terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Apócrifos 3: O Evangelho de Bartolomeu

Este apócrifo trata de uma conversa entre os apóstolos e o Senhor Jesus ressurreto sete dias antes de sua ascensão (3:3). Maria, mãe de Jesus, também estava presente.

O livro começa dizendo que Bartolomeu teve uma visão onde Jesus desapareceu da cruz por um determinado momento. É sobre este assunto que ele aborda Jesus perguntando onde Ele foi naquele entre-tempo.

Jesus então responde que foi até o Inferno resgatar Adão e os Patriarcas. Isto parece trazer um pouco de luz em cima do que I Pe 3 trata:
18 Pois também Cristo sofreu pelos pecados uma vez por todas, o justo pelos injustos, para conduzir-nos a Deus. Ele foi morto no corpo e, mas vivificado pelo Espírito,
19 no qual também foi e pregou aos espíritos em prisão
20 que há muito tempo desobedeceram, quando Deus esperava pacientemente nos dias de Noé, enquanto a arca era construída. Nela apenas algumas pessoas, a saber, oito, foram salvas por meio da água,

Outros apócrifos trarão esta versão disso. Por exemplo o Ev. de Nicodemos (Descida de Cristo ao Inferno).

Algo interessante neste livro, é que Jesus é chamado de forma claríssima de Deus. Isto se torna um problema para o cético que gosta de usar os Evangelhos perdidos como uma espécie de ameaça a ortodoxia. E neste caso, O Evangelho de Batolomeu é o terceiro apócrifo citado por mim que apóia o que Nicéia oficializou: Jesus é Deus! O livro está cheio de afirmações da divindade de Jesus (1:5, 11, 12, 14, 18, 29; 4:9).

Diz também que o nome de Satanás é Belial. Os apóstolos pediram a Jesus que o mostrasse a eles. E quando Belial foi trazido, 6.064 anjos o trouxeram acorrentado. O tamanho dele era de 1600 côvados e tinha a aparência de um Dragão. Diz também que antes tinha um título de Satanael (Mensageiro de Deus), e foi mudado para Satanás (Guardião do Tártaro).

Diz que Belial foi o primeiro anjo criado, depois Miguel, Gabriel, Rafael, Uriel, Natanel, e mais seis mil anjos. Antes dele, porém foram criados mais dois anjos diante do Trono. Diz que depois destes foram criados mais centenas de miríades de anjos que sub-existem nos Sete Céus. Fala também das potestades que exercem atividade sobre os homens.

Outras curiosidades do livro:
01. 6 mil anos depois de sua ascensão é o tempo que Enoque voltará a terra. (1:16)
02. Elias descerá no fim do mundo. (1:16)
03. Jesus prende o diabo e leva os patriarcas com Ele. (1:19)

Em fim, especulando que se trate de um "episódio verídico", o livro não contém um único ensino que contradiga necessariamente a ortodoxia. Pelo contrário, se trata de mais um documento que vem apoiar ainda mais as doutrinas ortodoxas da igreja. Entre elas, a Divindade de Jesus.

É óbvio, porém, que ele nos traz questões novas onde os livros canônicos não falam de maneira clara. Uma delas é o texto de I Pedro onde Jesus foi e pregou aos espíritos em prisão. Não estou com isto dizendo que se trate de um fato, como já disse, "especulando que se trate de um episódio verídico". Mas, não encontrei neste livro nada que ameace a ortodoxia da Igreja.


Pipe

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