Por Kopher:
I Coríntios 15:4 diz que Jesus foi sepultado; que
foi ressuscitado ao terceiro dia, segundo as Escrituras.
Gostaria muito que os Cristãos me mostrassem (por
que cansei de procurar) aonde no VT existe esta “profecia” dita em I Corintios
15:4?
Provem que esta “profecia” existe no VT (a
escritura referida na passagem)!
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Respondendo (Pipe):
Bom, primeiro de tudo, se trata de duas profecias:
I Profecia:
I Co 15:3 -
"... que
Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras,”.
A profecia se encontra em:
Is 53:5-6 e
11 – ”Mas ele
foi transpassado por causa das nossas transgressões, foi esmagado por causa de
nossas iniqüidades; o castigo que nos trouxe paz estava sobre ele, e pelas suas
feridas fomos curados. Todos nós, tal qual ovelhas, nos desviamos, cada um de
nós se voltou para o seu próprio caminho; e o Senhor fez cair sobre ele a
iniqüidade de todos nós... Depois do sofrimento de sua alma, ele verá a luz e
ficará satisfeito; pelo seu conhecimento meu servo justo justificará a muitos,
e levará a iniqüidade deles”.
II Profecia:
I Co 15:4 -
"foi
sepultado e ressuscitou no terceiro dia, segundo as Escrituras,"
A profecia encontra-se em:
Sl 16:8-11 –
”Sempre tenho o
Senhor diante de mim. Com ele à minha direita, não serei abalado. Por isso o
meu coração se alegra e no íntimo exulto; mesmo o meu corpo repousará
tranqüilo, porque tu não me abandonarás no sepulcro, nem permitirás que o teu
santo sofra decomposição. Tu me farás conhecer a vereda da vida, a alegria
plena da tua presença, eterno prazer à tua direita”.
Pedro foi quem
usou este texto de Salmos para afirmar que era uma profecia a respeito da
ressurreição.
At 2:
24 – ”Mas Deus o ressuscitou dos mortos, rompendo os laços da
morte, porque era impossível que a morte o retivesse”.
25 – ”A respeito dele, disse Davi: “ ‘Eu sempre via o Senhor
diante de mim. Porque ele está à minha direita, não serei abalado”.
26 – ”Por isso o meu coração está alegre e a minha língua
exulta; o meu corpo também repousará em esperança,”
27 – ”porque tu não me abandonarás no sepulcro, nem
permitirás que o teu Santo sofra decomposição”.
28 – ”Tu me fizeste conhecer os caminhos da vida e me encherás
de alegria na tua presença’”.
29 – “Irmãos, posso dizer-lhes com franqueza que o patriarca
Davi morreu e foi sepultado, e o seu túmulo está entre nós até o dia de hoje”.
30 – ”Mas ele era profeta e sabia que Deus lhe prometera sob
juramento que colocaria um dos seus descendentes em seu trono”.
31 – ”Prevendo isso, falou da ressurreição do Cristo, que não
foi abandonado no sepulcro e cujo corpo não sofreu decomposição”.
32 – ”Deus ressuscitou este Jesus, e todos nós somos
testemunhas desse fato”.
Agora leiam o próprio Paulo
usando a mesma profecia como referência da ressurreição:
At 13:
4 – ”O fato de que Deus o ressuscitou dos mortos, para que
nunca entrasse em decomposição, é declarado nestas palavras: “ ‘Eu lhes dou as
santas e fiéis bênçãos
prometidas a Davi’.
35 – ”Assim ele diz noutra passagem: “ ‘Não permitirás que o
teu Santo sofra decomposição’”.
36 – “Tendo, pois, Davi servido ao propósito de Deus em sua
geração, adormeceu, foi sepultado com os seus antepassados e seu corpo se
decompôs”.
37 – ”Mas aquele a quem Deus ressuscitou não sofreu
decomposição”.
Agora vamos a I Co 15:
1 - "Irmãos, quero lembrar-lhes o evangelho que lhes
preguei, o qual vocês receberam e no qual estão firmes".
2 - "Por meio deste evangelho vocês são salvos, desde
que se apeguem firmemente à palavra que lhes preguei; caso contrário, vocês têm
crido em vão".
3 - "Pois o que primeiramente lhes transmiti foi o que
recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras,
Obs: Paulo fala: "lhes transmiti foi o que
recebi".
4 - "foi sepultado e ressuscitou no terceiro
dia, segundo as Escrituras,"
5 - "e apareceu a Pedro e depois aos
Doze".
Primeiramente Paulo fala que transmitia aos coríntios
aquilo que ele havia recebido. E certamente se tratava da herança apostólica.
O Evangelho que era anunciado, era o Evangelho das
boas novas. Era o Evangelho testemunhado pelas testemunhas oculares. Entre
elas, as principais eram os apóstolos. E foi destas testemunhas, que Paulo
aprendeu que tanto Sl quanto Is eram passagens proféticas.
Conclusão:
I Co 15:4 fala de duas profecias: Is 53:5-6 e 11; e
Sl 16:8-11.
Apenas para acrescentar, gostaria de deixar-lhes
esta passagem:
Lc 24:
25 - "Ele lhes disse: “Como vocês custam a entender e
como demoram a crer em tudo o que os profetas falaram!"
26 - Não devia o Cristo sofrer estas coisas, para entrar na
sua glória?”
27 - "E começando por Moisés e todos os profetas,
explicou-lhes o que constava a respeito dele em todas as Escrituras".
Ou seja, foi o próprio Jesus quem lhes ensinou e
lhes mostrou onde no VT dizia a respeito dEle. E simplesmente, o que fizeram
foi passar adiante aquilo que o próprio Jesus os ensinou!
Portanto, está aí a resposta de onde se encontra no
VT o que Paulo disse em I Co 15:4!
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Contra-argumentação
(Kopher):
Isso significa que Jesus e os demais (ou seja, o
NT) possuíam uma metodologia própria de interpretação das escrituras hebraica,
principalmente no que se refere as "passagens messiânicas", que
abrangem umas 200 passagens no AT.
A questão é se essa metodologia é válida...
Gostaria que autor do tópico comentasse o porquê
dessa metodologia de interpretação do AT que o NT utiliza é válida. Só por
curiosidade.
Amplexos.
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Resposta
(Pipe):
1. Jesus as definiu dessa forma e ensinou os
apóstolos a definirem dessa forma.
2. Os textos (alguns pelo menos) que Jesus definia
como messiânicos também eram vistos pelo judaísmo como messiânicos.
Obs: Não sei se todos os textos revelados por
Mateus, necessariamente eram vistos como messiânicos pelos Judeus do primeiro
século. Mas acredito que sim devido ao fato de Mateus usá-los especificamente
por ser justamente este o propósito do seu Evangelho: Provar que Jesus era o
Messias prometido nas Escrituras.
Dificilmente ele faria uso de algo que apenas ele e
os apóstolo tinham em mente. Isto tropeçaria na tradição judaica, caso ela não
concordasse a respeito de existir no AT algo como um advento de um suposto
Messias. Fato este, que naquele tempo existia diversos supostos
"cristos" ou "messias".
3. O judaísmo do primeiro século aguardava a
manifestação do Messias prometido na antiga aliança (VT). Havia esta expectativa
na mente do povo e da elite. Ex. Herodes sabia destas profecias. Nicodemos, um
dos mestres e vários outros, também concordavam com esta expectativa.
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Kopher:
Quanto as profecias, creio que se deve suspeitá-las
de serem um pouco forçadas. Me refiro as profecias messiânicas, e até mesmo as
que não são messiânicas.
Como aquela a que Pedro se referiu em Atos 1.20,
que fazem referência ao Salmos 69.25 e Salmos 109.8. Parecem totalmente tiradas
de seu contexto e forçadas a se coadunarem com o que aconteceu a Judas.
Não estou dizendo que não são profecias e que Pedro
errou. Só estou dizendo que, se o modo como o NT usa (interpreta) as profecias
do AT fossem utilizados por qualquer grupo ou seita religiosa da atualidade,
iriamos ver bastantes "novas" doutrinas, idiossincrasias, disparidade
e milhões de coisas que somente a insanidade é capaz de forjar.
Imagine se, por exemplo, essas mesmas profecias
messiânicas sendo aplicadas a qualquer outro messias, um messias falso que
propositadamente viesse a tentar cumprir essas profecias? É claro que há coisas
que não podem ser realizadas como Jesus fez, como a ressurreição, etc.
Mas pelo menos uma boa parte dessas profecias
poderiam ser alegadas como sendo cumpridas em fulanos de tal, segundo o mesmo
critério usado no NT.
É certo que houve falsos messias que empregaram
algumas dessas profecias a si mesmos, como o Bar Kockhba e, mais recentemente,
Baal-Shen-Tov, no judaísmo.
O pior seria se empregasse o mesmo método nas
passagens do NT, isolando, por exemplo, algumas passagens da vida de Paulo em
Atos, e afirmando que essas passagens se referem a alguma coisa futura.
Por exemplo, na Renascença italiana, usou-se o
texto de Atos 1.11a contra os discípulos de Galileu Galilei, já que o versículo
diz: "Varões Galileus, por que estão olhando para as alturas?".
Não nego que os judeus atribuíssem aquelas
passagens ao messias. E nem que existam profecias messiânicas. Mas acho que o
critério utilizado para selecionar quais profecias seriam messiânicas e quais
não seriam foi bastante subjetivo. Não apenas as messiânicas, mas aquelas como
a usada por Pedro em Atos 1.20.
Essa subjetividade me faz pensar que, se talvez a
vida de Jesus tivesse seguido outros rumos, se usariam outras e não aquelas
passagens do AT para descrever esses acontecimentos. Talvez nem sequer as
passagens que conhecemos como messiânicas seriam sequer conhecidas dessa forma,
como inumeras passagens que não é imputada essa classificação.
Isso é uma coisa que me faz pensar.
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Pipe:
Eu penso que o maior peso de afirmarmos as
profecias cumpridas, é o fato de que foi Ele quem disse e ensinou os apóstolos
que elas se cumpriram nele.
O NT deixa claro que foi Jesus quem ensinou eles a
verem naqueles escritos que estes falavam dEle.
Diante disto, os apóstolos afirmaram algo que o
próprio Jesus os ensinou, entende?
E de fato, sem a ressurreição, todas as profecias
não serviriam para nada, e Jesus teria sido apenas mais um. Talvez teria
destaque como um grande revolucionário, profeta, etc... Mas o que evidenciou a
credibilidade do que Ele disse, sem dúvida foi o fato de ter ressuscitado.
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Kopher: Isso
significa que o uso de que Pedro faz em Atos 1.20 dos Salmos 69.25 e Salmos
109.8 foram recomendados por cristo?
Pipe:
Provavelmente.
Kopher:
Creio que o que você esteja dizendo é: se a Ressurreição aconteceu, as
profecias são verdadeiras, mas se a Ressurreição não ocorreu, Jesus interpretou
essas profecias de forma errada, sendo ele mesmo um mentiroso. É isso?
Pipe:
Mesmo que 99% das profecias tenham se cumprido em Cristo, se Ele não
ressuscitou, a fé cristã não tem sentido algum. É isto que quero dizer. As
profecias poderiam ter se cumprido fielmente em Cristo Jesus. Porém, sem a
ressurreição, o cristianismo fica sem a evidência definitiva de que Jesus era
de fato quem ele disse que era: DEUS! Ou Jesus era Deus, ou ele era louco, ou
ele era um mentiroso. E a ressurreição foi o fator determinante para que as
demais coisas que realizou e disse fossem de fato aprovadas.
Kopher: Então
você afirma que essa metodologia de interpretação de que Pedro se utilizou, é
um critério de interpretação cristã, segundo você mesmo disse. Bem, sendo que
“provavelmente” – como você afirmou - o uso (ou modo interpretativo ou
metodologia de interpretação) de que Pedro faz em Atos 1.20 dos Salmos 69.25 e
Salmos 109.8 foram recomendados por Cristo, se qualquer seita ou doutrina
estranha utilizar as passagens do AT desse mesmo modo que “Jesus recomendou”,
eles estarão justificados biblicamente se forjarem, a partir desse tipo de interpretação
“recomendada” por Cristo, várias quimeras doutrinárias, como é o caso de seitas
cristãs como mórmons e TJ (espero que você não seja integrante de nenhum
desses, rs), que factualmente usam o AT dessa forma. Desse modo utilizam da
mesma forma de interpretar as escrituras que Jesus “recomendou”, segundo o que
você disse, que seus discípulos utilizassem ao interpretar o AT.
Esta justificação bíblica para a criação de
doutrinas errôneas a partir do uso dos mesmos padrões de interpretações que o
NT oficialmente usa do AT por parte das seitas seria então endossada (apoiada)
pelo próprio Cristo, sendo que Jesus “provavelmente recomendou” aos seus
discípulos que se usassem desse tipo de interpretação.
No entanto, quando se pode afirmar que Cristo deu
instruções específicas para que Pedro interpretasse Salmos 69.25 e Salmos 109.8
da forma como ele interpreta em Atos 1.20?
Pastor, você deve admitir que o uso do método que
Cristo, ou melhor, a forma como o NT interpreta o AT, principalmente na questão
das profecias messiânicas e esse tipo de citação que Pedro faz, é uma coisa
bastante problemática, pois este mesmo método (é método, pois possui padrões
bastante específicos, todas essas profecias, se parecendo em essência uma com a
outra), o qual o cristianismo usou como prova de sua identidade sobrenatural,
pode criar quimeras, falsos-cristos, falsas referencias (como o exemplo da
Tiazinha, que atribuiu a ela mesma uma passagem do Antigo Testamento), etc.
Não estou afirmando que Pedro tenha sido desonesto.
Apenas quero que o senhor compartilhe dessa dúvida que eu tenho, e tente me
ajudar nisso, pois mesmo que esse método de interpretação de profecias seja
realmente verdadeiro e inspirado, pastor, você tem que admitir que ele se
parece muito, muitíssimo mesmo, com a forma exata daquilo que um mentiroso,
enganador, golpista, etc. usaria para atribuir para aquilo que deseja, seja ele
mesmo ou qualquer outra coisa, autoridade, e assim iludir as pessoas.
Ou seja, em resumo: ainda que a forma como o NT
interpreta as profecias messiânicas sejam verdadeiras, elas PARECEM MUITO com a
forma como um enganador e mentiroso usaria para interpretar uma passagem
bíblica para iludir as pessoas. Acho que isso deve ser admitido aqui, se
quisermos crescer intelectualmente e sermos coerentes consigo mesmos.
A questão é, pastor: Será se realmente Cristo
recomendaria que Pedro se apoderasse dessas passagens de Salmos e as
direcionassem para aquele contexto específico sobre Judas e a igreja primitiva,
na ocasião da escolha de Matias como apostolo?
Sobre a ressurreição, você está dizendo que as
profecias DEPENDEM da ressurreição para serem verdadeiras? E que se Cristo não
ressuscitou, as profecias se tornam automaticamente falsas?
Ora, se as profecias dependem do evento
Ressurreição de Cristo para serem verdadeiras, então elas não possuem verdade
nenhuma em si. Pelo menos é isso o que penso, pastor.
Pois pastor acredito que uma profecia, se realmente
for uma profecias, e se realmente for uma boa e bem precisa profecia, ela não
dependerá de qualquer muleta para que sua veracidade seja exposta e aceita.
Pastor, em toda a história as profecias messiânicas
foram uma evidencia escriturística da verdade do cristianismo. Os missionários
cristãos apresentavam tais referências bíblicas, a predição e o cumprimento,
como prova de que o cristianismo é iluminado por uma luz sobrenatural. Mas se
essas profecias dependem de outra coisa, como a Ressurreição, para serem
válidas, então elas perdem o valor que possuem em si mesmas.
Pipe:
Pedro fez uso de uma profecia para dizer que a
ressurreição foi o cumprimento desta. Se a ressurreição não ocorreu, logo esta
profecia está fora de uso em Cristo. Porém, as demais profecias quanto ao seu
nascimento, etc... são validas, mas carecem da plenitude e do ápice do Messias
que se manifestou por meio da ressurreição. É o mesmo que você acompanhar uma
luta e o lutador de sua escolha vencer os doze rounds e perder por nocaute no
13 round. Se Jesus não ressuscitou, o cristianismo perdeu no último round.
1. Nós partimos de um diferencial que Jesus é Deus.
Este absoluto proposto pelo NT torna todo o ensino de Jesus como algo que não
deve ser comparado a qualquer outro nível de interpretação formulada por
outros. A forma de interpretação está nEle e não em uma formulação externa.
2. Os mórmons interpretam a Bíblia do ponto de
vista de seu outro livro sagrado: O livro de mórmons. E a questão não está na
forma como interpretam as profecias. O que os diferencia do cristianismo é o
acréscimo doutrinário trazido pelo livro dos mórmons. E que, em alguns casos
contrariam a doutrina protestante.
3. Os TJ dizem que Jesus é um semi-deus. Além de
não serem fiéis aos manuscritos gregos e hebraicos, distorcem completamente a
doutrina da Trindade.
4. A questão não está na forma como se interpreta,
e sim, em quem instituiu a forma de interpretação. Ou seja, toda interpretação
do AT e do NT está fundamentada no que Cristo disse e não na forma em si mesmo.
Se Jesus disse, isto se torna um absoluto. Se outro o diz, deve ser verificado
à luz do que Cristo disse. Se estiver em conformidade com o ensino dEle, então
é fato. Caso contrário, não serve para a fé cristã.
5. A possibilidade de tudo ter sido inventado,
criado na mente de homens desonestos, etc., deve ser verificado à luz de outras
evidências tanto internas quanto externas. Se há evidências que colocam a
pessoa de Jesus e dos apóstolo em dúvida quanto ao seu caráter e honestidade,
talvez então aja espaço para a dúvida. Porém, se não há, a possibilidade de
existir é apenas um pré-suposto que carece de evidências.
6. Provavelmente foi o próprio Cristo quem disse a
Pedro que em Judas se cumpriu esta profecia. Matias complementou a profecia
quando substituiu Judas.
Kopher: Obrigado
pelas respostas, pastor. Vamos comigo dar uma olhadinha pra eu apresentar as
minhas dúvidas. ... a forma como Jesus interpreta é a mesma que um enganador
interpreta e distorce as coisas...
Pipe: O
fato do falso usar o mesmo argumento de Jesus para interpretar as escrituras
não significa que Jesus foi falso na forma como aplicou as profecias em si
mesmo. Pois temos em mãos a evidência que não se aplica ao caráter de Jesus
algo que denote desonestidade. O falso é facilmente descoberto, se Jesus fosse
um enganador, isto teria sido facilmente visto em sua pessoa.
Kopher:
note que a principal característica de um enganador é o uso de profecias da forma
como Jesus usa. Se Jesus se utiliza de um recurso que somente enganadores se
utilizam, é lógico que Jesus seja um enganador.
Pipe:
Não há nada de lógico no teu raciocínio. Profecias sempre acompanharam a
humanidade. Algumas era proferidas por falsos profetas, e outras proferidas por
homens honestos. Não se pode usar o argumento que alguns usam de métodos
verdadeiros para o erro, e sair afirmando que o verdadeiro usa o erro para
justificar seus argumentos. Você está partindo de um pressuposto que todas as
profecias são mentiras e que Jesus foi apenas mais um que fez delas um uso
desonesto para enganar os outros.
Kopher:
... Você diz que se Jesus não ressuscitou, as profecias não possuem utilidade.
Pipe: Eu
não disse que as profecias não tem utilidade. Eu disse que a ressurreição é o
ápice que dá o veredicto final. Pois, as profecias apontam para o evento do
Messias em diversas questões. Ou seja, não adianta 99% das profecias se
cumprirem se o elemento mais importante que implicaria na evidência definitiva
de que Jesus era o Messias não acontecesse. As profecias se cumpriram 99% em
Cristo e o veredicto final que completou 100% delas foi a ressurreição. Você
está distorcendo minhas palavras. E isto está me cheirando desonestidade de tua
parte.
Kopher:
Seria mais sensato afirmar que, se Jesus não ressuscitou, as profecias são
falsas.
Pipe:
Seria mais sensato falar que Jesus não era o Messias e não que as profecias
eram falsas. As profecias são verdadeiras, porém, se Jesus não ressuscitou, ele
não cumpriu 100% delas. Se as profecias eram falsas, isto significa que o
advento do Messias era uma esperança que os judeus se equivocaram. Basta olhar
para o que o judaísmo é hoje e ver o que eles fizeram com a esperança
messiânica. Como o Messias não veio, eles re-interpretaram o AT e re-definiram
o Messias não mais como um indivíduo que se assemelha ao conceito que os judeus
do primeiro século tinham do Cristo, do Ungido que viria para restaurar Israel
e salvá-los.
Kopher:
A questão está na sua veracidade e se as profecias conseguem se salvar por si
mesmas.
Pipe:
Uma profecia somente pode salvar a si mesmo se ela se cumprir.
Kopher:
Mas como o senhor mesmo disse, as profecias messiânicas são fracas demais para
se salvarem por conta própria e assim é necessário um apelo para fatores
externos.
Pipe: O
fator externo é o cumprimento dela.
Kopher:
Mas o que o senhor está dizendo é que, as profecias messiânicas não são
evidencias de que Jesus é o messias e se ele realmente ressuscitou, mas sim que
a ressurreição é evidência de que as profecias messiânicas são verdadeiras. O
senhor está colocando de cabeça-pra-baixo a lógica cristã de MacDowell.
Pipe:
Não Senhor! O que estou dizendo é que se Jesus não ressuscitou, Ele não é o
Messias e o NT é algo forjado por homens desonestos. Pois, como confiaremos no
relato do NT se o centro da fé cristã que é a ressurreição é uma “mentira”?
Como confiaremos que Jesus de fato nasceu em Belém? Como confiaremos em tudo o
que Mateus disse que se cumpriu nEle? Se Jesus não ressuscitou, Mateus mentiu e
nenhuma das profecias proferidas por ele se cumpriu de fato. É tudo forjado
para dizer simplesmente que Jesus era o Messias. Mas, se Jesus ressuscitou, o
que Mateus disse é verdade, e as profecias verdadeiramente se cumpriram em
Cristo. Por tanto, a ressurreição é a evidência de que 100% e não apenas 99%
das profecias são verdadeiras em Cristo. Se Jesus não ressuscitou, as profecias
continuam sendo verdades, mas não em Cristo.
Kopher:
Ou seja, acredito que as profecias messiânicas devem possuir valor por si mesmas
como evidencias.
Pipe: E
possuem para o judaísmo contemporâneo (pois para o do primeiro século, foi um
equívoco), mas não para a fé cristã. Para a fé cristã, não importa que 99% das
profecias tenham se cumprido em Cristo. Se Jesus não ressuscitou, a fé cristã
está condenada e não as profecias.
Kopher:
... eu posso construir interpretações bíblicas que de forma artificial se
coadunarão com o que cristo disse e usar essa interpretação para me promover e
assim para mentir e manipular.
Pipe:
Com certeza pode, porém, isto não se aplica a Jesus e sim a você. O caráter de
Jesus não denota isto.
Kopher:
Eu poderia também inventar uma coisa falsa e fundamentá-la de acordo com os
princípios doutrinários que você segue. Mesmo assim ela seria falsa. Sendo que
existem várias coisas que Jesus não disse e que a bíblia não dá margem, eu
poderia apelar para essas lacunas e, me fundamentando na doutrina verdadeira da
fé cristã, ir lentamente levando as coisas até criar mentiras baseadas nela.
Pipe:
Daí dependerá de quem aprouver acreditar em você ou não. E não precisa ir muito
longe, basta olhar para o tal “Inri Cristo” de Ctba, e ver que é muito fácil
manipular eventos para afirmar que é uma espécie de messias neste mundo. Mas, o
tempo dirá se ele se levantará do túmulo ou não.
Kopher:
... se conseguir provar que a ressurreição de cristo é falsa, toda a doutrina
cristã estará justificada.
Pipe:
Não! Os princípios do NT são bons. Porém, o cerne da doutrina cristã é 100%
confiável pelo fato de Jesus ter ressuscitado. Pois se não houve ressurreição
como o NT diz que houve, a doutrina cristã é posta em juízo por fraude, mentira
e engano. Ou seja, eu uso um argumento de peso para evidenciar o que digo, se o
meu argumento é fraudulento, diante do juiz, tudo o mais que vier a dizer será
posto em dúvida. Isto não significa que o restante do que eu disse seja ruim em
si mesmo, e sim que o que torna o meu relato verdadeiro é eu dizer 100% da
verdade. Uma mentira não torna o restante também mentira. Mas, no caso da
ressurreição, isto é um tanto diferente por se tratar da doutrina fundamental
do cristianismo: A ressurreição de Cristo é o fundamento mais importante da fé
cristã.
Kopher:
Refutando a ressurreição de cristo, refuta-se todas as doutrinas do
cristianismo de um modo a priori, ou seja, sem precisar refutar elas
diretamente. Desse modo, o cristianismo cai, automaticamente, se se conseguisse
provar que a ressurreição de cristo é uma farsa.
Pipe:
Não refuta as doutrinas no sentido de dizer que toda a doutrina cristã é má
para a humanidade. E sim, que algumas questões ligadas a fé cristã perdem o
sentido e certamente coloca o cristianismo no banco dos réus. Pois, por mais
que seja 99% bom em sua doutrina, a ressurreição e por tanto a Parousia, seriam
falsos.
Kopher:
Pastor, Obrigado pelas respostas. Vejo que você é uma pessoa honesta e
caridosa. Ainda que nossas concepções religiões sejam diferentes, gostei das
formas como respondeu as minhas perguntas, sem cair no ridículo. O fato de você
ter concordado que essas profecias se baseiam no mesmo tipo de uso que
criminosos e bandidos poderiam usar - o que não prova que essas profecias sejam
falsas - denota o seu ótimo caráter, ao contrário de outras pessoas.
Muito obrigado por tudo, ainda tenho várias
dúvidas, mas por enquanto vou ficando por aqui.
Gostei de suas respostas, e só desejo felicidades
para você em todas as áreas de sua vida.
Forte abraço!
Kopher
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