terça-feira, 28 de janeiro de 2014

A Parábola do Mordomo Infiel



Proposta de Vitor:
Tenho andado a ler o Novo Testamento, desde Mateus, já estou lendo Efésios. Existem sem dúvida algumas passagens na Bíblia de difícil interpretação. Não é minha intenção lançar dúvidas aos crentes mas apenas tentar entender, eu próprio como crente nos ensinamentos de Jesus, uma parábola que receio não ter conseguido perceber muito bem, ou por falha minha, ou mesmo por culpa da tradução. Trata-se da parábola do Mordomo infiel. Em Lucas 16 Jesus diz:

1 E DIZIA também aos seus discípulos: Havia um certo homem rico, o qual tinha um mordomo; e este foi acusado perante ele de dissipar os seus bens.
2 E ele, chamando-o, disse-lhe: Que é isto que ouço de ti? Dá contas da tua mordomia, porque já não poderás ser mais meu mordomo.
3 E o mordomo disse consigo: Que farei, pois que o meu senhor me tira a mordomia? Cavar, não posso; de mendigar, tenho vergonha.
4 Eu sei o que hei de fazer, para que, quando for desapossado da mordomia, me recebam em suas casas.
5 E, chamando a si cada um dos devedores do seu SENHOR, disse ao primeiro: Quanto deves ao meu senhor?
6 E ele respondeu: Cem medidas de azeite. E disse-lhe: Toma a tua obrigação, e assentando-te já, escreve cinqüenta.
7 Disse depois a outro: E tu, quanto deves? E ele respondeu: Cem alqueires de trigo. E disse-lhe: Toma a tua obrigação, e escreve oitenta.
8 E louvou aquele senhor o injusto mordomo por haver procedido prudentemente, porque os filhos deste mundo são mais prudentes na sua geração do que os filhos da luz.
9 E eu vos digo: Granjeai amigos com as riquezas da injustiça; para que, quando estas vos faltarem, vos recebam eles nos tabernáculos eternos.
10 Quem é fiel no mínimo, também é fiel no muito; quem é injusto no mínimo, também é injusto no muito.
11 Pois, se nas riquezas injustas não fostes fiéis, quem vos confiará as verdadeiras?
12 E, se no alheio não fostes fiéis, quem vos dará o que é vosso?
13 Nenhum servo pode servir dois senhores; porque, ou há de odiar um e amar o outro, ou se há de chegar a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom.

Esta parábola pode ser lida por alguns como um apelo à trapaça... o que contradiz claramente a mensagem de honestidade cristã...

logo penso que seria proveitoso ela ser devidamente explicada para evitar aquilo que acredito serem contradições aparentes

não percebi ainda o verdadeiro significado dessa parábola o qual procuro entender por isso postei aqui pois tem tudo a ver com a comunidade. Se alguém puder ajudar ficarei grato

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Por Pipe:

Respondendo:
O mordomo era o administrador, aquele que cuidava de todos os negócios do seu senhor. Por tanto, era ele quem cuidava dos livros caixa que descreviam as dívidas de outros para com seu senhor. Diante disso, o mordomo tinha total autonomia de administrar estes bens como lhe aprouvesse.

É óbvio que estamos tratando de um administrador "desonesto" e esperto. Alguém que estava dissipando, jogando fora, administrando mal, esbanjando o dinheiro do seu senhor. Este quando descobre que terá que prestar contas ao seu senhor antecipa as possibilidades de perder o emprego, e começa a negociar as dívidas com os devedores, de forma a criar um ambiente que propicie algum tipo de gratidão da parte destes para com ele. Pois, oferece ao primeiro um desconto de 50% e ao segundo um desconto de 20% nas dívidas.

Agora observe que o senhor do mordomo elogiou-o pelo feito.
”8 E louvou aquele senhor o injusto mordomo por haver procedido prudentemente,...”

Ou seja, foi o próprio senhor daquele mordomo que elogiou a forma como ele tratou dos negócios dele. Se o senhor elogiou o mordomo, isto significa que este teve consciência da forma como ele administrou as dívidas com os devedores. Isto não é algo muito diferente do que vemos hoje. Por exemplo, é bem comum ver pessoas que trabalham em empresas de cobranças que tem de negociar com os devedores formas, descontos e maneiras de sanar as dívidas. Isto é algo que é delegado a eles como função. O mordomo do mesmo modo tinha esta autonomia. E não devemos nos esquecer que o senhor dele o elogiou pela sua estratégia.

E Jesus então o elogia pelo seguinte:
”...porque os filhos deste mundo são mais prudentes na sua geração do que os filhos da luz”. A NVI diz “astutos”.

Ou seja, primeiro de tudo o mordomo não foi desonesto na sua ação. Se o fosse, não teria recebido elogios de seu senhor. O que ele fez foi dar um bom desconto aos devedores para que estes fossem gratos a ele pelo feito.

Segundo, é que Jesus elogia a astúcia, ou a prudência do mordomo e em nenhum momento a forma como este administrava anteriormente os bens do seu senhor.

Pois Jesus continua dizendo:
9 E eu vos digo: Granjeai amigos com as riquezas da injustiça; para que, quando estas vos faltarem, vos recebam eles nos tabernáculos eternos.
10 Quem é fiel no mínimo, também é fiel no muito; quem é injusto no mínimo, também é injusto no muito.
11 Pois, se nas riquezas injustas não fostes fiéis, quem vos confiará as verdadeiras?
12 E, se no alheio não fostes fiéis, quem vos dará o que é vosso?

O que Jesus está dizendo é que, assim como o mordomo foi astuto na administração das riquezas alheias, e usando-as fez amigos. Do mesmo modo devemos ser astutos com tudo o que nos é confiado.

Jesus está elogiando a fidelidade no mínimo naquilo que lhe é alheio. O mordomo estava sendo péssimo administrador das riquezas alheias. Foi somente quando colocado contra a parede que este, de modo astuto, passou a administrar melhor e astutamente os bens do seu senhor. E, além disso, ele conseguiu ter em suas mãos amigos que foram beneficiados com esta maneira astuta de administrar os bens alheios. Não se esqueça que foi o senhor do mordomo que elogiou a maneira como este administrou seus bens.

Na conclusão da parábola Jesus deixa claro a lição que deseja nos ensinar: Use o dinheiro de maneira astuta e sábia. Não deixe que ele te domine e que seja teu senhor. Seja fiel no mínimo. Pois:
13 Nenhum servo pode servir dois senhores; porque, ou há de odiar um e amar o outro, ou se há de chegar a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom.

O mordomo até então, preocupava-se unicamente em esbanjar as riquezas alheias. Era um péssimo administrador. Porém quando confrontado, demonstrou ser astuto e passou então a administrar os bens de seu senhor de modo que recebeu elogios deste.

A parábola é entendida perfeitamente pelos fariseus, pois, leiam o vs.14:"Os fariseus, que amavam o dinheiro,...".

Os fariseus eram os mordomos infiéis que usavam as riquezas para esbanjarem consigo mesmos, e não estavam administrando sabiamente o dinheiro que lhes foi confiado.


Por isso, Jesus diz que os filhos das trevas são mais sábios que os filhos da luz (fariseus). Estes entenderam perfeitamente o recado.

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