domingo, 2 de fevereiro de 2014

Mei long: o suposto ancestral das aves!?!

A imprensa mundial, incluindo jornais e revistas científicos, se ocupou, nos últimos dias, do fóssil mei long, descoberto pelo paleontólogo Xing Xu, da Academia Chinesa de Ciências, na província de Liaoning, na China. No Brasil, a revista Istoé, edição 1828, de 20/10/2004 apresentou a notícia na seção “Século 21”, p. 86:

Dino voador
"Cientistas chineses acharam o fóssil de um filhote de dinossauro que morreu dormindo, há mais de 130 milhões de anos. A postura do bicho – pescoço curvado para trás e cabeça sob uma das asas – reforça a idéia de que aves e dinossauros têm mais em comum do que se imaginava. O dinossauro Mei long (dragão em sono profundo, em chinês) provavelmente morreu devido a uma erupção vulcânica que arrasou parte da atual província de Liaoning, Nordeste da China".

O jornal Folha de S. Paulo foi bem mais abrangente na reportagem que publicou na seção “Folha Ciência” de 14/10/2004, assinada por seu editor de ciência, o jornalista Cláudio Ângelo. Ele inicia seu texto dizendo:

“Um filhote de dinossauro que morreu dormindo há 130 milhões de anos na China é a mais nova evidência de que os pássaros de hoje são os herdeiros daqueles répteis. Seu esqueleto preserva um flagrante inédito da posição do animal durante sua última soneca. E mostra que os dinos dormiam exatamente como as aves”.

Mais adiante ele diz:
“O mei long é um exemplo único daquilo que os paleontólogos chamam de comportamento fossilizado. Sendo apenas impressões numa rocha de um organismo que morreu há muito tempo, os fósseis geralmente não dizem muita coisa sobre o cotidiano desse organismo. E tais detalhes podem ser essenciais para definir relações de parentesco”.

A reportagem de Cláudio Ângelo foi transcrita na íntegra pelo Jornal da Ciência, da SBPC - Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, em sua edição de 21/10/2004, seção de notícias.

A figura exposta por eles mostra, na parte de cima, o fóssil encontrado, e logo abaixo, a reconstrução do dinossauro, como se estivesse dormindo. Segundo Xing Xu, o fóssil sugere que o dinossauro dormia em uma posição similar à que dormem as aves modernas. O fóssil mei long foi encontrado em sedimentos de origem vulcânica que, submetidos a datação radiométrica, teriam revelado a idade de 130 milhões de anos. Segundo os pesquisadores, naquele tempo Liaoning era uma floresta vulcanicamente ativa, com muita vegetação e alguns lagos. Cientistas não estão bem certos a respeito de como o fóssil foi preservado. Uma das possibilidades é que a exposição a um gás vulcânico tenha matado a criatura que, posteriormente foi coberta por cinzas e sedimentos. Todo o trabalho relativo a essa descoberta foi, em parte, financiado pelo Comitê de Pesquisa e Exploração da Sociedade National Geographic.

É interessante observarmos que esta não é a primeira vez que a China produz fósseis que supostamente comprovam a teoria da evolução. Há pouco tempo atrás, nos deparamos com Archaeoraptor liaoningensis, um espécimem encontrado na mesma província de Liaoning, descrito no número de novembro de 1999 da revista National Geographic como um elo perdido na complexa corrente que conecta os dinossauros às aves. Essa mesma revista, mais tarde, teve que se retratar com seu público, reconhecendo que o fóssil era uma fraude, obtido a partir de partes de vários dinossauros.

Como, então, entender que, num momento imediatamente seguinte, um novo fóssil, com as mesmas promessas do anterior, vindo do mesmo lugar e envolvendo praticamente as mesmas pessoas ganhe tamanha projeção? Não seria o caso de se agir, agora, com extrema cautela, dando tempo ao tempo e permitindo um número maior de análises antes do pronunciamento definitivo? Ou será que evolucionistas estão se sentindo sufocados pelo tempo, que passa célere sem revelar os fatos da natureza que poriam fim ao confronto entre criacionistas e evolucionistas?

O problema é que mesmo que esse fóssil se mostre verdadeiro são discutíveis os ganhos que daí se possa auferir em favor do modelo da evolução. Durante mais de 100 anos, evolucionistas têm levado em consideração o que Darwin disse a esse respeito: que fósseis de transição são uma necessidade para o seu modelo, afiançando que seriam encontrados no futuro, quando o registro fóssil fosse extensivamente pesquisado.

Hoje, porém, decorrido todo esse tempo, são inúmeros os paleontólogos sérios, mesmo de comprometimento com o modelo da evolução, que atestam a completa ausência de formas de transição entre as espécies. Pode-se ver esta realidade até mesmo nas palavras daquele que foi, muito provavelmente, o mais expressivo anti-criacionista que o meio científico já produziu, o Dr. Stephen Jay Gould, em seu artigo “A short way to big ends”, publicado na revista Natural History, vol. 95 (janeiro de 1986), pp.18-28:

“Estudos que tiveram início no começo dos anos 50 e continuaram a um passo acelerado, hoje revelam um registro fóssil pré-cambriano significativo, mas o problema da explosão do pré-cambriano não cedeu, uma vez que nosso maior esforço falhou em identificar qualquer criatura que possa servir como um ancestral imediato plausível para as faunas cambrianas”.

Quem quer que se disponha a pesquisar o registro fóssil verá que essa mesma realidade que Stephen Jay Gould apresenta em bloco, para todo o conjunto de seres vivos, pode bem ser estendida para cada espécie em particular. Se evolucionistas estão corretos em sua pressuposição acerca da evolução, também é verdade que a “mãe-terra” resolveu ser cruel, removendo todas as evidências que dela poderiam ser extraídas em favor do modelo da evolução.

Em função desses fatos, é simplesmente ridícula a transição de conceitos que evolucionistas querem promover com o fóssil mei long. Impossibilitados de encontrar verdadeiros fósseis de transição, eles resolvem entender que uma relação de ancestralidade pode ser caracterizada se pudermos mostrar que o ancestral dormia na mesma posição em que dormem hoje seus supostos descendentes. Será que isso é algum tipo de brincadeira?

Diante de tão esdrúxulo raciocínio, só mesmo um pouco de ironia. Meu gato, que aqui, costuma dormir como gente, com o corpo esticado e cabeça no travesseiro. Não sei de outros gatos que procedam da mesma forma, mas nesse ponto estamos equiparados já que, para todos os fins práticos, o mei long também é único. A vantagem começa quando consideramos que mei long é um fóssil de dinossauro que supostamente estava dormindo, enquanto que o gato não é uma suposição, com muitas testemunhas oculares. Assim, considerando-se o paralelismo entre esses dois casos, podemos concluir que as conclusões também serão similares, isto é, que os gatos são ancestrais do seres humanos. Será por isso que as garotas chamam os rapazes bem apessoados de “gatinhos”?

Ironia à parte, o fato é que evolucionistas poderiam dar uma contribuição à ciência realmente positiva se levassem em conta, para os seus argumentos e conclusões, leis matemáticas há muito estabelecidas nos campos da estatística e da teoria das probabilidades. Seria bom que eles mesmos nos esclarecessem se agem dessa forma por falta de conhecimento ou de honestidade intelectual. Pessoalmente, creio mais nessa última possibilidade, porque em suas especialidades, quando fazem experimentos laboratoriais, via de regra fazem uso de todos os procedimentos estatísticos, como instrumentos para obter conclusões cientificamente válidas de seus trabalhos.

Entretanto, quando o tema é a validade das idéias evolucionistas, aí vale tudo que for a favor dessas idéias. Foi assim que Carl Sagan, um cientista norte-americano, considerando que a Terra é o único planeta do sistema solar em que encontramos seres vivos, procedeu a um cálculo, supostamente fazendo concessões contra sua própria tese, que o levou a concluir que há vida em cerca de quinhentos mil pontos do universo. Parece que ninguém lhe explicou que extrapolações dessa natureza são absolutamente proibidas no mundo da ciência, que não se aplica teoria das probabilidades quando o espaço amostral é um conjunto unitário.

O caso do mei long não é diferente. O fóssil é único, e mesmo que fossem cinco ou dez, ainda assim não se constituiriam em um espaço amostral significativo para a comprovação de que era daquele jeito que os dinossauros dormiam. Como se isso não bastasse, ainda temos o raciocínio tortuoso, que obviamente não seria endossado por Darwin, de que a postura de um animal já extinto, ao dormir, implica em uma relação de ancestralidade com os animais que hoje vivem e que dormem na mesma posição.

Para os que julgam que criacionismo é coisa de religião, lanço aqui um desafio, para que mostrem qualquer afirmação neste artigo que não esteja em plena consonância com os padrões da mais pura metodologia científica e que não obedeça a uma lógica rigorosa de raciocínio, instrumento imprescindível para uma conclusão verdadeiramente científica.

Sistematicamente no mundo da ciência: criacionistas podem trazer à cena dezenas de argumentos em favor de seu modelo, e isso não terá valor algum: em contrapartida, evolucionista podem dizer qualquer coisa em favor da evolução, mesmo sem lógica alguma, como fruto de um raciocínio completamente destituído de sentido, e mesmo assim seu valor será total.

Só assim se pode entender tantos pronunciamentos em favor do mei long, considerando-o a prova irrefutável e inequívoca de que os dinossauros são ancestrais das aves modernas.

Fonte:

O Prof. Christiano P. da Silva Neto é professor universitário, pós-graduado em ciências pela University of London, estando hoje em tempo integral a serviço da ABPC - Associação Brasileira de Pesquisa da Criação, da qual é presidente e fundador. Autor de cinco livros sobre as origens, entre os quais destacam-se Datando a Terra e Origens - A verdade Objetiva dos Fatos, o Prof. Christiano tem estado proferindo palestras por todo o país, a convite de igrejas, escolas e universidades.

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