, ao ocidente do Monte das Oliveiras.

Em pouco tempo, a realização de Adonias começou a atrair pessoas de todas as partes que, de perto e de longe, vinham para conhecer os palácios e as mansões que estavam sendo edificados.
Admirados ante a beleza daquela cidade tão alva, os visitantes perguntavam sobre quem seriam os seus moradores.

Adonias mostrava-lhes o pergaminho, dizendo que Salém destinava-se aos limpos de coração - aqueles que estivessem dispostos a obedecerem suas leis.

A edificação da cidade foi finalmente concluída, e Salém revelou-se formosa como uma noiva adornada, à espera de seu esposo.

Assentado em seu trono, Adonias examinava os numerosos pretendentes que chegavam de todas as partes, desejosos em ser súditos daquele reino. Aqueles que, prometendo fidelidade às leis eram aprovados, recebiam três dotes do rei: o direito a uma mansão, vestes de linho fino e um instrumento musical no qual deveriam praticar.

A cidade ficou finalmente repleta de moradores. Cheio de alegria, Adonias convocou a todos para a festa de inauguração de Salém, no decorrer da qual proclamou um decreto que determinaria o futuro daquele reino, dizendo:

- A partir deste dia, que é o décimo do sétimo mês, seis anos serão contados, nos quais todos os moradores serão provados. Somente aqueles que permanecerem leais, progredindo na prática das leis do pergaminho, serão confirmados como herdeiros deste reino de paz. Aqueles que forem enlaçados por culpas e transgressões serão banidos pelo juízo.

As palavras do rei levaram todos a um profundo exame de coração, e alegraram-se com a certeza de que alcançariam vitória sobre todo o orgulho e egoísmo, que são as raízes de todos os males.
Adonias tinha um único filho a quem dera o nome de Melquisedeque. A beleza, ternura e sabedoria desse filho amado haviam sido sua inspiração para a edificação de seu reino.

Melquisedeque tinha doze anos de idade, quando Salém foi inaugurada. Era plano de Adonias coroá-lo rei sobre os súditos aprovados, ao fim dos seis anos. Este plano, ele o manteria em segredo até o momento devido.

O príncipe, com suas virtudes e simpatia, tornou-se logo muito querido de todos em Salém. Ele tinha sempre nos lábios um sorriso e uma palavra de carinho.

Se o livro de Melquisedeque for fato, o autor de hebreus desconhecia-o. Pois o livro de Melquisedeque diz que este era filho de Adonias, rei de Salém, cidade esta sobre a qual mais tarde o próprio Melquisedeque reinou. Diante disto, o autor não poderia ter afirmado que não se conhecia seus pais:

"Sem pai, sem mãe, sem genealogia, sem princípio de dias nem fim de vida, feito semelhante ao Filho de Deus, ele permanece sacerdote para sempre".

Comentários acerca de Hebreus 7:
Os comentaristas são unânimes em afirmar que se trata unicamente do autor de Hebreus estar fazendo uso do livro de Gênesis para seu tratado teológico. Ele não poderia fazer uso do Livro de Melquisedeque uma vez que este não era considerado inspirado pelo judaísmo do I século.

Como o livro de Hebreus é voltado para o público hebreu e seu contexto religioso e cultural, é certo que o autor foi cuidadoso ao fazer uso apenas de textos das Escrituras tidos como inspirados.

Por tanto, as afirmações que Hebreus faz acerca de Melquisedeque são inspiradas no livro de Gn e Sl:

Gn 14:
17 Voltando Abrão da vitória sobre Quedorlaomer e sobre os reis que a ele se haviam aliado, o rei de Sodoma foi ao seu encontro no vale de Savé, isto é, o vale do Rei.
18 Então Melquisedeque, rei de Salém e sacerdote do Deus Altíssimo, trouxe pão e vinho
19 e abençoou Abrão, dizendo: “Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, Criador dos céus e da terra.
20 E bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou seus inimigos em suas mãos”. E Abrão lhe deu o dízimo de tudo.

Lembrando que fica mais do evidente que o autor está com Gn 14 em mente, é o fato do autor tratar no mesmo contexto a questão do dízimo que Abrão entregou a Melquisedeque:

2 e Abraão lhe deu o dízimo de tudo... e em seguida, logo após tratar a questão do dízimo ele diz no vs.3 Sem pai, sem mãe, sem genealogia, sem princípio de dias nem fim de vida, feito semelhante ao Filho de Deus, ele permanece sacerdote para sempre.

Ou seja, o autor de Hebreus está com Gn 14 em mente e em nenhum momento o livro de Melquisedeque.

Outro texto citado pelo autor é Sl 110: 4 O Senhor jurou e não se arrependerá: “Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque”. (cf. Hb 5:6)

Comentando Hebreus 7:
1 Esse Melquisedeque, rei de Salém e sacerdote do Deus Altíssimo, encontrou-se com Abraão quando este voltava, depois de derrotar os reis, e o abençoou;

Ok, em conformidade com Gn 14, Abraão depois de voltar da guerra vitorioso se encontrou com Melquisedeque, Rei de salém.

2 e Abraão lhe deu o dízimo de tudo. Em primeiro lugar, seu nome significa “rei de justiça”; depois, “rei de Salém” quer dizer “rei de paz”.

Ok, em conformidade também com Gn 14.

3 Sem pai, sem mãe, sem genealogia, sem princípio de dias nem fim de vida, feito semelhante ao Filho de Deus, ele permanece sacerdote para sempre.

Ok, em conformidade com Gn 14, onde não aparece a origem de Melquisedeque, nem o nome de seus pais, nem sua idade, nem o fim de seus dias sobre a face da terra.

O sacerdócio de Melquisedeque permanece para sempre porque ele é a tipificação do sacerdócio de Cristo. E não porque Jesus seja descendete de Melquisedeque. Jesus descendia da tribo de Judá.

Não é Melquisedeque que permanece para sempre. É Cristo que permanece. Onde está Melquisedeque? Agora a mesma pergunta para Cristo: Onde está Cristo? Qual dos dois permanece para sempre como sacerdote? É óbvio que se trata de Cristo.

O autor está fazendo uso de uma analogia para afirmar que o sacerdócio de Cristo é superior ao de Leví porque Abraão ofereceu seu dízimo a Melquisedeque.

O texto usa Melquisedeque apenas como referência sacerdotal naquilo que o próprio texto propõe: Não sabemos de quem é filho e nem quando morreu. Portanto não descende de Levi assim como Cristo também não descende. Todos os sacerdotes deveriam ser descendentes de levi e portanto estavam abaixo do sacerdócio de Melquisedeque. Logo, Cristo como o verdadeiro Melquisedeque é superior a Arão e sua descendência.

Conclusão:
Porém, se naquele contexto o livro de Melquisedeque fosse considerado inspirado por Deus e parte das Escrituras Sagradas, o autor de hebreus naquele contexto, não teria dito de Melquisedeque o que disse quando afirmou:

"Sem pai, sem mãe,..."


Pelo menos o nome do pai seria conhecido: Adonias, rei de Salém.

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