GUILHERME STEIN JÚNIOR E A ORIGEM COMUM DAS LÍNGUAS
E DAS RELIGIÕES
Verdadeiramente, devemos cavar fundo para descobrir
"as coisas grandes e ocultas" que desconhecemos!
O exemplo de Luiz Caldas Tibiriçá teve precedente
bastante semelhante em Guilherme Stein Jr., pesquisador autodidata que dedicou
grande parte de sua vida para o estudo da origem comum das línguas e das
religiões. A Sociedade Criacionista Brasileira imprimiu um fascículo sobre os
livros de sua autoria já publicados, e em vias de publicação, que constituem um
valioso acervo para os estudiosos de lingüística comparada.
O mencionado fascículo, intitulado "Um Tronco
Comum para os Idiomas?", apresenta uma visão geral da concepção de
Guilherme Stein Jr. relativamente à problemática da origem comum das línguas,
baseada na análise de concepções religiosas que também apontam para uma origem
comum das religiões.
Este assunto foi apresentado no III Encontro
Nacional e I Encontro Internacional de Criacionistas, realizado no Instituto
Adventista de Ensino, em São Paulo, em janeiro de 1999, em sessão que teve a
participação conjunta do pesquisador Luiz Caldas Tibiriçá e do Presidente da
Sociedade Criacionista Brasileira.
Os interessados em cópias do mencionado fascículo,
ou em cópias do vídeo-teipe da sessão em que o assunto foi exposto e debatido,
poderão contactar a Sociedade Criacionista Brasileira para fazer sua
solicitação.
Ainda a respeito de assuntos ligados ao
"mistério" da linguagem humana, a publicação "Perspectives on
Science and Christian Faith", periódico da "American Scientific
Affiliation", publicou em seu volume 51, número 2, de junho de 1999,
interessante artigo de Glenn R. Morton intitulado "Dating Adam", no
qual destaca vários aspectos característicos que diferenciam o ser humano dos
animais, dentre os quais especificamente a linguagem. Embora a conotação do
artigo seja evolucionista-teísta, são bastante ilustrativos os comentários
feitos sobre a linguagem, transcritos a seguir.
O ser humano é a única criatura sobre a terra que
possui a linguagem. Poder-se-ia conceber o ato de adoração sem a existência da
linguagem simbólica com a qual se transmitem os conceitos religiosos? Como o
ritual exige simbolismo, meu gato, por exemplo, incapaz de usar símbolos, seria
incapaz de qualquer ato de adoração. Sem a linguagem, não pode existir
adoração, nem oração, e nem comunhão com Deus. Sem a linguagem, não teria sido
possível transmitir a Adão a ordem para não comer do fruto da árvore, e sem
essa ordem não teria havido nem o pecado e nem a queda. ... A linguagem é
crucial a tudo que nos torna seres verdadeiramente humanos.
... A Bíblia parece nos indicar que Deus ensinou
Adão a falar, o que implica que é esta a razão da sua singularidade. Dar nomes
aos animais é algo que nos relembra a repentina sede de saber o nome dos
objetos que Helen Keller experimentou quando finalmente entendeu o que sua
professora estava tentando transmitir-lhe.
A linguagem humana difere de todas as outras formas
de comunicação animal por quatro razões.
Primeiro, a linguagem humana pode produzir uma
quase infinita variedade de pensamentos, contrariamente aos sistemas de
comunicação dos animais, que na natureza raramente excedem quarenta diferentes
manifestações ou chamados. Quando são feitas tentativas de ensinar uma
linguagem a chimpanzés, imediatamente torna-se aparente a sua limitação de
vocabulário. Mesmo após seis anos de treinamento, o chimpanzé Kanzi dominava
apenas 150 palavras, em contraste com uma criança de seis anos de idade, que já
domina cerca de 13.000 palavras, e um estudante egresso do segundo grau que
domina 60.000 palavras.
Em segundo lugar, a comunicação entre os animais é
destituída de gramática e de complexidade, o que se observa até mesmo em símios
treinados especificamente para dominar a linguagem. Eles não usam artigos, nem
preposições nem categorias gramaticais auxiliares em sua quase-linguagem de
comunicação. Pinker observou que a extensão média de uma "sentença"
pronunciada por um chimpanzé permanece constante mesmo após anos de
treinamento. Uma criança rapidamente manifesta sua capacidade de, partindo de
sentenças de uma ou duas palavras, atingir expressões complexas com muitas
palavras.
Em terceiro lugar, Deacon destaca que a
singularidade da linguagem humana baseia-se no seu referencial simbólico; toda
a comunicação não-humana é não-simbólica. A linguagem humana é um sistema de
comunicação baseado em símbolos. A palavra exprime um conceito, e não realmente
um objeto. Por exemplo, o conceito expresso pela palavra agricultor na
linguagem usada nos Estados Unidos é bastante diferente do conceito expresso
pela palavra nong ming em Chinês. Embora ambas as palavras se refiram àquele
que produz alimentos a partir do cultivo do solo, nos Estados Unidos o
agricultor é um homem de negócios independente, enquanto que na China ele
contém uma forte idéia política como representante do proletariado. Há pessoas
que tentaram afirmar que alguns animais manifestam simbolismo em seus gritos,
citando como exemplo os três tipos diferentes de alarme feitos por uma
determinada espécie de macacos para alertar seus companheiros quanto ao perigo
proveniente da presença de leopardos, serpentes ou águias. Cada grito
corresponde somente a um dos perigos específicos, e induz uma só resposta coletiva.
Entretanto, isso não constitui um sistema simbólico. Deacon observou a
invariança da resposta produzida por cada um dos gritos, e mostrou que o
comportamento correspondente era instintivo. Dentre todos os exemplos de
comunicação não-humana, somente dois símios, após anos de intenso treinamento,
mostraram algum indício do uso de símbolos.
Finalmente, o cérebro dos seres humanos é
estruturado de forma diferente do dos animais, em termos de produção da
linguagem. Os seres humanos utilizam para a comunicação uma parte do cérebro
distinta da que usam os animais. A comunicação animal é controlada pela base do
cérebro e pelo sistema límbico, enquanto que a linguagem humana é controlada
pelo córtex cerebral esquerdo. ... Outra diferença entre as estruturas do cérebro
do ser humano e dos animais diz respeito à "área de Broca". Somente o
cérebro humano possui essa área aumentada no lobo temporal esquerdo. De há
muito a área de Broca tem sido associada com a fala, pois lesões nessa área
produzem uma curiosa incapacidade de comunicação que foi denominada de
"afasia de Broca". Outra diferença entre o cérebro dos seres humanos
e dos símios relaciona-se também com a fala. Os diferentes hemisférios do
cérebro humano controlam funções diferentes. O hemisfério esquerdo tem maior
relacionamento com o controle da linguagem do que o direito. Essa lateralização
de funções produz ligeiras diferenças de forma entre os dois hemisférios, e o
pesquisador Clive Gamble concluiu que a lateralização do cérebro é um requisito
para a existência da linguagem.
Essas informações levam a três critérios objetivos
que podem ser aplicados a restos fósseis para lançar luz sobre a capacidade
lingüística dos chamados hominóides.
Primeiro, podemos examinar o interior da calota
craniana procurando evidências de lateralização do cérebro.
Em segundo lugar, podemos examinar crâneos fósseis
procurando evidências de uma área de Broca aumentada. A sua existência em
crânios de hominídeos sugeriria o domínio da fala.
Em terceiro lugar, a relação entre a lateralização
do cérebro e o uso da mão direita ou esquerda leva a outras possibilidades para
a busca da capacidade de linguagem. Existe clara correlação estatística entre
ter um maior lobo ocipital no hemisfério esquerdo, e ter um maior lobo frontal
no hemisfério direito, e o uso da mão direita. A maioria dos animais apresenta
uma proporção de 50% / 50% entre indivíduos destros e canhotos, enquanto para
os seres humanos essa proporção é de 90% / 10% . Devido à maneira pela qual um
instrumento de pedra foi feito, pode-se determinar se foi feito por um
indivíduo destro ou canhoto. Assim, instrumentos de pedra podem ser estudados
para se descobrir se foram feitos por indivíduos destros ou canhotos, e poderão
indicar a existência de lateralização do cérebro e portanto também da fala.
O artigo em questão tece outras considerações sobre
a questão da linguagem, e apresenta ainda uma observação específica sobre os
Neandertais, que (embora constando deste artigo escrito sob o prisma do
evolucionismo teísta) leva a importante conclusão dentro da conceituação
criacionista. De fato, o tópico do artigo referente à linguagem encerra-se com
a declaração de que "... a suposta incapacidade dos Neandertais para falar
... baseou-se na reconstrução hipotética da sua laringe em uma posição que
inibiria a formação de certas vogais. Este ponto de vista foi refutado pela
descoberta de um osso hióide que demonstrou que a laringe dos Neandertais era
idêntica à dos atuais seres humanos, e que portanto eles poderiam falar. Deacon
conclui que os Neandertais foram provavelmente lingüisticamente e
intelectualmente nossos iguais."
Bibliografia:
Dentre a bibliografia citada por Glenn R. Morton
encontram-se os seguintes títulos:
* Terrence W. Deacon, The Symbolic Species (New
York: W. W. Norton, 1997).
* E. S. Savage-Rumbaugh, Language Training of Apes,
in S. Jones et al., eds., The Cambridge Encyclopaedia of Human Evolution
(Cambridge: Cambridge University Press, 1992).
* B. Arensburg, et al., A Reappraisal of the
Anatomical Basis for Speech in Middle Paleolithic Hominids, American Journal of
Physical Anthropology 83: 137-46.
Fonte:
http://www.revistacriacionista.com.br/
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