domingo, 17 de agosto de 2014

Se Deus criou o Universo, quem criou Deus?

Esta pergunta funciona mais como um tipo de pegadinha do que um argumento que deve ser considerado. Ela tem mais a intenção de ridicularizar a fé pondo em dúvida a existência de Deus, do que um argumento válido. Mas vamos considerar a questão e responder ela então. Num debate entre Stephen Meyer (Filósofo da Ciência e Teísta) e Michael Shermer (Ex-Evangélico, Psicólogo e ateu), Meyer argumenta que as últimas descobertas da ciência têm apontado que o Universo teve um início, e que isto, do mesmo modo, aponta para um Criador (Deus). Como contra resposta, Shermer de imediato argumenta que apontar Deus como o Criador do Universo abre outra pergunta: “Quem criou o Criador?”. Em outras palavras, “Se Deus criou o Universo, quem criou Deus?”. O ateu ao argumentar “Quem criou Deus?”, parece lançar a pergunta como uma premissa que irá concluir com isso que Deus por tanto não existe. Shermer e tantos outros pensam que este argumento, de alguma forma anula a existência de Deus e a probabilidade dele ter criado o Universo.

01 - Em resposta a esta pergunta eu diria primeiramente que Deus é eterno, e quando afirmamos que Deus é eterno, isto propõe de antemão que Ele não teve início. Por isso perguntar “Quem criou o Deus que é eterno” é contradição de termos. Um ser só pode ser criado se ele não for eterno. É o próprio conceito de eternidade que refuta esta pergunta.

02 - Mas digamos que consideremos a possibilidade de Deus ter sido criado por outro Deus, o que teríamos então como conclusão é que existe o “Vovô do Céu” que criou Papai do Céu, que por sua vez criou o Universo. Mas isso de modo algum conclui que Papai do Céu não existe. No máximo isto apontaria que Deus também teve um início, ou então que alguém ou algo gerou a existência de Deus. Em nenhum momento este argumento denota que Deus não existe. E sim do contrário, concorda com Sua existência, porém, lança apenas que este de alguma forma teve algum tipo de início.

03 - Poderíamos parar por aqui satisfeitos que neste caso Shermer se encaixaria mais num crente que acredita que Deus foi criado pelo "Vovô do Céu" ou teve algum tipo de início. Mas o que é interessante, é que se o crente abraçar a ideia de um “Vovô do Céu”, logo em seguida o próprio cético irá argumentar que Deus não existe porque Deus para ser Deus não pode ter início, porque Deus é eterno. Neste momento o cético irá usar o próprio conceito de eternidade de Deus para refutar a sua própria pergunta. Pois o próprio cético sabe que o conceito de Deus é de que Ele é eterno, e que por tanto não pode ser criado.

Conclusão:
O teísta não tem nenhum problema em assumir que Deus não foi criado. E, também vemos que de alguma forma o ateu também conclui a mesma coisa. Pois a pergunta do Shermer não tem sentido algum mesmo para o ateu. Pois, se ao concluir, que no caso de um teísta assumir que Deus fora criado, isto logo denota que Deus não existe, Shermer estaria com isso também assumindo que sua pergunta é sem sentido. Pois, ele mesmo assumiria que Deus para ser Deus não pode ter início. Logo, sua conclusão refutaria sua própria pergunta.


Pipe Desertor

Nenhum comentário:

Postar um comentário