quinta-feira, 22 de outubro de 2015

O homem que seqüênciou o genoma


 “Encontrei a Deus”, diz o homem que seqüenciou o genoma:

Cientista que liderou a equipe que seqüenciou o genoma humano está para publicar um livro explicando por que agora ele acredita na existência de Deus e está convencido de que milagres são reais. Francis Collins, diretor do Instituto Nacional de Pesquisa do Genoma Humano dos EUA, afirma que há uma base racional para a existência de um criador e que as descobertas científicas levam o homem “para mais perto de Deus”.

Seu livro The Language of God [A Linguagem de Deus], a ser publicado em setembro, reabrirá o antigo debate sobre a relação entre ciência e fé. “Uma das grandes tragédias de nossos tempos é essa impressão que se tem criado de que a ciência e a religião precisam viver em guerra”, diz Collins (pág. 56). “Eu não considero isso necessário de forma alguma e acho extremamente frustrante que essas insistentes vozes que ocupam os extremos desse espectro tenham dominado o cenário nos últimos 20 anos.”

Para Collins, o fato de ter desvendado o genoma humano não criou um conflito em sua mente. Pelo contrário, permitiu-lhe “vislumbrar as obras de Deus”.

“Quando se faz uma grande descoberta, é um momento de euforia científica, pois você esteve nessa busca e parece ter encontrado o que buscava”, ele diz. “Mas também é um momento em que, no mínimo, me sinto mais perto do Criador, no sentido de ter percebido agora algo que nenhum ser humano conhecia antes, mas que Deus conhecia o tempo todo.

“Quando se tem, pela primeira vez, à sua frente esse livro de instruções de 3,1 bilhões de letras, que transmite todos os tipos de informações e todos os tipos de mistérios sobre a humanidade, não se pode pesquisá-lo página por página sem se sentir maravilhado. E não posso deixar de analisar essas páginas sem ter uma vaga sensação de que estou tendo um vislumbre da mente de Deus.”

Collins faz parte de uma linha de cientistas cuja pesquisa aprofundou sua crença em Deus. Isaac Newton, cuja descoberta das leis da gravidade reformulou sua compreensão do Universo, declarou: “Esse lindíssimo sistema só poderia proceder do domínio de um ser inteligente e poderoso.”

Embora Einstein tenha revolucionado nosso conceito de tempo, gravidade e conversão da matéria em energia, ele acreditava que o Universo tinha um criador. “Gostaria de conhecer Seus pensamentos; o resto é detalhe”, disse. (...)

Collins foi ateu até a idade de 27 anos, quando, atuando como médico, ficou impressionado com a força que a fé proporcionava a alguns de seus pacientes mais críticos. “Eles tinham doenças terríveis, das quais provavelmente não escapariam. Porém, em vez de se zangar com Deus, eles pareciam apoiar-se na fé como fonte de grande conforto e tranqüilidade”, ele declara. “Isso era interessante, confuso e perturbador.

Decidiu visitar um pastor metodista e recebeu um exemplar do livro Cristianismo Puro e Simples, de C. S. Lewis, que argumenta que Deus é uma possibilidade racional. O livro transformou sua vida. “Era um argumento que eu não estava preparado para ouvir”, afirma. “Eu estava feliz com a idéia de que Deus não existia nem Se interessava por mim. Porém, ao mesmo tempo, não consegui voltar atrás.”

A epifania ocorreu quando foi fazer uma caminhada nas Montanhas Cascade, no Estado de Washington. “Era uma bela tarde”, diz. “De repente, a extraordinária beleza da criação ao meu redor foi tão avassaladora que eu senti que não poderia resistir mais uma vez.”

Collins acredita que a ciência não pode ser usada para refutar a existência de Deus, porque está confinada ao mundo “natural”. Sob essa perspectiva, ele acredita que os milagres são uma possibilidade real. “Se alguém deseja aceitar a existência de Deus ou alguma força sobrenatural externa à natureza, então não é logicamente um problema admitir que, ocasionalmente, uma força sobrenatural poderá preparar uma invasão”, ele diz.


Steven Swinford, no The Sunday Times de 11 de junho de 2006.

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