Andando como um egípcio
James
Patrick Holding
De
todos os candidatos à cópias pagãs, estes sãos os dois últimos – com exceção de
Buda – que parecem representar maior ameaça. Afinal de contas o Egito não está
longe da Palestina, e os judeus moraram no Egito; logo, não é teoricamente
improvável que eles pudessem roubar uma ideia para inventar um Jesus
a partir deste lugar. Mas será que eles fizeram isso? Este campo está
cheio de alegações, mas como sempre há muitos exageros envolvendo a questão.
Existe uma grande quantidade de termos Cristãos utilizados indevidamente para
descrever eventos egípcios (nem todos são usados com más intenções) e uma
grande quantidade de fontes não citadas que possam comprovar alegações
absurdas. Sendo este o caso, novamente anunciamos aqui que, por um tempo, este
será nosso último artigo sobre cópias de deuses pagãos até que alguém no grupo
de Acharya, S / Freke e Gandy dê um passo à frente e forneça uma melhor
documentação sobre os boatos dos séculos 18 e 19.
Vejamos
então algumas destas assertivas. Por questão de conveniência vou unir as
alegações sobre Hórus e Osíris. Estas são as declarações contidas no livro The
Christ Conspiracy de autoria de Archarya S. [pgs 114-116];
curiosamente Freke e Gandy não acrescentam nada de novo, na verdade apenas
complementam algumas destas.
● Osíris
- Possuia mais de 200 nomes
divinos, incluindo Rei dos Reis, Senhor dos Senhores, Deus dos Deuses, a
Ressurreição e a Vida, Bom Pastor, Pai da Eternidade, o deus que “fez
homens e mulheres nascerem de novo.”
- Sua chegada ao mundo foi
anunciada por três Reis Magos: as três estrelas Mintaka, Anilam, e Alnitak
no cinturão de Órion, que apontam diretamente para a estrela de Osíris ao
leste, Sírius, indicando seu nascimento.
- Ele foi uma hóstia
simbólica. Seu corpo foi comido numa cerimonia religiosa sob a forma de
bolos de trigo, a “planta da Verdade ‘.
- Salmos 23 é uma cópia de um
texto egípcio apelando para Osíris o Bom Pastor que conduz o cansado rumo
aos “pastos verdejantes” e às “águas tranquilas’ das terras de
nefer-nefer, a fim de restabelecer a alma e o corpo e, para dar proteção
no vale da sombra da morte…
- A oração do Pai Nosso foi
prefigurada por um hino egípcio à Osiris do início ao fim, “Ó Amém, ó
Amém, que estais no céu.” Amém era também citado no final de cada oração.
- Os ensinamentos de Jesus e
Osíris são maravilhosamente semelhantes. Muitas passagens são
idênticamente as mesmas, palavra por palavra.
- Tal como o Senhor da vinha,
um grande mestre viajante que civilizou o mundo. Soberano e juiz dos
mortos.
- Em sua paixão, Osíris foi
alvo de uma conspiração e mais tarde assassinado por Set e “os 72.”
- A ressureição de Osíris
serviu para dar esperança à todos que também desejam a vida eterna.
● Hórus
- Nascido da virgem Ísis-Meri
em 25 de dezembro numa caverna/manjedoura, com seu nascimento tendo sido
anunciado por uma estrela no Oriente e, visitado por três Reis Magos.
- Seu pai terreno chamava-se
“Seb” (“José”).
- Ele era descendente de uma
linhagem real.
- Aos 12 anos de idade foi uma
criança que ensinou no templo e, aos 30 foi batizado, após ter
desaparecido por 18 anos.
- Foi batizado no rio Eridanus
ou Iaurutana (Jordâo) por “Anup o Batizador” (João Batista), que foi
decapitado.
- Ele teve 12 discípulos, dois
dos quais foram suas “testemunhas” e eram chamados “Anup” e “AAn” (os dois
“Joãos”).
- Ele realizou milagres,
expulsou demônios e ressucitou El-Azarus ( “El-Osíris”) dos mortos.
- Hórus andou sobre as águas.
- Seu cognome pessoal era
“Iusa” o “Filho eterno desejado” de “Ptah”, o “Pai”. Ele era chamado de
“Divino Filho”.
- Ele pregou um “Sermão da
Montanha”, e seus seguidores recitaram as “parábolas de Iusa.”
- Hórus foi transfigurado no
monte.
- Ele foi crucificado entre
dois ladrões, sepultado por três dias em um túmulo e, em seguida
ressuscitado.
- Títulos: O Caminho; a
Verdade; a Luz; Messias; Ungido Filho de Deus; Filho do homem; Bom Pastor;
Cordeiro de Deus; Verbo feito carne; Palavra da Verdade.
- Ele foi “o Pescador” e era
associado com o Peixe ( “Ichthus”), o Cordeiro e o Leão.
- Ele veio para cumprir a lei.
- Era chamado de “o KRST” ou
“Ungido”.
- Ele deveria reinar por mil
anos.
Essa
é uma lista e tanto, mas vamos simplificá-la para começar: Uma boa quantidade
dessas alegações – no mínimo a metade – pelo que tenho visto até agora são
falsificações. Não há sequer um fragmento de evidência para muitas dessas
reivindicações em qualquer livro de religião egípcia que tenho consultado até
agora. Portanto, como Clara Peller costumava dizer, Cadê o bife?
Onde está a literatura original egípcia que apoia estas alegações? caros
defensores dos mitos: não desejamos ouvir de Gerald Massey ou Godfrey Higgins;
“queremos as citações originais dos registros egípcios.” Se eu mesmo não recebi
isso de nenhum de vocês durante um ano (e eu sei que eles checaram este site,
porque eu ouvi deles), vou fazer então de conta que não é possível obter
resposta alguma e voltar a mais projetos de cópias. Em alguns casos abaixo,
iremos recorrer ao artigo de Glenn Miller sobre cópias pagãs onde ele fez
algumas investigações prévias.
Por
conveniência começo reproduzindo um “pequeno esboço da vida de Hórus” “contido na Enciclopédia
das Religiões sugerida por Miller, na qual também são estabelecidas as
bases para Osíris:
“No
antigo Egito, haviam vários deuses inicialmente conhecidos pelo nome de Hórus,
porém o mais conhecido e mais importante desde o início do período histórico
foi o filho de Osíris e Ísis, que era associado com o rei do Egito. De acordo
com a lenda, Osíris , que assumiu o domínio da terra logo após sua criação, foi
morto por seu irmão ciumento, Seth. A irmã-esposa de Osíris, Ísis, que recolheu
os pedaços de seu marido mutilado e o ressucitou, também concebeu seu filho e
vigador, Hórus. Hórus lutou com Seth, e, apesar da perda de um olho na batalha,
teve sucesso ao conseguir vingar a morte de seu pai tornando-se seu legítimo
sucessor. Osíris então tornou-se rei dos mortos e Hórus o rei dos vivos, esta
troca era renovada a cada mudança de governo terreno. O mito da realeza divina
provavelmente elevou a posição dos deuses tanto quanto elevou a do rei. Na
quarta dinastia, o rei, o deus vivo, provavelmente também era um dos maiores
deuses, mas por volta da quinta dinastia a supremacia do culto à Rá, o deus
sol, era aceito até mesmo pelos reis. O rei Hórus era agora também “filho de
Rá.” Isto só se tornou possível mitologicamente, ao personificação toda a genealogia
antiga de Hórus (o ennead – grupo de nove deuses egípcios – Heliopolitano) como
se fosse a deusa Hathor, “casa de Hórus”, que também era esposa de Rá e mãe de
Hórus.
“Hórus
era frequentemente representado como um falcão, e uma pintura dele o mostra como
um grande deus do firmamento cujas asas estendidas enchem os céus; seu olho
saudável era o sol e seu olho ferido a lua. Outra pintura dele, particularmente
popular no Último Período, era a de uma criança humana mamando no peito de sua
mãe, Ísis. Os dois principais centros de adoração ao culto de Hórus
localizavam-se em Bekhdet no norte, onde hoje muito pouco ainda resta , e em
Idfu no sul, no qual existe um grande e bem preservado templo datado do período
ptolomaico. Os mais antigos mitos envolvendo a história de Hórus, bem como os
rituais lá realizados, estão registrados em Idfu.”
Osíris
- Possuia
mais de 200 nomes divinos, incluindo Rei dos Reis, Senhor dos Senhores,
Deus dos Deuses, a Ressurreição e a Vida, Bom Pastor, Pai da Eternidade,
o deus que “fez homens e mulheres nascerem de novo.” Os títulos que tenho encontrado atribuídos à Osíris são
[Fraz.AAO] Senhor de tudo, o Bom Ser (o título mais comum), Senhor do
Mundo dos Mortos, Senhor/Rei da Eternidade, Soberano dos Mortos,
[Griff.OO] Senhor do Ocidente, O Majestoso, [Bud.ERR, 26] “, aquele que
se assenta”, o Progenitor, o Carneiro, [Bud.ERR, 79] “grande Palavra”
(como em, “a palavra do que virá a ser e que não é ” – um reflexo da
antiga noção do poder criativo da expressão de uma palavra, encontrada
também no grego Logos),”Líder dos Espíritos “; [Short.EG, 37] regente da
eternidade, [Meek.DL , 31] “deus vivo”, “Deus acima dos deuses”. Todos
estes ou são títulos gerais que seriam de se esperar que fossem
atribuídos a qualquer divindade em posição de liderança, ou no mínimo
estão relacionados ao domínio dos deuses sobre o mundo dos mortos. Nenhum
dos títulos citados se aproxima ou especificamente assemelhasse com os
que foram atribuídos a Jesus.
- Sua chegada ao mundo foi
anunciada por três Reis Magos: as três estrelas Mintaka, Anilam, e Alnitak
no cinturão de Órion, que apontam diretamente para a estrela de Osíris ao
ocidente, Sírius, indicando seu nascimento. Freke e Gandy somente repetem a última parte sobre a estrela.
Porém, embora alguns estudiosos relacionem Osíris com Órion, eles por sua
vez, nada sabem sobre reis magos ou uma estrela no ocidente.
- Ele foi uma hóstia
simbólica. Seu corpo foi comido numa cerimonia religiosa sob a forma de
bolos de trigo, a “planta da Verdade ”. Isso
não é algo que alguém na literatura acadêmica tenha relatado.
- Salmos 23 é uma cópia de um
texto egípcio apelando para Osíris, o Bom Pastor, que conduz o cansado
rumo aos “pastos verdejantes” e às “águas tranquilas’ das terras de
nefer-nefer, a fim de restabelecer a alma e o corpo e, para dar proteção
no vale da sombra da morte… Se
isto é verdade, nenhum comentarista na religião egípcia ou do Antigo
Testamento sabe disso. Provavelmente Osíris fosse conhecido como um pastor
e, de fato tal imagem era popular no ANE, mas ainda não vi esse
termo sendo aplicado a ele por ninguém, a não ser pelos defensores dos
mitos.
- A oração do Pai Nosso foi
prefigurada por um hino egípcio à Osiris do início ao fim, “Ó Amém, ó
Amém, que estais no céu.” Amém também era citado no final de cada oração. Neste caso, nós e os especialistas em religião egípcia,
queremos saber onde esta oração está registrada. O hebraico “Amém” nunca é
usado como uma saudação e quer dizer “que assim seja”, o que significa que
não é algo “invocado” como é uma divindade. Além disso, vemos aqui uma
ligação etimológica baseada nas línguas originais e, não na
compatibilidade das letras em Inglês.
- Os ensinamentos de Jesus e
Osíris são maravilhosamente semelhantes. Muitas passagens são
idênticamente as mesmas, palavra por palavra. Se é assim, alguém, com exceção da fonte de Archarya, James
Churchward, precisa colocá-las lado a lado, e provar isso. Os estudiosos
religiosos egípcios não parecem estar cientes dessas palavras.
- Tal como o Senhor da vinha,
foi um grande mestre viajante que civilizou o mundo. Soberano e juiz dos
mortos. Isso é um tanto não específico. Frazer
relatou [Fraz.AAO, vii, 7] que Osíris ensinava o cultivo de uvas e
agricultura, estabeleceu as leis Egípcias, ensinou-lhes como prestar culto
e, viajou pelo mundo ensinando essas coisas. Mas esta também é a alegação
feita sobre Dionísio, e temos respondido esta questão dentro deste artigo. Não que isso
tenha importância, já que parece que somente Frazer e mais tarde Freke e
Gandy conceberam a idéia de que as duas divindades estão ligadas.
Literaturas escritas por estudiosos da religião egípcia não os consideram
as mesmas figuras, embora alguns correlacionem Osíris e Órion e, Budge
tenha observado as viagens, mas não veja qualquer relação entre Osiris e
Dionísio [Bud.ERR, 9]. Em todo caso, em nenhum lugar Osíris é chamado de
“Senhor da vinha”. Ele é o governante e juiz dos mortos, mas isso não
descreve Jesus, que simboliza um Deus que não é Deus dos mortos, “mas dos
vivos.” No máximo Osíris representa o que pode se esperar de qualquer
divindade suprema: domínio e julgamento.
- Em sua paixão, Osíris foi
alvo de uma conspiração e mais tarde assassinado por Set e “os 72″. Esta é uma combinação de falsificação terminológica,
meia-verdade, e irrelevância. Não houve uma “paixão” – no referido
incidente, de fato houve um complô executado por Set contra Osíris. Houve
uma grande festa, em que um caixão foi trazido por Set, ele então
incentivou a todos, incluindo os 72 participantes do complô e uma rainha
da Etiópia, a deitarem-se nele para verificar as medidas. Finalmente
chegou a vez de Osíris, ele foi convencido a deitar no caixão. No momento
em que Osíris entrou, Set fechou e pregou o caixão e, o lançou no rio;
Osíris morreu sufocado. Observe que os 72 aqui são inimigos de Osíris e
não seus discípulos: apenas este número – um múltiplo de 12, um número que
ainda valorizamos hoje quando compramos ovos e rosquinhas – é um ponto em
comum (e isso somente em algumas passagens de Lucas 10; outros colocam o
número em 70, talvez por representar o número de nações Gentias, de acordo
com os judeus). Eles não fazem nada que possa ser considerado como o que
os discípulos de Jesus fizeram. Conforme consta na narrativa, Ísis, a
esposa de Osíris passou a procurar o caixão. Ela o encontra na Síria, onde
ele havia sido incorporado à coluna de uma casa. Ela pranteou tão alto que
algumas crianças na casa morreram do susto. Mais tarde, ela o levou para
fora, abriu a tampa, então ficou procurando por Hórus. Nesse meio tempo
Set encontrou o caixão e dilacerou o corpo de Hórus em 14 pedaços,
espalhando-os por todos os lugares. Como resultado, Ísis passou a buscar
os pedaços e os enterrava a medida que achava um a um. Uma história
alternativa mostra Ísis, Anúbis, e Rá unindo novamente as partes do corpo,
envonvendo-o com faixas, e revivendo seu corpo – para o propósito
relacionado abaixo.
- A
ressureição de Osíris serviu para dar esperança à todos que também desejam
a vida eterna. Aqui encontramos alguns dos maiores usos
indevidos da terminologia, incluídos por alguns estudiosos da religião
egípcia (os quais não apoiam uma relação com a teoria da cópia pagã!).
Osíris ressuscitado? Não se a “ressurreição” for definida como o retorno
em um corpo glorificado. Sobre este assunto Miller fez um trabalho
fenomenal ao citar as palavras de J. Z. Smith, sendo assim, vou deixá-los
que expliquem melhor:
“Osíris foi morto e seu corpo
mutilado e espalhado. Os pedaços do corpo foram recuperados e unidos novamente,
e a divindade foi rejuvenescida. Entretanto, ele não voltou ao seu antigo modo
de vida, ao invés disso viajou pelo mundo subterrâneo, onde se tornou o
poderoso senhor dos mortos. De modo algum pode ser dito que Osíris
“ressuscitou” no sentido exigido por um padrão de morte e ressurreição (como
descrito por Frazer e outros autores.); é quase certo que sua morte nunca foi
considerada como um evento anual.”
“De maneira alguma o dramático mito
de sua morte e reanimação pode ser conciliado com o modelo dos deuses mortos e
ressucitados (como descrito por Frazer e outros).”
“A fórmula repetida ‘Levante-se, você
não morreu”, quer seja aplicada à Osíris ou à um cidadão do Egito, sinalizava
uma vida nova e permanente no reino dos mortos.”
O autor Frankfort concorda:
“Na verdade, de modo algum Osíris foi
um deus ‘agonizante’, e sim um deus ‘morto’. Ele nunca retornou entre os vivos;
ele não foi libertado do mundo dos mortos, como foi Tammuz. Pelo contrário, no
geral Osíris pertencia ao mundo dos mortos, era a partir de lá que ele concedia
suas bênçãos sobre o Egito. Ele sempre foi retratado como uma múmia, um rei
morto”. [Kingship and the gods: a study of ancient Near Eastern religion as the
integration of society & nature. UChicago:1978 edition, p.289]
Talvez a única divindade pagã, para a
qual existe uma ressurreição é o egípcio Osíris. Um exame mais atento desta
história mostra que ela é muito diferente da ressurreição de Cristo. Osíris não
ressucitou dentre os mortos, ele governava na morada dos mortos. Como escreveu
o estudioso bíblico, Roland de Vaux: “O que se entende por Osíris sendo trazido
de volta a vida?” Simplesmente que, graças à ajuda de Ísis, ele é capaz de
viver uma vida além do túmulo, o qual é uma réplica quase perfeita da
existência terrena. Porém ele nunca voltará novamente entre os vivos e somente
irá reinar sobre os mortos.… Este deus ressucitado é na realidade um deus
“múmia”… Não, o Osíris mumificado dificilmente serviu de inspiração para o
Cristo ressuscitado… Conforme observa Yamauchi, “Os homens comuns aspiravam a
identificação com Osíris como aquele que triunfou sobre a morte.” Mas é um erro
comparar a visão egípcia da vida após a morte com a doutrina bíblica da
ressurreição. Para alcançar a imortalidade o egípcio tinha que satisfazer três
condições: Primeiro, seu corpo tinha de ser preservado por meio da mumificação.
Segundo, a alimentação era fornecida pela própria oferta de pão e cerveja.
Terceiro, feitiços mágicos eram sepultados com ele. Seu corpo não ressurgia dos
mortos; ao invés disso elementos de sua personalidade – seu Ba e Ka –
continuavam a pairar sobre seu corpo. [[“The Resurrection of Jesus Christ:
Myth, Hoax, or History?” David J. MacLeod, in The Emmaus Journal, V7 #2, Winter
98, p169
Frazer
[Fraz.AAO, viii] escreveu que cada homem morto recebia o nome de Osíris por
cima do próprio nome, a fim de ser identificado com a divindade.
Portanto,
sob nenhum aspecto a “ressurreição” de Osíris representa uma ressurreição de
fato – e na prática, era uma espécie de resultado da forma como os deuses egípcios
eram, digamos, metade Frankenstein, metade brinquedos de montagem. Existem de
fato muitas histórias de deuses egípcios espalhando várias partes do corpo ao
redor, para não prejudicar o conjunto, pois “pensava-se que corpos divinos eram
imúnes às substituições” [Meek.DL, 57] neste caso, o corpo morto de Osíris não
apodreceu e nem se decompôs como se esperava para que fosse montado novamente
em conjunto. Foi assim com todos estes deuses egípcios: Seth e Hórus têm uma
luta em que atiram excrementos um no outro, em seguida cada um rouba os órgãos
genitais do outro [Bud.ERR, 64]. O olho de Hórus é roubado por Set, porém Hórus
o toma de volta e o entrega à Osíris, que o devora [ibid., 88]. Hórus teve uma
dor de cabeça, e outra divindade se ofereceu para emprestar a própria cabeça
para ele até que sua aflição desapareçesse [Meek.DL, 57]. Osíris pagou um preço
por ter morrido mutilado, já que ele foi limitado ao mundo dos mortos [e de
forma notória alienado como consequência do que se passou “acima da superfície”
– Meek.DL, 88-9], mas isto somente porque ele na realidade havia morrido uma
vez antes, quando seu pai o matou acidentalmente [ibid., 80].
Hórus
Agora
chegamos ao assunto Hórus. Muitos têm algum comentário de Miller, portanto
vamos citá-los e fazer acréscimos conforme a necessidade.
· Nascido da virgem Ísis-Meri em 25 de dezembro numa
caverna/manjedoura com seu nascimento sendo anunciado por uma estrela no
Oriente e visitado por três Reis Magos. A
literatura confirma aquilo que Miller sugere, e eu também vi a imagem a que ele
se refere abaixo. Não encontrei nenhuma referência à uma caverna/manjedoura –
Frazer [Fraz.AAO, 8], afirma que Hórus nasceu num pântano, e não sabe nada
acerca de uma estrela ou sobre o número de Reis Magos.
…Hórus certamente NÃO nasceu de uma
virgem. Na verdade, um antigo relevo egípcio retrata essa concepção, ao mostrar
sua mãe Ísis na forma de um falcão, pairando sobre o pênis ereto de um Osíris
prostrado e morto no Mundo dos mortos (EOR, sv.. “Phallus”). E a questão do 25
de Dezembro não é importante para nós – em lugar nenhum do Novo Testamento esta
data é associada ao nascimento de Jesus.
Na realidade, a descrição da
concepção de Hórus irá mostrar exatamente os elementos sexuais que caracterizam
“nascimentos milagrosos” pagãos, como observado anteriormente por estudiosos:
“Mas depois dela [isto é, Ísis] tê-lo
trazido [isto é, o corpo de Osíris] de volta ao Egito, Seth conseguiu se
apossar do corpo de Osíris novamente e o despedaçou em catorze partes, as quais
ele espalhou por toda a terra do Egito. Ísis então saiu uma segunda vez em
busca do corpo de Osíris e enterrou cada parte no lugar em que ela encontrava
(por isso o grande número de túmulos de Osíris existentes no Egito). A única
parte que ela não encontrou foi o pênis do deus, pois Seth o havia jogado no
rio, onde o membro foi comido por um peixe; Ísis, então moldou um pênis
artificial para colocar no lugar do que havia sido cortado. Ela também teve
relações sexuais com Osíris após a morte dele, o que resultou na concepção e
nascimento de seu filho póstumo, Harpocrates, Hórus o Filho. Osíris tornou-se
rei do mundo dos mortos e, Hórus começou a lutar com Seth…” [CANE: 2:1702;
grifo meu] [A PROPÓSITO, a palavra hebraica ‘Satanás’ de qualquer maneira não é
um ‘cognato’ do nome “seth”: “A raiz *STN não aparece em nenhum jargão de
cognatos em textos que sejam anteriores ou contemporâneos às suas ocorrências
na Bíblia hebraica “DDD, sv 1369f]
A
única referência que tenho encontrado sobre o nascimento de Hórus é que ele
nasceu no dia 31 do mês de Khoiak Egípcio – os estudiosos e defensores dos
mitos pagãos têm uma chance em 365 de que isto combine com 25 de dezembro!
Archarya acrescenta, usando Massey como uma provável fonte, a alegação de que
nas paredes do Templo em Luxor existe uma cena mostrando a “Anunciação,
Imaculada Conceição, Nascimento e Adoração de Hórus, com Thoth anunciando à
Virgem Ísis que ela irá dar à luz; com Kenph, o “Espírito Santo”, engravidando
a virgem “, concluindo com a visita dos três Reis Magos. Por alguma razão nem
Archarya nem Massey fornecem um nome ou número para este relevo, ou um local
mais específico do que o Templo em Luxor, que é um lugar bastante grande e
inacessível para a maioria dos leitores dela. Quando pressionada em seu website
por um leitor que investigava o assunto, Archarya fez um jogo de palavras – “Isis
é a constelação de Virgo a Virgem, assim como a Lua, que se torna uma “virgem” durante
o período de Lua Nova. O deus sol – neste caso, Hórus – é nascido desta deusa virgem”.
– E devemos concluir, segundo ela, que isso alude à um documento do 6º século
dC! Em momento algum apresenta-se uma confirmação para a ligação Ísis-Virgem;
seria o mesmo que dizer “Ísis é Gomer, a prostituta“. Se tal relevo
existe de fato, é apenas aquilo que Archarya pensa ser através da interpretação
de Massey. (Recentemente um escritor enviou esta descrição de um site egípcio
de viagens:
“Acreditava-se que a Realeza fora decretada pelos deuses no início dos tempos de acordo com ma’at, o reinado bem organizado de verdade, justiça, e ordem cósmica. O rei soberano era também o filho físico do deus sol criador. Esta concepção divina e nascimento foi registrada nas paredes do Templo em Luxor, em Deir el-Bahri, e em outros templos reais por todo o Egito. O rei era também uma encarnação do Dinástico deus Hórus, e quando morto, foi identificado com Osíris, o pai de Hórus. Este rei vivo era portanto uma única entidade, a encarnação viva da divindade, escolhido divinamente como um mediador, que poderia atuar como um sacerdote em favor de toda a nação, recitando orações, oferecendo sacrifícios… Um átrio cercado por colunas do rei Akenatom III está unido ao interior de uma sala imponente com teto plano apoiada sobre várias fileiras de colunas, o qual é o primeiro aposento interno originalmente coberto e fazia parte do templo. Isto conduz à uma sucessão de antecâmaras com salas auxiliares. O quarto do nascimento a leste da segunda antecâmara é decorado com relevos que retratam o nascimento simbólico divino de Akenatom III, resultante da união de sua mãe Mutemwiya e o deus Amun. O santuário inclui um edifício à parte adicionado por Alexandre o Grande dentro da câmara maior criada por Akenatom III. Relevos bem preservados mostram o santuário transportável de Amun e outras cenas do rei, na presença dos deuses. O santuário de Akenatom III é o último aposento sobre o eixo central do templo.“
Este
relato é significativamente desprovido de uma concepção ou nascimento virginal,
de Reis Magos, ou de um Espírito Santo. Você pode até insistir numa adoração
que não existe aqui, mas seja como for, quem é que não adora um recém-nascido?
Agora, dê uma olhada no trunfo fornecido por um cético irritado com a tese de
Archarya)
- Seu pai terreno chamava-se
“Seb” (“José”). Na verdade Seb era o deus-terra e não o
“pai terreno”, mas ao invés da própria terra (como Nut que simbolizava o
céu), ele era o pai de Osíris, não de Hórus “, embora um de meus
prestativos pesquisadores tenha me dito que existe uma versão na qual
Hórus era o filho de Seb. Cuidado, não caia no truque da etimologia: você
não pode concluir que “Seb” é “José” apenas colocando os nomes lado a
lado.
- Ele era descendente de uma
linhagem real. Obviamente verdade, e Hórus era
freqüentemente identificado com a vida de Faraó, mas isto é tão banal
quanto sem importância.
- Aos 12 anos de idade foi uma
criança que ensinou no templo, e aos 30 foi batizado, após ter
desaparecido por 18 anos.
- Foi batizado no rio Eridanus
ou Iaurutana (Jordão) por “Anup o Batizador” (João Batista), que foi
decapitado.
- Ele teve 12 discípulos, dois
dos quais foram suas “testemunhas” e eram chamados “Anup” e “AAn” (os dois
“Joãos”). Eruditos da religião egípcia não
conheçem nenhum desses. Quanto à esta última alegação Miller observa:
…Minha
pesquisa na literatura acadêmica não revela esta informação. Encontrei
referências à QUATRO “discípulos” – de diversas maneiras chamados de os
semi-divinos HERU-SHEMSU (“Seguidores de Hórus”) [GOE: 1,491]. Encontrei
referências à DEZESSEIS seguidores humanos (GOE: 1,196). E encontrei
referências à um grupo INCONTÁVEL de seguidores chamados mesniu / mesnitu
(“ferreiros”) que acompanhavam Hórus em algumas de suas batalhas [GOE: 1.475f;
embora estes possam ser identificados com os HERU-SHEMSU no texto GOE: 1,84].
Mas não consigo encontrar DOZE DISCÍPULOS em qualquer lugar… Hórus NÃO é o
deus-sol (este é Rá), portanto não podemos recorrer a afirmação de que “todos
os deuses solares têm doze discípulos – no Zodíaco” como é de costume.]
- Ele
realizou milagres, expulsou demônios e ressucitou El-Azarus ( “El-Osíris”)
dos mortos. Miller observa:
Hstórias
de milagres são abundantes, mesmo entre grupos religiosos que eventualmente não
poderiam ter exercido influência mútua, tais como grupos latino-americanos (por
exemplo os Astecas) e os Romanos, portanto esta “semelhança” não implica nenhum
significado. Não encontro em LUGAR ALGUM da literatura acadêmica referências a
esta ressurreição específica. Tenho examinado todas as formas do nome El-Azarus
sem êxito. O fato de que algo tão notável nem sequer é mencionado nas modernas
obras de Egiptologia indica seu status questionável. Simplesmente é algo que
não pode ser apresentado como prova sem que exista ALGUMA fundamentação
autêntica. O mais próximo disso que pude encontrar, está no papel que Hórus
desempenha em seu funeral oficial, no qual ele “apresenta” um recém-morto à
Osíris e à seu reino dos mortos. No Livro dos Mortos, por exemplo, Hórus
apresenta para Osíris o recém-morto Ani e, pede que Osíris o receba e tome
conta dele (GOE: 1,490).
- Hórus andou sobre as águas.
Não que eu tenha encontrado, na verdade ele foi jogado na água (veja abaixo).
- Seu cognome pessoal era
“Iusa” o “Filho eterno desejado” de “Ptah”, o “Pai”. Ele era chamado de
“Divino Filho”. Miller diz:
Este
fato também escapou à minha investigação. Examinei provavelmente 50 títulos das
diversas divindades de Hórus, e a maioria dos principais índices de referências
Egípcias padrão praticamente não contêm nada a respeito destas alegações.
Encontrei uma cidade chamada “Iusaas” [GOE: 1,85], uma divindade árabe
pré-islâmica também de nome “Iusaas”, cogitada por alguns como sendo igual ao
deus egípcio Tehuti / Thoth [GOE: 2,289], e uma equivalente fêminina denominada
“Iusaaset” [GOE: 1,354]. Mas nenhuma referência à Hórus como sendo “Iusa”… ]
- Ele pregou um “Sermão da
Montanha”, e seus seguidores recitaram as “parábolas de Iusa.”
- Hórus foi transfigurado no
monte.
- Ele foi crucificado entre
dois ladrões, sepultado por três dias em um túmulo e, em seguida
ressuscitado. Nenhuma destas três afirmações sequer
pode ser encontrada. Sobre a última Miller escreve:
Não
consigo SEQUER encontrar referências à Hórus morrendo, até que mais tarde ele
se torna “um” com Rá o deus Sol, após isso ele ‘morre’ e ‘renasce’ todos os
dias a medida que o sol nasce. E mesmo nesta “morte”, não há em lugar algum
nenhuma referência à um túmulo…
Encontrei
na obra de Budge uma hipótese de que Hórus havia morrido e
seus pedaços lançados nas águas, e que seus membros foram pescados por Sebek, o
deus crocodilo, a pedido de Ísis. Porém, na melhor das hipóteses, isso é uma
espécie de batismo engraçado (veja acima). Outra fonte regista uma história
onde Hórus é picado por uma serpente e revivido, o que ainda assim não é bem
uma semelhança.
- Títulos: O Caminho, a
Verdade, a Luz; Messias; Ungido Filho de Deus, Filho do homem; Bom Pastor;
Cordeiro de Deus; Verbo feito carne; Palavra da Verdade. Encontrei estes títulos: [Bud.ERR, 78] Grande Deus, Senhor dos
Poderes, Mestre do Céu, Vingador de Seu Pai (considerando-se que ele
derrotou Set, o qual havia “assassinado” Osíris). É provável que ele fosse
chamado apropriadamente de “Filho do Homem”, como o filho da realeza (veja aqui), mas
não tenho encontrado nenhuma evidência que confirme isso.
- Ele foi
“o Pescador” e era associado com o Peixe ( “Ichthus”), o Cordeiro e o
Leão.
- Ele
veio para cumprir a lei.
- Era
chamado de “o KRST” ou “Ungido”.
- Ele
deveria reinar por mil anos. Não
tenho achado nenhuma evidência para qualquer uma dessas quatro últimas
alegações.
Conclusão:
Até agora este artigo parece estar cheio de impostores, e está na hora daqueles
que defendem os mitos pagãos apoiarem-se mais do que em obras ameaçadoras de
terceiros como as Barbara Walkers e os Gerald Masseys da vida. Portanto, eu os
desafio agora a apresentar seus deuses – quer dizer, suas armas. Algum
desafiante? (Alguns destes também aparecem no site de Tom Harpur)
Se
quiser saber mais: Veja Mark McFall assumir a identidade do “Cético X” (o
ceticismo da própria Acharya S) sobre o tema da “ressurreição” de Osíris.
Fonte: http://2012profeciasconspiracoes.blogspot.com.br/2008/04/comparando-osris-hrus-e-jesus.html
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