segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Comma Johanneum - 1 Jo 5:7

OS MANUSCRITOS
É verdade que o verso controverso tem pouco apoio das cópias gregas e encontra-se somente em duas - o Manuscrito Montfort na Universidade de Dublin e no Códice WIZANBURGENSIS do séc. VIII.

A principal autoridade nos manuscritos para I João 5:7 está nas versões latinas e ele se acha, com poucas exceções em todos os códices destas versões, tanto na Vulgata quanto no Antigo Latim.

Entre os escritores antigos que fazem referência ou alusão às palavras disputadas acham-se Tertuliano e Cipriano e muitos outros subsequentes autores latinos.

A passagem é considerada verdadeira Escritura com a quase unânime concordância da Cristandade latina desde os tempos mais remotos.

Deve se lembrar que o Antigo Latim foi traduzido do grego numa época bem primitiva, certamente dentro dum século da morte dos Apóstolos.

As igrejas africanas não perderam os seus livros sagrados na mesma medida das igrejas gregas durante as grandes perseguições e é nos escritores africanos que encontramos as mais antigas citações do verso disputado.

Um outro fato relevante é que as antigas igrejas latinas não ficaram tão atingidas pela heresia ariana, a fonte principal suspeita de tantas corrupções. No conteste contra os arianos, o Concílio de Cartago, e outros “Pais” primitivos apelaram com confiança inabalável para este verso como testemunho contundente contra eles.

Orígenes exerceu poderosa influência sobre a transmissão do texto grego no período antes de serem escritas algumas das cópias mais antigas ora existentes. Mosheim o descreve como “um composto de contradições, sábio e imprudente, inteligente e burro, entendido e sem entendimento, o inimigo da superstição e seu patrocinador; um enérgico defensor do cristianismo e seu corruptor; ativo e vacilante; um a quem a Bíblia deve muito e um do qual ela tem sofrido muito”.

Ele foi o grande corruptor, e a fonte ou pelo menos o canal, de quase todos os erros especulativos que perturbaram a Igreja nas épocas sucessivas. Nolan afirma que as discrepâncias mais características entre o texto grego comum e os textos correntes na Palestina e Egito no tempo de Orígenes são identificáveis com uma fonte marcionita ou valentiniana, e que a mão de Orígenes mediou a introdução dessas corrupções nos textos subseqüentes.

É altamente relevante que textos importantes sobre a doutrina trinitariana, que aparecem no grego e latim estão faltando nos antigos manuscritos da Palestina e do Egito. Os textos disputados tinham o propósito de condenar e combater os erros dos Ebionitas e Gnósticos, Cerintianos e Nicolaitanos. Não é surpresa que a influência de Orígenes teria resultado na exclusão de algumas dessas testemunhas autênticas das cópias gregas, enquanto as cópias no Antigo Latim deveriam conservar as palavras de I João 5:7 , porque circulavam em áreas não atingidas pela influência de Orígenes. (Sumarised from Dabney’s Discussions, published by Banner of Truth Trust.) This article no. 17 published by the Trinitarian Bible Society, Tyndale House, Dorset Road, London, SW193NN, England.

Ocorre que essas traduções adotam o mesmo texto usado pelas Testemunhas de Jeová; ou seja, o texto dos críticos textuais Westcott e Hort. Digamos de passagem que, além da Comma Johanneum, muitos outros versículos da Palavra de Deus são omitidos no texto da crítica. É bom que o leitor verifique na sua Bíblia se estão omissas passagens que tratam de importantes doutrinas tais como:

Mt6.13 - Mt17.2 - Mt18.11
Mt23.14 - Mc7.16 - Mc9.44
Mc 11.26 - Mc 15.28 - Mc 16.9-20
Lc 23.17 - 3o 5.3b-4 - AT 8.37
At 28.29 - At 15.34 - Rm 1.16
Rm 8.lb - Rm 14.10 - Rm 16.24

Pode parecer enfadonho, mas julguei necessário listar aqui os versículos inteiros que são omissos no Novo Testamento das Testemunhas de Jeová e no texto grego por elas adotadas, que é o mesmo de algumas outras Bíblias. Mas voltemos à Comma Johanneum e perguntemos:
Quais as razões alegadas para sua omissão?

Os críticos do texto alegam as seguintes razões para omitir a Comma:

1. Não se conhecem Mss gregos autênticos que a contenham;
2. Não aparecem nas versões antigas;
3. Não foi conhecida pelos pais da Igreja.

Antes de refutarmos tais alegações, devemos, porém, lembrar que é muito mais fácil provar a existência da Comma do que negá-la. Para negar qualquer fato seria necessário que, quem a isto se propõe, tenha estado presente em todos os lugares, em todos os tempos e com toda a capacidade de observação. Para provar algum fato, pode-se fazer com duas ou três testemunhas verdadeiras.

É verdade que poucos são os Mss gregos até agora encontrados que contêm a Cláusula Joanina. Mas isto não provaria a sua inexistência. O fato de já terem sido encontrados alguns Mss gregos que citam o texto em estudo prova sua existência e nos dá a esperança certa de que outros também existiram, e, quem sabe, poderão até ser encontrados. Antes de 1945, quem negasse a existência dos Mss 1000 anos mais velhos do que os até então conhecidos ficaria desacreditado depois da descoberta do material das Cavernas de Qunram.

Para fortalecer seu argumento, os que omitem a Comma Jolzanneum costumam citar o fato de que Erasmo não a incluiu na Ia edição de seu Novo Testamento Grego, porque não conhecia nenhum manuscrito grego que a contivesse. Mas, quando isto aconteceu, foi grande a reação dos que já conheciam a existência da Comma, mesmo em outras línguas. Para acalmar os ânimos, Erasmo prometeu que a incluiria nas próximas edições do Novo Testamento Grego, se viesse a conhecer algum manuscrito que a contivesse.

Essa promessa foi cumprida na 3ª edição do Novo Testamento de Erasmo, por lhe haver sido apresentado o Ms 61. A relutância de Erasmo para incluir a Comma na 1ª edição do seu Novo Testamento será um argumento a favor da sua inexistência? Ou, ao contrário, é mais uma razão ou prova de sua existência?

Porém, o Ms 61 (os críticos rejeitam sua autenticidade) não é o único Manuscrito Grego, até agora conhecido, que contém a Comma.

Os críticos do texto reconhecem e nomeiam outros Mss gregos nas mesmas condições:
a) Ms 61 — do século 15 ou 16;
b) Codex Ravianus, na margem do Ms 88- do século 12;
c) Tisch. W1 10 — do século 16;
d) Greg. 629 — do século 14v.

Se um copista notava a omissão da Comma no Ms que lhe servia de modelo, ao fazer a nova cópia escrevia, na margem, as palavras da Comma, como uma correção. E o que deve ter acontecido com o Ms 88.

Dizer que não aparece a Comma nas versões antigas confiáveis também é alegação que nos parece fraca. Conforme Hill, há uma abundância de outros antigos manuscritos que evidenciam e provam esta cláusula:

1. Nos escritos dos bispos espanhóis do 4º século — Prisciliano e Idrascius Clarus;

2. Vários escritores africanos, ortodoxos, para defender a doutrina da Trindade contra os vândalos — no 5º século;

3. Nos escritos dos pais da igreja latina, como:
a. Cypriano — C-250;
b. Cassidoro — 480-570;
c. Ms da Velha Latina — 5º ou 6º século;
d. Speculum;
e. A Velha Latina do Ms do 5º ou 6º século;
f. A Vulgata Latina do ano 800;
g. A Vulgata Latina de Clemente, que é a Bíblia oficial da Igreja Católica Romana.Por que foi realmente omitida a Comma Johanneum dos Mss gregos?

Se a Comma foi conhecida por todos esses pais da Igreja de fala latina é porque ela existia também na língua grega mesmo antes de ser encontrado o primeiro Ms grego que a continha. E por que, já que existia em grego, essa cláusula aparentemente desa pareceu dos futuros Mss gregos? Há três explicações razoáveis:

1. Omissão involuntária
Por um erro comum entre os copistas, que é chamado de Homoioteleuton (final igual). Ao copiar o verso 7, depois de copiar as palavras “são três os que testiticam”, o copista levantou os olhos do original enquanto molhava a pena e, ao voltar os olhos ao Ms, viu agora duas linhas abaixo, as mesmas palavras, mas continuou escrevendo “são três que testificam na terra”. Desse modo, omitiu parte final do verso 7 e do início do verso 8 (a Comma Johanneum).

2. Omissão proposital com Boas Intenções
(Se pudermos chamar de boa intenção a uma omissão do trecho bíblico). Foi durante o 2º e 3º séculos, de acordo com Harnack, que os cristãos tiveram de se defender contra a heresia chamada Sabelianismo. Seu fundador, Sabéllio, ensinava a identidade das três pessoas da divindade, negando a distinção entre elas. A divindade é uma só. Ela tem três manifestações idênticas. Essas manifestações não são pessoas distintas. Mas o Pai é o Filho, o Pai é o Espírito Santo. O Pai, sendo Filho, sofreu e morreu. Daí a heresia resultante: Patripassionismo. Por julgar que a expressão “e os três são um” os favorecia, os seguidores da heresia do sabelianismo cristão de Alexandria, já acostumados a adulterar o texto Sagrado, não tiveram dúvida: omitiram de suas cópias a Comma Joanina.

3. Omissão voluntária de má fé
As modernas versões e traduções da Bíblia são feitas a partir de um punhado de Mss gregos chamados Alexandrinos, por terem sua origem naquela cidade que foi o berço das heresias. Esses Mss, chamados pelos críticos de superiores e melhores, são os seguintes: o Ms Sinaitico, também chamado de Aleph (1ª letra do alfabeto hebraico) e o Ms Vaticano, também chamado Ms B. Na realidade, são os mais corrompidos, como vamos mostrar”:

a. O descobridor do Códice Sinaitico – Tischendorf contou em torno de 14.800 alterações feitas por nove pessoas diferentes dos copistas originais;
b. Ebernard Nestle — admitiu que teve de modificar o estilo do Texto Grego do Códice Sinaitico, que apre sentava um estilo do grego de Aristóteles e Platão, para o estilo Koinê;
c. O texto do Ms Vaticano omite 2877 palavras só nos evangelhos;
d. O Ms Sinaitico omite 3453 só nos evangelhos;
e. Em relação ao Textus receptus, o Texto Crítico difere 5337 vezes;
f. O Códice Sinaitico e o Códice Vaticano diver gem entre si cerca de 3000 vezes, só nos evangelhos.

Por aqui se vê que as várias omissões, inclusive da Comma, foram feitas intencionalmente e com má fé.

Erro Gramatical
A omissão da cláusula Joanina envolve também um erro gramatical. As palavras gregas espírito, água e sangue são neutras em gênero, na gramática grega. Mas em 1 João 5.8, se a Comma for rejeitada, tais palavras são tratadas como se fossem masculinas. Essa irregularidade é difícil de se explicar.


Dizer aqui que essas palavras foram personificadas, e por isso o tratamento masculino, não resolve o problema da exegese, pois no versículo 6 o termo grego para Espírito também é personificado e se refere ao Espírito Santo, mas não é tratado como se fosse masculino, mas, sim, neutro.

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