Mostrando postagens com marcador John Stott. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador John Stott. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 5 de junho de 2015

Livro: "A Cruz de Cristo" de John Stott

CRUZ
Se os Pais gregos primitivos representavam a cruz primariamente como uma “satisfação” ao diabo, no sentido de ser o preço do resgate que ele exigiu e que lhe foi pago, e os Pais latinos viam-na como uma satisfação da lei de Deus, Anselmo de Cantuária, no décimo primeiro século, deu-lhe um tratamento novo em seu Cur Deus Homo? Fazendo uma exposição sistemática da cruz como uma satisfação da honra ofendida de Deus. (John Stott; A Cruz de Cristo; Vida; pp. 106)

“Deus nada devia ao diabo a não ser castigo”. Deveras, o homem devia algo a Deus, e essa é a dívida que necessitava ser paga. Pois Anselmo define o pecado como “não dar a Deus o que lhe é devido”, a saber, a submissão de toda a nossa vontade a ele. Pecar, portanto, é “tomar de Deus o que é dele”, o que significa roubar dele e, assim, desonrá-lo. (John Stott; A Cruz de Cristo; Vida; pp. 107)

A cruz de Cristo “é o evento no qual Deus simultaneamente torna conhecida sua santidade e seu amor, em um único evento, de um modo absoluto”. (John Stott; A Cruz de Cristo; Vida; pp. 118)
O que vemos, portanto, no drama da cruz não são três actores, mas dois, nós mesmos de um lado e Deus, do outro. Não Deus como ele é em si mesmo (o Pai), mas Deus, entretanto, Deus-feito-homem-em-Cristo (o Filho). (...) ao dar o seu Filho ele estava dando a si mesmo. (...) Como disse Dale: “a misteriosa unidade do Pai e do Filho tornou possível que Deus ao mesmo tempo sofresse e infligisse sofrimento penal”. (...) A cruz foi um acto simultâneo de castigo e amnistia, severidade e graça, justiça e misericórdia.
(John Stott; A Cruz de Cristo; Vida; pp. 143)

Rejeitamos fortemente toda a explicação da morte de Cristo que não possui no centro o princípio da “satisfação através da substituição”, em verdade, a auto-satisfação divina através da auto-substituição divina. A cruz não foi uma troca comercial feita com o diabo, muito menos uma transacção que o tenha tapeado e apanhado numa armadilha; nem um equivalente exacto, um quid pro quo que satisfizesse um código de honra ou um ponto técnico da lei; nem uma submissão compulsória da parte de Deus a uma autoridade moral acima dele da qual ele, de outra forma, não poderia escapar; nem um castigo de um manso Cristo por um Pai severo e punitivo; nem uma procuração de salvação por um Cristo amoroso de um Pai ruim e relutante; nem uma acção do Pai que deixasse de lado a Cristo como Mediador. Em vez disso, o Pai justo e amoroso humilhou-se, tornando-se em seu Filho unigénito e através dele carne, pecado e maldição por nós, a fim de remir-nos sem comprometer o seu próprio carácter. Necessitamos cuidadosamente definir e salvaguardar os termos teológicos “satisfação” e “substituição”, mas não podemos, em circunstância alguma, abrir mão deles. O evangelho bíblico da expiação é Deus satisfazendo-se a si mesmo e substituindo-se a si mesmo por nós.

Pode-se dizer, portanto, que o conceito da substituição está no coração tanto do pecado quanto da salvação. Pois a essência do pecado é o homem substituindo-se a si mesmo por Deus, ao passo que a essência da salvação é Deus substituindo-se a si mesmo pelo pecado. O homem declara-se contra Deus e coloca-se onde Deus merece estar; Deus sacrifica-se a si mesmo pelo homem e coloca-se onde o homem merece estar. O homem reivindica prerrogativas que pertencem somente a deus; Deus aceita penalidades que pertencem ao homem somente.

Se a essência da expiação é a substituição, seguem-se pelo menos duas importantes inferências, a primeira teológica e a segunda pessoal. A inferência teológica é que é impossível manter-se a doutrina histórica da cruz sem se manter a doutrina histórica de Jesus Cristo como único Deus-homem e Mediador. Como já vimos, nem Cristo somente como homem nem o Pai somente como Deus podia ser nosso substituto. Somente Deus em Cristo, o unigénito Filho do próprio Deus Pai feito homem, podia tomar o nosso lugar. Na raiz de cada caricatura da cruz jaz uma cristologia distorcida. A pessoa e obra de Cristo vão juntas. Se ele não é quem os apóstolos dizem que é, então não podia ter feito o que dizem que fez. A encarnação é indispensável à expiação. Em particular, é essencial à afirmação de que o amor, a santidade e a vontade do Pai são idênticos ao amor, santidade e vontade do Filho. Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo.

Talvez nenhum outro teólogo do século vinte tenha visto essa verdade mais claramente, ou a tenha expressado mais vigorosamente, do que Karl Barth. A cristologia, insistia ele, é a chave da doutrina da reconciliação. E cristologia significa confessar que Jesus Cristo, o Mediador, repetiu ele várias vezes, é “o próprio Deus, o próprio homem, e o próprio Deus-homem”. Há, pois, “três aspectos cristológicos” ou “três perspectivas” para a compreensão da expiação. O primeiro é que “em Jesus Cristo temos de ver com o próprio Deus. A reconciliação do homem com Deus acontece quando o próprio Deus activamente intervém”. O segundo é que “em Jesus Cristo temos de ver com o verdadeiro homem... É assim que ele se torna o reconciliador entre Deus e o homem”. O terceiro é que, embora sendo o próprio Deus e o próprio homem, “Jesus Cristo é um. Ele é o Deus-homem”. Somente quando se afirma esse relato bíblico de Jesus Cristo, pode-se compreender a singularidade de seu sacrifício expiador. A inciativa está “com o próprio Deus eterno, que deu-se a si mesmo em seu Filho para ser homem, e, como homem, tomar sobre si mesmo esta paixão humana... É o Juiz que nesta paixão toma o lugar daqueles que deviam se julgados, que nesta paixão permite ser julgado em lugar deles”. “A paixão de Jesus Cristo é o juízo de Deus, no qual o próprio Juiz foi julgado”.

(John Stott; A Cruz de Cristo; Vida; pp. 144)

quinta-feira, 4 de junho de 2015

Livro: "Cristianismo Básico" de John Stott

Muitos se opõem a qualquer coisa que tenha aspecto institucional. Rejeitam a igreja. Na verdade, rejeitam a igreja contemporânea — não Jesus Cristo. Notam uma contradição entre o fundador do cristianismo e o estado atual da igreja fundada por ele.

Alguns cresceram aprendendo sobre Jesus e as verdades do cristianismo. Mas, quando adquirem senso crítico, preferem descartar a religião recebida na infância a investigar sua veracidade.

Escrito por um dos mais importantes teólogos do último século e traduzido em mais de 50 línguas, incluindo chinês, japonês, russo e coreano, Cristianismo Básico é uma resposta a estas inquietações.

“Não é possível afirmar que as declarações do carpinteiro de Nazaré são invenção ou exagero dos autores dos evangelhos. Elas aparecem nos quatro evangelhos, e as evidências de sua veracidade são bastante consistentes e equilibradas.

Não podemos considerar que Jesus foi um grande mestre se acreditarmos que ele estava errado em relação a um dos pontos principais de seu ensino, ou seja, ele mesmo [...].

Seria ele um impostor? Teria ele tentado ganhar a devoção dos homens com suas visões, alegando uma autoridade divina que não possuía? É difícil acreditar que isso possa ter acontecido.

Há uma certa ingenuidade em Jesus. Ele odiava a hipocrisia e era transparentemente sincero.

Essa sinceridade seria uma farsa? Teria ele uma imagem ilusória de si mesmo? Jesus não aparentava nenhuma anormalidade, o que seria de se esperar em uma pessoa perturbada. Seu caráter sustenta suas declarações.


Não o vemos como Deus disfarçado de homem, nem como um homem com qualidades divinas, mas como homem e Deus. Jesus foi uma pessoa histórica, com duas naturezas distintas e perfeitas, a divina e a humana. Só assim ele pode ser digno não apenas de nossa admiração, mas também de nossa adoração.”

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Jesus Cristo é uma muleta?


Por Wagner Kaba

Alguns céticos costumam criticar Jesus, afirmando que ele é evidentemente uma muleta. “Ele serve” — as pessoas dizem — “para os fracos, os mancos, que precisam de apoio para suportarem a dura realidade da existência. Mas para as pessoas fortes, determinadas, aquelas que podem tocar a vida por si mesmas, ele é totalmente desnecessário.”

Será que esta crítica é totalmente equivocada? Veja a resposta que John Stott oferece a tal objeção:

Começo a minha resposta concordando com a crítica. Jesus Cristo é de fato uma muleta para o aleijado, para ajudar-nos a caminhar aprumados, assim como ele é também remédio para os doentes espiritualmente, pão para os famintos e água para os sedentos. Não negamos essa afirmação; ela é perfeitamente verdadeira. Mas, então, todos os seres humanos são aleijados, doentes, famintos e sedentos. A única diferença entre nós não é que alguns são necessitados e outros, não; é que na verdade alguns reconhecem a sua necessidade, enquanto outros não, por causa do orgulho1.

Stott apresenta uma resposta que volta-se contra o próprio crítico. Ao invés de ser uma objeção, a frase “Jesus é uma muleta” torna-se, na verdade, uma boa oportunidade para se falar acerca da importância e do amor de Cristo para a humanidade. O cristão não precisa ficar na defensiva ao ouvir tal frase. Com o argumento apresentado, ele pode “partir para o ataque”.

Nota
1. STOTT, John. Por que sou cristão. Tradução de Jorge Camargo. Viçosa, MG: Ultimato, 2004. p. 106.


Por Pipe:

Philip Yancey também trata desta questão dizendo o seguinte que "uma muleta para um aleijado é melhor do que não nada".

Concordo! Tire a fé das pessoas e sobrará o quê? Tire a muleta de um aleijado e ele se arrastará pelo resto de sua vida. Pode ser uma muleta, mas esta pelo menos o ajuda a caminhar mesmo ferido. Pode ser uma muleta, mas pelo menos o ajuda a se levantar e a continuar em frente.

Quantas famílias o ateísmo restaurou? Quantos viciados o ateísmo libertou? Quantos doentes ele curou? Quanto consolo ele deu a uma família que perde um dos seus? Quantos pais ele devolveu aos seus filhos? Quantos filhos ele devolveu aos seus pais?

É meu amigos, esta muleta ainda é o maior transformador de vidas e esperança que há sobre a face da terra.

Para o ateísmo se colocar numa posição de crítico, ele teria que oferecer não uma muleta mas a cura. Para se colocar numa posição de crítico, deveria existir centenas de hospitais ateus, orfanatos ateus, centros de recuperação ateus, asilos ateus, ateus indo em hospitais levando esperança para os enfermos. Esta eu até queria ir junto pra ver.

Imagine um ateu visitando um doente. O que ele teria para dizer a uma pessoa nos momentos finais de sua vida?

Especulemos: "Morra "feliz" (ai) meu amigo. Nunca mais nos veremos. Deixe de existir apenas". Se isto não é a voz do inferno, não sei o que é então. O ateísmo é o ladrão da esperança. Eles podem chamar de falsa de esperança. Mas, o trunfo desta muleta, é que ela ainda é o maior agente transformador de vidas e filantropia sobre a face da terra!

Diante disto o ateísmo deveria se calar!


C. S. Lewis também diz que o que nos diferencia dos céticos é que nós encontramos a graça de reconhecermos quem somos: Pecadores necessitados de salvação.