quarta-feira, 26 de março de 2014

A. J. (Monty) White: Cosmologia


No campo da Cosmologia, esse tipo de raciocínio levou a duas diferentes hipóteses evolucionistas relativas à natureza do Universo - a hipótese do “Regime Permanente” de Hoyle (também chamada de hipótese da “criação contínua”, embora envolva uma evolução contínua, e não criação, de matéria a partir do nada), e a hipótese de Gamow, da “Oscilação Eterna” (também chamada de hipótese do “big-bang”, isto é, da explosão inicial).A hipótese de Hoyle pode ser expressa mediante uma de suas próprias frases:

“Essa idéia requer que os átomos permaneçam continuamente no Universo, ao invés de serem criados explosivamente em algum instante definido no passado” (6).

A teoria de Gamow, por outro lado, expressa-se na conclusão de que
“... nosso Universo existiu desde a eternidade, e que até cerca de cinco bilhões de anos atrás ele estava contraindo-se uniformemente a partir de um estado de rarefação infinita; que há cinco bilhões de anos ele atingiu um estado de máxima compressão, no qual a densidade de toda a sua matéria pode ter sido tão grande quanto a das partículas armazenadas no núcleo atômico (isto é, cem bilhões de vezes a densidade da água), e que o Universo atualmente está em expansão, tendendo irreversivelmente a um estado de rarefação infinita” (7).

Ambas as teorias são evolucionistas e uniformistas em seu contexto, e ambas envolvem a hipótese de que o Universo não teve um princípio e não terá um fim. A diferença entre elas pode ser resumida da seguinte maneira:

“A teoria do regime permanente sugere que o Universo seja mais ou menos o mesmo em qualquer posição ou instante, no passado, no presente, ou no futuro, enquanto que, de acordo com a cosmologia da explosão inicial, o Universo (que divisamos atualmente) teve seu início num estado altamente comprimido, como um átomo primordial, que explodiu e desenvolveu-se no sistema de galáxias atualmente observáveis” (8).

Como os defensores de ambas essas teorias supõem que as leis que regem as Ciências e as propriedades físicas e químicas da matéria têm permanecido as mesmas no decorrer do tempo, conclui-se que o estudo das transformações que ocorrem atualmente no Universo, bem como as observações de estrelas e galáxias remotas, é a chave da compreensão de como evoluiu o Universo, isto é, o presente é a chave para o passado. E essa é a definição da Hipótese do Uniformismo!

Evolução Química
Evidentemente, é essa hipótese a filosofia que norteia o estudo da Evolução Química - um termo que “passou a indicar os acontecimentos químicos que tiveram lugar na primitiva Terra prebiótica (cerca de 4,5 a 3,5 bilhões de anos atrás), levando ao aparecimento da primeira célula viva” (9).

Novamente usando o seu princípio de fé, de que “o presente é a chave para o passado”, os cientistas reproduziram nos seus laboratórios condições atmosféricas semelhantes às que supuseram ter existido na primitiva Terra prebiótica, e impuseram descargas elétricas e radiações eletromagnéticas nessa atmosfera inorgânica, tentando produzir compostos orgânicos.

Exemplificando, Miller em 1953 (10) produziu glicina, alanina a e b, ácido aspártico e ácido butírico a-amino, a partir de uma mistura de metana, amônia, vapor d’água e Hidrogênio, utilizando radiação de alta energia (Figura 1). Lemmon resume o resultado de todas as experiências sobre evolução química realizadas até março de 1969, da seguinte maneira:

“As moléculas orgânicas mais importantes (biomonômeros) dos sistemas vivos foram enumeradas como os vinte aminoácidos das proteínas naturais, as cinco bases do ácido nucleico, a glucose, a ribose e a desoxirribose. As experiências de laboratório efetuadas sob condições claramente condizentes com as condições prováveis existentes na Terra primitiva resultaram no aparecimento de pelo menos 15 dos 20 aminoácidos, 4 das 5 bases de ácido nucleico, e 2 dos 3 açúcares. Adicionalmente, foram observados representantes de nucleosídeos, nucleotídeos, ácidos graxos e porfirinas biologicamente importantes. Essa pesquisa tornou claro que esses compostos ter-se-iam acumulado na Terra primitiva (prebiótica), e que a sua formação é o resultado inevitável da ação das altas energias disponíveis na primitiva atmosfera terrestre.” (Referência 9).

Com os resultados de tais experiências em mente, os cientistas afirmam que no decorrer do tempo tais moléculas orgânicas sem vida tornaram-se associadas num organismo vivo, por obra do acaso (11).

Referências:
(6) Hoyle, Fred. 1955. Frontiers of astronomy. Harper's, New York, p. 317.
(7) Gamow, George. 1955. Modern cosmology. (in) The new astronomy. Editors of The Scientific American. Simon and Schuster, New York, p. 23.
(8) Nature Science Report on 1968. Macmillan, London, p. 2.
(9) Lemmon, Richard M. 1970. Chemical evolution, Chemical Reviews, 70:95-109.
(10) Miller, S.L. 1953. A production of aminoacids under possible primitive earth conditions. Science, 117:528-529.

(11) Barghoorn, Elso S. 1971. The oldest fossils, Scientific American, 224 (5):30-42.

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