segunda-feira, 24 de junho de 2013

Ateísmo: Uma Cosmovisão Irracional


Dr. Jason Lisle

Tradução de Marcelo Herberts

Ateus estão “saindo do armário” e se tornando mais enfáticos na sua mensagem de que “não há Deus”. O professor Richard Dawkins (líder ateu na Grã-Bretanha) encoraja aqueles que partilham das suas visões a manifestarem suas opiniões. Autor de The God Delusion (em português: Deus, Um Delírio, ed. Companhia das Letras, 2007), Dawkins diz que pretende “libertar as criançasde serem doutrinadas com a religião dos seus pais ou da sua comunidade”. 1 Estarão os cristãos preparados para “dar uma resposta” às reivindicações dos ateus? 2

O ateísmo materialista é uma das cosmovisões mais fáceis de se refutar. O ateu materialista crê que a natureza é tudo o que há. Ele crê que não existe um Deus transcendente que supervisiona e mantém a criação. Muitos ateus crêem que sua cosmovisão é racional – e científica. No entanto, por abraçar o materialismo, o ateu destruiu a possibilidade de conhecimento, bem como de ciência e tecnologia. Em outras palavras, se o ateísmo fosse verdadeiro, seria impossível provar qualquer coisa!

Eis o porquê
O raciocínio envolve o uso das leis da lógica. Elas incluem a lei da não contradição, em que você não pode ter A e não-A ao mesmo tempo e no mesmo sentido. Por exemplo, a declaração “Meu carro está no estacionamento, e não é o caso de que o meu carro está no estacionamento” é necessariamente falsa pela lei da não-contradição. Qualquer pessoa racional aceitaria essa lei. Mas por que ela é verdadeira? Por que deveria existir uma lei da não-contradição, ou no que diz respeito ao assunto, quaisquer leis do raciocínio? O cristão pode responder essa pergunta. Segundo o cristão existe um padrão absoluto para o raciocínio; nós moldamos os nossos pensamentos segundo os pensamentos de Deus. As leis da lógica refletem a forma divina de pensar. A lei da não-contradição não é simplesmente a opinião de uma pessoa sobre como devemos pensar, mas antes, se origina da natureza auto-coerente de Deus. Deus não pode negar a si mesmo (2 Timóteo 2:13), e assim, a forma com que Deus sustenta o universo será necessariamente não-contraditória.

As leis da lógica são o padrão do pensamento de Deus. Uma vez que Deus é um Ser imaterial, imutável e soberano, as leis da lógica são entidades abstratas, universais e invariáveis. Em outras palavras, elas não provêm da matéria – elas se aplicam em todos os lugares e em todas as ocasiões. As leis da lógica são dependentes da natureza imutável de Deus. E são necessárias para o raciocínio lógico. Portanto, o raciocínio lógico seria impossível sem o Deus bíblico. 3

O ateu materialista não pode ter leis da lógica. Ele crê que tudo o que existe é material – parte do mundo físico. Mas as leis da lógica não são físicas. Você não pode bater o seu pé numa lei da lógica. As leis da lógica não podem existir no mundo ateísta, ainda que o ateu as empregue na tentativa de raciocinar. Isso é inconsistente. Ele está tomando emprestado algo da cosmovisão cristã para argumentar contra ela.

A visão do ateu não pode ser racional pois ele emprega coisas (leis da lógica) que não podem existir debaixo da sua profissão.

O debate sobre a existência de Deus é num certo sentido como um debate sobre a existência do ar. 4 Você pode imaginar alguém argumentando que o ar de fato não existe? Aparentemente essa pessoa ofereceria excelentes “provas” contra a existência do ar, ao mesmo tempo respirando e esperando que ouvíssemos as suas palavras, já que o som é transmitido pelo ar. Para ouvirmos e compreendermos a sua alegação, esta deveria estar necessariamente errada. Da mesma forma o ateu, por argumentar que Deus não existe, precisa usar as leis da lógica que apenas fazem sentido se Deus existe. Para fazer sentido, seu argumento deveria estar errado.
Como o Ateu Poderia Responder?

O ateu poderia dizer, “Bem, eu posso raciocinar numa boa, e não creio em Deus”. Mas isso não é diferente do crítico do ar dizer, “Bem, eu posso respirar numa boa, e não creio no ar”. Não é uma resposta racional. Respiração requer ar, e não uma profissão de fé no ar. Do mesmo modo, raciocínio lógico requer Deus, e não uma profissão de fé nEle. É claro que o ateu pode raciocinar; isso porque Deus fez a sua mente e lhe deu acesso às leis da lógica – e este é o ponto. Porque Deus existe é que o raciocínio é possível. O ateu pode raciocinar, mas dentro da sua própria cosmovisão ele não pode justificar a sua capacidade de raciocinar.

O ateu poderia responder, “As leis da lógica são convenções criadas pelo homem”. Mas convenções são (por definição) convencionais. Isto é, todos nós concordamos com elas e assim elas funcionam – como dirigir pelo lado direito da estrada. Mas se as leis da lógica fossem convencionais, diferentes culturas poderiam adotar diferentes leis da lógica (como dirigir pelo lado esquerdo da estrada). 5 Assim, em algumas culturas seria perfeitamente adequado se contradizer. Em algumas sociedades a verdade poderia ser autocontraditória.

Claramente, isso não funcionaria. Se as leis da lógica são apenas convenções, não são leis universais. O debate racional seria impossível se as leis da lógica fossem convencionais, pois as pessoas num debate poderiam simplesmente adotar diferentes padrões de raciocínio. Cada qual estaria certa segundo o seu próprio padrão arbitrário.

O ateu poderia responder, “As leis da lógica são materiais – originaram-se de conexões eletroquímicas no cérebro”. Mas então as leis da lógica não são universais; elas não se estenderiam para além do cérebro. Em outras palavras, nós não poderíamos argumentar que contradições não podem ocorrer em Marte, pois não há um só cérebro em Marte. De fato, se as leis da lógica são meras conexões eletroquímicas no cérebro, elas seriam de algum modo diferentes de pessoa para pessoa, pois cada pessoa possui diferentes conexões em seu cérebro.

Ocasionalmente um ateu tentaria uma resposta mais pragmática: “Usamos as leis da lógica porque elas funcionam”. Infelizmente para ele, essa não é a questão. Todos nós concordamos que as leis da lógica funcionam; elas funcionam porque são verdadeiras. A questão é por que elas existem em primeiro lugar? Como o ateu poderia justificar a existência de padrões absolutos como as leis da lógica? Como podem coisas não-materiais tais como leis existir se o universo é apenas material?

Como um último recurso, o ateu poderia abdicar de uma visão estritamente materialista e concordar que existem leis universais e imateriais. Trata-se de uma imensa concessão; acima de tudo, se uma pessoa está disposta a reconhecer que poderia ser o caso de existirem entidades imateriais, universais e imutáveis, ela deveria considerar a possibilidade da existência de Deus. Mas esta concessão não salva a posição atéia. Ela precisa ainda justificar as leis da lógica. Por que elas existem? E qual é o ponto de contato entre o mundo físico material e o mundo imaterial da lógica? Em outras palavras, por que o universo material é compelido a seguir leis imateriais?
O ateu não pode responder essas questões. Sua cosmovisão não pode ser justificada; ela é arbitrária e, portanto, irracional.5

Conclusões
Claramente, o ateísmo não é uma cosmovisão racional. Ele é autorefutável porque o ateu precisa primeiro assumir o oposto daquilo que tenta provar para ser capaz de provar qualquer coisa. Como colocou o Dr. Cornelius Van Til, “Ateísmo pressupõe teísmo”. As leis da lógica requerem a existência de Deus – não qualquer deus, mas o Deus cristão. Apenas o Deus da Bíblia pode ser o fundamento para o conhecimento (Provérbios 1:7; Colossenses 2:3). Uma vez que o Deus da Escritura é imaterial, soberano e transcendente sobre o tempo, faz sentido existir leis da lógica imateriais, universais e imutáveis. Uma vez que Deus se revelou ao homem, somos capazes de conhecer e usar a lógica. Uma vez que Deus fez o universo e posto Ele ter criado as nossas mentes, faz sentido elas terem uma capacidade para estudar e compreender o universo. Mas se o cérebro é simplesmente o resultado de processos evolutivos cegos que trouxeram algum tipo de valor de sobrevivência do passado, por que deveríamos confiar em suas conclusões? Se o universo e as nossas mentes são simplesmente o resultado do tempo e do acaso, como argumenta o ateu, por que deveríamos esperar que a mente entenderia o universo? Como seriam possíveis a ciência e a tecnologia? 6

O pensamento racional, a ciência e a tecnologia fazem sentido numa cosmovisão cristã. O cristão possui um fundamento para essas coisas; o ateu não. Não que os ateus não possam ser racionais em certas coisas. Eles podem porque também foram feitos à imagem de Deus e têm acesso às leis da lógica de Deus. Mas eles não possuem qualquer fundamento racional para a racionalidade dentro de suas próprias cosmovisões. Da mesma forma, os ateus podem ser morais, mas não têm qualquer fundamento para essa moralidade a partir daquilo em que alegam crer. O ateu é um embrulho ambulante de contradições.

Ele raciocina e faz ciência, mas nega o mesmo Deus que faz o raciocínio e a ciência possíveis. Por outro lado, a cosmovisão cristã é consistente e dá sentido à experiência e ao raciocínio humano.

Referências:
1 “Atheists arise: Dawkins spreads the A-word among America’s unbelievers” The Guardian, 1º de Outubro, 2007.http://www.guardian.co.uk/usa/story/0,,2180901,00.html
2 Veja 1 Pedro 3:15.
3 N. do T. Leia também http://www.monergismo.com/…/resen…/logica_clark_crampton.pdf
4 O filósofo cristão Dr. Greg Bahnsen freqüentemente usava essa analogia. O Dr. Bahnsen era conhecido como o “homem mais temido pelos ateus”. N. do T. A própria concepção de diferentes leis da lógica pressupõe as leis da lógica clássica. Elas são inevitáveis.
6 N. do T. Além disso, por que o objetivo da mente humana seria a verdade e não apenas a sobrevivência?

7 http://www.answersingenesis.org/…/…/v2/n4/atheism-irrational

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