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terça-feira, 1 de dezembro de 2015

De onde veio a areia?


por Raúl Esperante

"Quando visitamos as formações geológicas dos estados de Utah, Arizona e Nevada, nos Estados Unidos, recebemos o impacto da grande quantidade de erosão que se observa na paisagem que está marcada por elevadas escarpas e profundos cânions escavados pela água. Talvez a paisagem mais impressionante para visitar seja o Grand Canyon, do Rio Colorado, que se estende ao longo de uns 450 km ao norte do Arizona. A erosão removeu centenas de quilômetros cúbicos de sedimentos de camadas sedimentares até uma profundidade de mais de 1.300 metros em algumas zonas, e dezenas de quilômetros de ambos os lados do rio atual.
No entanto, a paisagem está constituída por camadas sedimentares que ainda se observam e que não foram removidas, e se estendem horizontalmente por uns 350.000 km2, no que os geólogos chamam de Bacia do Colorado. Estas rochas sedimentares estão compostas de areia, conglomerado e argila principalmente, assim como por algumas camadas de calcáreo.

A origem de toda esta areia e argila tem sido, até agora, um mistério para os geólogos, e qualquer hipótese que se proponha é aceita como plausível somente devido a não haver como comprová-la.

A maioria dos pesquisadores tem aceito até agora que os sedimentos procederam da lenta erosão das Montanhas Rochosas, que se encontram a leste da Bacia do Colorado. No entanto, esta idéia tem sido desafiada por dois pesquisadores, Dickinson e Gehrels (1), da Universidade do Arizona, que propuseram que a metade da quantidade das areias que formam a Bacia do Colorado procedeu dos Montes Apalaches, que estão a leste dos Estados Unidos. Estes pesquisadores sugerem que grandes rios levaram a areia desde os Montes Apalaches depositando-a em bacias continentais no que hoje é o estado de Wyoming, sendo arrastadas por fortes ventos que as depositaram em campos de dunas. Os autores chegaram a esta conclusão depois de calcular a idade radioativa dos minerais de Zircônio (ricos em Urânio) presentes na areia das camadas sedimentares. Estes resultados enfrentam, no entanto, um grande problema: não há nem rastro dos rios que pudessem ter levado os sedimentos de um lado do continente americano (Montes Apalaches) a outro (Wyoming).

Os pesquisadores também sugerem que o resto da areia procede das Montanhas Rochosas e do interior do Canadá.

A origem do cânion do Colorado é um grande mistério que confunde aos geólogos, pois tanto o volume de sedimento depositado como o que foi subseqüentemente erodido, é muito grande para ser entendido à luz dos fenômenos geológicos atuais. Alguns geólogos sinalizam que o conjunto de camadas sedimentares da Bacia do Colorado e do Grand Canyon indica que o “presente não é a chave para interpretar o passado”.

A hipótese apresentada por Dickinson e Gehrels é bastante plausível e tem recebido uma acolhida aceitável na comunidade científica geológica. Provavelmente, os cientistas criacionistas encontrem nesta hipótese apoio para um modelo diluvialista da deposição das extensas camadas de sedimentos na Bacia do Colorado durante as primeiras etapas do dilúvio do Gênesis, nas quais grandes massas de água puderam arrastar, de maneira catastrófica, enormes volumes de argila e areia de um extremo continental a outro. A regressão posterior das águas, possivelmente também catastrófica, teria escavado as profundas gargantas que formam o Grand Canyon e as paisagens semelhantes.

Referência:

1. Dickinson W.R., Gehrels G.E. 2003. U-Pb ages of detrital zircons from Permian and Jurassic eolian sandstones of the Colorado Plateau, USA: paleographic implications. Sedimentary Geology, publicado online, doi:10.1019/S00370738(3)00158-1(2003).

domingo, 11 de outubro de 2015

O Registro fóssil dos aracnídeos


Por Dr. Raul Esperante:

Segundo a escala de tempo geológica evolucionista, os aracnídeos surgiram no Paleozóico Inferior, porém sua origem permanece incerta. Os primeiros aracnídeos fósseis (escorpiões e aranhas) foram encontrados em rochas do Siluriano, os quais têm sido citados como os primeiros animais terrestres (Robison e Kaesler, 1978). Outras ordens aparecem em rochas a partir do Devoniano (ácaros, pseudo-escorpiões, etc). A maioria das ordens de aracnídeos modernos aparece no registro fóssil do Carbonífero Superior. Existem poucos fósseis do período Mesozóico, porémos que foram encontrados são muito semelhantes às espécies modernas e podem freqüentemente ser atribuídos às famílias atuais. Finalmente, os aracnídeos fósseis do Cenozóico são também muito similares aos modernos ou podem de fato assemelhar-se a determinados gêneros ou espécies atuais. O registro fóssil do Cenozóico consiste principalmente em aranhas, ácaros, escorpiões e pseudoescorpiões preservados em âmbar (resina de coníferas)(Dunlop, 1996).

Assim, o registro fóssil dos aracnídeos desperta atenção e requer uma explicação que ainda não foi satisfatoriamente oferecida dentro dos parâmetros evolucionistas. Em primeiro lugar, temos que ressaltar que os primeiros fósseis de aracnídeos aparecem abruptamente no registro fóssil. Não existem (pelo menos não são conhecidos) ancestrais desses animais, e as possíveis interpretações não são mais que especulações baseadas em padrões morfoestruturais e comparações anatômicas. Os aracnídeos aparecem como tal no registro fóssil, sem ancestrais, sem intermediários anteriores, plenamente distintos e diferenciados de outros grupos de invertebrados. Os primeiros fósseis de aracnídeos são exatamente isso: aracnídeos.

Além de não terem sido encontrados os possíveis ancestrais, também não se conhecem os possíveis intermediários entre uma forma e outra durante todo o período em que os aracnídeos viveram sobre a Terra. Se a evolução ocorreu no passado, e todos os organismos compartilham um ancestral comum, tendo surgido por alterações cumulativas (mutações), então deveríamos encontrar fósseis intermediários entre as diferentes formas. Deveríamos encontrar transições graduais desde formas “primitivas” até formas mais modernas, e uma maior diversificação de formas (por exemplo, famílias), adaptações e especializações ao longo do tempo geológico. No entanto, o registro fóssil dos aracnídeos não indica que tal diversificação e as supostas transições tenham ocorrido. A maioria das ordens atuais de aracnídeos aparece em rochas do Carbonífero Superior, há supostamente uns 300 milhões de anos (Dunlop, 1996). Os fósseis de aracnídeos do Carbonífero e do Mesozóico são estruturalmente tão complexos e avançados como os do Cenozóico e os espécimes modernos. Não parece existir nenhuma transição do mais antigo ao mais recente, do mais simples ao mais complexo, do menos adaptado ao mais integrado. Os aracnídeos do Carbonífero e Permiano não somente são tão complexos como os atuais, como também são semelhantes aos atuais, apesar de haver uma diferença de uns 300 milhões de anos entre os primeiros e os últimos na escala de tempo geológico evolucionista. Este fato também conduz a uma questão difícil de responder:

Por que razão os aracnídeos não evoluíram notavelmente nesse intervalo de tempo de 300 milhões de anos, mas mantiveram invariáveis suas características morfo-estruturais?

Por último, o conhecimento que temos dos aracnídeos fósseis nos indica que estavam adaptados a ecossistemas tão complexos como os atuais, e que sua integração ecológica era também complexa. Sua adaptação ao ambiente não foi evolutivamente progressiva (do contrário não teriam sobrevivido), mas apresentavam características, comportamentos e associações ecológicas semelhantes às de seus homólogos modernos.

Em conclusão, qualquer modelo evolutivo deve explicar satisfatoriamente o surgimento abrupto de um grupo de animais altamente especializado, tanto morfológica como ecologicamente, como os aracnídeos, que ademais não deixaram nem rastro das possíveis formas intermediárias que poderiam ter existido ao longo de mais de 300 milhões de anos. O registro fóssil é bem conhecido e suficientemente completo para pensar que, com pequena margem de erro, o que se tem encontrado nas rochas sedimentares e o que ficou registrado no passado, reflete com suficiente realismo o que existiu em tempos passados.

A ausência de fósseis intermediários de aracnídeos e o alto nível de complexidade e adaptação das espécies fósseis indicam que um Projetista os criou em um determinado momento da história do planeta.

Referências:
* Dunlop, J.A. 1996.Arácnidos fósiles (con exclusión de arañas y escorpiones). pp.77-92. In: Melic, A. (ed.) Volumen Monográfico:
PaleoEntomologica. Boletím de la Sociedad Entomológica Aragonesa, 16, 206 pp.

* Robison, R. A., Kaesler, Roger L. 1987. PhylumArthropoda, p. 263. Em: Boardman, R. S., Cheetham, A. H., Rowell, A. J. (eds). Fossil Invertebrates, Blackwell, Oxford, 713 pp.