domingo, 6 de julho de 2014

É correto o homem ter cabelos compridos?

Cabelos compridos é encorajado:
Nm 6:5 - Todos os dias do voto do seu nazireado sobre a sua cabeça não passará navalha; até que se cumpram os dias, que se separou para o SENHOR, santo será, deixando crescer as guedelhas do cabelo da sua cabeça.

Jz 13:5 - Porque eis que tu conceberás e terás um filho sobre cuja cabeça não passará navalha; porquanto o menino será nazireu de Deus desde o ventre e ele começará a livrar a Israel da mão dos filisteus.

I Sm 1:11 - E votou um voto, dizendo: SENHOR dos Exércitos! Se benignamente atentares para a aflição da tua serva, e de mim te lembrares, e da tua serva te não esqueceres, mas à tua serva deres um filho varão, ao SENHOR o darei por todos os dias da sua vida, e sobre a sua cabeça não passará navalha.


Cabelos compridos é vergonhoso:I Co 11:14: - Ou não vos ensina a mesma natureza que é desonra para o varão ter cabelo crescido?


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Descontradizendo:
Vamos ler I Co 11:16 - "Mas, se alguém quiser ser contencioso, nós não temos tal costume, nem as igrejas de Deus".

O segredo deste versículo está na palavra 
"Costume".

Esta palavra "costume", significa que culturalmente naquele contexto em que Paulo estava dizendo o que disse, ter cabelo comprido era desonroso para o homem e cabelo curto era desonroso para a mulher.

Porém, no contexto histórico e cultural do AT, este costume era visto com outros olhos. Temos o exemplo de Absalão, Sansão (cuja força estava no "cabelo") e os Nazireus.

Portanto, não há nenhuma contradição visto que Paulo usou no vs.15 a palavra "costume". E costumes não são doutrinas absolutas, mas apenas "costumes" que podem mudar de acordo com a cultura de cada povo e momento histórico em que estiver vivendo.


Leon Morris comenta o seguinte:
”Esta situação não fora universal. Alguns entre os antigos gregos, notadamente os espartanos, e alguns filósofos, tinham tido cabelo comprido. Mas, falando em termos gerais, o que Paulo diz valia para a humanidade. As exceções eram locais e temporais. Certamente se usava na Corinto do primeiro século, e nos lugares conhecidos pelos homens que viviam lá, ou senão, Paulo jamais teria firmado desse modo o seu apelo. Em contraste, cabelo comprido é uma glória para a mulher... Mas Paulo não tem a intenção de discutir a matéria com alguém que é dado a batalhas de palavras (contencioso,philoneikos, é alguém que gosta de briga). Pessoas assim são capazes de prolongar indefinidamente uma argumentação. Em face dessa atitude, Paulo faz menção de um costume universal”.
Fonte: "I Coríntios - Introdução e Comentário"; ed. Vida Nova; pg.125.


H. H. Halley diz o seguinte:
"Era costume nas cidades gregas e orientais as mulheres cobrirem a cabeça, em público, salvo as mulheres devassas. Corinto estava cheia de prostitutas, que funcionavam nos templos. Algumas mulheres cristãs, prevalecendo-se da liberdade recém-achada em Cristo, afoitavam-se em pôr de lado o véu nas reuniões da igreja, o que horrorizava as outras mais modestas. Diz-lhes o Apóstolo que não afrontem a opinião pública com relação ao que é considerado conveniente à decência feminil... Homens e mulheres têm o mesmo valor à vista de Deus. Há, porém, certas distinções naturais entre homens e mulheres, sem as quais a sociedade humana não poderia existir. Mulheres cristãs vivendo em sociedade pagã, devem ser cautelosas em suas inovações, para não trazer descrédito à sua religião. Geralmente, vai mal quando as mulheres querem parecer homens".
Fonte: Manual Bíblico; ed. Vida Nova; pg.526.


Fritz Rienecker & Cleon Rogers:
Rienecker e Rogers dizem o seguinte sobre a questão de o homem ser a cabeça e, portanto, não necessitar fazer uso do véu: "Paulo não está dizendo que o homem é senhor da mulher; ele diz que o homem (Adão) é a origem do ser da mulher... Desde que o homem cristão reflete a glória de Cristo, ao usar um véu ocultando sua cabeça ele estaria roubando de sua própria cabeça a sua principal função, a de refletira glória de Cristo... Para a mulher judaica, aparecer fora de casa coma cabeça descoberta era vergonhoso, e seu marido poderia divorciar-se... As mulheres de Tarso tinham de ter sua face coberta quando apareciam na rua... Para os judeus, uma mulher com a cabeça rapada era especialmente horrenda. Em Chipre uma mulher culpada de adultério devia ter seu cabelo cortado e era considerada uma meretriz. Uma mulher com a cabeça raspada também indicava um sinal de lamento, luto... Homens judeus tinham o cabelo tinham o cabelo de comprimento médio e usualmente andavam bem penteados. Algumas vezes o cabelo comprido era associado com a homossexualidade, mas o cabelo comprido não era incomum para filósofos, fazendeiros, bárbaros, etc,... O que era requerido por estes versos é um penteado ordeiro que distingua a mulher de um homem... Costume, hábito. Ele quer dizer que não temos tal costume como as mulheres orando ou profetizando com a cabeça descoberta".
Fonte:"Chave Linguística do NT Grego"; ed. Vida Nova; pg.312-314.

Lembrando que Leon Morris também apóia que a frase 
"não temos tal costume" diz respeito as afirmações culturais relacionadas ao cabelo do homem e da mulher, e não a interpretação que se trata de "não discutir".


Norman Geisler & Thomas Howe:
"Várias considerações vão trazer luz a esse difícil problema. Primeiro, precisamos fazer uma distinção entre o significado do texto e a sua significância. O significado é o que ele diz às pessoas naquela cultura, e a significância é como ele se aplica em nossa atual situação cultural. Não há dúvida alguma sobre o seu significado. O texto quer dizer exatamente o que ele diz. Quando as mulheres em Corinto retiravam o véu e oravam na igreja, elas desonravam sua cabeça (o marido, 11:3, 7, 9, 11). Naqueles dias, o véu era um símbolo do respeito da mulher para dom o seu marido. Em tal contexto cultural, era imperativo que a mulher usasse o véu na igreja, ao orar ou profetizar. Segundo, há uma diferença entre mandamento e cultura. Os mandamentos das Escrituras são absolutos - a cultura é relativa. Por exemplo, são poucos os que acreditam que ainda se aplica para o dia de hoje a ordem que Jesus deu a seus discípulos de não levarem um par de sandálias a mais, em suas jornadas evangelísticas. E a maior parte dos cristãos literalmente não mais saúdam "todos os irmãos com beijo santo" (1 Ts 5:26, NVI). Nem acreditam que levantar "mãos santas" durante a oração seja essencial na oração em público (1 Tm 2:8). Há um princípio por trás de cada um desses mandamentos que é absoluto, mas sua prática não é. O que o crente deve fazer é absoluto, mas como fazê-lo é relativo, dependendo da cultura. Por exemplo, os cristãos devem cumprimentar-se um ao outro (isto é o "o que"); mas como cumprimentam-se é relativo a suas respectivas culturas. Em algumas culturas, como no NT, é com um beijo; em outras é com um abraço; e ainda em outras é com um aperto de mãos. Muitos eruditos bíblicos acreditam que esse princípio é também verdadeiro a respeito do uso do véu. Isto é, que as mulheres, em todas as culturas e em qualquer tempo da história têm de demonstrar ter respeito para com seus maridos (o "o que"), mas "como" tal respeito deve ser evidenciado nem sempre precisa ser com um véu. Por exemplo, pode ser pelo uso de uma aliança de casamento ou por qualquer outro símbolo cultural.
Fonte: "Manual Popular de Dúvidas, Enigmas e "Contradições" da Bíblia"; ed. Mundo Cristão; pg.465.


Como pode a natureza ensinar que é errado para o homem usar cabelo comprido, se o comprimento do cabelo é algo cultural?
PROBLEMA: Paulo fez a seguinte pergunta: "Não vos ensina a própria natureza ser desonroso para o homem usar cabelo comprido?" Mas o comprimento do cabelo de um homem é relativo à cultura e ao tempo em que ele vive. Não é algo que se saiba pela natureza. 
SOLUÇÃO: Essa é uma passagem difícil, e os comentaristas não concordam entre si quanto ao seu sentido. Mas há duas maneiras pelas quais podemos entendê-la. Entendendo a natureza subjetivamente. Nesse sentido, "natureza" denota sentimentos instintivos ou um sentido intuitivo quanto ao que seja apropriado. Isso certamente pode ser afetado por hábitos e práticas culturais. Se esse é o sentido da passagem, então a afirmativa de Paulo significa mais ou menos o seguinte: "Os vossos próprios costumes não vos ensinam que o cabelo comprido é desonroso para o homem?" Essa interpretação é difícil de se justificar, em termos do significado normal da palavra "natureza" (pliusis), a qual no NT tem um sentido muito mais forte do que "costumes" (cf. Rm 1:16; 2:14). Entendendo a natureza objetivamente. Nesse sentido, "natureza" significa a ordem das leis naturais. Paulo fala do homossexualismo como sendo "contra a natureza" (Rm 1:26), e fala que os gentios têm conhecimento - do que é certo e do que é errado - "pela natureza", isto é, pela "lei escrita em seus corações" (Rm 2:15). Nesse sentido, ele está dizendo algo assim: "Até mesmo os pagãos, que não têm nenhuma revelação especial, ainda assim têm uma inclinação natural para distinguir os sexos por meio do comprimento do cabelo, as mulheres geralmente tendo um cabelo mais cheio e mais comprido". Os seres humanos instintivamente distinguem os sexos de diversos modos, dos quais um é o comprimento do cabelo. Há exceções decorrentes da necessidade (saúde, segurança), da perversidade (homossexualismo) ou de uma prática de santidade (o voto de nazireu). Mas essas somente servem para provar a regra geral que se baseia na tendência natural de se diferenciar os sexos com base no comprimento do cabelo. Com certeza, nenhum padrão absoluto do que seja um cabelo "comprido" estaria na mente de Paulo. Isso variaria de acordo com a cultura. O ponto principal era permitir a distinção entre os sexos. Foi por essa razão que o AT também proibiu o homem de vestir-se como a mulher (Dt 22:5), uma prática que daria margem a toda sorte de impropriedades, tanto de ordem social como moral".
Fonte: "Manual Popular de Dúvidas, Enigmas e "Contradições" da Bíblia"; ed. Mundo Cristão; pg.465-466.


Bíblia de Jerusalém:
"Os cabelos longos denotavam a homossexualidade masculina... O cabelo curto denotava a homossexualidade feminina... O contexto desta passagem leva a compreender tudo isso de modo bem pragmático, como conselhos de boa conduta (dirigidos aos homens e às mulheres)".


Bíblia de Estudo NVI:
"Para a mulher, retirar em público o que lhe cobria os cabelos, expondo-os à vista de todos, era sinal de frouxidão moral e de promiscuidade sexual. Paulo diz que é como se rapasse a cabeça. Cabeça rapada significava que a mulher tinha sido submetida a humilhação pública por algum ato vergonhoso ou estava fazendo demonstração pública de independência e de recusa de submissão ao marido. A mensagem de Paulo era: demonstre respeito e submissão ao marido cobrindo a cabeça durante o culto público... Alguns não vêem nesses versículos um significado cultural transitório no cobrir/descobrir a cabeça. Insistem em dizer que, como Paulo se referia à ordem da criação (vs.7-9), suas diretrizes não devem ser restritas aos dias dele. Assim, as mulheres de todos os tempos devem usar no culto algum tipo de cobertura para a cabeça... Os crentes devem ter consciência de como suas ações refletem dentro da cultura deles, tendo em vista o tipo de comportamento considerado honroso... Nos cultos de adoração, Paulo e as igrejas em geral seguiam o costume comum de os homens usar cabelos curtos e as mulheres, cabelos compridos. Paulo baseava suas observações, sobretudo nos vs.13-16, no costume vigente na igreja"


F. Davidson M.A., D.D.:
"HOMENS E MULHERES NA CONGREGAÇÃO - SUAS DIFERENTES POSIÇÕES
Nesta seção Paulo dá instruções a respeito da conduta própria dos cristãos, homens e mulheres. Embora a primeira vista algumas de suas declarações sejam difíceis d compreender, todavia, se refletirmos na passagem, podemos ver a importância do seu ensino geral e sua necessidade hoje. Os costumes sociais que fornecem o fundo de cena para o pensamento dele são, naturalmente, diferentes dos nossos; mas os fatores envolvidos são os mesmo, a saber, modéstia, propriedade, ordem...Uma mulher rapar a cabeça, naqueles tempos, era sinal de vergonha ou desgraça, indicando que a tal era adúltera...Para nós é uma frase de sentido obscuro, mas provavelmente era bem compreendida pelos cristãos coríntios da época...Paulo reforça seu argumento apelando para o costume natural e o senso comum... Devemos pois traduzir seu conselho em termos aplicáveis aos costumes de hoje em dia, a fim de garantirem condições que, semelhantemente, produzam modéstia, propriedade e ordem".
Fonte: "O Novo Comentário da Bíblia" ed. Vida Nova; pg.1207-1208.


R. N. Champlin, Ph. D.:
Costumes humanos:
1. Entre os Egípcios:
Comntando sobre o assunto, Heródoto afirmou que os homens egípcios "só deixavam crescer o cabelo e a barba quando de luto, e que, em todas as ocasiões, raspavam-nos"... os sacerdotes egípcios raspavam todo o pêlo do corpo a cada três dias. Até a cabeça das crianças era raspada, sendo deixado cachos ao redor da mesma, como decoração. Entretanto, as mulheres egípcias nunca raspavam os cabelos, nem mesmo quando de luto...

2. Entre os Assírios e Babilônicos:
As esculturas e as gravuras que os arqueólogos têm achado mostram que os assírios e babilônicos usavam cabelos longos, homens e mulheres. Heródoto também diz que esses povos usavam cabelos longos...

3. Entre os Gregos e Romanos:
Desde os tempos mais remotos os gregos, tanto homens quanto mulheres, usavam seus cabelos longos, exceto quando se lamentavam pelos mortos, quando os cabelos aparados eram um sinal de luto... Os escravos com freqüência usavam cabelos curtos e um cidadão ateniense livre jamais haveria de imitar os escravos, usando cabelos curtos... Entre os romanos, havia paralelos desse costume. Os homens romanos, tal como os gregos, nos tempos antigos usavam cabelos longos. Ter cabelos curtos era identificar-se com os escravos, que os usavam curtos. Porém, por volta de 300 A.C., esse costume sofreu mutações, quando aparecem os primeiros barbeiros. na Sicília. Cipião teria sido o primeiro cidadão romano a barbear-se todos os dias... Por volta do século II D.C., o costume era cortar os cabelos bem curtos, segundo faziam os atletas e os filósofos estóicos. Se atentarmos ao que Paulo diz... é quase certo que tanto gregos quanto os romanos dos seus dias costumavam usar os cabelos curtos, no caso dos homens; pois, de outra sorte, suas declarações ali não fariam sentido...".

4. Entre os Hebreus:
... os jovens de ambos os sexos usavam longos cabelos soltos... Mas parece que outros hebreus, quando atingiam a idade da responsabilidade, talvez aos trinta anos, costumassem cortas seus cabelos. Naturalmente,temos o relato sobre Absalão, que continuou usando cabelos longos. E, se ele assim fazia, é razoável presumir que outros também o fizessem, mesmo que isso não fosse uma regra geral.

Na Igreja Cristã Primitiva:
... Comentei extensamente sobre a questão, no NTI, em diversos versículos daquele capítulo de I Co. Visto que o costume social da época ditava que as mulheres honestas deviam usar cabelos longos, somente as prostitutas, ou, talvez, as que se lamentassem por seus mortos, contradiziam a regra geral..."

Fonte: "Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia - Volume 1 - A-C"; ed. Hagnos; pg.577-578.


J. D. Douglas:
"... pelo tempo do NT, era vergonhoso para o homem ter cabelos compridos, embora Paulo tenha feito tal declaração para uma igreja na Grécia".
Fonte: "O Novo Dicionário da Bíblia -Edição em 1 volume"; ed, Vida Nova; pg.228.


Pré-conclusão:
Nós temos por tanto a opinião unânime de todos estes eruditos e comentaristas acerca desta questão dizendo que:

1. Era uma questão cultural da época. Pois, na história dos povos antigos, o uso de cabelos compridos por homens fez parte da cultura assíria, babilônica, grega e romana. Porém, naquele contexto em que Paulo escreveu sua carta aos Coríntios, não era mais este o uso comum no império romano.

2. As mulheres até ali faziam uso de cabelos compridos, e quando não, isto estava ligado à prostituição ou ao luto.

3. Todos os autores que mencionei, mencionam que a palavra “costume” que Paulo faz uso ao dizer que “a igreja não tem tal costume”, dizia respeito a estas questões culturais e não a interpretação sugeridam que
“o "costume" que Paulo ai se refere é o costume de ser "contencioso" e não o costume de ter cabelos compridos”. Nenhum deles apoia esta interpretação.

4. Naquele contexto, o uso de cabelos compridos pelos homens denotava homossexualismo. E, pelas mulheres, prostituição ou luto.

Uma última observação quanto a Absalão:
A Bíblia em nenhum momento fala que Absalão fez voto de Nazireu! No entanto, ele era cabeludo e a Bíblia não faz nenhuma crítica negativa quanto a isso. Pelo contrário, exalta sua beleza!

Estudar contexto histórico/cultural nos ajuda a não cair e nem mencionar coisas relativas como absolutas. Ajuda-nos a não cair no ridículo de agora sairmos pelas ruas chamando todo o homem cabeludo de homossexual e toda a mulher de cabelo curto de prostituta. Ajuda-nos a não sair por aí obrigando nossas esposas agora a fazer uso de burcas e véus num contexto histórico/cultural no qual estamos inseridos. Isto não tem nada de bíblico. Isto é ridículo. 

Nazireus não existem mais no contexto cristão. Nós cristãos não fazemos mais uso deste tipo de voto desde que Cristo fundamentou a Igreja.

Obs: O cabelo de Absalão pesava duzentos siclos = 2 Kg e 400 gramas de peso.


O problema quanto a tradução da palavra Philis por “Natureza”
1. Porque a natureza não ensina que é vergonhoso para o homem ter cabelo comprido. Pois, natureza por si só não ensina ética com relação ao que é vergonhoso ou não. Quem determina o que é vergonhoso nesse caso é o homem (o qual faz parte também do que chamamos “natureza”). Mas, a natureza por si só não ensina que é vergonhoso para o homem ter cabelo comprido.

2. A natureza ensina que é natural para o homem ter cabelo comprido. Pois, o cabelo do homem cresce naturalmente assim como o da mulher. Para que o cabelo do homem não cresça de modo natural, o homem deve intervir na natureza cortando-o. Caso contrário, o cabelo do homem (salvo os calvos) crescerá de modo natural conforme a natureza determina.


3. Foi Deus que ao criar o homem determinou que o cabelo dele naturalmente crescesse como o da mulher. Dizer, por tanto, de modo isolado, que é vergonhoso, é o mesmo que dizer que Deus projetou naturalmente no homem algo que seria para sua própria desonra.

Quando Paulo diz “olhe para a natureza”, isto significa o quê? Olhar para as árvores? Olhar para os pássaros? Olhar para os rios? Árvore, rios, e animais não nos ensinam nada acerca de ser vergonhoso para o homem ter cabelo comprido.

Vamos ao Dicionário Internacional de Teologia do NT:
Physis é uma palavra que pertence ao mundo grego das ideias. Atestada desde Homero, tornou-se um conceito-chave entre os filósofos pré-socráticos na sua consideração da natureza do mundo, bem como entre os sofistas na questão da fundamentação e base da lei.O substantivo physis vem do vb. Phyo, “crescer”, que é atestado já nos tempos do grego miceneano. Sua raiz se liga com o latim fu e com o alemão bauen “edificar”. A raiz phy indicava “existência” ou “presença”... Physis pode significar:

1. Fonte, começo, origem, descendência, e também a linhagem de adultos ou de crianças. Aristóteles a considera a substância primeva, composta dos elementos.

2. Condição natural, qualidade natural, estado natural, forma e aparência externas, timbre, caráter, mentalidade patriótica. Os sexos, os órgãos sexuais e as suas características, natureza moral comum. Pode ser usada também não apenas para a “física” corpórea dos indivíduos, como também para as instituições e constituições dos estados.

3. Criação, o mundo da natureza, as criaturas. Como também os “gêneros” e ”espécies” dentro da natureza.

4. O poder criador eficaz, o “encanto” que causa o aparecimento das plantas, e o crescimento dos cabelos. Poder. Esta natureza é dotada de razão e determinada pela sua finalidade; nada produz sem propósito ou em vão...

5. Também representa a ordem regular da natureza. A unidade que se formula na lei se contrasta com aquilo que se realizou ou cresceu na natureza...

Observem que Physis é algo tão amplo, que esta palavra quando traduzida para o português fica presa ao reducionismo que a língua portuguesa lhe propõe. Pois, physis, pode significar apenas:
forma e aparência externas, os sexos, natureza moral comum, a “física” corpórea dos indivíduos, as instituições e constituições dos estados, o crescimento dos cabelos.

Vamos substituir estas possibilidades no lugar da palavra “natureza”, que neste caso é reducionista e não trás as outras possibilidades que o grego dá:

Ou não vos ensina a mesma forma e aparência externa (natureza) que é desonra para o varão ter cabelo crescido?

Ou não vos ensina os sexos (a mesma natureza) que é desonra para o varão ter cabelo crescido?

Ou não vos ensina a natureza moral comum (mesma natureza) que é desonra para o varão ter cabelo crescido? 

Ou não vos ensina o crescimento dos cabelos (a mesma natureza) que é desonra para o varão ter cabelo crescido?

Finalizando:
1. Physis, no contexto tem muito mais a ver com questões sócio-culturais, Quando Paulo se refere a Physis ensinar algo, isto denotava o senso comum da época e os fatores culturais que estavam envolvidos.

2. Gregos, Romanos, Assírios e Babilônicos usavam cabelos compridos. E mesmo os hebreus tinham na sua própria lei, o voto dos nazireus. Estes homens eram homens que eram consagrados à Deus e um dos ritos de sua devoção incluía não cortarem seus cabelos. O mais famoso deles foi Sansão. Um homem cabeludo que foi um instrumento poderoso nas mãos de Deus para trazer juízo as nações inimigas de Israel. Coincidentemente, ele perdeu sua força quando teve seus cabelos cortados.

3. No contexto histórico-cultural em que Paulo disse o que disse, cabelos compridos denotavam homossexualismo. Nos séculos anteriores a Paulo e nos séculos posteriores, isto não era uma regra geral. Uma minoria de homossexuais são travestis.

4. É opinião unânime dos comentaristas que se trata de uma questão cultural e não absoluta na doutrina cristã.

5. Temos o exemplo de Absalão, um homem exaltado pela sua beleza. Entre elas, o fato de seus cabelos crescerem de modo descomunal.

6. A natureza não ensina que é vergonhoso para o homem ter cabelo comprido. Pois, natureza (animais, plantas, etc) por si só não ensina ética com relação ao que é vergonhoso ou não. Quem determina o que é vergonhoso nesse caso é o homem (o qual faz parte também do que chamamos “natureza”). Mas, a natureza por si só não ensina que é vergonhoso para o homem ter cabelo comprido.

7. A natureza ensina que é natural para o homem ter cabelo comprido. Pois, o cabelo do homem cresce naturalmente assim como o da mulher. Para que o cabelo do homem não cresça de modo natural, o homem deve intervir na natureza cortando-o. Caso contrário, o cabelo do homem (salvo os carecas) crescerá de modo natural conforme a natureza determina.

8. Foi Deus que ao criar o homem determinou que o cabelo dele naturalmente crescesse como o da mulher. Dizer, por tanto, de modo isolado, que é vergonhoso, é o mesmo que dizer que Deus projetou naturalmente no homem algo que seria para sua própria desonra. Portanto, não existe nenhum exemplo prático na natureza que indique que é vergonhoso para o homem ter cabelo comprido.

9. Quando Paulo se refere a natureza ensinar algo, isto denotava o senso comum da época e os fatores culturais que estavam envolvidos.

10. Nos dias de hoje somente extremistas e algumas seitas, entre elas a Congregação Cristã do Brasil fazem uso deste costume.


E não nos esqueçamos de que este texto aplicado numa cultura como a nossa, serve muito mais de escândalo do que o contrário. Pois, é escandaloso para os dias atuais vc obrigar numa cultura brasileira, mulheres brasileiras usarem véus e ficarem caladas. Vc sair por aí dizendo que todo o cabeludo é homossexual ou afeminado; ou ainda, que mulheres de cabelo curto são prostitutas.

Pipe

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